Show De Vizinha escrita por Luana Rocha


Capítulo 5
Elo fraco




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“Make love, not war,

(Faça amor, não guerra)

I know you've heard it before.

(Eu sei que você já ouviu isso antes)

Make love, not war,

(Faça amor, não guerra)

I know you've heard it before.

(Eu sei que você já ouviu isso antes)

Love is the answer,

(Amor é a reposta)

And you know that it's true, oh yeah, oh yeah.

(E você sabe que isso é verdade, oh sim, oh sim)

Make Love, not wa...”

“EI!” Santana deu um pulo logo que entrou em casa, após ser abordada por Fernando. Estava tudo escuro e ela só reconheceu a sua voz. O rapaz acendeu a luz.

“Você quer me matar do coração seu filho de uma...” Santana respirou fundo e decidiu não xingar a própria mãe.

“Por que você estava cantando essa música?” O moreno perguntou em um tom e a forma como ela a estava olhando parecia que ela estava cometendo algum crime.

“É só uma música Fernando, não me amole!” Santana respondeu sem muita paciência e seguiu para seu quarto, mas Fernando realmente não estava gostando do que estava vendo.

“É uma música hippie!” Santana parou próxima a escada e voltou a encarar seu irmão, que estava de braços cruzados, e com certeza esperando a resposta depois de sua constatação.

“É uma música do John Lennon, precisa ser hippie para se gostar de Beatles agora?” Fernando riu.


“É uma música da fase hippie do John Lennon, e além do mais, Beatles é uma das bandas do coração de qualquer ser amante da natureza e dos animais e com fobia de trabalho!” Fernando argumentou, Santana sacudiu a cabeça. Um dia tão perfeito não podia terminar da mesma forma.

“O que vocês pensam que estão fazendo?” A voz de trovão veio de Simon, que estava no topo da escada, de braços cruzados com um olhar muito irritado para os dois filhos. O homem ficava perigoso       quando estava com sono. “Olha a hora que é, e os dois discutindo no meio da sala!” Nesse estado nem Fernando, nem Santana ousariam a desafiá-lo. “Vão para o quarto e mantenham a boca fechada, ou coloco os dois para trabalharem durante um mês no lava - rápido do centro!” Esse era o pior castigo que os irmãos poderiam receber, eles não estavam acostumados a pegar no pesado, e os clientes do tal lava - rápido não eram dos mais simpáticos. Simon voltou para o quarto, Fernando e Santana se encararam silenciosamente por mais alguns segundos, até o rapaz decidir ir para o quarto.

“Se o papai descobrir o que você está fazendo nem mil anos no lava – rápido será castigo suficiente para você!”  Ele murmurou antes de subir a escada. Santana sentiu um pouco de receio, era impossível que Fernando soubesse o que realmente estava acontecendo, mas ele com certeza não daria moleza. Ela precisava ser bem mais cuidadosa a partir de agora.

Assim que chegou em seu quarto a adolescente foi até a janela, e lá estava Brittany, na janela de seu quarto, distraída olhando para as estrelas. Um sorriso brotou naturalmente no rosto da latina, e o seu coração aumentou o ritmo três vezes assim que a hippie olhou para ela e fez um coração com as mãos.

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Santana estava tão confortável que o barulho das batidas das mãos de Fernando na porta de seu quarto demoraram para acordá-la.

“Acorda bela adormecida, temos muita coisa para fazer hoje!” Santana abriu os olhos lentamente, já se passavam das oito horas. Ela cobriu a cabeça com seu travesseiro e tentou ignorar o irmão, insistente em sua porta, mas fora impossível.

“Oh mierda...” Ela murmurou, perguntando-se o que ela fizera para merecer aquela praga como irmão.

“Venga Santanita, temos mucho que hacer hoy!” Santana podia imaginar o sorriso debochado no rosto do rapaz ao dizer aquelas palavras.

“EU JÁ VOU, CARAMBA!  Ela já estava impaciente.

“Te espero na cozinha, tenho uma surpresa para você.” O rapaz disse, então Santana se levantou e se trocou.

Assim que chegou na cozinha teve uma surpresa, como Fernando dissera. O rapaz estava de uma bela menina, morena de olhos claros e cabelos lisos que sorriu assim que a viu.

“Eileen, essa é Santana, a minha irmã caçula, Santana essa é Eileen, minha namorada.” O rapaz as apresentou, bastante orgulhoso.

