Chances Ao Meu Novo Mundo escrita por Hawtrey


Capítulo 7
Belatriz?


Notas iniciais do capítulo

Perdoem qualquer erro, é que eu estou com alguns problemas e estou postando o mais rapido que posso.
Por isso pode ter alguns erros...



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Os dias não poderiam ter passado mais devagar... achei mesmo que o tempo estava conspirando contra mim ou que toda essa lentidão seja consequências da minha infernal estadia em Hogwarts.

Depois da minha explosão com Pansy, se alguém não me ignorava, agora me ignora. Por raiva ou por medo. Harry, Rony, Hermione e Ana foram os únicos que permaneceram do meu lado, eles ate me parabenizaram por “colocar Pansy em seu lugar”. Snape... Snape é um caso especial, como sempre. Ele está cada dia mais estranho, mas bipolar. Um dia parece preocupado e as vezes até não come, pelo menos não no salão principal, em outros dias parece que pode matar qualquer um de tanto estresse e raiva. Já desisti de entendê-lo.

— Você também pode comer sabia? — sugeriu Hermione parecendo preocupada.

— Não estou com fome... — respondi sem animo.

— O que está acontecendo Layse? Você está estranha há dias — questionou Harry.

— Harry tem razão — concordou Rony — Você até parou de implicar comigo.

Eu não me sentia bem há dias, parecia que toda a minha energia estava sendo sugada dia após dia e qualquer mínimo esforço me deixava quase exausta. Mas eles não precisavam saber disso...

— Lays, posso te perguntar uma coisa? — pediu Mione que estava sentada ao meu lado. Harry que estava do outro, parou para prestar atenção na conversa.

— Claro, Mione — concordei sem problemas.

— Não... sente raiva do seu pai dá mais atenção às suas irmãs do que à você? — quis saber Mione com real interesse.

— Sinceramente... não — respondi pensativa. Eu acho que era verdade...eu acho.

— Como assim? — perguntaram os dois.

— É que eu já me acostumei — esclareci — Não posso negar que no começo eu senti raiva, sim eu senti e muita, por que eu sempre pensei: como ele pode dá mais atenção a elas do que a mim? Sou que nem elas! Isso por acaso é preconceito contra a Grifinória!?

— E o que mudou? — perguntou Harry.

— Comecei a pensar mais racionalmente — respondi indiferente — Passei a me perguntar: por que vou ligar em me preocupar com meu pai se ele nem liga pra mim? É perca de tempo tentar conseguir atenção de um completo teimoso. Então decidi parar e hoje nem ligo mais. Ele me odeia, eu não vou com a cara dele mais, estamos quites!

— Acho que foi uma otima decisão — parabenizou Mione.

— Concordo. Snape não merece a sua preocupação — conclui Harry olhando de esguela para Snape que também fitava o grupo — Na minha opinião ele é um péssimo pai.

— Sabe... eu sempre o admirei, os motivos disso não importa, mas ainda continuou o admirando — revelei fitando minha comida.

— Sério? Como consegue? — perguntou Harry.

— É como admirar Voldemort, ele pode ser o bruxo mais maléfico do mundo! Mas ninguém pode negar que ele é um grande bruxo, com poderes extraordinários, só perde para Dumbledore — expliquei pacientemente.

No final, os outros dois acabaram concordando com o fato.

— Podemos conversar? — pediu uma voz seca que eu conhecia muito bem.

Virei-me lentamente, rezando internamente para que não fosse quem eu estava pensando. Quando encarei o próprio Snape a minha frente, suspirei cansada, mais uma discussão estava a caminho...

— O que deseja professor? — questionei frisando bem o “professor”.

— Conversar com minha filha — respondeu ele inexpressivo.

Olhei ao redor, indiquei Lyane e respondi:

— Bom, sua filha está por ali, do outro lado do salão.

— Estou falando da outra filha — replicou Snape.

— Ela também está do outro lado do salão — respondi indiferente.

— Por que me ignora como pai? — quis saber o professor com a expressão mais preocupada.

— Por que me ignora como filha? — repliquei levantando-me e encarando-o.

Nessa hora, todos já estavam observando a cena, prontos para uma futura briga.

— Eu não te ignoro.

— Não? Olha professor, eu o adoro, sempre o admirei, sempre foi um modelo para mim... então eu não estou a fim de brigar ok?

— Eu também não quero brigar — revelou Snape impedindo minha passagem — Então será que podemos, com calma, ir para a minha sala e conversarmos?

Fitei Hermione e Dumbledore, e percebi que o olhar de ambos dizia sim.

— Não — respondi fazendo-o piscar varias vezes.

— Como assim?

