The One That Got Away escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Dedicada a mais fanática por esse casal que eu conhece, e a responsável por minhas historias acontecerem!!!



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Eu provavelmente deveria me apresentar antes de começar a descarregar em vocês toda a minha história, mas eu não vejo a necessidade de um nome, pelo menos não ainda. Assim será mais fácil você se identificar com todas as palavras, ou pedir mentalmente que nunca passe por algo parecido.

Talvez eu esteja sendo um pouco exagerada, não é nenhuma tragédia, e não têm mortes no sentido estrito da palavra. Existem fins, e adeus não ditos. Existe um amor que supostamente seria eterno, mas que acabou lentamente igual como começou. Não queria chorar, mas é sempre inevitável que as lágrimas escorram por meu rosto abatido e magro. Noites sem dormir me trazem sintomas assim, um lado meu que Ele nunca chegará a conhecer. O lado humano.

Lembro-me de todos aqueles detalhes que deveriam ter sido queimados e deixados para trás. Pode ser estranho, mas tais lembranças não envolvem os beijos mais quentes e muito menos as noites escondidas e as fugas. Normalmente as melhores lembranças são as mais doces, aquelas que no momento parecem banais, desprezíveis, quase intocáveis, mas que hoje me fazem sorrir sozinha. Lembranças que me fazem respirar quando o ar está pesado demais.

Eu fecho meus olhos para me lembrar de detalhes seus. Seu sorriso quando criança e uma risada que sempre conseguia me fazer parar de chorar. Suas brincadeiras que sempre me mantinha por perto, o jeito como me protegeu das dores do mundo. Como éramos só nós dois, como sempre seriamos sempre só nós dois. Melhores amigos, companheiros de sonhos e ideais. Juntos sempre, ou quase sempre.

O que mais conseguiu me marcar foi aquele verão. Ultimo ano em Hogwarts e a formatura tinha sido como um sonho. Finalmente livres para viver longe da escola e longe dos nossos pais, nossos pais superprotetores e completamente alucinados. Eu ainda me pergunto como seria viver em uma família normal, e não estou me referindo ao fato de sermos bruxos. Enfim, eu me lembro dos seus olhos grudados aos meus, seus olhos sempre tão lindos e tão fáceis de mergulhar. Eu sempre gostei de me afogar neles, antes mesmo de tê-los para mim. Nós estávamos sentados no carro do seu pai, tentando entender como tínhamos o convencido a emprestá-lo. Nós olhávamos a lua, e sentíamos o vento entrar pela janela aberta.

Nós... Sempre fomos assim, nunca conseguíamos ficar por muito tempo longe, e eu juro que tentava. Queria sentir raiva e ficar dias e dias sem te olhar, mas um sorriso sempre me ganhava. Nós estávamos ali encostados nos bancos, de lado, olhando um para o outro. Sorriamos, e nossas vozes estavam cada vez mais baixas, e os corpos mais próximos, as respirações cada minuto que passava pareciam vim do mesmo lugar, como se fossem conectadas. E aconteceu.

Nós nos beijamos no seu Mustang! E foi o beijo mais doce da minha vida. Nosso primeiro encontro de verdade, nosso primeiro beijo de verdade. Pelo menos o meu primeiro beijo de verdade. Senti tantas sensações juntas, parecia uma montanha russa na velocidade máxima. Meus olhos insistiram em se fechar, e minhas mãos buscaram seus cabelos, assim como as suas minha cintura. Seu perfume parecia ter sido espalhado por cada partícula exposta no ar, e meu corpo reagia a ele como nada mais.

Nossas línguas insistiam em se conhecer, possivelmente esperavam por isso há muito tempo e a volúpia com que serpenteavam era tanta que antes do previsto me vi sem ar, mas ao mesmo tempo sem vontade de parar. De uma coisa os mais velhos estão certos, o primeiro beijo com a pessoa que amamos nunca consegue ser esquecido. Eu estou comprovando isso quando conseguiu sentir novamente o gosto da sua saliva junto a minha. E a música que tocava no momento sempre foi a nossa música, e eu deveria imaginar que o nosso final seria como ela.

