Show De Vizinha escrita por Luana Rocha


Capítulo 2
A Era de Aquarius


Notas iniciais do capítulo

*Obrigado pelas reviews, espero que vocês gostem do próximo capítulo.



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A casa dos Pierce não era grande, mas sim confortável e com a cara deles. Eles moravam em uma casa de dois andares que seria consideravelmente ampla se não vivessem ali sete pessoas, e com mais um a caminho (Joan estava grávida de seis meses de um menino que se chamaria Jackson).

Brittany dividia o quarto com suas duas irmãs mais novas, Tammy de 15 anos e Denise de 6. A mais jovem dormia em uma cama,  enquanto as outras duas dormiam em uma beliche (Brittany dormia na parte de cima). No outro quarto dormiam Julian, o primogênito da família de 20 anos e Douglas de 11. E o último pertencia ao casal Joan e Gregory e posteriormente Jackson, até que ele tivesse idade para ir dormir com os irmãos.

A família não tinha dinheiro em abundância como os Lopez, eles ganhavam o suficiente para manter a casa, já que tinham muitos animais e uma horta no fundo de seu quintal, eles tinham boa parte de seus alimentos sem precisar gastar muito, além do mais eles não tinham televisão ou muitos eletrônicos, somente coisas que eles consideraram como necessidade como microondas e um computador para ajudar as crianças com os trabalhos da escola.

E nenhum dos membros da família se incomodava com aquela situação, na verdade eles foram criados com outros valores, diferente da grande maioria da sociedade dessa época.

Joan e Gregory (que fora concebido no grandioso festival de Woodstock e se orgulhava disso ) ensinaram outros valores aos seus filhos  como artes, astrologia, , amor à natureza e aos animais, a paz (menos quando se tratava dos Lopez)  e o amor livre, sem preconceito nenhum, ou melhor, quase sem nenhum.

Ambos os pais e os irmãos Julian e Tammy sabiam sobre a bissexualidade de Brittany, e eles não tinham problema algum em relação à isso, desde que ela não se envolvesse com nenhum Lopez. Eles só tinham esse tipo porque antes de toda essa “guerra” começar, quando Brittany e Santana ainda eram amigas, ela disse aos pais que iria se casar com a latina quando elas fossem “grandes” e apesar, do grande corte do contato entre as duas, seus pais sabiam que Brittany tinha olhos para Santana.

 Já com os Cohen Chang, que também eram seus rivais nas Olímpiadas, eles tinham um outro tipo de relacionamento. Tina, a filha mais velha do casal Robert e Layla, era a melhor amiga de Brittany desde quando ela e Santana foram proibidas de se falar, e muitas  vezes Joan e Gregory chegaram a pensar e até mesmo torcer para que as duas meninas namorassem, e então eles poderiam fazer a união Pierce-Cohen Chang para derrubar os seus vizinhos arrogantes.

Os Pierce tinham um hábito muito peculiar, que era o de fazer rodas de violão durante as noites de verão e primavera, onde eles cantavam suas músicas favoritas(na maioria Rock dos anos 60 e 70, com temáticas hippies, místicas e até mesmo românticas.) e dançavam, encontrando assim uma forma de se divertir e ensinar seus filhos ao mesmo tempo ( e também irritar os Lopez, o que dava um gostinho mais especial à tudo isso) e em muitas dessas reuniões Tina aparecia para cantar com eles, e foi o caso da reunião realizada uma semana antes do início das Olímpiadas, onde Brittany convidou sua amiga oriental para se divertir com ela e sua família, sem imaginar o que poderia acontecer por conta disso.

Era só a movimentação dos Pierce começar durante as tardes que Santana ficava irritada. Para ela aquilo era um tormento, principalmente porque aquela família tinha um talento muito limitado e um gosto musical para lá de duvidoso, cantando sempre aquelas músicas do tempo  do Matusalém, que falava sobre aquelas baboseiras que eles acreditavam. As únicas vozes aturáveis ali eram a de Brittany e sua mãe, aquele irmão mais velho tinha uma voz esganiçada e nunca afinava direito aquela porcaria de violão que ele insistia em ficar tocando, o que proporcionava a latina dores de cabeça, além de ter aquele cabelo sujo e mal cuidado, as crianças ficavam tentando cantar com aquelas vozinhas  que pareciam zunidos de pernilongo, e o Sr. Pierce era sem dúvida o pior, porque parecia um curandeiro nativo quando resolvia ir pro meio da roda dançar. Chegava a dar medo.  Era um verdadeiro presságio do Apocalipse aquilo, por isso ela se via impossibilitada durante seus sábados de verão.

