O Nosso Amor Corre Perigo escrita por momsenwestwick


Capítulo 5
4 (quatro)




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– Muito bem, Craig, você precisa assinar isso! – joguei o caderno em cima da mesa e tirei uma caneta do estojo para ele assinar uns bilhetes.

– O que é isso e por que eu tenho que assinar?

– Isso é um monte de autorizações para participar de atividades extra-curriculares e você vai assinar porque para a escola você é meu pai, então é só dizer que não autoriza e pronto! Ah, e você terá que me deixar sozinha em casa hoje.

– Arrumou um namoradinho e ele virá aqui hoje, é?

– Não, estou seguindo uma pista.

– Ah, é mesmo? – ele sorriu, parecendo se divertir. – Então me conte.

– Foi mal, Craig. Você tem seus métodos e eu tenho os meus.

– Tudo bem, mas eu estou morrendo de curiosidade, hein? – ele olhou em seu relógio de pulso e suspirou. – Eu vou me encontrar com Taylor e Julia. Te vejo às sete.

Craig pegou as chaves do carro e saiu pela porta dos fundos. Senti uma sensação estranha em meu íntimo, mas a ignorei. Kyle chegaria em quinze minutos, isso se achasse o caminho. Eu explicara direitinho onde morava, até desenhara um mapa, então ele deveria achar facilmente. Mas todo mundo sabe como garotos são!

Mas, na boa, se Kyle não viesse, eu continuaria na minha. Eu não me importaria mesmo se ele tivesse negado! Ora essa, eu não estou interessada nele! Eu só quero cumprir a missão e conferir se Kyle é mesmo o alvo – o que eu duvido muito. E Luce me odiaria se eu começasse a gostar de Kyle. Na verdade, eu estava certa de que Kyle gostava dela, então eles poderiam ficar juntos.

Porém, quando ouvi batidas suaves na porta, adrenalina jorrou em meu peito e eu praguejei a mim mesma por sentir isso.

– Oi. – sorri ao abrir a porta e ver Kyle ali. – Entre.

– Oi. Desculpe a demora, eu estava procurando o número da casa. – ele entrou, passando por mim, roçando nossos braços de leve, e analisou a casa. – Bem maneira.

– Valeu. E aí, quando quer começar a estudar?

Ele deu um sorriso fraco, mas divertido.

– Sério mesmo que você quer estudar agora?

– Eu te chamei aqui para isso, não?

– É, mas eu sinceramente não gosto de estudar o tempo todo. Na verdade, eu nem sou tão nerd assim, sabe? Eu sou meio que o palhaço da turma, digamos, e fiquei mais estudioso esse ano. Sei lá, mas se você quiser estudar, tudo bem...

– Certo, então vamos para o meu quarto.

Pelo sorriso de Kyle, sinto que a frase teve outro sentido para ele.

Andei lado a lado dele, achando que assim seria mais casual. Kyle examinava todos os cantos da sala, boquiaberto. Segurei uma risada e indiquei as escadas, sugerindo que subíssemos para meu quarto, caso ele tivesse se esquecido do que eu sugerira. Ele segurou no corrimão da escada enquanto subia. Seu jeito de andar era tão elegante que fitei-o por um momento. Ele pegou-me olhando para ele e sorriu.

– O que foi?

– Não é nada.

Abri a porta de meu quarto para entrarmos, mas Kyle hesitou por um tempo. Passou a mão pelos cabelos, meio sem-graça. Perguntei-me se aquela era a primeira vez que ele ficava no quarto de uma garota só com a garota. Talvez não, mas ele pareceu envergonhado. Seus olhos vagaram pela casa até pararem no quarto de Craig. A porta estava entreaberta, de modo que dava para ver metade do quarto.

– Eu estou vendo um violão? – perguntou ele, curioso.

– Ah, é o violão do Craig. Vamos entrar?

– Eu posso... Tocar nele?

– Claro. Por que não? – abri a porta do quarto de Craig e entrei, tirando o violão da cama. Craig o tocava quando estava entediado ou quando queria impressionar uma garota. Ele não se importaria que Kyle o visse, certo? Concluí que não, então levei o violão para meu quarto, puxando Kyle pelo braço para entrarmos logo. – Aqui está.

