Lonely escrita por lonelyofthedesert


Capítulo 1
Capítulo 1




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POV Andreza:


Cheguei em casa congelando e totalmente molhada pela forte chuva que caia sobre toda a cidade de Londres. Tentei subir rapidamente para meu quarto sem que ninguém me visse, porem falhei na missão. Minha mãe me viu e começou a berrar comigo dizendo que eu ia sujar toda a casa e que depois eu teria que limpar tudo. Sim mãe eu estou bem e não vou ficar doente, não precisa se preocupar, pensei ironicamente.


Adiei essa discussão com minha mãe e subi correndo as escadas me trancando em meu quarto para poder tomar um banho sossegada. Retirei a roupa encharcada e a joguei em um canto do meu quarto, no instante que meus músculos entraram em contato com a água quente todo meu corpo relaxou e eu me enrolei o máximo que eu pude ali. Quando sai peguei uma camisa velha minha e um micro short e me enfiei em baixo das cobertas ligando meu notebook. Fui visitar um site que postava tudo sobre musica, como novos artistas, lançamentos de discos e clipes e as bandas que viriam para Londres. Eu evitava essa seção do site pois sabia que seria pra me desapontar, sou um viciada em musica, porem não posso ir aos shows porque não tenho dinheiro.


Desta vez o anuncio era sobre uma banda. Anunciava que uma banda recém formada, porem não diziam quem, iria se mudar para a casa ao lado da minha. Eu fiquei extremamente empolgada imaginando quantas bandas poderia estar se mudando para a casa ao lado, mas então lembrei que seria totalmente vergonhoso pra mim. Meus pais vivem brigando, nossa família é uma bagunça. Minha mãe vive implicando comigo sem nenhuma razão, e meu pai é tão lesado que acredita em tudo que ela fala. Resumindo: minha mãe é uma paranóica viciada em limpeza e meu pai é um monte que não sabe se impor.


Fechei o notebook tentando evitar ficar excitada com o fato de ter famosos como vizinhos. Coloquei meus fones de ouvidos com “Hello, Cold World” – Paramore no ultimo volume. Paramore é uma de minhas bandas favoritas, alem de o ritmo e a voz da Hayley ser perfeita, as letras são tristes e acusadoras. Eu amo isso. Apaguei a luz e me arrumei melhor sobre os cobertores. A música mudou pra “Gotta be you” - One direction, e eu dormi um pouco antes da musica terminar.


Acordei no dia seguinte com o dia chuvoso de novo. Coloquei minha meia calça arrastão, meu shorts preto, meu moletom também preto alguns números maiores que o meu e meu coturno. Fui até meu banheiro e terminei de me arrumar, passei minha grossa camada de lápis preto e rimel diária e fiz um trança para o lado com meus cabelos loiros meio cacheados que me batem na cintura. Abri uma fresta na porta e não escutei nenhum barulho, peguei meu i-pod e meu livro, Eragon, e fui silenciosamente até a cozinha. Roubei uma garrafa de água da geladeira e sai pela porta dos fundos, sem ninguém me ver. Como era sábado não tinha aula e nem trabalho eu poderia passar o dia todo fora. Atravessei a rua e fui caminhando ao encontro do velho trilho de trem abandonado. Esse é o lugar que eu me sinto melhor, mais a vontade que em meu próprio quarto. Gosto de vir aqui, pra pensar e ficar sozinha. Ninguém sabe aonde eu vou quando eu sumo, mas eles sabem que eu sempre volto. Por isso nunca vão atrás de mim, talvez o fato de ninguém se importar também influencie essa decisão.


Sentei nos trilho molhados, sem me importar em estar me sujando ou me molhando e coloquei os fones de ouvido no ultimo volume impedindo que qualquer barulho me trouxesse de volta pra realidade. Fiquei no mesmo lugar, ali sozinha por varias horas. Até que começou a chover e eu senti frio. Levantei do lugar que eu estava e vagarosamente marchei de volta pra casa. Já me preparava psicologicamente pro sermão que eu deveria cuidar pra não sujar tantas roupas e que eu deveria me vestir mais adequadamente pra uma “mocinha”. Porem uma enorme movimentação na casa ao lado da minha interrompeu meus pensamentos. Lembrei-me então da banda que se mudaria pra ali e atravessei a rua pra ver se descobriria algo. Não reconheci sendo como nenhuma de minhas bandas favoritas, porem uma figura me chamou a atenção, um menino de mais ou menos 19 anos com olhos claros e cabelos castanhos e cacheados. Admito que ele é bonito, muito bonito. E aparentemente é um dos integrantes da banda, já que esta rodeado de repórteres. O encarei por um tempo e quando nossos olhares se cruzaram eu desviei meu rosto em direção a minha casa. Sentia minha cara ruborizada e eu me perguntava qual era o meu problema. Fiquei atordoada que esqueci de tentar chegar em casa sem ser vista. Minha mãe logo que me enxergou já iniciou as criticas:


– Olha se não é a Morticia. Quem é vivo sempre aparece não é? Mas não sei se posso te julgar como sendo viva, porque pra mim você já morreu não é? E você molhou mais roupas? Você acha o que? Que eu vivo pra limpar roupas e arrumar a casa?

Acha? Carlos, sua filha acha que eu sou a empregadinha dela. Mostre pra ela que ela esta errada, vamos querido. Não me deixe na mão. – minha mãe iniciou seu teatro já fingindo que ia chorar. E a novidade? Meu pai acreditou.

– Mas essa menina não tem jeito mesmo. – ele começou a gritar – devia estar dando por ai, já que nunca para em casa. Acha que é só vim pra cá e receber comida e conforto? Claro que não, quem ganha algo deve dar algo em troca. Agora suba pro seu quarto e não saia de lá enquanto eu e sua mãe decidimos o que fazemos com você, sua ...


