Meet Me At The Pier escrita por Miss Haner


Capítulo 28
Nervosismo


Notas iniciais do capítulo

Notas finais!



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- Wow! – os dois olharam com olhos arregalados para mim.

            - Maria? E..eu... – confesso que senti uma enorme vontade de rir da cara que Josh fez, mas o momento não era pra isso, ou era, ou não. Tanto faz!

            - Eu sabia! – disse. E era verdade, lá no fundo eu já sabia que os dois estavam tendo alguma coisa, mas eu pensei ser coisa psicótica minha e pelo jeito não era.

            - Como assim? – Brunna perguntou me olhando confusa.

            - Intuição. – dei de ombros. – Mas mesmo assim podem se explicar. Josh, eu pensei que nós éramos amigos o suficiente para você confiar em mim. – fechei a cara.

            E começou a falação, não que eu não me importasse e quisesse saber como os dois se apaixonaram e tal, mas é que pra quem acabou de sair de um relacionamento complicado não é muito legal ficar ouvindo todo esse sermão. Depois de terminada a nossa conversa voltamos para a sala e voltamos a assistir o filme, logo eu dormi de novo e só acordei no dia seguinte.

[...]

            Os dias passaram e por incrível que pareça eu estou estupidamente bem. Tudo bem que tem um vácuo dentro de mim que eu não consigo fechá-lo de maneira alguma, mas estar bem já é uma coisa também estupidamente boa.

No nosso grupo de amizade eu sou a única solteira, não me importo com isso, até gosto, ou finjo que gosto, apesar de estar bem sinto que meus sentimentos ainda estão se definindo. Sobre Mattew eu não tenho tido notícias sobre ele e, também não me interessa. Ele freqüenta a escola e as mesmas aulas que eu, mas seu lugar passou a ser um ponto cego para sim. Sua voz é como se eu ficasse surda ao ouvi-la e sua presença não me incomoda mais.

  Você deve estar pensando que eu não o amo mais, eu não te culpo, pois eu acho que eu deixei de amá-lo. Às vezes eu penso que tudo o que senti por ele foi pena, talvez nunca tenha sido amor e sim coisas da minha cabeça, a minha maldita mania de me culpar por tudo o que acontece. E agora, mais do que nunca, eu concordo com Josh, tudo o que aconteceu me fez evoluir. Digamos que eu não sou aquela garota boba e inocente, eu deixei de querer ser o que as pessoas querem que eu seja e passei a ser o que eu quero ser e quem já sou, eu amadureci e doa a quem doer, já não tem mais como voltar atrás.

[...]

- Bom turma, trabalho de final de etapa. Valor 45 pontos, logo 45% desta etapa, então já aviso que caprichem! – A professora de Inglês e Literatura passou o enunciado do trabalho e começou a formular as duplas.

            Tratava-se de um trabalho de pesquisa e construção de texto. Como estava no final do ano, as duplas teriam que pesquisar no setores da escola como as expectativas de alunos e funcionários se realizaram naquele ano. Depois do trabalho de pesquisa, nós teríamos que construir um texto argumentando sobre a intervenção das realizações de todo o grupo escolar sobre as expectativas que nós tivemos. Fácil, não?

            - E agora as duplas... – anunciou a professora.  – Edward e Ryan; Margareth e John; Maria e Mattew; Luise e Michael...

            Maria e Mattew, Maria e Mattew, Maria e Mattew... Droga de professora tem tantos nomes na sala, pra que me colocar logo com ele?

            Pela primeira vez depois do meu desabafo no quarto de Mattew, nossos olhares se encontraram. E não foi bom, não deveria ser e não foi. Eu deveria ter amadurecido e não me incomodar mais com aquele olhar que só ele tem, mas não, eu fui fraca e por alguns segundos eu deixei meu coração bater mais forte e aí vocês já sabem, não é? Dor, culpa, raiva, arg!

            Depois que a professora disse o setor que cada dupla teria que pesquisar e qual era o dia para entregar o trabalho, o sinal bateu e eu fui a primeira pessoa a sair da sala. Não queria falar com ele agora, nós tínhamos um tempo até o tempo limite do trabalho, então o dia que eu me sentir bem e confiante o bastante nós começaremos esta porcaria de trabalho.

            É, esse era o meu plano perfeito, mas desde quanto Mattew é o rei de me deixar em paz?

            - Maria! – ouvi a sua voz gritando o meu nome no corredor, mas continuei caminhando rapidamente. – Quer parar de agir feito criança? – ele estava nervoso.

            Me virei para ele e tirei sua mão do meu braço.

            - O que você quer? – perguntei olhando na altura de seu queixo.

            - O que eu quero? – sua ironia me desconcertou. – Você já se esqueceu que temos um trabalho a fazer?

            Fiquei em silencio por alguns instantes, pensando em como acabaria com aquela conversa. Eu poderia me virar e sair andando, mas mais cedo ou mais tarde eu teria que conversar com ele. Suspirei alto ao encontrar uma saída perfeita.