— Eu tentei conversar varias vezes — esclareci tentando ser inexpressiva, mas eu acho que não estava tendo muito sucesso — E todas as vezes que eu finalmente conseguia dizer algo, você recebeu minhas palavras com frieza e grosseria.

— Quero que me desculpe... por favor — ele sussurrou de modo triste.

Eu fitei sem acreditar. Como assim? Como ele pôde usar esse jogo sujo comigo? Droga...

— Desculpas não resolve isso, não apaga tudo e não me ajuda em nada — respondi com muito esforço, pois a verdade é que eu queria ceder e lhe dar um abraço — É injusto — uma lagrima teimou em sair — Depois de tanto tentar... eu não posso simplesmente aceitar uma palavra tão simples como “Desculpa” e esquecer tudo.

Respirei fundo e tentei ignorar o olhar triste do homem a minha frente. Sem fitar meus amigos, disse:

— Não se preocupem pessoal, estou bem — garanti de modo convincente — Na verdade, acho que só preciso de um descanso. Se precisarem de mim, estarei no dormitório.

Apenas peguei minhas coisas e sem dizer mais nada, deixei o salão.

Eu precisava de um descanso, isso era fato, mas eu não poderia ir para o dormitório e ficar a vista de quem quer que esteja lá, não mesmo. Andar pelo castelo? Fora de cogitação, mal consigo ficar de pé, não aguentaria cinco minutos andando por esses corredores.

Acho que meu verdadeiro objetivo era sumir, sim sumir, assim eu não precisaria me preocupar se alguém ia ou não me ver e isso já é um descanso. Será que Dumbledore deixaria eu me esconder em seu escritório?

— Pensando em fugir?

O grito que escapou da minha garganta violentamente deve ter ecoado alto o suficiente para que todos, até Hagrid, ouvissem. O que me assustou não foi a surpresa ou susto de alguém falando sem aviso ao meu lado e sim quem estava falando.

— Nossa... — comentou Belatriz Lestrange reprimindo uma careta — Você tem o pulmão tão forte quanto o meu... e a garganta também.

Eu tinha certeza que aquela era mesmo Belatriz Lestrange, a Comensal da Morte, mas ao mesmo tempo... não era. Havia algo muito diferente nela, e falo de modo geral. Seus cabelos continuavam bagunçados, mas de modo mais comportado do que o normal, e sua face não demonstrava ódio, desdém, frieza e muito menos o desejo insano de torturar, na verdade mostrava apenas cansaço. E ela nem ao menos tinha a varinha em mão.

Recuei sem saber o que fazer... loucura ou não, eu fiquei entre correr desesperadamente e abraça-la.

— Quem... quem é você? — balbuciei pasma.

Ela me fitou confusa, mas segundos depois seu olhar era de compreensão.

— Eu não sei... eu realmente não sei mais quem eu sou — ela respondeu, mais para si mesma.

Belatriz respirou fundo e se aproximou erguendo a mão para tocar meu rosto. Recuei instantaneamente, assustada. Eu não sabia o que fazer...

— Eu não a culpo por isso — disse ela se afastando — Essas lagrimas... deve ser pelo seu pai. Cretino...

Assustei-me ainda mais. O que estava acontecendo aqui? Vi mesmo tristeza em seus olhos?

Eu precisava ter certeza de quem realmente era Belatriz Lestrange.

Hesitante, peguei uma de suas mãos e fiz o mesmo caminho que antes eu havia interrompido. Com um extremo cuidado, ela tocou meu rosto, aproveitando e dando fim a uma lagrima que ainda estava ali. Em seus olhos vi confusão, alegria e inquietação. Quando reparei nesse ultimo já era tarde demais, ela já me surpreendia com um abraço desajeitado, mas sincero.

Quando me soltou, olhou em meus olhos e sorriu de uma forma que nunca vi antes.

— Eu sabia que você tinha herdado os olhos do seu pai...

Ela conjurou um espelho e me entregou.

Parecia que havia voltado no tempo. Meus olhos não só estavam negros, mas também mostravam tudo o que eu havia passado há um tempo.

— Eu vejo tristeza, cansaço, frieza... eu vejo você — disse Belatriz serenamente.

Fitei os olhos castanhos e serenos daquela que, de uma maneira ou outra, era minha mãe. Como ela conseguia me ler tão facilmente?

O bom senso me dizia para voltar ao Salão Principal e gritar para Dumbledore que uma Comensal da Morte invadira Hogwarts e que Aurores precisavam ser chamados imediatamente, no entanto a outra parte da minha mente, aquela emoção que teimava em discutir com a racionalidade, dizia e repetia que eu devia voltar ao Salão somente para dizer: Ana, mamãe voltou. E ver em seu rosto brotar um sorriso iluminado.