“Então você tem mesmo uma namorada, eu achei que fosse imaginária.” Santana ironizou propositalmente, ele iria pagar por ficar insinuando coisas sobre ela. O moreno abriu um sorriso sem-graça e sua namorada  olhou para o lado e deixou escapar uma risadinha.

“Haha, muito engraçada você, dormiu com o Bozo?” Fernando respondeu, e aproximou-se da namorada lhe beijando na bochecha. “Eileen, não dê ouvidos, ela é assim mesmo, todos dizem que ela é uma versão feminina de mim!”

“Isso é verdade, só que mais sexy, mais divertida e mais inteligente.”  Santana completo, e sorriu como se estivesse falando algo óbvio.

“Esqueceu de mais humilde também.”  Fernando ironizou, Santana apenas assentiu com a cabeça. “Bom, mas isso não vem ao caso agora, o que importa é que Eileen e eu estamos apaixonados, e você sabe por que Santana?”

“Não faço a mínima idéia.”  Como ela poderia saber? A única coisa que ela sabia era que aquela Eileen era como gostavam de dizer os tiozões metidos a moderninhos, um pedaço de mau caminho.

“Por que nós dois odiamos algo em comum.” Fernando revirou os olhos após ver a expressão confusa da irmã. “Santana, aprenda uma coisa menina, quando você encontra uma pessoa que gosta das mesmas coisas que você é legal, mas quando você encontra uma pessoa que odeia as mesmas coisas que você, é amor!” Santana suspirou fundo, nunca havia ouvido nada mais ridículo em sua vida. “Mostra para ela, amor.” A jovem levantou a manga de seu braço direito e mostrou orgulhosa à latina uma tatuagem que dizia: Always Hate Hippies (Sempre odeio hippies).

“Uou...” Santana disse, já que não tinha nada para dizer na verdade.

“Meu pai é ex-militar, e ele odeia esses malditos hippies desordeiros, ele deu uma lição em um punhado deles enquanto estava trabalhando.” A garota parecia orgulhosa ao dizer que seu pai desceu a mão em um bando de gente que com certeza deveria estar fazendo algum tipo de protesto pacífico.

“Eileen e eu preparamos uma surpresinha para nossos hippies favoritos e vamos precisar da sua ajuda.” Fernando piscou para a irmã.

“Você não vai querer ser o elo fraco da sua turma, não é?” Eileen perguntou para a Santana, que levantou uma sobrancelha como se não tivesse entendendo bulhufas do que ela estava falando. “Nenhuma corrente é mais forte que seu elo fraco, já ouviu isso?”

“E a força da nossa família diante deles depende de você, porque você é o elo fraco dessa família agora Santana.” Fernando lhe disse, deixando a irmã furiosa. Elo fraco era o caramba, ninguém lhe chamava assim não.

“Eu não sou o elo fraco porcaria nenhuma, e eu vou provar para vocês.” Santana assegurou com muita firmeza. “O que eu tenho que fazer?” Ela não pensou nas conseqüências ao aceitar isso.

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Brittany estava sentada na frente de sua casa com Denise, sua irmã de seis anos. As duas mexiam em alguns vasinhos de flor. Desde o dia anterior ela não conseguia parar de sorrir. A lembrança do beijo de Santana invadiam sua mente o tempo todo, e ela não evitava soltar suspiros apaixonados fazendo seus pais trocarem olhares imaginando que eles eram por causa de Tina, mal podiam imaginar eles por quem aquilo era na verdade.

Tina atravessou a rua correndo para encontrar sua amiga com uma grande novidade.

“Britt, eu tenho uma notícia muito boa.” Há tempos Brittany não via sua amiga tão animada assim. “Você lembra do Mike, meu primo?” Brittany assentiu com a cabeça, ela se lembrava do pequeno chinês tão bom na dança quanto ela. “Então, ela vai passar parte das férias com minha família, ele vai participar das Olimpíadas com a gente.”

“Isso é muito legal Tina, fico feliz por você.” Brittany se levantou e abraçou a amiga. “Quando ele chega?”

“Amanhã, meu pai e eu vamos ao aeroporto recepcioná-lo.” Brittany sorriu mais uma vez, quando um carro estacionou em frente à casa da família Lopez. De dentro do carro saíram quatro rapazes que fizeram a pequena Denise se esconder atrás de Brittany. Eram claramente punks, usavam jaquetas e calças jeans rasgadas, moicanos coloridos que lembravam pavões. Tina e Brittany se entreolharam confusas, nenhuma delas haviam visto aquelas pessoas ali antes. Eles começaram a tirar do carro seus instrumentos musicais.

