O Nosso Amor Corre Perigo escrita por momsenwestwick


Capítulo 10
9 (nove)




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Acordei com a luz do sol entrando pela janela e iluminando minha face. Olhei para os lados, tentando me lembrar onde estava. Vi uma cama vazia e toda desorganizada. Lembrei-me que aceitara dormir na casa de Kyle por uma noite e vi que ele não estava no quarto. Me estiquei, tentando mandar a preguiça embora, mas continuava com sono.

Meu celular começou a tocar.

– Alô?

– Oi. É a Taylor.

– Oi, Taylor. O que houve?

– Nada. Eu só queria saber onde você estava.

– Ah, estou com Kyle. Eu vim protegê-lo, caso Alligator apareça. Onde está Craig?

– Tomando café. Eu vim ver se ele precisava de ajuda. Como vai a missão?

– Por enquanto, tudo está calmo. Alligator não deu sinal de vida e espero que continue assim. Kyle está lá em baixo, tomando café, eu acho.

– Ele não desconfia de nada, certo?

– Espero que não. Na verdade, será mais seguro para ele que não saiba que somos espiões. Posso protegê-lo melhor assim, pois se ele souber...

Interrompi minha frase quando me viro para trás e vejo Kyle parado na porta, boquiaberto com tudo que ouvira. Taylor me chamou do outro lado da linha, mas eu apenas disse que ligava depois.

– Ele ouviu tudo, não é?

Desliguei o celular e deixei-o cair no colchão. Kyle estava com o rosto misturado em fúria e tristeza. Lágrimas rolavam por seu rosto, mas não soube exatamente do que eram. Fiquei imóvel, sabendo que se eu tentasse me aproximar dele, ele me afastaria.

– Você. Mentiu. Para. Mim. Todo. Esse. Tempo.

– Kyle, eu... Deixe-me explicar.

– Não! Você... Eu amei você! E você mentiu para mim todo esse tempo! Você só queria me espionar, não é? Seja lá para o que, você nunca gostou de mim, você só fingiu para passar informações para seu grupinho!

– Você está ouvindo o que diz? Você nem sabe por que eu fiz isso!

– E nem quero saber! Você me enganou! Você apenas me usou! E eu amei você!

– Eu só estava de protegendo!

– Como posso saber se você mesma não inventou essa ameaça toda só para fazer seu trabalho sujo?

– Eu jamais faria isso com você!

– Assim como jamais esconderia seu trabalho para mim? Eu quero que saia da minha casa! Saia da minha casa agora!

Sabendo que não havia nada que eu pudesse fazer, peguei meu celular de volta e guardei-o no bolso do jeans e saí porta afora. Quando cheguei na calçada, a brisa morna da manhã fez meus cabelos emaranhados voarem. Abracei meus próprios cotovelos, como Luce fazia ao sentir-se desprotegida, e tentei ligar para Craig. Antes do primeiro toque terminar, ele atendeu.

– O que foi, Rose?

– Kyle descobriu. Ele descobriu tudo! Eu preciso de ajuda, Craig. Ele acha que estamos usando ele para alguma coisa! Eu tentei explicar, mas ele não quis me ouvir.

– Taylor já está a caminho. Ela me disse que você precisaria de ajuda para algo feminino. Então era isso?

– Taylor?

– É, ela disse que estaria aí em segundos. Onde você está?

– Eu...

Interrompi minha frase ao ouvir a explosão. Vidros voaram do apartamento de Kyle e um grito cortou o ar. Voltei correndo para lá, mas quando cheguei tudo estava vazio. Chamei por Kyle e por sua mãe, mas estava um silêncio total.

– Craig? Está aí?

– Rose? Você está bem?

– Craig, Alligator atacou de novo! Ele está por perto, eu sei! Peça reforços, eu estou indo para...

Não terminei a frase porque alguma coisa me atingiu com força na cabeça.