— O que faz aqui? — perguntei tentando mudar de assunto.

Ela pigarreou, recompondo-se do que parecia ser emoção.

— Eu preciso conversar com o seu pai. É urgente.

— Espere aqui, vou chama-lo — avisei, mas ela me interrompeu.

— Não precisa, eu mesmo vou chama-lo.

Arregalei os olhos, assustada com a coragem dela em se expor.

— Ficou maluca? Vai mesmo entrar no Salão Principal? Com todos do castelo lá dentro?!

— Voldemort me mandou aqui — respondeu Belatriz secamente — Ele acha que vim apenas para causar pânico.

— E vai?

— Isso não está nos meus planos — respondeu ainda seca — Mas todos precisam me ver, assim a noticia se espalha e pelo modo em que os alunos dessa escola pioram a história cada vez que é contada, uma simples aparição minha será entendida como a maior calamidade da assassina Lestrange até chegar aos ouvidos de Voldemort.

Ela até tinha razão, mas o modo que falava era diferente. Havia nojo em sua voz, além de frieza e ódio. Agora que eu não estava entendendo mesmo quem era aquela mulher a minha frente...

— Precisaremos dramatizar um pouco... — revelou ela já sacando a varinha — Não se preocupe... não vou machuca-la.

Recuei um pouco, desconfiada.

— Dramatizar?

— Sim — concordou Belatriz tentando bagunçar os cabelos, e por incrível que pareça estava sendo uma tarefa difícil de ser feita — Entregue-me sua varinha e finja-se de vitima.

Eu já tinha entendido seu plano, então apenas dei de ombros e entreguei minha varinha.

— Nossa... vai ser tão difícil ser a vitima — ironizei.

Em seus lábios apareceu um sorriso sincero. Então depois ela murmurou um “Prepare-se”, agarrou meus braços com violência, preparou sua varinha e entrou no Grande Salão.

Olhos arregalados, expressões paralisadas, palidez, pavor. Tudo isso ela conseguiu apenas entrando no Salão. Neville era o que estava no pior estado.

— Olá crianças — saudou Belatriz com a sua tradicional voz irritante.

Ela apertou meu braço com mais força e senti seu nervosismo. Espera. Nervosismo?

— O que quer aqui Lestrange? — precipitou-se professora McGonagall irritada.

Mas Belatriz apenas a ignorou e fitou Snape.

— Precisamos conversar. Agora.

Snape ficou confuso por um tempo, provavelmente questionando se aquilo estava mesmo acontecendo.

— O que quer? Não tenho a mínima vontade de falar com você — a voz cortante dele ainda não conseguia encobrir a tristeza evidente.

— Não tem escolha Snape — avisou Belatriz apontando a varinha para meu pescoço. Tive que encontrar todo o meu controle emocional para não sair correndo.

O professor apenas fitava a bruxa como se a mesma estivesse dizendo que acabara de chegar de Marte.

Belatriz aproveitou a confusão e o susto dele.

— Preste atenção, precisa confiar em mim — ela sussurrou em meu ouvido — Já vi que seu meu pai não vai querer falar comigo. Então vou força-lo. Nós duas vamos sair daqui.

Minha expressão deveria estar demonstrando terror, por que muitos começaram a cochichar.

— Não se preocupe — ela confortou no mesmo tom — Todos pensarão que fomos embora, mas estaremos na Floresta Proibida. Para isso-

— Lestrange — interrompeu Snape.

— Calado Snape — retrucou a Comensal e continuou a cochichar as direções no meu ouvido.

Snape não parecia estar gostando nada disso, porem Dumbledore permanecia calado e com um olhar desconfiado. Ele estava percebendo o plano de Belatriz.

— Isso vai ser difícil...eu sei, e me desculpe, mas é necessário, assim podemos tentar dar um jeito nessa cabeça dura do seu pai — cochichou ela no final.

Eu respirei fundo me preparando. Belatriz esboçou mais um dos seus sorrisos cínicos e continuou, dessa vez nem tão baixo assim. Ela queria que pelo menos Snape ouvisse.

— Você sabe que ele odeia você — confirmou Belatriz, dando um sorriso de satisfação ao ver que Snape paralisou.  Sim, ele estava ouvindo.

— Eu não sei do que está falando — menti, fazendo ela me soltar e apontar a varinha para mim.

— Não se faça de desentendida Layse — exigiu Belatriz impaciente — Sabe muito bem que o seu pai te odeia, que ele nunca deu e nunca dará a minina atenção a você.

— Sim, eu sei que ele me odeia, por que quer tanto esfregar isso na minha cara? — quis saber irritada.