Naquela tarde em particular ela havia trocado mensagens com Puck, e os dois marcaram um encontro o mais rápido possível, já que a cantoria havia começado.

Santana foi até a garagem para pegar seu carro, quando perdeu totalmente seu foco ao ver Brittany dançando com sua irmã caçula, enquanto seu pai tocava violão, sua irmã adolescente tocava contrabaixo, sua mãe mesmo barriguda tocava percussão e seu irmão tocava guitarra.

Então Brittany começou a cantar:

When the moon is in the Seventh House

               

(Quando a lua estiver na sétima casa)

And Jupiter aligns with Mars

(E Júpiter alinhar-se com Marte)

Then peace will guide the planets

(Então a paz guiará os planetas)

And love will steer the stars

(E o amor dirigirá as estrelas)

This is the dawning of the Age of Aquarius

(Este é começo da Era de Aquarius)

The Age of Aquarius

(A Era de Aquarius)

Aquarius!

Aquarius!

Harmony and understanding

(Harmonia e compreensão)

Sympathy and trust abounding

(Simpatia e confiança existirão)

No more falsehoods or derisions

(Não mais falsidade e ridicularização)

Golding living dreams of visions

(Sonhos vivos brilhantes de visões)

Mystic crystal revalation

(Revelação do cristal místico)

And the mind's true liberation

(E a liberação verdadeira da mente)

Aquarius!

Aquarius!

Santana nem chegou a perceber que estava escondida atrás de seu carro olhando encantada aos movimentos da loira, que pareciam mágicos, mas o que aconteceu depois não lhe agradou em nada. Brittany soltou sua irmãzinha e puxou Tina, começando a dançar com ela. O engraçado era que Santana nem tinha percebido a presença dela ali até aquele momento.

As duas pareciam bastante confortáveis cantando e dançando  tão próximas que  deixou a morena imaginando que as duas pudessem estar em um tipo de relacionamento íntimo, não namorando, porque ela não conseguia (nem queria)  formular as duas como um casal. Seria algo muito bizarro, mas talvez elas estivessem dormindo juntas, ou algo assim, aquela Tina era estranha e não enganava ninguém.

Apesar de todas as esquisitices  de Brittany , Santana não podia negar que ela era atraente e tinha um “sex appeal” bastante alto, mas Tina, ela era tão sem-graça, um estereótipo feminino malfeito do Ozzy Osbourne , era até desigual as duas estarem tendo  algum tipo de coisa, porque ela estava ganhando muito mais que Brittany...

“ O que você está fazendo aí?” Santana assustou-se  quando Fernando, seu irmão mais velho , que lhe observava  da porta e com os braços cruzados, perguntou desconfiado. “Você que ir lá cantar com a família Buscapé também”?

“Não me enche Fernando, eu só estava aqui pensando no quanto esses hipongos estão ferrados na parte musical da competição, eles estão bem abaixo do nosso nível.” Ela mentiu, mas não conseguiu convencer o irmão que abriu um sorriso irônico e sacudiu a cabeça em descrença.

“Eu só espero que logo você não traga incenso para dentro de casa, nem resolva fazer criação de bode no fundo do quintal.” Ele falou com aquele olhar de quem achava que sabia mais do que realmente deveria.

“Não sei onde você está querendo chegar com isso!” Santana respondeu totalmente defensiva e um pouco temerosa.

“ Só mais uma coisa San, você iria ficar muito cafona vestida como Brittany Pierce.”  Após dizer isso o jovem moreno de cabelos arrepiados voltou para dentro da casa, deixando sua irmã confusa e pensativa ao imaginar que tipo de coisa ele estava achando saber sobre ela.

Mais uma vez olhou para o lado inimigo, onde Brittany ainda dançava com Tina e sacudiu a cabeça.

“Que se danem, isso não é da minha conta.” Ela murmurou antes de entrar em seu carro e ir para o encontro com Puck, com o objetivo de não voltar até que aquela porcaria tivesse acabado.

Por outro lado, Brittany se divertia muito com Tina e seus irmãos. Ela adorava aquelas rodinhas musicais era muito divertido, porque ela podia fazer as duas coisas que ela mais gostava na vida, que era dançar e estar com sua família e sua amiga.

“Ei Britt, eu já não aguento mais dançar.” Tina falou rindo para Brittany, que parou de se movimentar, mas continuou segurando as mãos da asiática. “Você é quase uma máquina de dança.”

“Uma máquina de dança?” Brittany perguntou, já se imaginando como um tipo de robô, com passos lentos, igual quando ela viu em um filme na escola a cena do homem andando na lua, mas então ela se lembrou de que seu pai lhe dissera que o homem nunca pisou na lua, e que aquilo não passava de uma montagem de Hollywood para enganar as pessoas, somente por causa de uma guerra que ela não conseguia se lembrar o nome, só lembrava  que tinha alguma coisa a ver com o clima. Logo chegou a conclusão de que Tina lhe dissera que ela não existia. “Por que você disse que eu não existo?”