“Quem será que são eles? Amigos da Santana?” Brittany falou baixinho, logo que sua irmãzinha correu para dentro de casa.

“Eles não parecem.” Tina respondeu, Santana não parecia ser o tipo de pessoa que tinha amizade com punks, mas ela aparecera logo, acompanhada de seu irmão e da namorada dele, que era desconhecida por ambas as meninas. Fernando estava com uma guitarra e pareceu se juntar aos rapazes para tocarem juntos. Brittany adorou a idéia, ela adorava música e se Santana fosse cantar junto era melhor ainda, sua voz era linda, rouca e lhe dava calafrios e ao mesmo tempo calor e palpitações em certas partes de seu corpo que ela preferia guardar somente para si.

Claramente Santana evitara o máximo olhar para as duas garotas que continuavam ali paradas ver o que estava acontecendo, então Fernando testou sua guitarra e em seguida sorriu maliciosamente para as duas meninas do outro lado da rua.

“Ei hippie, essa vai ser para você.” Ele disse, e então os rapazes começaram a tocar e Santana tomou a frente e o microfone, e começou:

You are a hippie,

(Você é um hippie,)

You smell like skunk,

(você cheira como gambá)

I'm your arch-enemy,

(Eu sou seu arqui-inimigo)

A middle class punk.

( a classe média do punk)

O rosto de Brittany estava quase congelado, os olhos abertos com uma expressão confusa. Tina não acreditava no que estava ouvindo.

Get out,

(Caia fora)

Get a life,

(Arrume sua vida)

Get a job,

(consiga um emprego)

Everyone's smoking grass,

(todo mundo fumando erva)

Everyone is an ass.

(Todo mundo é uma merda)

Can't you afford to cut your hair?

( você não tem grana pra cortar seu cabelo?)

Cause Frank and I will cut it off for free.

(porque Frank e eu vamos cortá-lo de graça.)

Never trust a hippie,

(Nunca confie em um hippie)

They'll sell you bad drugs

(eles vão te vender drogas ruins.)

E assim terminou a música, fazendo todos do lado Lopez, com exceção de Santana rirem. Brittany e Tina continuaram ali paradas, ambas em choque. Aquela música era muito mais que ofensiva. De repente o rosto de Brittany mudou totalmente de expressão, a garota começou a chorar e entrou correndo para dentro de sua casa. Tina a seguiu.

Santana observou tudo de mãos atadas e coração apertado.

“Mandou bem Santana.” Eileen disse, colocando a mão no ombro da latina que forçou um sorriso como resposta. “Você não é um elo fraco, fez aquela esquisita chorar.”

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Brittany chorava abraçado ao travesseiro, enquanto Tina lhe olhava sem muito que dizer. Ela sabia que Santana iria machucá-la, ela não era e jamais seria uma pessoa boa. A asiática poderia dizer “eu te avisei” para a loira, mas aquele não era um momento oportuno e amigos de verdade não faziam aquilo.

“Britt, ela não merece nenhuma dessas lágrimas.” Ela disse baixinho, não queria que nenhum outro Pierce ouvisse.

“Ela é uma falsa, ontem me beijou e hoje me canta aquela música horrível!” Brittany não falara aquilo exatamente baixo, sua raiva e decepção eram tão grandes que ela nem se importava se alguém descobrisse que ela nem se importava se alguém ouvisse suas palavras. “Mas ela vai ver só.” Brittany sentou-se na cama e encarou Tina, enxugando as lágrimas de seu rosto e engolindo aquelas que estavam por vir. “Vou massacrá-la nessa Olimpíada, ela vai se arrepender amargamente do que fez hoje.”

“Ignora isso Britt, você sabe que Santana não passa de uma grande babaca que só faz mal às outras pessoas.” Tina argumentou, não era bom guardar esses sentimentos ruins.

“Não, eu sou boa, não boba, isso não vai ficar assim, já na abertura ela vai ver um lado de Brittany Pierce que ela nunca viu antes!” Tina ficou boquiaberta, imaginando o que Brittany estaria planejando, a cabeça de sua amiga era uma caixinha de surpresas.

“O que você está pensando em fazer Britt?” A asiática, mas Brittany abriu um sorriso malicioso.

“Você vai ver.” A loira respondeu, decidida.


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Notas finais do capítulo

Músicas: Make love not (John Lennon)
Always hate hippies (Nofx)
Reviews e críticas construtivas são sempre apreciadas.