— Porque eu quero que você veja e aceite as coisas como realmente são... — disse Lestrange afagando os meus ombros.

Eu só tinha que fingir, mas a vontade de chorar estava sendo verdadeira.

— Eu aceito tudo isso numa boa — respondi dando de ombros.

— Então por que ainda luta contra o que está na sua frente?

— Do que... não. Sei o que você quer e a resposta é não. Jamais!

— Não lute contra o destino! Aceite o caminho mais fácil e ajude a nós duas, venha comigo e não lute por aqueles que não merecem! — insistiu Belatriz mais irritada ainda.

Eu via em seus olhos que ela estava se controlando para não apontar a varinha, caso o atacasse, seu plano todo seria arruinado e ela não teria outra chance.

— Vamos Eillen... escute a mamãe... — a comensal não pôde acreditar que viu Snape arregalar os olhos, eu fechei os olhos desacreditando que tinha esquecido esse fato — Não sabia o segundo nome da própria filha, Severo...que pai desnaturado — acusou debochadamente fitando Snape.

— Ninguém me chama assim... — falei com os olhos fora de foco, fitando algum ponto na parede oposta.

— Mas eu te dei esse nome, então tenho os meus direitos... Snape, será que podemos conversar agora?

Ele recuou hesitante.

— Eu sei quais são as únicas coisas que te predem aqui nessa escola e vou te provar que não vale a pena se sacrificar por elas — me surpreendendo, Belatriz segurou meus ombros e me fez encarar Lyane que a fuzilava com o olhar — Tá vendo a sua irmã ali? Você ainda se acha igual àquela garota?

— Não...

— E por que?

— Por que ela mudou.

— Exatamente. Esse pretexto de que todos que entram para a Sonserina viram Comensais ou coisa pior, é pura mentira! Todo mundo tem o direito de escolher, e os sonserinos não escapam dessa regra, se eles mudam ao entrar para uma determinada casa, é escolha deles, a culpa é deles e não da casa para qual foram, a casa só recebe a fama pela maioria das escolhas! Se todos ali escolhem um caminho, então a casa será conhecida por esse caminho... Se sua irmã mudou ao entrar para a Sonserina, foi escolha dela.

Ela fez minha atenção ser direcionada a Dumbledore, dizendo:

— Agora olhe o Dumbledore, você não acha que ele teve chances e motivos suficientes para ser o bruxo mais temido do mundo?

— Com certeza.

— E por que ele não é?

— Por que ele fez uma escolha, e a escolha dele não foi as trevas.

— Exatamente. Agora olha um ótimo exemplo de como as escolhas transformam a vida das pessoas: seu pai.

Fitei meu pai, paralisada. Minhas respostas agora saiam no automático, eu nem conseguia pensar direito naquele momento, mas aquilo precisa ter um resultado.

— Não sei bem o que aconteceu com ele, mas sinto que você sabe que se apenas uma escolha dele fosse mudada, o mundo que conhecemos hoje não seria o mesmo.  Só não sei dizer se a situação seria melhor...ou pior.

— Não posso confirmar isso...

— Claro que pode! Você conhece tanto o passado dele quanto o futuro... Ah o futuro! Algo indecifrável e inimaginável até que se viva ele... Mas você já o conhece, e sofre por todos aqui antecipadamente. Eu sei que você ama seu pai querida, mas ele não pode te devolver esse sentimento. Não vale a pena sofrer por ele...

— Não a escute — disse Snape pela primeira vez.

— Não dirija a palavra à minha filha, seu imbecil — vociferou Belatriz ficando a frente da garota.

— Ela também é minha filha! Não pode tirar ela de mim! — rosnou Snape.

— É claro que posso! E você não possui mais o seu “direito de pai” desde o dia em que a ignorou completamente! Ela sofreu por sua causa e por causa daquela garota que ainda se considera irmã, e nenhum de vocês dois deu a mínima para ela, não se importaram, não se desculparam pela forma que a tratam, não fizeram nada!

— E desde quando você dá atenção a ela? — perguntou Lyane da mesa da sonserina.

— Se isso te interessasse eu já teria dito garota — respondeu Belatriz rispidamente, então virou-se para Snape — Vamos, eu não tenho o dia todo e você não quer que eu machuque sua princesinha aqui, não é? Vamos conversar?— insistiu ela com um olhar mortal.

Snape sacou a varinha e avançou. Mas ela foi mais rápida e me puxou pelos cabelos (¬ ¬’), fazendo-o parar no mesmo instante, e cochichou em meu ouvido mais uma vez.

— Finja que está sob a Maldição Imperius e corra — ordenou ela por último.

Então se afastou com a varinha ainda apontada para mim.