Acordei no escuro, sem fazer ideia de onde estava. Cordas me amarravam à uma cadeira de metal. Minha boca era a única parte de meu corpo que estava livre. Ergui as mãos até o rosto para tirar a corda com a boca quando ouvi o barulho de um calibre sendo ativado. Ergui meu olhar, procurando alguém apontando uma arma para minha cabeça, mas não vi ninguém. Uma luz é acesa, mas a iluminação continua péssima. Alguém todo de preto está apontando uma arma em direção à minha testa e só o que posso ver do alguém são seus olhos – incríveis olhos verdes.

– Filho da mãe. – sibilei, tentando ignorar que a qualquer momento eu poderia sair desse mundo e parar em outro.

– Agente Holmes, eu suponho.

– Alligator, estou certa? Onde está Kyle?

– Bem ali. – ele olhou para o outro lado da sala onde estávamos. Encostado à porta, com a boca amordaçada e os pés amarrados às mãos, Kyle estava inconsciente. Meu coração encheu-se de ódio.

– Se encostar um só dedo nele...

– Se eu fosse você, ficaria calada ou ele morre, Rose.

Alligator sabia meu nome?

– Mas quem diabos é você?

– Não está me reconhecendo?

– Claro! Você me lembra um poste todo preto com olhos. – bufei, sarcástica. Eu queria que o tom em minha voz o desse medo, mas não assustava nem a mim.

– Vou facilitar para você.

Uma das mãos de Alligator foi até sua cabeça e puxou a máscara preta, deixando cachos loiros platinados caírem nos ombros. Fiquei imóvel, perplexa. Taylor lançou-me um sorriso debochado e piscou.

– Taylor? Você é Alligator?

– Não. – outra voz, mais sombria, veio de trás dela. Das sombras, Carter surgiu e deu-lhe um beijo demorado nos lábios. – Eu sou Alligator. Querida, você fez um ótimo trabalho, mas eu assumo daqui.

– Seu grande traidor! Vocês dois estavam metidos nisso o tempo todo? Quando a general souber, vai acabar com vocês!

– Catherine Simon não me dá medo algum, minha querida Rose. Muito pelo contrário. Ela é quem deveria ter medo de mim.

– Então por quê? Por que você fez isso?

– Seqüestrar vocês e, futuramente, matá-los? – ele deu uma gargalhada de deboche. Quis quebrar-lhe os dentes, mas eu estava incapaz de me mexer. – Ora essa, por que você acha? É tudo questão de negócios, minha cara. Tudo começou com Gilbert Marshall. Ele roubou minha posição na concessionária e lucrou muito com o cargo que deveria ser meu. Então eu resolvi tomar dele o que ele mais amava: sua filhinha, Verônica Marshall. Ronnie foi uma presa fácil, sabia? Ela cedeu muito fácil quando disse-lhe que seu pai estava morto, então ela implorou que eu a matasse também. Pobrezinha, mal sabia ela que seu papai estava numa reunião de negócios. Mas é claro que, meses depois, Gil se uniu à esposa e filha. Eu fiz um favor à eles, eu reuni a família. E depois foi a vez de Priscilla Gray. Pode parecer que ela não tinha nada a ver com isso, mas tinha muita coisa. Após a morte misteriosa de Gilbert Marshall, sua irmã mais velha herdou o cargo. Sim, a irmã é a mãe de Kyle. Mas se eu assassinasse Kyle ou sua mamãe, seria óbvio demais, não acha? Então eu raciocinei um pouco, coisa que modéstia a parte eu sou muito bom, e resolvi atacar a namoradinha de Kyle! Não é brilhante, Rose? Vamos, admita, você acha isso brilhante!

– Você é maníaco!

– Talvez, mas se Priscilla estivesse viva, você jamais teria chances com Kyle e ele não estaria em segurança. Mas isso não adiantou muito, certo? Você facilitou muito as coisas se apaixonando por ele. Eu deixei tantas pistas, Rose... Você também foi brilhante! Seguiu todas elas e relatou à general Simon, que relatou tudo à mim. Eu sabia que você estava ciente que Kyle seria minha próxima vítima, mas você não sabia quando eu o pegaria. Eu tinha vantagem, é claro.

