Pequeno, delgado, de longos cabelos lilás sedosos. Parecia um garoto bonito, mas, por alguma razão, não conseguia se tornar atraente para os olhos femininos. Assistia seus amigos namorarem, casarem, mas ele continuava sozinho. Desengonçado e covarde demais para se aproximar de uma garota, ele apenas permanecia sozinho em um canto.

– Inútil, nunca vai conseguir uma namorada – zombou um garoto mais novo que passou por ele. Tentou dar uma resposta bruta, mas o garoto se foi antes que tivesse essa chance.

Desolado, voltou a abaixar a cabeça.

Não que não amasse ninguém, pelo contrário. Sempre fora apaixonado por uma doce garota de cabelos verdes chamada Gumina Glassred. Seus olhos eram azuis como o céu, a pele macia ao toque e os lábios tão bonitos... Sempre foram amigos, mas ele sentiu que deveria confessar seu amor.

Chamou-a para caminharem um dia. Estava inquieto, e ela logo percebeu. Perguntou qual era o problema, então ele engoliu em seco.

– E-E-Eu precisava dizer algo para você...

– Diga, então – respondeu Gumina com o olhar curioso.

– E-Eu queria saber se você gostaria de ser minha... minha namorada.

Por um momento esperou a reação da garota. Ela permaneceu sem reação por um momento, mas então um sorriso cruel surgiu em seus lábios e ela começou a rir.

– Você está perguntando se eu quero ser sua namorada? – perguntou entre risos. Sem esperar resposta, continuou: – Sinto dizer que não.

E então ela correu na frente, sumindo de vista. O garoto não esperava que seria a próxima vez que a veria seria em muito tempo.

Novamente desolado, deixou-se cair no chão e afundou o rosto nas mãos. Mas então sentiu alguma coisa. Alguma coisa em sua mente que chamava seu nome e parecia puxá-lo. Logo, apenas viu a escuridão. Não sabia onde estava e quem era o dono daquela voz.

– Estás cansado de ser assim? – a voz disse. – Tens vinte anos e até hoje não conseguiu uma mulher. Que ruim...

– Q-Quem é você? – ele forçou-se a perguntar. Uma risada sombria ecoou.

– Quem sou eu? Talvez você deva imaginar. Sou o diabo, aquela que possuí uma oferta para você. Um contrato que o fará se tornar irresistível para todas as mulheres. Apenas receberás olhares de paixão. Ofereço-te isso.

Aquela oferta parecia tentadora, mas ele estava lidando com o diabo. Mas ele estava oferecendo uma oferta que não se recebe todos os dias! Determinou-se.

– Eu aceito.

Outra risada sombria, e então a voz do diabo soou muito próxima ao seu ouvido.

– Então que assim seja, Duque Venomania.

Madness of Duke Venomania

Mais uma bela mulher visitou o castelo. Entrou hesitante e olhando para os lados a todo instante, mas acalmou-se ao avistar o duque. Seus profundos e brilhantes olhos lilás olhavam fixamente para a mulher. Levantou-se de seu assento.

– Você tem um lindo sorriso, será minha mais nova esposa – falou. Sua voz era baixa e aveludada.

Aquelas palavras eram ditas para todas que adentravam em seu castelo, mas sempre funcionavam. A bela mulher sorriu mais abertamente.

– Então, gostaria de dançar? – perguntou o Duque Venomania, estendendo-lhe a mão.

Mas a bela mulher ignorou a mão e lançou-se no peito do duque, abraçando-lhe fortemente pela cintura. Ele sorriu e afagou sua cabeça.

Não foi difícil levá-la para o quarto. Arrancou suas próprias roupas rapidamente e em seguida passou para as dela. Em seguida derrubou-a na cama e posicionou-se sobre ela. Inclinou-se para falar em seu ouvido.

– Agora que tiramos nossas roupas, não podemos retornar à realidade. – e, assim que sussurrou, mordiscou o lóbulo de sua orelha.

Os gemidos tomaram conta do quarto e logo sumiram completamente. A bela mulher parecia cansada, então o duque simplesmente empurrou-a para o outro lado da grande cama e chamou outra garota que passava por perto. Também muito bela, possuía longos cabelos rosados e olhos azuis. Usava apenas um vestido da cor de vinho que fora dado pelo duque a todas as garotas. Fez-lhe sinal para se aproximar e, assim que ela o fez, puxou-a para a cama também e rapidamente retirou seu vestido.

Era chamada pelo nome Lukana Octo, de vinte anos. Também fora atraída para a mansão do duque e era um de seus brinquedos favoritos.

