Eu estava ficando aborrecido. Estamos no carro de Gerard, ele só olha para mim quando se aproxima para me beijar, quando não faz isso, esta bebendo mais uma garrafa de cerveja, ou cantarolando enrolado pela bebida. Perdi a conta de quantas garrafas ele já bebeu. Sentiria o cheiro da cerveja até se estivesse fora do carro trancado sentiria. Idiota, odeio quando ele bebe, vira um estúpido, agressivo

*Ei Frank, quer um pouco gato?* O olhei rápidamente logo revirando os olhos. Sério que ele me ofereceu isso?

*Eu quero ir embora.. Gee, liga o carro e me leva pra casa, estou cansado.

Ele negou com a cabeça e apertou minha perna me fazendo gemer de dor. Foi um forte apertão, ficaria roxo mais tarde.

*Ui, eu te levo depois se gemer assim pra mim quando chegar na sua casa*

Revirei os olhos, tirei sua mão da minha coxa.

*Me leva logo porra!*

Ele bufou e procurou as chaves, não achou, e nem ia achar. Procurei pelo carro até que achei no porta-luvas,

*Vai mesmo dirigir?*

*Sim.. porque não dirigiria?* Me respondeu de forma grossa me fazendo encolher sentado no banco, coloquei o cinto.

*Nada.. eu só, ah vamos logo* 

Ele ligou o carro e deu partida. Não me surpreendi quando tomou o rumo de sua casa, afinal eu tinha ido com a minha moto até a casa dele e ela estava em sua garagem, pelo menos ele lembrava o caminho, dirigia bem devagar, o que me irritava, mas de certo modo era bom, não iria morrer essa noite pelo menos. Parou em frente a casa branca e azul tão conhecida por mim, ia lá todos os dias ver meu namorado, Gerard.. eu amo ele demais. Mas quando ele bebe.. ele vira outra pessoa, uma pessoa que eu não conheço, e nem quero conhecer, ele me assusta assim.

Desci do carro e bati a porta, fui correndo até a garagem, mas parei ao sentir a mão forte de Gerard apertar meu ombro, ele me jogou contra a parede e sorriu maldoso, me encolhi ao ver sentir ele colar nossos corpos. Resmunguei tentando empurrar ele sem  

sucesso, mesmo alcoolizado, ele era mais forte, ele se afastou um pouco mas me empurrou contra a parede quando tentei correr, instintivamente soquei o rosto dele o fazendo ficar distraído. Corri até a garagem já tirando a chave do bolso, pulei na moto logo a ligando, a garagem estava aberta já que Gerard iria estacionar o carro na mesma, dei partida na moto sem capacete mesmo, desviei de Gerard que já estava de pé tentando me impedir, olhei pra ele quando já estava me afastando a ponto de ver o mesmo entrando no carro. Droga.

Corria muito pela rua, Gerard estava a alguns metros de mim, droga, ele ia acabar se matando. Segurei firme nos guidões da moto quando fui fazer a curva. Ficou tudo escuro.

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Frank perdeu o equilíbrio e voou da moto. Gerard ficou chocado com a cena de seu namorado voando da moto no meio da avenida e caindo no meio da rua, viu a cabeça dele bater contra o concreto e logo o sangue começou a escorrer pelo chão cinzento. Gerard estacionou de qualquer jeito e correu até o corpo do namorado, acariciou-lhe os cabelos logo vendo sua mão antes branca como a neve ficar avermelhada com o sangue de Frank, viu um casal se aproximar e olhar a cena, a mulher estava com os olhos arregalados enquanto seu companheiro falava ao telefone. Pode ouvir ele pedir uma ambulância. Gerard se encolheu e se pôs a chorar, ouviu Frank resmungar baixinho e abrir os olhos lentamente, chamou seu nome. Gerard atendeu o chamado e se ajoelhou em frente a Frank, que falou fraco.

*Gee.. me beija..*

Se assustou com a pergunta, pedir um beijo quando está quase morrendo? Suspirou mas logo se abaixou colando seus lábios levemente em um beijo suave e carinhoso. Pode sentir Frank sorrir minimamente.