— Pois bem Snape, darei a você tempo para decidir — ela soltou uma fina risada e lançou o ponto de partida — Imperio.

Vi Snape arregalar os olhos e recuar. Mas eu não podia me mexer.

— Layse... corra.

Os dias não poderiam ter passado mais devagar... achei mesmo que o tempo estava conspirando contra mim ou que toda essa lentidão seja consequências da minha infernal estadia em Hogwarts.

Depois da minha explosão com Pansy, se alguém não me ignorava, agora me ignora. Por raiva ou por medo. Harry, Rony, Hermione e Ana foram os únicos que permaneceram do meu lado, eles ate me parabenizaram por “colocar Pansy em seu lugar”. Snape... Snape é um caso especial, como sempre. Ele está cada dia mais estranho, mas bipolar. Um dia parece preocupado e as vezes até não come, pelo menos não no salão principal, em outros dias parece que pode matar qualquer um de tanto estresse e raiva. Já desisti de entendê-lo.

— Você também pode comer sabia? — sugeriu Hermione parecendo preocupada.

— Não estou com fome... — respondi sem animo.

— O que está acontecendo Layse? Você está estranha há dias — questionou Harry.

— Harry tem razão — concordou Rony — Você até parou de implicar comigo.

Eu não me sentia bem há dias, parecia que toda a minha energia estava sendo sugada dia após dia e qualquer mínimo esforço me deixava quase exausta. Mas eles não precisavam saber disso...

— Lays, posso te perguntar uma coisa? — pediu Mione que estava sentada ao meu lado. Harry que estava do outro, parou para prestar atenção na conversa.

— Claro, Mione — concordei sem problemas.

— Não... sente raiva do seu pai dá mais atenção às suas irmãs do que à você? — quis saber Mione com real interesse.

— Sinceramente... não — respondi pensativa. Eu acho que era verdade...eu acho.

— Como assim? — perguntaram os dois.

— É que eu já me acostumei — esclareci — Não posso negar que no começo eu senti raiva, sim eu senti e muita, por que eu sempre pensei: como ele pode dá mais atenção a elas do que a mim? Sou que nem elas! Isso por acaso é preconceito contra a Grifinória!?

— E o que mudou? — perguntou Harry.

— Comecei a pensar mais racionalmente — respondi indiferente — Passei a me perguntar: por que vou ligar em me preocupar com meu pai se ele nem liga pra mim? É perca de tempo tentar conseguir atenção de um completo teimoso. Então decidi parar e hoje nem ligo mais. Ele me odeia, eu não vou com a cara dele mais, estamos quites!

— Acho que foi uma otima decisão — parabenizou Mione.

— Concordo. Snape não merece a sua preocupação — conclui Harry olhando de esguela para Snape que também fitava o grupo — Na minha opinião ele é um péssimo pai.

— Sabe... eu sempre o admirei, os motivos disso não importa, mas ainda continuou o admirando — revelei fitando minha comida.

— Sério? Como consegue? — perguntou Harry.

— É como admirar Voldemort, ele pode ser o bruxo mais maléfico do mundo! Mas ninguém pode negar que ele é um grande bruxo, com poderes extraordinários, só perde para Dumbledore — expliquei pacientemente.

No final, os outros dois acabaram concordando com o fato.

— Podemos conversar? — pediu uma voz seca que eu conhecia muito bem.

Virei-me lentamente, rezando internamente para que não fosse quem eu estava pensando. Quando encarei o próprio Snape a minha frente, suspirei cansada, mais uma discussão estava a caminho...

— O que deseja professor? — questionei frisando bem o “professor”.

— Conversar com minha filha — respondeu ele inexpressivo.

Olhei ao redor, indiquei Lyane e respondi:

— Bom, sua filha está por ali, do outro lado do salão.

— Estou falando da outra filha — replicou Snape.

— Ela também está do outro lado do salão — respondi indiferente.

— Por que me ignora como pai? — quis saber o professor com a expressão mais preocupada.

— Por que me ignora como filha? — repliquei levantando-me e encarando-o.

Nessa hora, todos já estavam observando a cena, prontos para uma futura briga.

— Eu não te ignoro.

— Não? Olha professor, eu o adoro, sempre o admirei, sempre foi um modelo para mim... então eu não estou a fim de brigar ok?

— Eu também não quero brigar — revelou Snape impedindo minha passagem — Então será que podemos, com calma, ir para a minha sala e conversarmos?

Fitei Hermione e Dumbledore, e percebi que o olhar de ambos dizia sim.

— Não — respondi fazendo-o piscar varias vezes.

— Como assim?

— Eu tentei conversar varias vezes — esclareci tentando ser inexpressiva, mas eu acho que não estava tendo muito sucesso — E todas as vezes que eu finalmente conseguia dizer algo, você recebeu minhas palavras com frieza e grosseria.