            - Olha, nós dois sabemos que você não gosta de fazer trabalhos. – ele acenou para que eu continuasse. – Então eu vou te fazer uma proposta irrecusável. – sorri e ele espremeu os olhos. – Eu farei o trabalho todo sozinha, desde a parte da pesquisa até o texto. Depois é só você ler o trabalho na frente da turma e nós já teremos os 45 pontos. – ele respirou fundo, foi a minha deixa para que eu não deixasse que ele falasse. – Não seja orgulhoso Matt, é uma proposta irrecusável e já está decidido, eu te dou o trabalho três dias antes para você decorá-lo. Tchau! – virei-me e saí correndo pelo corredor.

            Quando já estava longe o bastante dele me deixei escorar na parede e respirar corretamente. Mas meu coração não se acalmava, rezei para que ele não fosse orgulhoso o bastante para não me deixar fazer o trabalho sozinha.

            - Maria? – ah não! – Cabulando aula senhorita? -  era o professor de química.

            - Não! Eu só... quero dizer, eu só estava...

            - Não me venha com essas desculpas medíocres. Entre logo na sala. – nem gastei meu tempo contestando, entrei rapidamente na sala e me sentei em meu lugar.

            O professor passava uma matéria nova, mas minha cabeça, definitivamente, não estava na aula.

            [...]

- Ei Maria! De quem você tanto se esconde? – Bia parou em minha frente.

            Eu estava sentada em uma mesa nos fundos da biblioteca fingindo ler um livro. Tudo isso para que ninguém me incomodasse fizesse este tipo de pergunta. Na verdade, eu me sentia desprotegida, meu coração havia me traído da pior maneira possível.

            - De quem eu fugiria Bianca? – perguntei controlando o meu tom de voz.

            Ana que acompanhava Bianca saiu de trás dela e se sentou de frente a mim. Bianca se sentou ao lado dela.

            - Ouvi dizer que você e o Mattew farão um trabalho juntos. – Ana disse me analisando.

            Engoli em seco. Como as fofocas voam por este lugar! Encarei o livro que eu fingia ler, tentando controlar o meu semblante e parecer o mais calma possível, mas parece que hoje o mundo decidiu ficar contra mim.

            Ao olhar para elas, eu vi, por detrás de seus ombros, o meu pesadelo, o meu peso sobre as costas. Arregalei os olhos e respirei fundo. Seus olhos encontraram os meus e Mattew veio em minha direção.

            - Ér... Meninas, eu tenho que ir. Eu me esqueci de perguntar uma coisa ao professor. - Me levantei antes que elas dissessem alguma coisa e saí rapidamente da biblioteca. Mas sem antes passar quase correndo por ele.

            Só parei para respirar depois que eu estava longe da biblioteca e quase saindo da escola. Olhei para o portão e a tentação de fugir daquele lugar tenebroso me atingiu, era irresistível, era uma chance única. Mas eu não podia fugir, não depois de tudo o que eu amadureci, não é possível que eu tenha voltado a ser tão infantil só de olhá-lo. Mas quer saber? Que se dane o meu amadurecimento. Amanhã eu o faço retornar.

            Saí pela fresta aberta do portão e corri duas quadras depois da escola. A rua estava vazia e o caminho era um pouco longo. Perfeito para alguém que necessita pensar.

Após muito pensar, eu cheguei em casa. Fui direto tomar um banho, uma ducha fria para tirar de mim tudo o que é ruim e nisto eu incluo aquela certa pessoa. Depois do banho, eu vesti um pijama e deitei na cama. Por hoje eu não sairia daqui de jeito nenhum, o dia era meu. Eu precisava saber o que eu tinha feito de errado para meu coração de derreter daquela maneira.

            Irritantemente e sem o meu consentimento as lembranças da minha vida toda vieram em minha cabeça. Uma rápida lembrança de meus pais e de todos os seus conselhos, uma pequena parada sobre o acidente e uma lembrança dolorosa, mas com seus momentos felizes: minha história com Mattew. Não foi exatamente uma lembrança, foi uma nova visão. Nela, eu e Mattew estávamos felizes, namorando e pensando somente no nosso futuro juntos. Exatamente como se eu não tivesse mentido ou se nenhum acidente tivesse acontecido.

            Acordei deste sonho pensando nesta última parte. Realmente poderia ter dado certo se eu não tivesse mentido, ou talvez nunca tivesse acontecido nada entre eu e Mattew. E pensando bem, Mattew iria ter a mesma reação, novamente eu não estou tão errada. O meu erro foi ter mentido por tanto tempo e o deixado descobrir por outra pessoa, o que ainda me intriga. O erro dele foi e é ser ignorante e querer sempre culpar alguém por seus problemas. E de novo eu concluo que a minha reação foi ridícula e infantil, porém, continuo com a decisão de não ter nenhum vinculo com Mattew.