Não continuei escutando aquilo, eu não merecia isso. Nunca fiz nada de errado. Sempre fui uma aluna exemplar, com 16 anos já arrumei meu emprego para me sustentar. Quase não gasto nada e nunca fico em casa para atrapalhar eles. Eu realmente gostaria de saber o que tem de errado comigo. Então a realidade caiu sobre mim, eu devo ser realmente um merda de pessoa .Não tenho amigos, nem um namorado. Nem minha família gosta de mim. Comecei a chorar desesperadamente e fiquei encostada contra minha porta chorando por um longo tempo. Minha tristeza era tanta que eu não conseguia mais parar de chorar. Quando eu levantei meu olhar eu percebi que minha cortina se encontrava aberta e que na casa ao lado, o garoto dos olhos claros que eu havia encontrado antes me olhava refletindo preocupação. Ele pareceu se assustar por eu ter percebido que ele me encarava, mas no momento eu realmente não me importei. Eu quase senti como é ter alguém que se importa com você. Fui ate a janela e fechei as cortinas e me dirigi ao banheiro. Eu realmente não estava com uma boa aparência. Minha maquiagem estava totalmente borrada, meus olhos vermelhos e minha trança totalmente desarrumada. Liguei as torneiras pra encher a banheira enquanto me despia, então entrei na banheira.


Fiquei ali, pelo menos uns 15 minutos parada apenas pensando. Então peguei a gilete que se encontrava ao meu lado e comecei a mexer nela, eu tenho essa mania de sempre ter que estar mexendo ou brincando com algo. Só que acabei me distraindo e acabei de cortando. Por mais ardido e profundo que tenha sido o corte, aquilo me ajudou. Por um momento eu senti um alivio na dor que eu sentia dentro de mim, porque a dor física era pior que ela. Então eu desmontei a gilete e peguei um de suas laminas e comecei a cortar meu pulso continuamente. Então finalmente eu parei de chorar, e após um longo tempo eu consegui me sentir um pouco melhor. A água da banheira estava totalmente tingida pelo meu sangue então decidi esvaziá-la e tomar uma ducha para tirar a sujeira do meu corpo. Coloquei minhas roupas velhas de dormir e passei um pano na banheira para que não ficassem vestígios do que eu acabara de fazer.


Sai do banheiro e fui até meu quarto me deitar. Porem não conseguia dormir, decidi então abrir a cortina pra tentar ver o céu. Ou quem sabe ver um vizinho fofo, que aparentemente se importa comigo.


Como meu quarto estava escuro provavelmente ele não me veria. Abri uma quantia considerável da cortina e voltei a minha cama. Ele ainda não tinha dormido e não estava sozinho em seu quarto. Conversava com um menino loiro, aparentemente sobre algo serio. Eu fiquei tentando imaginar sobre o que estavam falando. Percebi alguns olhares direcionados para minha janela pelo moreno, e esperei que estivesse tão escuro no quarto quanto eu imaginei. O loiro finalmente saiu do quarto, mas o moreno continuou ali, alguns momentos olhando em direção ao meu quarto. Não sei mais ou menos quanto tempo ele ficou ali, já que consegui dormir.


POV Harry:

Eu estava arrumando meu quarto, pensado naquela menina diferente que eu havia visto antes. Aparentemente era minha vizinha, e eu nunca vi nenhuma garota como aquela. Quando a vi pela primeira vez percebi quão triste ela era. Mas meus pensamentos sobre ela se comprovaram após eu escutar berros de sua casa, que aparentemente eram as vozes de seus pais. Então ela entrou em seu quarto, trancou a porta e se encostou sobre a mesma e começou a chorar. Nesse momento eu fiquei tão preocupado com ela que tive vontade de ir lá, só por ela. Pra abraçar ela, pra fazer com que ela parasse de chorar. Aquela garota estranha que eu nem sabia o nome, mas já me importava.


Fiquei ali, uns bons minutos a observando. Ate que ela levantou os olhos e novamente seu olhar cruzou com o meu. Ela não pareceu assustada. Ela apenas me encarou por alguns segundos e fechou as cortinas. Não a culpo por isso, deve ter pensado que eu sou um tarado. Contineu arrumando meu novo quarto quando o Niall entrou no meu quarto.


– E ai Harry.

– Fala Naill.

– Então que achou da nova casa dude?

– É. – eu respondi ainda pensando em cuidar da garota que provavelmente estava chorando a alguns metros de mim.

– Você ta estranho. – ele falou me analisando – o que quê deu?

– Nada.

– Para Harry te conheço. Fale logo.

– Ta, ta. Você escutou os gritos que vieram da casa ao lado? – Niall apenas afirmou com a cabeça – então eu acho que eram os pais da menina com o quarto da frente ao meu. E ela depois da briga entrou no quarto chorando, e sei lá man eu fiquei preocupado sabe? Como se conhecesse a menina.

– Hmmmmmmmm – ele me respondeu como se já tivesse entendido.

– Ih, vi que alguém já pensou merda. Fale logo o que você acha.

– Nada. – falou ele lançando um sorrisinho em direção a janela da garota. Segui seu olhar e vi que a garota havia aberto a cortina e estava deitada na cama, aparentemente nos observando.

– Ai deus, fale Niall ou saia do meu quarto agora.

– Ta. Só ia dizer que aparentemente alguém ta apaixonado. Mas pelo visto não é só você né. – ele falou levantando uma sobrancelha.

– Não sei por que ainda peço pra você falar o que ta pensando.

– Também te amo. – respondeu ele saindo do meu quarto.


Fiquei até bem tarde da noite terminando de arrumar minhas coisas, quando estava quase tudo pronto eu me deitei.




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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? *-* espero que tenham gostado.