– Craig vai descobrir mais cedo ou mais tarde e vai deter você, seu maníaco!

– Claro que vai! Craig é genial, sempre invejei isso dele. Mas quando ele descobrir, será tarde demais. Eu cuidei de tudo. Depois que você destruiu a passagem-secreta e seguiu meu rastro até aqui, achando que Craig estava aprontando algo, Taylor deu um jeito de consertá-la antes de Craig chegar e suspeitar de algo. Ele nunca te achará nesse depósito do shopping, querida. Você vai morrer como todo espião deseja: lutando pelo que é certo. Ou o que pensam ser certo.

– E quanto à Thomas Shaw? – perguntei, tentando distraí-lo de seu objetivo, que era nos matar, e pensar em um plano. – Deixe-me adivinhar: você queria que Kyle sentisse-se sozinho para atacá-lo depois, não é?

– Eu não disse que ela era brilhante, querida? – ele sorriu para Taylor. – Ela com certeza herdou isso de seu pai. Ah, ele era genial! Pena que teve um fim trágico!

– Seu filho da mãe, você matou os meus pais também? – explodi, querendo pular no pescoço dele e cravar as unhas lá. Meu peito fora consumido pela raiva.

– Ninguém tem provas disso, mas sim. Fui eu. Um fim trágico, como eu disse. Mas agora vamos acabar logo com isso. Quero que Kyle pague pelos pecados do tio e já.

– Então por que não deixe Rose ir e me mate logo? – Kyle, que até então parecera inconsciente, disse, tentando se levantar. – Ela não tem nada a ver com isso.

– Ah, ela tem! Seus pais também estavam envolvidos na concessionária no dia que Gil tomou meu cargo. Mas não queira ser cavalheiro, Kyle. Você vai morrer logo, acalme-se. Vou cuidar para que sua morte seja indolor.

– E eu cuidarei para que você acabe na prisão. – uma quinta voz disse, vindo das sombras atrás de Carter.

Craig.

– Craig! Saia daqui, ele vai matar nós três! – gritei, levando um soco de Taylor em seguida. Não liguei. Eu estava feliz demais por ver Craig.

– Ele sabe que eu não sairei, Rose. Então vou correr o risco. Mas agradeço sua preocupação. – ele sorriu para mim antes de virar o rosto para Carter e assumir uma expressão fria. – E quanto à você, faça Taylor largar a arma.

– Ou o que? – Carter parecia se divertir.

– Não queira descobrir. – Craig ergueu a mão, deixando seu revólver à mostra. Ele nunca me parecera tão assustador. – Mas adianto-lhe que não será bom.

– Taylor, querida, me dê a arma. – Carter estendeu a mão para a parceira e tomou-lhe a arma das mãos. – Viu? Ela não tem mais a arma. – ele sorriu, sarcástico. – Agora, se me permite retomar onde eu estava...

– Largue a arma. – Craig continuava com o tom ameaçador. – Coloque-a no chão, ao pé de Rose, e ponha as mãos na cabeça. Agora.

– Ou você faz o que? Eu sei que não tem coragem de matar ninguém, Watson.

– Ah, não tenho?

Craig mirou em Taylor e puxou o gatilho. Felizmente, ele só acertou sua perna, fazendo-a cair e gritar de dor. Carter recolheu seu sorriso e mirou a arma na cabeça de Kyle. Me esgueirei até Kyle sem tirar os olhos de Craig e Carter. Fiquei ao lado de meu namorado – ou ex, eu não sei como as coisas ficaram entre nós – e murmurei:

– Não se preocupe. Craig vai cuidar disso. Ele sempre cuida.

– Rose, me desculpe por dizer aquilo. Eu não quis magoar você. Talvez, se a gente não brigasse, nada disso estaria acontecendo.

Quis dizer que não, que Carter conseguiria pegá-lo de qualquer jeito, mas achei melhor não deixá-lo mais apavorado e apenas sorri.