             Depois de toda esta filosofia, minha barriga roncou firmemente e, então eu me levantei da cama e fui até a cozinha. Preparei um macarrão instantâneo e fui para a sala. Ouvi alguém bater a campainha, fiquei quieta na esperança de que a pessoa fosse embora, mas a campainha soou por mais três vezes e eu decidi abrir a porta.

            - Por que demorou tanto para abrir a porta? – Josh entrou em minha casa e se direcionou a sala, onde se jogou no meu sofá.

            - Que bela educação a sua. – ironizei e ele deu de ombros.

            - Sem soube que você a admirava. – devolveu. Revirei os olhos e voltei a comer. – O que você está comendo? – perguntou ele e antes que eu respondesse Josh tomou o meu prato e comeu uma colher do miojo. – Humm! – exclamou antes de me devolver o prato.

             - E então? Veio fazer o que aqui? – perguntei enquanto comia.

            Josh me olhou afetado.

             - Eu não posso vir aqui sem querer nada? – arqueei a sobrancelha. – Vim trazer seu dever de casa. – arqueei mais ainda. Não era somente isto. – E conversar também.

            - Conversar sobre o que?

            - Sobre quem, na verdade. – ele respondeu.

            - Então não gaste seu tempo. Não sei o que as meninas te disseram, mas eu não quero conversar. – respondi secamente e levei o prato à cozinha.

            - Tudo bem. – Josh deu de ombros e ligou a televisão.

            Olhei para sua imagem esparramada no meu sofá e olhando para a TV. Era impressionante como ele conseguia o que ele queria. Josh é o pior melhor amigo que alguém pode ter. Pensem bem na maneira em que ele estava, pois foi exatamente deste jeito que o danado me fez querer conversar sobre o outro lado da minha história.

            - Eu não sei o que acontece comigo! – joguei-me no outro sofá.

            Josh acenou sem tirar os olhos da televisão.

            - Estava tudo bem comigo, até aquela bendita professora me colocar logo com ele. – Esmurrei a almofada. Josh suspirou. – Por que Josh? Por que ele faz isso comigo? – Afoguei o meu rosto na almofada.

            Alguns segundos de silencio entre nós. Somente se ouvia o som da televisão, Josh ouvia um programa sobre culinária. Ele bufou e desligou a televisão.

            - Mattew não fez nada com você. Eu não entendo a sua reação. – olhei para ele perplexa.

            Pela primeira vez desde que eu o conheço, Josh não sabe como me ajudar? É isso mesmo? Não acredito! Eu estou perdida.

            - Eu estou perdida Josh, nem você consegue me ajudar. – olhei em seus olhos.

            Meu melhor amigo revirou os olhos e pensou por um instante.

            - Não é possível ajudar alguém que não precisa de ajuda. – suspirei. – Você está fazendo tempestade em copo d’água. Não era você quem dizia que amadureceu? – assenti.  – Pois a única coisa que eu vejo é uma garota de 16 anos, mas que parece uma criança quando descobre que está gostando de alguém. – Fiz menção de protesto, mas Josh continuou. – Maria, enxergue as coisas como são. Fazer um trabalho não quer dizer que vocês vão voltar e vai começar tudo de novo.

            Encolhi no pequeno sofá. O que Josh falara fazia sentido, eu estava fazendo tempestade em copo d’água. Era apenas um trabalho, era apenas um trabalho!

            - Você está certo. – finalmente falei. Josh sorriu largamente.

            - Eu sempre estou certo, pequena! – mostrei a língua para ele.

            Josh fez cara séria e se aproximou devagar. De repente ele pulou para o meu sofá e começou a me fazer cócegas. Tentei me defender, mas acabamos caindo no chão e nem isso fez com que ele parasse. Quando se cansou de me torturar, Josh se sentou no tapete e me abraçou.

            - Já que você parou com a infantilidade. Eu acho melhor a senhorita ir se arrumar, porque o Matt já deve está chegando para te buscar.

            Arregalei os olhos.

            - Não me olha deste jeito. O trabalho é em dupla, não é? – eu ia dizer a ele o que eu disse para o primo. – Você pensa que o Mattew iria aceitar algo assim? – arqueou a sobrancelha. – Pois é, não mesmo!

             - Josh, eu não estou preparada para encará-lo. – confessei.

            - Por quê?

            Olhei irritada para ele. Ele tinha que entender, eu definitivamente não podia encarar Mattew, não me sentia pronta. Era um erro.

            


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Notas finais do capítulo

Oi! Até que enfim, hein?!?! Perdão pela demora, mas entendam que a culpa é da internet que não chega, mas eu já decidi que enquanto eu ficar sem net lá em casa vou postar toda semana pela Lan mesmo.
Espero que tenham gostado do capítulo e POR FAVOR, COMENTEM!!!
Bjos, até!



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