O Nosso Amor Corre Perigo escrita por momsenwestwick


Capítulo 4
3 (três)




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– Rose, eu cheguei. Desculpe a demora, eu tive que... Rose?

Craig estranhou quando pulei em seu colo, depois que ele passou pela porta. Não pude evitar, eu fiquei preocupada com ele. Mas, depois que eu já me expressara o suficiente, me afastei e disse-lhe:

– Eu vou me deitar, estou muito cansada. Vejo você por aí.

– Espere aí, Rose! Não quer saber as notícias de hoje?

– Manda aí.

– Bom, o shopping municipal foi invadido hoje, sabia? Suspeitam do Alligator, é claro. Carter disse que Taylor o viu por apenas alguns segundos, mas que já tem uma descrição física dele. Alto, esbelto, corpo atlético, cabelos desgrenhados e castanhos. O que acha disso?

Carter e Taylor são namorados, não sei se eu já mencionei.

– Legal. Agora, se me der licença, vou me deitar. Estou exausta.

Corri para meu quarto antes que Craig fosse ao sótão e visse o estrago que eu fizera.

Sabe qual é a coisa mais curiosa nas escolas?

Como uma simples palavra ou desenho pode prender nossa atenção por minutos, até horas! Por exemplo, quando alguém escreve uma palavra na carteira em que você por acaso senta, você fica imaginando por que a palavra está ali e quem a escreveu, e cria finitas possibilidades do motivo e etc. E quando eu cheguei na escola no dia seguinte, encontrei um coração rabiscado na minha carteira e aí começou meu questionamento. Perguntei-me quem poderia ter desenhado isso ali e por que – o óbvio era porque estava apaixonada. E ainda: para quem seria o tal coração?

Considerei que Luce podia ter desenhado o coração enquanto pensava em Kyle, ou que Kyle desenhara o coração pensando em Luce. (confesso que senti uma coisa estranha ao considerar isso) Mas talvez fosse outras pessoas. Por exemplo, Alicia Clark e Ethan Sparks. Segundo Luce, eles estavam juntos há dois anos e brigavam e reatavam o tempo todo (e, toda vez que brigavam, Ethan fazia um cartaz dizendo EU TE AMO MUITO, LEESH! para Alicia e eles voltavam. Aí a montanha-russa recomeçava), então Alicia ou Ethan podiam ter desenhado o tal coração.

Não sei por que, mas fiquei entretida nisso durante praticamente toda a aula, até que o sinal bateu e Luce e eu corremos para a segunda aula do dia. Kyle e Serena estavam bem atrás de nós e pude ouvir facilmente a conversa deles.

– Você está malhando mais, Brass? Percebi que está cada dia mais forte.

– Não, S. Não estou.

– Sabe, aquele jogo antes do verão foi incrível! Sério mesmo, você estava incrível!

Oh, não! Ela está flertando!

– Valeu, S. – ele riu de leve. Espiei por sobre o ombro e vi que ele estava corando. – Escuta, como vai o Theodor? Soube que vocês dois foram acampar semana passada e rolou alguma coisa.

Então ela está flertando e é comprometida! Perfeito.

– Ele te contou? Não acredito! Ele disse que não era para ninguém saber. Eu o mato!

Serena bateu o pé e saiu bufando por nós. Luce deu um risinho abafado e diminuiu o passo para esbarrar em Kyle, que pediu desculpas e entrou na sala. Luce suspirou e o seguiu, indo sentar-se no fundo da sala, onde eu também fui me sentar.

Resolvi seguir os conselhos da general e assim que surgiu uma oportunidade para me aproximar de Kyle, eu o fiz. A hora foi quando ele descobriu que misteriosamente estava sem o livro didático de álgebra, então eu me ofereci para sentar ao lado dele, só por ser educada e tentar descobrir se Kyle tinha chances de ser a próxima vítima.

Mas é claro que Luce ficou me encarando a aula toda.

Tive vontade de gritar VOCÊ DISSE QUE NÃO QUERIA NADA COM ELE, UÉ! EU NÃO POSSO FAZER AMIGOS?, mas me lembrei que ela, secretamente, tinha uma queda por ele e me contive.

Mas isso não quer dizer que Kyle colaborou.

– Obrigado por sentar-se comigo hoje, Rose. – ele sorriu. Por apenas um segundo, deixei Luce de lado e me concentrei nas covinhas que apareceram com o sorriso e no jeito que seus olhos estavam mais claros e brilhantes hoje. Aí percebi que ele tinha dirigido a palavra à mim e achei melhor dizer algo, mas não sabia o que ele tinha dito, então improvisei.