— Quero que me desculpe... por favor — ele sussurrou de modo triste.

Eu fitei sem acreditar. Como assim? Como ele pôde usar esse jogo sujo comigo? Droga...

— Desculpas não resolve isso, não apaga tudo e não me ajuda em nada — respondi com muito esforço, pois a verdade é que eu queria ceder e lhe dar um abraço — É injusto — uma lagrima teimou em sair — Depois de tanto tentar... eu não posso simplesmente aceitar uma palavra tão simples como “Desculpa” e esquecer tudo.

Respirei fundo e tentei ignorar o olhar triste do homem a minha frente. Sem fitar meus amigos, disse:

— Não se preocupem pessoal, estou bem — garanti de modo convincente — Na verdade, acho que só preciso de um descanso. Se precisarem de mim, estarei no dormitório.

Apenas peguei minhas coisas e sem dizer mais nada, deixei o salão.

Eu precisava de um descanso, isso era fato, mas eu não poderia ir para o dormitório e ficar a vista de quem quer que esteja lá, não mesmo. Andar pelo castelo? Fora de cogitação, mal consigo ficar de pé, não aguentaria cinco minutos andando por esses corredores.

Acho que meu verdadeiro objetivo era sumir, sim sumir, assim eu não precisaria me preocupar se alguém ia ou não me ver e isso já é um descanso. Será que Dumbledore deixaria eu me esconder em seu escritório?

— Pensando em fugir?

O grito que escapou da minha garganta violentamente deve ter ecoado alto o suficiente para que todos, até Hagrid, ouvissem. O que me assustou não foi a surpresa ou susto de alguém falando sem aviso ao meu lado e sim quem estava falando.

— Nossa... — comentou Belatriz Lestrange reprimindo uma careta — Você tem o pulmão tão forte quanto o meu... e a garganta também.

Eu tinha certeza que aquela era mesmo Belatriz Lestrange, a Comensal da Morte, mas ao mesmo tempo... não era. Havia algo muito diferente nela, e falo de modo geral. Seus cabelos continuavam bagunçados, mas de modo mais comportado do que o normal, e sua face não demonstrava ódio, desdém, frieza e muito menos o desejo insano de torturar, na verdade mostrava apenas cansaço. E ela nem ao menos tinha a varinha em mão.

Recuei sem saber o que fazer... loucura ou não, eu fiquei entre correr desesperadamente e abraça-la.

— Quem... quem é você? — balbuciei pasma.

Ela me fitou confusa, mas segundos depois seu olhar era de compreensão.

— Eu não sei... eu realmente não sei mais quem eu sou — ela respondeu, mais para si mesma.

Belatriz respirou fundo e se aproximou erguendo a mão para tocar meu rosto. Recuei instantaneamente, assustada. Eu não sabia o que fazer...

— Eu não a culpo por isso — disse ela se afastando — Essas lagrimas... deve ser pelo seu pai. Cretino...

Assustei-me ainda mais. O que estava acontecendo aqui? Vi mesmo tristeza em seus olhos?

Eu precisava ter certeza de quem realmente era Belatriz Lestrange.

Hesitante, peguei uma de suas mãos e fiz o mesmo caminho que antes eu havia interrompido. Com um extremo cuidado, ela tocou meu rosto, aproveitando e dando fim a uma lagrima que ainda estava ali. Em seus olhos vi confusão, alegria e inquietação. Quando reparei nesse ultimo já era tarde demais, ela já me surpreendia com um abraço desajeitado, mas sincero.

Quando me soltou, olhou em meus olhos e sorriu de uma forma que nunca vi antes.

— Eu sabia que você tinha herdado os olhos do seu pai...

Ela conjurou um espelho e me entregou.

Parecia que havia voltado no tempo. Meus olhos não só estavam negros, mas também mostravam tudo o que eu havia passado há um tempo.

— Eu vejo tristeza, cansaço, frieza... eu vejo você — disse Belatriz serenamente.

Fitei os olhos castanhos e serenos daquela que, de uma maneira ou outra, era minha mãe. Como ela conseguia me ler tão facilmente?

O bom senso me dizia para voltar ao Salão Principal e gritar para Dumbledore que uma Comensal da Morte invadira Hogwarts e que Aurores precisavam ser chamados imediatamente, no entanto a outra parte da minha mente, aquela emoção que teimava em discutir com a racionalidade, dizia e repetia que eu devia voltar ao Salão somente para dizer: Ana, mamãe voltou. E ver em seu rosto brotar um sorriso iluminado.

— O que faz aqui? — perguntei tentando mudar de assunto.