*Frank.. eu, eu amo você, eu sou um idiota, me desculpa!* Falou embargado pelo choro.

*Eu também te amo Gee.. Eu prometo que sempre vou estar com você..*

*Não fala assim.. você vai ficar bem meu amor. VOCÊ VAI!*

*Mas se eu não ficar.. eu prometo, ta amor?*

*Ok..*

Logo a ambulância chegou e os paramédicos colocaram Frank cuidadosamente sobre uma maca e o levou para o hospital, Gerard com cuidado e ajuda do rapaz que ligou para o resgate colocou a moto de Frank cuidadosamente na caçamba da sua S10, Entrou na mesma e foi em direção ao hospital, foi informado de onde Frank estava e se sentou na sala de espera, estava preocupado, logo viu um médico sair da sala onde estava Frank.

*Quem é Gerard?*

Rápidamente se levantou e olhou ansioso para o homem de cabelos grisalhos.

*Sou eu!* 

*Venha comigo..* Falou antes de suspirar e começar a andar até a sala. Gerard o seguiu, viu uma cama coberta. Já tinha entendido.

*Ele.. oh não..* Ainda estava meio tonto pela bebida mas conseguiu chegar até a cama e puxar o lençól. O rosto de Frank estava pálido como sempre, seus cabelos ainda estavam meio molhados pelo sangue, o cheiro de sangue era forte, seu rosto estava ralado, lábios secos e levemente cortados. Gerard tocou seu rosto, estava frio e duro, as lágrimas começaram a rolar. Seu Frank não estava mais com ele, não iria voltar.. nunca mais.

*Meu amor..* Falou baixo e foi diminuindo o tom. *Me desculpa..* Soluçou várias vezes e apertou o braço sem vida do amado contra seu peito.

*Bom.. Gerard? Venha.*

Gerard se levantou devagar arrumando, (na verdade bagunçando mais) os cabelos exageradamente ruivos e bagunçados. As lágrimas continuaram rolando pelo seu rosto. Ao entrar no carro, uma sensação reconfortante o envolveu, algo que não tirava a tristeza, mas o consolava. Dirigia rápidamente para casa, só queria deitar, nada mais. Pensar nas vezes que eles brigaram por causa da bebida, poderia ter evitado tudo isso, mas não.. Gerard não contia o vício, sabia que doia em Frank, e não fazia nada pra impedir. Gerard foi acordado de seus pensamentos com o som de uma bozina, um som muito alto, arregalou os olhos ao ver um carro vindo em sua direção. A sensação reconfortante voltou, e ele fechou os olhos, mas logo os abriu, viu que tinha desviado do carro, mas como? Ele nem sequer se mexeu. Ficou pensando nisso até chegar em casa e estacionar na garagem, fechou a mesma e andou até o quarto. Se jogou sobre a cama, ficou de olhos fechados, pensava em Frank, todas as vezes que eles dormiram abraçados, trocando carícias, beijos, elogios, seu cheiro, sua voz, seu sorriso. Frank era perfeito.. e agora, ele se foi. "Por minha culpa" pensou em voz alta. Os olhos fechados não impediam as lágrimas de rolarem por seu rosto.

Um perfume familiar invadiu o quarto, era o cheiro de Frank, tinha certeza, conhecia muito bem o perfume do namorado. Logo sentiu dedos pequenos tocarem seus cabelos, abriu os olhos rápidamente, mas nada viu, os toques pararam e o cheiro desapareceu. Sentiu um aperto em seu coração, voltou a deitar, adormeceu depressa. 

O relógio marcava sete horas da noite quando Gerard acordou, sua cabeça latejava, seu coração doia muito, queria Frank ali. Se levantou preguiçosamente. Se dirigiu até a cozinha tomou um remédio para amenizar a dor, se sentou no sofá, em poucos minutos a sensação da noite passada voltou, ouviu um sussurro em seu ouvido, uma voz aveludada, era a voz de seu amado, sussurrava lentamente.