“O quê?” Tina perguntou sem entender porque Brittany  lhe perguntou aquilo, as vezes era difícil entender sua linha de raciocínio  “Ah, deixa para lá Britt, eu quis dizer que você dança muito e eu não consigo  te acompanhar.”

“Ah, era isso...”  Brittany riu de si mesma. “Eu pensei outra coisa.”

“Tudo bem.” Tina respondeu, ainda sorrindo, quando Gregory aproximou-se das duas meninas.

“Britt, Tina, eu quero falar com vocês um minuto, eu tenho uma surpresa para todos.” Ele falou, então as duas meninas se aproximaram do resto da família. Todos pareciam estranhar  aquilo, então Gregory sentou-se ao lado da esposa e segurou sua mão. “Bom, todos nós estamos cansados de saber que as Olímpiadas do McKinley começam daqui uma semana, e que nós devemos estar preparados,  porque esse ano vai ser especial, porque vai ser nosso último ano participando dessa competição.”  Todos ficaram surpresos com a declaração.

“Mas por que pai?” Julian questionou o pai, nunca poderia imaginar que um dia ouviria isso.

“Vamos deixar aqueles materialistas ganharem todos os anos? Você sabe que os Cohen Chang não são capazes de vencê-los!”  Tammy questionou o pai, esquecendo da presença de Tina, então foi cutucado por Douglas que discretamente apontou a asiática ao lado de Brittany. “Sem ofensas Tina.” Ela disse para a garota, mas Tina já estava acostumada a isso. Ela e sua família já eram rotulados como perdedores  há um longo tempo, mas eles nem se importavam tanto, eles participavam daquelas Olímpiadas apenas com o intuito de se divertirem e trabalharem em família, e às vezes eles queriam  que os Pierce e os Lopez pensassem da mesma forma, isso evitaria todo aquele estresse que sempre acabava acontecendo nessa época do ano.

“Eles vão ganhar cada vez mais dinheiro para comprarem aqueles carros poluidores e destruírem o nosso planeta cada vez mais rápido.”  Julian argumentou.

“Ei, escutem o que seu pai tem para dizer.”  Joan falou com sua tranquilidade natural, que conseguia conquistar o respeito de sua família e da garota Tina.

“Nós vamos nos mudar daqui, eu encontrei uma fazenda pequena no interior de Indiana que será o lugar perfeito para vivermos.”  Gregory explicou para a família.

“Mas eu não quero me mudar daqui.” Brittany disse, com os braços cruzados, como costumava ficar quando algo lhe chateava.

“Filha, eu sei que todos vocês gostam daqui, mas olha para nossa situação, nós vivemos no meio de uma sociedade que não aceita nosso estilo de vida, que nos rotulam como maus exemplos só porque não seguimos as regras e o padrão que eles consideram certo que é como os daqueles lá, consumismo desenfreado.” Joan  apontou para a casa da família Lopez  ao falar isso para Brittany. “Vai ser melhor para todos nós, inclusive para o Ernesto, ele vai poder até ter uma namorada.” Brittany sempre achou seu bode muito solitário, talvez ele gostasse de comer as flores do jardim dos Lopez por causa disso, talvez as flores fossem uma espécie de remédio para sua depressão. Seria legal ele ter uma namorada e viver em um espaço maior, mas ela iria sentir muita falta de seus amigos da escola, de Tina, e até mesmo de Santana.

“Britt, você não quer viver na Era de Aquarius? Com sabedoria e libertação da mente, onde vai haver respeito , paz e amor?” Gregory perguntou para a filha, que respondeu sacudindo a cabeça indicando que sim . “Então, nós nunca vamos poder viver a verdadeira Era de Aquarius que só vai começar em 2600, mas nós podemos viver na fazenda Era de Aquarius.”

“Mas como vamos fazer a sociedade nos entender e respeitar se nos isolarmos dela?” Brittany foi fundo com sua pergunta, deixando seus pais sem resposta , apenas olhando um para o rosto do outro, sem saber o que dizer. Todos os filhos esperavam a resposta dessa pergunta.