Ela pigarreou, recompondo-se do que parecia ser emoção.

— Eu preciso conversar com o seu pai. É urgente.

— Espere aqui, vou chama-lo — avisei, mas ela me interrompeu.

— Não precisa, eu mesmo vou chama-lo.

Arregalei os olhos, assustada com a coragem dela em se expor.

— Ficou maluca? Vai mesmo entrar no Salão Principal? Com todos do castelo lá dentro?!

— Voldemort me mandou aqui — respondeu Belatriz secamente — Ele acha que vim apenas para causar pânico.

— E vai?

— Isso não está nos meus planos — respondeu ainda seca — Mas todos precisam me ver, assim a noticia se espalha e pelo modo em que os alunos dessa escola pioram a história cada vez que é contada, uma simples aparição minha será entendida como a maior calamidade da assassina Lestrange até chegar aos ouvidos de Voldemort.

Ela até tinha razão, mas o modo que falava era diferente. Havia nojo em sua voz, além de frieza e ódio. Agora que eu não estava entendendo mesmo quem era aquela mulher a minha frente...

— Precisaremos dramatizar um pouco... — revelou ela já sacando a varinha — Não se preocupe... não vou machuca-la.

Recuei um pouco, desconfiada.

— Dramatizar?

— Sim — concordou Belatriz tentando bagunçar os cabelos, e por incrível que pareça estava sendo uma tarefa difícil de ser feita — Entregue-me sua varinha e finja-se de vitima.

Eu já tinha entendido seu plano, então apenas dei de ombros e entreguei minha varinha.

— Nossa... vai ser tão difícil ser a vitima — ironizei.

Em seus lábios apareceu um sorriso sincero. Então depois ela murmurou um “Prepare-se”, agarrou meus braços com violência, preparou sua varinha e entrou no Grande Salão.

Olhos arregalados, expressões paralisadas, palidez, pavor. Tudo isso ela conseguiu apenas entrando no Salão. Neville era o que estava no pior estado.

— Olá crianças — saudou Belatriz com a sua tradicional voz irritante.

Ela apertou meu braço com mais força e senti seu nervosismo. Espera. Nervosismo?

— O que quer aqui Lestrange? — precipitou-se professora McGonagall irritada.

Mas Belatriz apenas a ignorou e fitou Snape.

— Precisamos conversar. Agora.

Snape ficou confuso por um tempo, provavelmente questionando se aquilo estava mesmo acontecendo.

— O que quer? Não tenho a mínima vontade de falar com você — a voz cortante dele ainda não conseguia encobrir a tristeza evidente.

— Não tem escolha Snape — avisou Belatriz apontando a varinha para meu pescoço. Tive que encontrar todo o meu controle emocional para não sair correndo.

O professor apenas fitava a bruxa como se a mesma estivesse dizendo que acabara de chegar de Marte.

Belatriz aproveitou a confusão e o susto dele.

— Preste atenção, precisa confiar em mim — ela sussurrou em meu ouvido — Já vi que seu meu pai não vai querer falar comigo. Então vou força-lo. Nós duas vamos sair daqui.

Minha expressão deveria estar demonstrando terror, por que muitos começaram a cochichar.

— Não se preocupe — ela confortou no mesmo tom — Todos pensarão que fomos embora, mas estaremos na Floresta Proibida. Para isso-

— Lestrange — interrompeu Snape.

— Calado Snape — retrucou a Comensal e continuou a cochichar as direções no meu ouvido.

Snape não parecia estar gostando nada disso, porem Dumbledore permanecia calado e com um olhar desconfiado. Ele estava percebendo o plano de Belatriz.

— Isso vai ser difícil...eu sei, e me desculpe, mas é necessário, assim podemos tentar dar um jeito nessa cabeça dura do seu pai — cochichou ela no final.

Eu respirei fundo me preparando. Belatriz esboçou mais um dos seus sorrisos cínicos e continuou, dessa vez nem tão baixo assim. Ela queria que pelo menos Snape ouvisse.

— Você sabe que ele odeia você — confirmou Belatriz, dando um sorriso de satisfação ao ver que Snape paralisou.  Sim, ele estava ouvindo.

— Eu não sei do que está falando — menti, fazendo ela me soltar e apontar a varinha para mim.

— Não se faça de desentendida Layse — exigiu Belatriz impaciente — Sabe muito bem que o seu pai te odeia, que ele nunca deu e nunca dará a minina atenção a você.

— Sim, eu sei que ele me odeia, por que quer tanto esfregar isso na minha cara? — quis saber irritada.

— Porque eu quero que você veja e aceite as coisas como realmente são... — disse Lestrange afagando os meus ombros.

