"Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto"

No dia seguinte em que Ron os havia deixado, Hermione não falou com Harry. Não que ela o culpasse, mas simplesmente, pois não sabia o que poderia dizer a ele. O silêncio poderia ser fácil de ser interpretado errado, mas o que ela poderia fazer a respeito?

Naquela noite, ela chorou até adormecer.

"Quando você perde algo que não pode substituir"

- Hermione? – Harry a chamou, quando estava vigiando a barraca.

- Hum?

Ele se sentou ao seu lado.

- Me desculpa.

Hermione franziu o cenho.

- Te desculpar por que, Harry?

- Por tê-lo deixado ir embora, e por não ter um plano bom o suficiente, por te submeter a tudo isso...

Ela lhe interrompeu, colocando a mão sobre sua boca.

- Você não consegue ficar um minuto sem se desculpar?

Ele negou com a cabeça.

- Mesmo assim... acho que seja por essa nobreza que eu te admiro tanto, Harry – ela disse, tirando a mão de seu rosto.

- Acho que foi por isso que eu me apaixonei por você – acrescentou, depois de um tempo. – No primeiro ano, depois de você ter feito tudo aquilo para deter algo que não era sua responsabilidade...

Harry não disse nada, e então, subitamente, ele se levantou e entrou dentro da barraca.

"Quando você ama alguém, mas é desperdiçado"

Ela não retomou o assunto depois disso, muito menos o fez Harry. Na verdade, Hermione não sabia onde estava com a cabeça para falar aquilo. Já havia superado a paixonite infantil que tivera por ele quando tinha onze anos, certo?

Errado.

"Poderia ser pior?"

E assim os dias se seguiram, em um constrangimento contido, com um novo dilema em mente, Hermione via o inverno se arrastar.

- Estive pensando... Quero ir a Godric's Hollow – Harry falou certa noite, e é claro que ela lhe concedeu a esse pedido. O que teriam a perder?

"Luzes irão te guiar até em casa"

- Me perdoa, Harry... – ela murmurava, enquanto enxugava as lágrimas de seu rosto – É minha culpa, eu não deveria ter concordado..

Harry remexia-se na cama, incontrolável, murmurando coisas desconexas. Parecia enfrentar o pior de todos os seus pesadelos. O que era verdade afinal de contas.

"Lágrimas rolam pelo seu rosto, eu te prometo que aprenderei com os meus erros. E eu..."

- Harry? – perguntou para o nada.

Estava aparentemente sozinha nos jardins de Hogwarts. Voldemort dera uma hora para Harry finalmente enfrentá-lo, enquanto isso os feridos estavam sendo socorridos, e os mortos zelados por seus parentes no Salão Principal.

- Harry, eu sei que você está aqui – tentou mais uma vez.

E então sentiu uma mão segurando a sua e virou-se para o lado. Nada. Esticou a outra mão e sentiu a capa da invisibilidade por baixo dos dedos; retirou-a de sobre ele.

- Acho que seja por você sempre estar ao meu lado quando eu preciso de ajuda, ou simplesmente de companhia, que eu te admiro tanto, Hermione – ele repetiu as palavras dela, e a olhou nos olhos – Acho que foi por isso que eu me apaixonei por você.

E então ele se aproximou dela e lhe deu um pequeno e delicado beijo nos lábios.

- Eu sei o que tenho de fazer desta vez – disse, ainda de olhos fechados

- Prometa-me que irá voltar, Harry. – ela pediu.

Silêncio. Sentiu ele se afastando e abriu os olhos, mas Harry já havia ido, e não restava mais nada que ela pudesse fazer.

"E eu tentarei consertar você"