Mas naquele momento tudo era mágico demais, perfeito demais para que eu me importasse com tudo que o futuro reservava. Depois do nosso primeiro beijo nunca mais as coisas conseguiriam ser as mesmas. Nossos encontros tornaram-se cada vez mais quentes e impossíveis de acontecer perante as outras pessoas. O que diriam quando percebessem nossos olhares, nossos lábios vermelhos e inchados e o jeito como era impossível ficar mais de dez minutos sem sentir sua língua completando a minha? Impossível! Eles reparariam e eles não aceitariam.

Encontros a meia luz começaram a ser tão freqüentes que em certo momento era de desconfiar que fossemos vampiros e não bruxos. Nunca estávamos juntos, e não era como antes. Era muito mais intenso e muito mais importante, e eles achavam que era apenas o fato de termos crescido, de estarmos ocupados demais com novas pessoas. Quando estávamos ocupados com os novos sentimentos. Com o impossível e com o medo de tudo dar errado. Eles nunca entenderiam.

Minha marca ainda está aqui. Ela me diz que ao menos para mim será eterno, que para mim nada daquilo será esquecido em uma gaveta qualquer de um móvel velho. Gosto de me lembrar do meu aniversário de dezoito anos. Em como fizemos tatuagens iguais. O símbolo do amor que nos unia, um jeito de transformar o sentimento em algo palpável e visível. Como a pele ardia enquanto a agulha desenhava delicadamente aquilo que seria a lembrança eterna de tudo que sentíamos.

Não sabíamos que a tatuagem se transformaria em só lembranças. Enquanto roubávamos o licor dos seus pais não conseguiríamos imaginar a distancia que seria imposta entre nós dois. Naquela hora queríamos só aproveitar os segundos que a vida nos dava, sentir a força de fugir de todas as regras. Olhar as estrelas e a lua de cima do telhado era a melhor coisa da nossa infância, e tinha se transformado na melhor coisa da minha adolescência, ainda nos dias de hoje eu vou até lá só para ter certeza de que tudo foi real e não apenas um sonho. Para ter certeza de que não vou acordar e perceber que não vivi nada que a vida me ofereceu.

Aquele era o lugar onde podíamos falar sobre o nosso futuro como se soubéssemos de algo, como se o tempo não passasse, como se nossas idéias fossem permanecer as mesmas, como se os sentimentos não morressem. Eu deveria ter imagino as conseqüências, eu deveria ter percebido que não se pode lutar contra o mundo inteiro. Mas eu nunca planejei que um dia eu perderia você, meu grande erro foi à certeza de que sempre te teria, fosse como fosse e quando fosse.

E hoje eu penso que se tudo não poderia ter sido diferente. Se nós não fossemos nós mesmo. Se não tivéssemos essa limitação que nos mata todos os dias. Eu penso que em uma outra vida, eu seria sua garota. Eu penso que nós manteríamos todas as nossas promessas, seriamos nós contra o mundo. Eu penso que se não fossemos quem somos. Eu não teria que dizer que você é aquele que se foi. Aquele que se foi e me deixou aqui.

Eu gostava daquela época quando eu era June e você era meu Johnny Cash, nunca um sem outro. Sempre sentindo sua presencia aonde quer que eu fosse, sempre sentindo seu perfume perdido entre minhas roupas. Nós fizemos tantos pactos, e promessas de que nunca nos separaríamos. Antes mesmo de ser amor, quando éramos apenas amigos, apenas parceiros, apenas primos, o pacto já estava lá nos rondando. Mas pactos existem para ser quebrados e ás vezes eu sinto sua falta, então coloco aquelas músicas para tocar.

