Cinco verões haviam se passado desde que eu descobrira que era uma semideusa e viera para o Acampamento Meio-Sangue. Já havia tentado voltar para casa depois do primeiro verão, mas os monstros e as brigas com meu pai e minha madrasta me fizeram mudar de idéia. Ali eu estava entre a minha verdadeira família, que me respeitava e me amava por quem eu era.

Bem, pelo menos meus irmãos, irmãs e alguns outros poucos semideuses me respeitavam. Afinal, ser filho de Afrodite já é motivo para você ser considerada fútil naquele Acampamento. Não nego que as vezes sou fútil, sim, mas não significa ser desse jeito o tempo inteiro.

E justamente por causa disso, eu decidira me dedicar à esgrima. Nós, filhos de Afrodite normalmente evitamos fazer movimentos rudes que possam prejudicar a nossa aparência.

-Tem certeza que quer fazer isso? – perguntou Johanne, filha de Deméter de longos cabelos louros e olhos castanhos calorosos.

-Nunca tive tanta certeza – falei enquanto prendia meus cabelos em um rabo de cabalo perfeito e alisava minha blusa.

-Vai lá só para treinar? – perguntou zombeteira, o que me fez corar – Acho que não.

-Vamos logo – falei puxando-a pelo braço.

...

Eu estava na beira da Arena, esperando alguém para lutar contra. Os filhos de Ares duelavam com os de Hefesto, e aquilo parecia ser mais do que uma simples batalha entre semideuses, afinal os dois deuses irmãos não se dão muito bem, não é?! Culpa da minha mãe.

Ao pensar nisso, ouvi uma risadinha histérica no fundo da minha mente e sorri ao reparar que minha mãe havia ouvido algo que não era uma oferenda.

Voltei a observar a luta e após alguns minutos, comecei a entender as estratégias dos dois lados. Em ambos, os semideuses tinham uma excelente forma física. Embora os de Hefesto fossem mais musculosos, os de Ares tinham mais estratégias, mesmo que muitas vezes fossem impensadas.

Depois que todas as lutas terminaram, Quíron – eu havia lhe pedido para ter aulas de esgrima – me levou até um dos garotos de Hefesto e disse:

-Falei com Charles, e ele disse que lhe daria aulas de esgrima.

-Obrigada – falei para o rapaz, abrindo um enorme sorriso.

Ele devia ter a minha idade, uns 17 anos. Era alto, bronzeado e os músculos eram bem visíveis por debaixo da camisa suada. O rapaz era muito bonito. Tinha olhos castanhos escuros, e quando sorriu de volta para mim, pude ver que seus dentes eram muito brancos.

-Você sabe o básico da esgrima? – ele perguntou, depois que Quíron nos deixou.

-Sei – falei – Meu problema é que não consigo aprender os golpes mais complicados.

-Então eu vou te ensinar.

-Vai demorar – falei, com um sorrisinho de canto.

-Sabe, não me importo – ele disse sorrindo também.

-Eu não tinha ouvido falar de você antes – falei, mudando de assunto – Bem, sou Silena Beauregard, filha de Afrodite.

-Sou Charles Beckendorf, filho de Hefesto, como deve saber.

-Sei, sei sim - falei sorrindo novamente. Sorrir estava ficando cada vez mais fácil naquela conversa. 

Nunca pensei que naquele dia, havia encontrado o homem da minha vida.