Eu só tinha que fingir, mas a vontade de chorar estava sendo verdadeira.

— Eu aceito tudo isso numa boa — respondi dando de ombros.

— Então por que ainda luta contra o que está na sua frente?

— Do que... não. Sei o que você quer e a resposta é não. Jamais!

— Não lute contra o destino! Aceite o caminho mais fácil e ajude a nós duas, venha comigo e não lute por aqueles que não merecem! — insistiu Belatriz mais irritada ainda.

Eu via em seus olhos que ela estava se controlando para não apontar a varinha, caso o atacasse, seu plano todo seria arruinado e ela não teria outra chance.

— Vamos Eillen... escute a mamãe... — a comensal não pôde acreditar que viu Snape arregalar os olhos, eu fechei os olhos desacreditando que tinha esquecido esse fato — Não sabia o segundo nome da própria filha, Severo...que pai desnaturado — acusou debochadamente fitando Snape.

— Ninguém me chama assim... — falei com os olhos fora de foco, fitando algum ponto na parede oposta.

— Mas eu te dei esse nome, então tenho os meus direitos... Snape, será que podemos conversar agora?

Ele recuou hesitante.

— Eu sei quais são as únicas coisas que te predem aqui nessa escola e vou te provar que não vale a pena se sacrificar por elas — me surpreendendo, Belatriz segurou meus ombros e me fez encarar Lyane que a fuzilava com o olhar — Tá vendo a sua irmã ali? Você ainda se acha igual àquela garota?

— Não...

— E por que?

— Por que ela mudou.

— Exatamente. Esse pretexto de que todos que entram para a Sonserina viram Comensais ou coisa pior, é pura mentira! Todo mundo tem o direito de escolher, e os sonserinos não escapam dessa regra, se eles mudam ao entrar para uma determinada casa, é escolha deles, a culpa é deles e não da casa para qual foram, a casa só recebe a fama pela maioria das escolhas! Se todos ali escolhem um caminho, então a casa será conhecida por esse caminho... Se sua irmã mudou ao entrar para a Sonserina, foi escolha dela.

Ela fez minha atenção ser direcionada a Dumbledore, dizendo:

— Agora olhe o Dumbledore, você não acha que ele teve chances e motivos suficientes para ser o bruxo mais temido do mundo?

— Com certeza.

— E por que ele não é?

— Por que ele fez uma escolha, e a escolha dele não foi as trevas.

— Exatamente. Agora olha um ótimo exemplo de como as escolhas transformam a vida das pessoas: seu pai.

Fitei meu pai, paralisada. Minhas respostas agora saiam no automático, eu nem conseguia pensar direito naquele momento, mas aquilo precisa ter um resultado.

— Não sei bem o que aconteceu com ele, mas sinto que você sabe que se apenas uma escolha dele fosse mudada, o mundo que conhecemos hoje não seria o mesmo.  Só não sei dizer se a situação seria melhor...ou pior.

— Não posso confirmar isso...

— Claro que pode! Você conhece tanto o passado dele quanto o futuro... Ah o futuro! Algo indecifrável e inimaginável até que se viva ele... Mas você já o conhece, e sofre por todos aqui antecipadamente. Eu sei que você ama seu pai querida, mas ele não pode te devolver esse sentimento. Não vale a pena sofrer por ele...

— Não a escute — disse Snape pela primeira vez.

— Não dirija a palavra à minha filha, seu imbecil — vociferou Belatriz ficando a frente da garota.

— Ela também é minha filha! Não pode tirar ela de mim! — rosnou Snape.

— É claro que posso! E você não possui mais o seu “direito de pai” desde o dia em que a ignorou completamente! Ela sofreu por sua causa e por causa daquela garota que ainda se considera irmã, e nenhum de vocês dois deu a mínima para ela, não se importaram, não se desculparam pela forma que a tratam, não fizeram nada!

— E desde quando você dá atenção a ela? — perguntou Lyane da mesa da sonserina.

— Se isso te interessasse eu já teria dito garota — respondeu Belatriz rispidamente, então virou-se para Snape — Vamos, eu não tenho o dia todo e você não quer que eu machuque sua princesinha aqui, não é? Vamos conversar?— insistiu ela com um olhar mortal.

Snape sacou a varinha e avançou. Mas ela foi mais rápida e me puxou pelos cabelos (¬ ¬’), fazendo-o parar no mesmo instante, e cochichou em meu ouvido mais uma vez.

Então se afastou com a varinha ainda apontada para mim.

— Pois bem Snape, darei a você tempo para decidir — ela soltou uma fina risada e lançou o ponto de partida — Imperio.

Vi Snape arregalar os olhos e recuar. Mas eu não podia me mexer.

— Layse... corra.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??