Aquelas músicas que eu sempre detestei, mas que você passava horas escutando e discursando sobre elas, aquelas músicas que ninguém gostava, mas que você admirava. Quando sinto sua falta coloco a música que tocava quando trocamos nosso primeiro beijo, ela dizia que nada dura para sempre, ela contava a historia de uma garota que acreditou que sempre teria seu amor junto de si, mas quando percebeu ele não estava lá. Aquela música que se transformou no meu hino de amor, no meu hino de dor.

Parece que foi ontem que tudo aconteceu, mas eu agora escuto a voz da sua irmã me dizendo que você removeu sua tatuagem, talvez eu também devesse remover a minha. Elas só trazem aqueles momentos de volta e dói tanto que nem posso te julgar por querer tirá-los de você. Eu ti vi no centro, e não se parecia em nada com o garoto que conheci. Não era mais o menino de cabelos vermelhos, de sardas pelo rosto, e com poucos amigos. Não era mais o meu super herói, e nem meu príncipe encantado. E eu te encaro e posso escutar a música ao fundo me dizendo o tamanho da sua mudança, você não é mais o que eu queria, mas eu também não sou mais a sua musa.

Mas afinal não se espera que você fique para sempre com a pessoa que te da o primeiro beijo, com a pessoa que é seu primeiro amor. Tudo na vida muda, e nada pode ser eterno, quase nada pode ser eterno.

E eu volto a pensar que em uma outra vida eu seria sua garota, e que nós manteríamos todas as nossas promessas. Seriamos nós contra o mundo... Em uma outra vida eu faria você ficar, não seriamos da mesma família... Seriamos apenas duas pessoas apaixonadas. E então eu não teria que dizer que você é aquele que se foi, aquele que se foi e levou todos os meus sentimentos. Em uma outra vida poderíamos ser tudo, menos Hugo e Lily.

E quando eu olho em volta eu vejo tanto dinheiro, e vejo que ele não pode me comprar uma máquina do tempo, eu vejo que não posso te substituir por todas essas coisas que estão em minha volta, nem milhões de anéis, nem centenas de doces... Nada poderia te substituir e eu deveria saber. Eu deveria ter dito o que você significava para mim, porque agora eu pago o preço, e ele é o mais caro de todos.

Seu rosto me encara do espelho, da janela aberta, na água que escorre pela pia. Seu jeito me envolve nos sonhos noturnos, nas distrações do dia. Seu gosto me envolve quando menos espero e torço para que não seja mais uma alucinação inventada por minha saudade que aumenta a cada dia. E eu penso...

Em uma outra vida, eu seria sua garota, nós manteríamos todas as nossas promessas... Seriamos felizes, e teríamos um ao outro sempre que o dia fosse muito difícil. Seriamos nós contra o mundo. Conseguiríamos sorrir até mesmo nos piores momentos e passaríamos a noite cantando e nos beijando enquanto o sono não chegasse. Em uma outra vida eu faria você ficar, então eu não teria que dizer que você é aquele que se foi.

Aquele que se foi, e que aparece apenas quando eu corro atrás, que me observa de longe sem ter coragem de se aproximar. Aquele que se foi carregando consigo meu coração, meu amor, e a impossibilidade de criarmos nossos sonhos sozinhos. Aquele que leva consigo a minha alma, e que deixou comigo a única coisa que possuía, os sonhos da adolescência.

Eu sei, não posso prometer nenhuma recaída. Sei que sempre nos vemos, afinal somos uma família. Mas também sei que nunca seremos um casal daqueles que passam a eternidade juntos, que se casam e tem lindos filhos. Somos mais a tentação misturada com algo impossível de se realizar. Então por isso é sempre previsível que eu deseje uma outra vida. Que eu deseje que ele fique, e que eu repita que ele se foi.

Eu me pergunto, será que isso não é uma tragédia? Será que eu não poderia me apaixonar por outra pessoa? Será que eu não deveria ter sido outra pessoa? Mas eu não sou outra pessoa, sou Lily Potter, e ele não é outro, ele é Hugo Weasley, e nós somos primos, somos amantes, e somos o impossível. Nós sempre vamos nos amar, mas eu sempre vou dizer que ele é aquele que se foi.

THE END


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