– É muito bonito. – ele tirou os óculos e pousou-os sobre minha escrivaninha, concentrando-se no violão. – Você toca?

– Ah, eu não sou muito boa com essas coisas. Você toca?

– Quer ouvir? – ele sorriu novamente, exibindo aquelas covinhas para mim.

– Por que não?

Kyle sentou-se em minha cama e apoiou o violão nos joelhos. Deslizou os dedos sobre a superfície, como se estivesse provando para si mesmo que era real. Achei aquilo estranho, mas não falei nada. Fiquei notando o jeito como seus olhos brilhavam enquanto ele analisava o instrumento. Aquilo me pareceu muito fofo.

Kyle pigarreou e começou a tocar. Suas mãos fortes eram rápidas enquanto ele fazia música sair das cordas do instrumento. Reconheci Wherever You Will Go, mas fiquei mais concentrada no modo como aquelas mãos fortes tocavam tão suavemente o violão de Craig, no modo com que ele pousou o rosto no violão delicadamente e cantarolou baixinho. Mais uma vez considerei que, se ele tivesse muitas espinhas no rosto, eu poderia achar a tarefa bem mais fácil.

– Você faz aulas? – perguntei, só para que ele falasse comigo.

– Desde os nove anos. Mas faz tempo que não toco. Sei lá, meus pais não quiseram me dar um violão. – ele deu de ombros, parou de tocar e me olhou nos olhos. – Quer estudar ou prefere que eu cante uma serenata para você?

– Fala sério, vamos estudar.

– Tudo bem. Como quiser.

Sentei-me ao seu lado na cama e puxei minha mochila do chão. Tirei o livro de álgebra de lá e coloquei-o no colo. Kyle afastou o violão da cama, deixando-o sobre o chão cautelosamente, e se aproximou de mim para me ajudar com a matéria.

– Muito bem, Rose. Em que posso ajudá-la?

Colocando uns óculos bem feios e enchendo sua cara com espinhas seria uma boa opção, sabia? Você não ajuda em nada sendo tão... Atraente... pensei, tentando não olhar diretamente para aqueles olhos.

– Bem, você poderia... – mordi o lábio e apoiei o rosto em uma das mãos, pensativa. Eu era boa em álgebra, então tive que procurar algo que era pior para fingir dificuldade. Isso estava ficando difícil com Kyle me olhando a menos de trinta centímetros de distância. – Eu não sou boa em trigonometria.

– Sabe de uma coisa? Você fica mais bonita assim, pensativa. – ele declarou, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

Ótimo, se você flertar comigo, minha missão fica mais difícil.

– Não mude de assunto. – alertei, sorrindo. Flertar com Kyle era tentador, mas eu não queria desviar meu foco da missão.

– Falo sério, Rose. Se você soltasse o cabelo, talvez... – ele parou.

– Talvez o que? – ergui meu olhar para ver seu rosto, procurando alguma expressão que indicasse o que ele iria dizer.

Mas o que aconteceu foi bem mais evidente, pelo menos para mim.

Não sei como, nem por que, mas sei que em um segundo eu estava olhando para Kyle e no outro eu estava roçando os lábios nos dele – apenas um toque, mas foi o suficiente para deixar meu coração acelerado.

Tudo bem, Rose, você consegue. Separe-se dele, separe-se agora! Você precisa manter o foco: Alligator. Vítima. Bolsista. Kyle. Luce. Você não pode perder a única amiga que fez agora, por causa de um garoto! E daí que Kyle é uma gracinha? Ele não pode estar gostando de você, agora PARE O BEIJO, VAMOS LOGO!

– Kyle, – murmurei, colocando uma das mãos em seu peito. – eu acho que nós deveríamos estudar.

– Rose...

– É sério, Kyle. Eu não te chamei aqui para outra coisa, só quero que me ajude.

– Tudo bem. Vou te ajudar.

Senti que ele queria dizer mais alguma coisa, mas ele não o fez. Apenas passou a mão pelos cabelos arrepiados e começou a me explicar trigonometria.

Mas eu só conseguia me concentrar no que acabara de acontecer e eu sabia que lá no fundo, bem no fundo, eu desejava que eu não tivesse interrompido.


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