CNU foi o primeiro a acordar, na manhã seguinte. Uma grossa faixa azul-escuro segurava seus cabelos castanhos e bagunçados para trás. Vestia uma camiseta cinza, bastante larga para seu corpo magro, e uma amarrotada samba-canção azul anil. Abrindo os olhos com imensa dificuldade, posicionou os óculos de aros redondos sobre o nariz e caminhou em direção ao banheiro, arrastando os pés. O sol já ia aparecendo por trás das casas, e passava por entre os vãos da janela, projetando finas linhas amareladas sobre o chão.

– Ahhhh... - grunhiu, ao se espreguiçar e encarar sua própria imagem no espelho, e estendendo um dos braços a frente para agarrar uma das cinco escovas de dente, posicionadas no interior de um copo de plástico. Olhou de relance para o pulso, e seus olhos se detiveram em seu relógio, que marcava exatamente 6:12. Soltou um gemido de frustração, e jogou novamente a escova no copo, provocando um ruído que ecoou por todo o banheiro.

Correu desajeitado para o quarto, as meias derrapando sobre o chão liso. Escancarou a porta com força, de forma a quase arrancá-la, fazendo-a bater contra a parede atrás. O alarme de Jinyoung tocava, pelo que reparou, pela sexta vez.

– JINYOUNG! - berrou, enquanto balançava o ombro do amigo.

O garoto acordou com um sobressalto, se sentando rapidamente na cama, os olhos arregalados olhando para todos os lados.

– Mas... que horas são? - murmurou, esfregando os olhos com força.

– São seis e quinze! Estamos atrasados, de novo!

O amigo pulou da cama apressado, quase batendo a cabeça na parte superior do beliche, onde se encontrava Sandeul. Estava enrolado em um grosso cobertor, com as pernas encolhidas, e sua cabeça estava envolvida por um capuz preto, de forma a deixá-lo com a aparência de uma minhoca gigante.

– Sandeul? -sussurrou Jinyoung, espiando por cima do colchão. -Sandeul! Mas que coisa.

– SANDEEEEEEEUL -bradou CNU, surgindo ao lado de Jinyoung, com os lábios suficientemente próximos aos ouvidos cobertos de Sandeul, que abriu os olhos lentamente, resmungando uma série de palavras inaudíveis.

– Pra quê toda essa gritaria? Já acordei, credo. -disse em voz baixa, e sorrindo para os dois, voltou a fechar os olhos.

– Juro que vou te jogar desse beliche se você não levantar. Estamos atrasados! -disse Jinyoung, com uma voz falsamente gentil, enquanto alisava as bochechas pálidas de Sandeul, que automaticamente ganharam uma cor rosa avermelhada.

Baro já havia acordado, com toda a agitação, e tentava incansavelmente despertar Gongchan.

– Vamos lá, Gongchan, acorda!

Gonchan se espreguiçava, com a cabeça enterrada no travesseiro e os joelhos apoiados no colchão, com o quadril voltado para cima, enquanto Sandeul pulava do alto do beliche e se estatelava no chão com um estrondo.

– Desisto. Vamos embora sem você. - bufou Baro, se afastando em direção a porta, e dando uma palmada em uma das nádegas de Sandeul, que se arrastava, ainda no chão, em direção ao aposento vizinho.

– Mas eu quero aparecer no MV! -protestou Gongchan, a voz abafada pelo travesseiro. Levantou-se e desceu as escadas do beliche apressadamente, e por pouco não tropeça por cima de Sandeul.

Todos os garotos saiam do edifício as pressas, tropeçando uns nos outros, em aproximadamente vinte minutos depois de todos terem se levantado de suas camas. Um veículo particularmente grande, algo como um mini-ônibus, os esperava encostado ao lado da calçada.

– Vamos, se apressem! -gritou Jinyoung, a frente de todos os outros, sem olhar para trás.

As portas do veículo se abriram conforme os meninos se aproximaram, e em poucos segundos todos já se encontravam em seu interior, ocupando seus lugares nos assentos acolchoados.

– Mas...será... que estamos, arf... tão atrasados assim? -murmurou Sandeul, ofegando, enquanto sentava-se entre Baro e Gongchan, que mirava pela janela, seguindo com os olhos os carros que passavam em alta velocidade pela via movimentada.

Não houve resposta alguma, apenas alguns risos abafados pela respiração acelerada dos garotos. CNU foi o último a entrar no veículo, fechando a porta às suas costas e olhando ao redor como se verificasse se alguém havia ficado para trás. Seus olhos deteram-se por alguns segundos no garoto de cabelos negros e brilhantes, cobertos por um boné branco virado para o lado. Baro retribuiu o olhar e sorriu para o amigo, tornando a desviar os olhos para a janela, observando as nuvens brancas e gordas que vagavam lentamente conforme a brisa refrescante daquele dia de inverno.