– Ora, disponha. – forcei um sorriso, que pareceu-me tão sem-graça comparado ao dele.

– Está gostando da escola?

– É divertida. – dei de ombros, achando muitas dificuldades em me concentrar em álgebra. Se Kyle fosse cheio de espinhas e não tivesse olhos e sorriso lindos, isso seria bem mais fácil!

– Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, eu...

– Senhor Brass, gostaria de resolver o problema no quadro-negro? – a professora substituta (que só então eu notei) dirigiu-se à Kyle, interrompendo a frase dele.

– Claro.

Kyle se levantou e dirigiu-se ao quadro negro, procurando um giz para escrever a resposta do problema. Enquanto isso, senti um cutucão no ombro e me virei. Luce estava de braços cruzados, esperando resposta para algo que ela não perguntara.

– O que foi? – sussurrei, abaixando a cabeça para abafar minha voz.

– Você estava flertando com ele! Eu não te disse que ele estava de olho em mim?

– Mas você não está de olho nele!

– É, mas Kyle é um... Paquerador! Ele não gosta de ter uma garota só!

– Ele não me parece ser esse tipo.

– Vai por mim, ele é! Ele terminou com uma garota após quatro dias de namoro porque estava sentindo-se muito preso!

Perguntei-me se ela dizia isso por ser verdade ou porque tinha uma queda por ele. Na verdade, isso não era da minha conta porque eu não estava interessada em Kyle Brass nem um pouco!

Ou será que estava?

E mesmo que estivesse, eu não poderia ter um relacionamento como uma garota normal. Meu trabalho envolve sigilo e um casal não pode ter segredos entre si. E Kyle e eu nunca daríamos certo mesmo.

Eu continuava pensando nisso quando ele voltou para seu lugar e continuou a copiar o que o professor passara na lousa.

Depois da aula, eu segui Kyle até a biblioteca – onde ele passava boa parte do tempo pós-aula e o almoço. Não pensei se Luce sentiria minha falta, mas também não me importei. Ela sobreviveria sem mim por meia hora.

Kyle sentou-se no fundo da biblioteca e abriu um dos livros de ficção que ficava numa prateleira atrás de si. Esgueirei-me até ele e puxei uma cadeira para me sentar ao seu lado. Ele ergueu o olhar do livro para me fitar.

– Oi. Eu queria falar com você.

– Eu considerei isso, já que me seguiu até aqui. Quase ninguém faz isso. – ele sorriu. – O que uma garota como você quer com um nerd como eu? – ele voltou a olhar o livro como se não quisesse encontrar meu olhar.

– Esqueceu de mencionar que você é um nerd que joga basquete, é popular e engraçado.

– Como descobriu? – ele pousou o rosto em uma das mãos e olhou para mim de novo.

– Luce. Ela meio que me contou tudo sobre todo mundo.

Ah, claro! E ela também está louca por você!

– Lucinda? Ela é legal. Meio na dela, mas é legal. Ela se afastou um pouco de mim esse ano, mas não me disse o motivo. Talvez minhas piadas a irritaram.

Ou talvez esse sorriso lindo não ajuda quando a garota está caída por você e você não percebe, certo?

– Talvez. – concordei, desviando os olhos dos dele. Se eu me perdesse naquele mar de verde, não poderia sair dele.

– Ainda não me respondeu. O que você quer comigo?

– Bom, eu estava pensando... Você se importaria de ajudar uma necessitada?

Ele abafou uma gargalhada tossindo.

– Tipo quem?

– Está olhando para ela. Eu sou péssima em tudo que envolva números e queria saber se você me daria umas aulinhas particulares. Se não quiser, tudo bem, mas...

– Entendi. – ele sorriu. Eu exagerei na parte dos números; matemática era fácil para mim, mas eu precisava me aproximar de Kyle porque, se a general estivesse certa, ele teria grandes chances de ser o alvo. – Claro, eu ajudo você.

– Legal. – me levantei e sorri para ele. – Então, te vejo quando?

– Sei lá, eu passo na sua casa todos os dias depois da escola, que tal?

– Tudo bem para mim. Até lá, então.

Enquanto eu me apressava para voltar ao refeitório, passou por minha cabeça que Luce iria me matar se soubesse disso.


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