Abri os olhos. Os mesmos foram queimados pela claridade, do quarto. Estava frio. Hm, o ar condicionado deveria estar ligado. Huntington Beach não era desse frio todo, e olha só o sol que estava lá fora!
Me sentei na cama, olhando de um canto ao outro. Nossa, minha cabeça latejava. E queimava. E era espancada por aquele lutador brasileiro, Anderson Silva, provavelmente.
Avistei quatro garrafas no chão, uma vazia e a outra com menos da metade. Vi também meus saltos no chão, mas nenhum sinal de Brian. Não me lembro de escutá-lo indo embora.
Opa.
Lá vem a vodka.
Abri a porta do quarto e corri até o banheiro, levantando a tampa da privada e me ajoelhando em frente da mesma, colocando tudo para fora. Me sentei em seguida no chão, apoiando um cotovelo num joelho e apoiando a cabeça. Quando tudo começou a girar, ergui-a e fechei os olhos.
Falshs do que aconteceu ontem de noite agora percorriam a minha mente. Poucas coisas... Scott, o barman bonitão... A aposta... Brian sem blusa em cima de uma mesa imitando o jeito de andar de Johnny...
E Brian indo embora com três loiras gêmeas e modelos.
Tão típico.
-Humhum.
Escutei alguém pigarrear.
Abri os olhos lentamente.
Zacky estava com os olhos no chão, de braços cruzados e com uma escova de dentes na mão.
Fiz cara feia.
-O que você quer?
-Escovar os dentes.
-Você tem o seu próprio banheiro, não enche.
-Meu banheiro está impregnado de vomito de Synyster Gates.
Mas Gates não ia para algum motel barato com as gêmeas?
-Gates está aí?
-Chegou a pouco tempo.
A voz de Zacky era rígida e fria, assim como suas fisionomias. Acho que ainda estava bêbada, pois não me senti tão mal.
Me levantei, dando descarga na privada e olhando para Zacky com um ar tedioso.
-Você deveria arrumar alguma puta pra ver se esse mal humor passa.
Permaneci uns segundos olhando no fundo dos olhos dele. Me virei e invadi seu quarto, procurando pro Brian. Felizmente o encontrei sentado no chão, de olhos fechados.
-Vejam só, Brian continua um mau beberrão.
-Vai se fuder.
Ri, erguendo a mão para ajudá-lo a se levantar.
Meio cambaleante, voltamos para seu quarto. Brian se jogou na cama, gemendo e se aconchegando aonde eu estava dormindo. Parei em frente ao enorme espelho de seu armário, penteando os cabelos e os ajeitando para prendê-los em rabo de cavalo.
-Aonde vamos hoje?
-Você quer sair de novo?
Perguntou com um tom incrédulo.
-Por que não?
-Achei que só foi ontem por causa da briga com Zacky.
Dei de ombros, encarando-me no espelho.
-Quer voltar à vida de baladeira? Ou quer apenas esquecê-lo?
Senti claramente minha face se enrijecendo. Não queria falar sobre isso, porque ele simplesmente não calava a boca?
-Quero sair e encher a cara pelo mesmo motivo que o seu.
Disparei, fazendo-o fechar a cara e engolir a seco. Fechei o guarda roupa e subi na cama, pegando um travesseiro e tacando nele.
-Quero esquecer tudo. Quero me divertir...!
Comecei a pular na cama, sorrindo comigo mesma. Brian riu e se levantou, começando a pular na mesma ao mesmo tempo que eu.
-Beber, dançar, transar...
-Transar?
Brian me lançou um olhar malicioso, parando de pular e encostando a mão na minha cintura, andando na cama e me encostando na parede, fitando meus olhos fixamente.
-Claro. Qualquer lugar, qualquer um; assim como antes. Relações de uma noite só.
Brian riu, revirando os olhos.
-Ok. É, vamos sair hoje.
Brian se sentou na cama, pegando uma das garrafas de Absinto e a abrindo, tomando um longo gole e fazendo uma careta. Sentei do seu lado, tomando a garrafa e despejando o liquido em minha boca.
A velha Taylor estava de volta, afinal.