– Me escuta: eu vou te soltar. Quero que corra o mais rápido que puder. Tem uma passagem ali atrás. – apontei para o armário com o queixo. – Não se preocupe comigo. Eu vou ficar bem. Mas você precisa ir.

– Rose, não...

– Quieto. – repreendi, a voz em um sussurro. – Carter vai te ouvir. Agora me dê sua mão. Vou arrancar a corda com a boca.

– Se esqueceu de uma coisa. – ele continuou, como se não me ouvisse. – Eu mesmo consegui tirar a mordaça de minha boca, notou? – ele sorriu. Só então me lembrei que ele estava com a boca amordaçada. – Eu desamarrei a corda das minhas mãos, mas ainda não me libertei. Posso me virar sozinho. E eu sei que você também pode, mas precisamos fingir estarmos incapacitados.

Aquele era mesmo Kyle? Desde quando ele ficou tão prático?

– Eu estou orgulhosa. – me certificando de que ninguém prestava atenção em mim (Carter desviara os olhos para Taylor, mas ainda não largara a arma), tirei a corda das mãos com a boca e usei as mãos para desamarrar meus pés. Olhei para Craig e sorri. Seus olhos me diziam para cuidar de Kyle.

– É meu último aviso, Carter. – Craig alertou, sem suavizar a voz ou expressão. – Largue a arma. Vou acertar um lugar letal da próxima vez.

Kyle apertou minha mão com força, aterrorizado. Nossas mãos suavam, eu podia ouvir o ritmo acelerado de seu coração e sua respiração ofegante. A minha continuava normal – anos de treinamento fazem com que eu possa manter o controle. Mas Kyle não sabia como agir numa situação dessas e ele não tinha culpa.

– Eu avisei. – Craig puxou o gatilho mais uma vez, acertando a barriga de Taylor. Perguntei-me como ele poderia ter tanta coragem. Se eu sobrevivesse, perguntaria mais tarde. – Se você acertar em um deles, eu juro que mato você e Taylor.

Taylor gritava de dor, se contorcendo no canto. Carter continuava apontando para a cabeça de Kyle, que ainda apertava minha mão.

– Nosso fim está próximo.

Eu não podia deixar tudo acabar assim. Eu jurara à mim mesma que acabaria com Alligator ao vê-lo. Deixei de lado meu medo e me pus de pé num segundo, me colocando na frente de Kyle. Carter gargalhou ao ver o que eu planejava.

– Você a treinou bem, agente Watson! Olhe só para ela! Pena que morrerá em batalha! Ah, não! Espere aí: isso é uma honra!

Enquanto ele encarava Craig, esperando que um confronto verbal o distraísse, eu me esgueirei até Taylor e tirei o calibre de sua bota, apontando para Carter. Craig me lançou um sorriso orgulhoso – um dos primeiros que eu levaria na vida.

– Perdão, o que você dizia mesmo sobre Rose morrer em batalha?

– Se você se mexer e feri-lo, levará dois tiros, e eu garanto que pelo menos um você leva no coração. – ameacei, torcendo para que minha voz não demonstrasse pânico.

– Se eu morrer, levarei Kyle comigo. Está disposta a correr esse risco?

– Ela não vai. – Craig sorriu, ameaçador. – Você subestima minha inteligência, Carter. Achou mesmo que eu não chamaria reforços quando percebi que você era o Alligator? Qual é! Taylor disse que ia consolar Rose com seu coração partido e de repente Kyle é seqüestrado? Eu não sou burro, Carter. Ah, sem contar a passagem-secreta que apenas Julia, Taylor e eu conhecíamos. Eu imaginei que você a usaria.

A porta do depósito abriu e mais de dez agentes entraram, armados. Carter vacilou e acertou a perna de Kyle. Rapidamente, Craig puxou o gatilho, acertando no peito dele, derrubando-o de joelhos. Taylor gritou pela última vez antes de falecer. Três agentes carregaram Kyle para o carro enquanto Craig e eu cuidamos de Taylor e Carter.

Estava tudo acabado.


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