Novamente o quarto foi tomado por gemidos, mas que duraram por um tempo maior dessa vez.

Duque Venomania caminhou por um tempo nos corredores de seu castelo. Passava os olhos pelas paredes de forma despreocupada, apenas observando seus quadros. Então parou sua caminhada e focou o olhar em apenas um quadro. No exato momento, sentiu nojo crescer em seu interior. Diante dele, naquele quadro antigo e desgastado pelo tempo, estava seu antigo “eu”. Aquele garoto delgado, pequeno, com um olhar medroso. Sentiu o nojo dentro de si aumentar. Queria se livrar daquilo de uma vez por todas.

Retirou todos aqueles quadros da parede e, com eles em seus braços, rumou para a sala de estar. Ali, atirou todos aqueles quadros nas chamas e assistiu-os arder. Sentia-se livre daquela existência inútil e daquele garoto que sempre era ridicularizado. Agora tinha todas as mulheres que desejava, nunca mais seria motivo de piada.

Estava tão entretido assistindo as chamas que nem percebeu a garota que estava ao seu lado. Sem se importar sobre quem seria, o duque puxou-a pelo braço e inclinou-se para beijá-la. Assim que seus lábios se separaram os olhos encontraram o azul brilhante como o céu. E naquele momento percebeu quem era. Imagens passaram por sua memória, imagens de um passado distante. Diante dele estava sua amiga de infância, Gumina Glassred.

Mas agora seu passado era para ser esquecido. O fato de ela ter feito piada de seus sentimentos podia ser apagado, agora ele a tinha aos seus pés. Viu-a sorrir de forma encantadora e então voltou a beijá-la de forma mais profunda dessa vez. Seria Gumina a escolhida para ir à cama naquela noite.

Com o tempo as mulheres do país começaram a sumir sem deixar rastros. Esposas, filhas, nenhuma parecia segura. Todas eram vítimas do Duque Venomania. Sozinho naquela mansão ele formava seu harém. Era um prazer infinito, ele não se preocupava com mais nada.

Em certa noite, outra dama visitou o Duque Venomania. Também muito bela de cabelos loiros cacheados. O duque estendeu-lhe a mão.

– Venha, dance comigo, seja mais uma do meu harém – disse gentilmente.

A dama colocou sua mão sobre a do duque e se aproximou. Ele a abraçou com um sorriso nos lábios e olhou em seus olhos. Mas então sentiu uma forte dor no peito quase que instantaneamente. A dama se afastou e puxou os cabelos. Mas, para a surpresa do duque, não eram seus próprios cabelos, mas sim uma peruca loira. Sob aquela peruca, encontravam-se curtos cabelos azuis. Era um homem conhecido pelas redondezas por Kachees Crim.

Surpreso, o olhar do Duque Venomania ora estava fixo no homem, ora em seu peito do qual jorrava sangue.

– Vim libertar a minha amada, para isso vesti-me assim – disse Kachees, segurando a lâmina ensanguentada junto ao corpo. – Seu feitiço apenas tem efeito em mulheres. Uma pena. Mas agora tudo isso acaba, pois o veneno que coloquei nessa lâmina o matará em questão de segundos.

Já um pouco atordoado, o duque caiu de joelhos. As gotas de suor desciam de sua face até o local do golpe e misturavam-se ao sangue, e, quando atingiam o chão, se tornavam gotas púrpuras. Duque Venomania não conseguia mais se segurar de joelhos, então caiu ao chão.

Assistiu todas as mulheres que estavam sob seu encanto começarem a sair pela porta central da mansão. O feitiço havia sido quebrado. Kachees juntou-se a uma garota de dezoito anos que também tinha cabelos azuis, porém mais claros. Reconhecia-a bem, Mikulia Greonio. Assim como Lukana Octo, era um de seus brinquedos favoritos. Sempre gostara das mais jovens.

Mas agora todas as mulheres estavam indo embora, pois a única coisa que as mantinha na mansão era o encantamento do duque.

A última que foi libertada do encantamento hesitou por um momento na porta. Seus olhos azuis como o céu fitaram o duque. Gumina...

Ele, em total desespero e com lágrimas nos olhos, estendeu a mão na direção da garota como se quisesse tocá-la.

– Espere! – suplicou debilmente.

Ela, milagrosamente, esperou. Sabendo que sua vida se acabaria ali, Duque Venomania não poderia deixar aquele momento passar.

– Ainda não disse que te amo – foram as últimas palavras do duque que, em seguida, já caia no chão, sem vida, e sobre uma poça de líquido púrpuro.