POV. Terceira pessoa

-Você precisa pegar mais leve com ela, Zacky.
Valary disse ao amigo de seu marido, lhe entregando uma cerveja.
Se passaram uma semana desde que os dois brigaram. Mal direcionavam uma palavra ao outro que não fossem cheias de sarcasmo ou desdém.
-É, cara, vai com calma, cara.
Matt apoiou.
-A única coisa que você está conseguindo com essa briga é empurrá-la para o Gates.
Completou, olhando nas orbitas verdes de seu amigo.
-E você sabe o que aconteceu com ele e a Chelle.
-Brian não faria uma coisa dessas.
Zacky afirmou, mas não tinha certeza. Sabia que Gates era um galinha galanteador de primeira, e sabia também que Tay tinha uma paixão por ele, sempre teve. No fundo, sabia que essa afirmação era mais falsa do eu verdadeira se seu amigo estiver fora de si.
-Ele faria sim, Zacky. Ele está fora de controle, está saindo toda noite e passa o dia todo bebendo. E agora que tem a companhia de Taylor, eu não sei não...
-Acho melhor você tratar logo de desculpá-la.
Valary completou a linha de raciocínio de Matt, afagando os cabelos pretos do pobre homem. Todos sentiam muito pelos dois, até porque, afinal, todos amavam a possibilidade de Taylor e Zacky juntos. O problema era que ambos não sabiam lidar com tanto amor que sentiam um pelo outro.
E os ciúmes, claro.
-Não vou.
Matt suspirou e revirou os olhos.
-Então vai a merda e deixa o Gates traçar a sua garota, Vengeance.
...
Quando Zacky chegou em casa, já eram dez e meia da noite. Depois que saiu da casa de Matt, passara no shopping para descontar sua raiva e angustia em um lindo hambúrguer enorme do Burger King e um copo de coca cola.
Escutou passos de salto alto passando de um lado para o outro. Quando chegou ao corredor onde ficavam de uma ponta o quarto de Brian, no meio o banheiro e em frente ao mesmo o seu quarto, viu Taylor em cima de um enorme salto agulha com pedrinhas reluzentes, passando lápis de olho.
A morena parou o que fazia e olhou para a figura acabada de Zacky parado em sua porta, atônito.
-Que foi? Perdeu o cú na minha cara?
O homem olhou para baixo depois de um tempo, dando de ombros e falando.
-Quem perdeu algo aqui foi você.
A sua decência, talvez. Junto com a sua maldita alma, pensou, amargurado.
-Ah, é? O que?
Perguntou com desdém.
-A outra metade dessa blusa. Talvez
Se referiu à blusa baby-look do Motorhead com um decote indecente demais que amostrava seus seios e até um pouquinho de seu sutiã de renda, que a garota estava usando acompanhada de uma calça de couro apertadíssima. Isso fez Zacky se perguntar como ela conseguiria andar com aquilo. Sem contar nos dois cintos cruzados, um de tachinhas e o outro com pequenos espetos, que cruzavam sua cintura fina e invejada por muitas, fora de seu lugar apropriado na calça.
Taylor revirou os olhos com as palavras do rapaz, voltando a se maquiar.
Zacky se reconstituiu e abriu a porta do quarto, entrando e parando por um momento, com o olhar fixado ao chão. Suava frio; conversar com Taylor depois do que aconteceu era difícil demais ainda.
Passara uma semana. Uma semana de puro ódio e frieza da parte dos dois, que na verdade matava Zacky por dentro. Taylor vivia bêbada demais para sentir; essa era a proteção dela. Vivia chapada, para que não se lembrasse do olhar de repulsa e raiva de Zacky. E no dia seguinte, para continuar bem, bebia ainda mais. Era um ciclo vicioso; vê-la acompanhada com uma garrafa de Snow Queen ou qualquer porcaria junto com milhares e milhares de cigarros, um atrás do outro, era rotineiro agora. Mas ela jurava que estava bem.
Zacky, por mais que teimasse consigo mesmo, na conseguia parar de pensar na Taylor de um ano atrás, quando a mesma se viciou em álcool. Viciada mesmo, feito uma dependente química. E ele via isso se repetindo novamente, agora, e ficava mais que preocupado.
Mas essa era a Taylor.
Se refugiando em um mar de álcool.
Ele?
Ah, ele não estava melhor. Ia morrendo por dentro.

Brian e Taylor já estavam mais do que bêbados novamente em mais uma boate.
Bom, na verdade, os dois eram colocados para fora nesse exato momento, depois que Taylor começou a querer saquear o barman.
-Seu babaca! Para de me apalpar, seu armário!
-Matt, é você?
Brian perguntava ao segurança que o empurrava para a rua. O segundo pousou Taylor no chão, que batia os pés loucamente e se debatia, acusando-o de passar a mão nela.
Ambos entraram de volta na boate, xingando os amigos de malucos e encrenqueiros.
Brian ria e Taylor ainda xingava o cara.
-Para onde vamos agora?
-Para casa.
Taylor disse, pegando a garrafa de absinto que misteriosamente não tinha quebrado ao cair no chão, ajudando seu amigo a se levantar.
-Ahhhhh, eu não quero!
-Entao que fique.
Taylor deu as cotas a ele, cambaleando para longe.
-Você está chata hoje! Credo, nem aproveitou a festa direito!
Brian disse, abrindo os braços, abrangendo o lugar.
-Sabe o que é isso? Falta de sexo. Você precisa de um homem, Taylor!
Cantarolando, Brian deu uma risada no final da frase.
-Saímos a semana inteira e você não saiu dos beijos, menina! Você já foi mais safada, que decepção.
Taylor continuava a andar, meio irritada com as provocações do homem, até, meio desajeitada pela má visão turva que a bebida acabara de proporcioná-la, equilibrando-se nos enormes saltos agulha.
Do nada tropeçou no próprio pé e tomou um tombo, caindo no chão, fazendo Brian que a acompanhava de longe soltar uma gargalhada tão alta que as pessoas de dentro da boate devem ter parado para escutar.
-QUE LERDA! HAHAHAHA! QUE LEEEEERDA!
-Vai se ferrar, Gates Marica!
Taylor berrou com todas as forças, sentindo o pulmão queimar em seguida. De repente soltou uma risada escandalosa, se deitando e se contorcendo às gargalhadas.
-Ai, eu caí! HAHAAHHA, BRIAN, EU CAI!
Brian a acompanhou na loucura que estava dizendo, completando:
-LARGA ISSO, MENINA, JÁ BEBEU DEMAIS.
Tomou a garrafa da mão dela, mal conseguindo respirar.
-Seu bichinha aflorada.
-Vadia de R$1,99.
Se xingaram, sentados agora, com um sorriso idiota na face.
-Taylor?
Uma voz soou perto dos dois, fazendo-os olharem.
Taylor espremeu os olhos, tentando distinguir a figura, se surpreendendo ao conseguir identificar os olhos intensos sobre ela.
-Lola?