*Sempre vou estar com você*

Sentiu seus olhos pesarem e caiu deitado sobre o tapete da sala. Tudo estava escuro. Uma luz vinha em sua direção, podia ouvir a voz de Frank.

*Meu amor? Oh Gee, acorde!*

*Frank? Você ta mesmo aqui?!*

*Sim.. você desmaiou, está sonhando, tenho pouco tempo, me deixe falar*

*Ok ok* Disse rápidamente enquanto envolvia Frank em seus braços, esse sorriu.

*Gee.. por favor, se cuida tá bom? Eu prometi que sempre estaria com você não prometi?*

*Prometeu..*

*Então, eu vou estar meu anjinho. Sempre sempre. Nunca duvide disso.*

*Não duvido amor.. eu só.. não sei se consigo viver sem você ao meu lado para me abraçar, me beijar, dizer que me ama.. ser meu*

*Eu vou fazer tudo isso Gee.. eu prometo, agora eu tenho que ir.*

Gerard arregalou os olhos, se sentou tentando ajeitar as coisas em sua cabeça. Seria tudo apenas um sonho bobo?

Seus pensamentos foram interrompidos pelo telefone, correu atender, era seu pai.

*Oi..?*

*Gee, filho, eu.. eu sinto muito pelo Frank, me ligaram do hospital agora e.. ah.* Gerard tinha dado o número de seu pai já que iria chegar e desmaiar na cama, não queria falar com ninguém.

*Tudo bem pai..*

*Mas eu tenho uma notícia que talvez te anime um pouquinho.* Falou esperançoso. Sabia que só queria o animar, distrair. Sabia disso. Riu fraco, sabia que Frank gostaria de ve-lo feliz. Mesmo que fosse difícil.

*Fala pai.*

*Seu irmãozinho acabou de nascer! Ele vai ficar no hospital algumas semanas, por ser prematuro, logo vem pra casa.*

*Sério pai?! Aw, quero ve-lo logo!* Falou mais animado pela notícia. Estava mesmo feliz, sabia que sua mãe devia estar sorrindo igual boba, ela esperava ansiosa pelo bebê. *Ela já decidiu qual dos nomes vai escolher?*

*Nenhum daqueles.. vai chamar Mikey! Ela escolheu quando ele nasceu* Ouviu seu pai rir.

Era tão bom ouvir a risada dele, sabia que estava preocupado com ele, e só de saber disso, a sensação era incrível.

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Anos depois.

Gerard estava esperando Mikey, ele como de costume demorava muito para se arrumar. Viu o irmão descer as escadas.

*QUE DEMORA! Vamos antes que acabem os ingressos para entrar no parque de diversões!*

*CLARO, CALMA. Nem demorei tanto.* Ouviu a risada gostosa do irmão que logo estava dentro do carro.

Foram em direção ao parque e ao chegar pararam no estacionamento.

*Vai na montanha russa comigo não vai?*

Gerard estava com trinta e quatro anos, era bem mais velho que o irmão que tinha a energia de uma criança ainda. Seu irmão estava com 18. Era seu aniversário, e era aniversário de morte de Frank também. A mãe de Gerard que o obrigara a sair de casa, e ele foi pois sabia que seu irmão o alegraria, tinham se apegado muito. Frank e Gerard tinham apenas 16 anos quando tudo aconteceu.. era triste.

*Gee?*

Gerard olhou os olhos do irmão, nunca tinha reparado mas.. eram iguaizinhos os de Frank. Sorriu, lembrou da promessa que esse mesmo fez em seu sonho aquela vez.

*Eu sei que a montanha-russa é grande.. mas eu vou estar com você, sempre, eu prometo ó.* Disse segurando a mão de Gerard e a apertando. Uma lágrima rolou pelo rosto de Gerard que abraçou Mikey bem forte que não entendeu nada mas o abraçou também.

*Eu amo você Mi.* Disse baixinho e selou rápidamente os lábios do irmão que ficou sem entender mais logo corou e deu um beijo carinhoso nos lábios do irmão.

*Eu também te amo Gee.*