“É por isso que devemos nos esforçar o máximo para vencer essa edição da Olímpiada.” Gregory falou animadamente, mudando totalmente de assunto. Tanto ele quanto sua esposa sabiam dos problemas que Brittany enfrentava na escola, sendo alvo frequente de piadas de seus colegas, que acreditavam que ela tinha uma inteligência limitada ou pior, até mesmo que ela fosse retardada, mas nenhum deles teria algum dia teriam a capacidade de entender o quão especial e sábia essa menina era, e isso os entristecia.  “Se vencermos será definitivo, para sempre teremos mais títulos que os Lopez, porque mesmo que eles vençam nós não estaremos mais aqui, então não será uma vitória sobre nós, vocês entenderam a lógica? Nós venceremos eles 6 vezes e eles nos vencerão 5.”  Gregory explicou aos filhos, que pareciam chateados demais para se animarem com aquilo.

“Greg, essa conversa não vai chegar a lugar nenhum, acho melhor você falar disso mais tarde.” Joan falou ao marido, que concordou.

“Então, que música nós vamos cantar agora?” Ele perguntou, mas ninguém mais interessado em continuar tocando.

“Eu não estou com mais vontade de fazer isso hoje pai.” Julian falou, guardando sua guitarra.

“Nem eu.”  Tammy disse, fazendo o mesmo que seu irmão, guardando seu contrabaixo.

“Tudo bem, vamos jantar então.”  Gregory disse, chateado com a atitude de seus filhos.

Brittany olhou para Tina, que também estava triste em “perder” sua amiga.

“Você vai me visitar quando eu for embora daqui?” Ela perguntou, torcendo para ouvir uma resposta positiva da amiga.

“Claro que sim, eu vou te visitar durante as férias e também nas paradas de feriados, mas você também tem que vir me visitar aqui, você vem”? Tina sorriu, tentando esconder de Brittany sua decepção.

“Sim, eu venho, assim eu posso ver a Santana também.” Brittany levou as mãos à boca após dizer isso, ninguém deveria saber daquilo, nem mesmo Tina. A asiática não entendeu porque Brittany dissera aquilo, afinal, Santana era a garota mais malvada que ela já conhecera em toda a sua vida, mas ela não iria perguntar nada, porque se alguém a ouvisse  mencionando o nome da latina sua amiga teria problemas , e ela realmente não queria isso.

“Legal.” Tina falou, porque nada melhor veio em sua mente, quando sua mãe apareceu na porta de sua casa, que ficava ao lado da casa dos Lopez , e fez sinal para ela voltar para casa, provavelmente para jantar. “Britt, minha mãe está chamando, eu tenho que voltar para casa agora.”

“Tudo bem, eu vejo você amanhã.” Brittany abraçou a amiga, antes que ela fosse embora, não sem antes se despedir dos outros membros da família da loira.

Brittany ficou observando Tina voltar para a sua casa, com uma grande tristeza em seu coração, não somente por deixa-la, mas também por deixar Santana. Era difícil entender o que ela sentia pela latina, porque Santana era má para ela, zombando de sua inteligência e lhe chamando de coisas que muitas vezes ela nem sabia o que significava, mas mesmo assim ela não conseguia tirar os olhos daquele abdômen perfeito que ela tinha, todas as vezes que elas tomavam banho próximas após as rotinas das Cheerios, ou daquelas pernas torneadas  quando ela estava com seu uniforme de cheerleader, e tinha uma enorme de provar daqueles lábios tão beijáveis que só Santana tinha.

Suspirou fundo, porque sabia que nada iria acontecer entre ela e a latina.

“O que foi Britt? Você parece mais triste que todo mundo.” Julian perguntou, tocando em seu ombro. “É por causa da Tina?”

“Mais ou menos.” A loira respondeu, nunca poderia dizer para no que estava pensando.

“Você gosta dela?”  Julian perguntou sorrindo.

“Claro, ela é minha melhor amiga.” Era uma resposta meio óbvia não é? Ela não seria amiga de alguém que ela não gostasse.

“Não, eu quis dizer  você gosta dela mais do que na amizade?” Brittany não conseguia entender porque sua família achava que ela e Tina namorariam um dia. Era estranho, porque elas se viam quase como irmãs.

“Ela é minha melhor amiga.” Brittany para fazer o irmão entender qual era a real situação entre ela e Tina.

“Está certo, agora vem para dentro, vem.” Julian passou seu braço em volta dos ombros de Brittany e a levou para dentro de sua casa.

Ela sabia que nos próximos dias o único assunto que seria falado em sua casa era das Olímpiadas, principalmente agora, que seria a última vez que sua família participaria.


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Notas finais do capítulo

*Música do capítulo Age of Aquarius, dos Mammas and Pappas, que é uma espécie de hino hippie, ela é bem legal.
*Deixem suas opiniões sobre os acontecimentos, os personagens,qualquer coisa que vocês quiserem, isso me motiva a escrever mais.
*Obrigado por lerem o capítulo.
*Logo tem mais.



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