Décimo Quarto Distrito escrita por Lótus e Annye


Capítulo 1
14º Distrito


Notas iniciais do capítulo

Lótus:Olá!!Bem, lá vai mais uma do fundo do baú. Gostaria de saber de onde a Annye tira essas merdas, nem eu me lembrava de ter escrito isso...
Annye: Buenas, eu guardo um copia de tudo que eu corrijo pra você...por via das duvidas. :P
Lótus: Se você diz....mas eu ainda tenho a impressão que há algo maligno por traz disso. ¬¬
Annye: Por que eu faria algo maligno?? (*Se fazendo de desentendida)
Lótus: Quer que eu enumere?? OO
A&L:Boa leitura!!



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Ela andava pelas ruas escuras do lugar com uma segurança adquirida pelos anos, crescera por entre aqueles becos movida pelo instinto, como um lobo, endurecida pela vida entre as paredes de concreto. O 14º Distrito já fora um bairro nobre e tranquilo, um dos melhores da cidade, mas ela não o conheceu em seus anos dourados, não, ela nasceu muito depois, quando a decadência já havia se infiltrado e a miséria e violência se espalhavam como câncer.

            As ruas do Distrito eram cruéis com os pequenos, principalmente os como ela e o irmão, que não tinham ninguém além da velha avó e corriam soltos por aquele labirinto. Apenas os mais fortes sobreviviam ali, a cidade vibrante a suas costas sugara o Distrito até não restar nada, além da determinação dos excluídos dali, a voz, o canto, o riso dos que não desistiam.

O vento soprava e bagunçava os longos fios negros de seu cabelo enquanto avançava cada vez mais nas entranhas do bairro e focava seus olhos frios nas manchas escurecidas nas paredes, como alerta aos estranhos. Lembrava muito bem de como foram feitas, naquele outono, quando o som dos tiros varou a noite e o caos tomou conta, em uma chacina feroz que não levou apenas vidas, mas também a alma do distrito, que depois daquilo foi gradualmente esvaziado pela dor e o medo.

            A brisa trazia o cheiro familiar suas narinas, apesar dos prédios a muito terem sido abandonados, a mistura agridoce ainda permanecia no ar. Ela ignorava o frio, já acostumada às madrugadas geladas do lugar, tudo parecia tão igual ao que era no passado que jurava que se forçasse um pouco os sentidos poderia ouvir novamente as conversas e o riso das crianças misturando-se ao constante pulsar do bairro, que outrora também pulsara em suas veias, mas agora tudo era silêncio.

            Seguiu até o pequeno cemitério improvisado nos limites do distrito, nos limites da própria cidade, o lugar de descanso eterno das vítimas daquela noite, uma marca que não pode ser apagada, a prova do crime cometido pela cidade. Duas lápides chamavam atenção pelas flores, agora parcialmente murchas, nos vasos.

            Andou lentamente na direção dos túmulos e ajoelhou-se em frente a eles, trocou as flores dos vasos, lentamente retirou um cordão prateado do bolso, com a placa de identificação de um soldado, e o depositou junto a outros entre as lápides.

            - Trouxe mais um para vocês, Vovó. Eles estão ficando espertos, mas eu vou caçar um por um, e eles pagarão pelo que fizeram a vocês, irmão. Vão pagar... –

            Falou com aquela voz suave, de quem a muito desistiu de chorar e não sente mais nada além da fria determinação do ódio. Ela se levanta e vira as costas ao cemitério, andando calmamente em direção ao caleidoscópio de luzes doentias que era a cidade, deixando para trás a escuridão do bairro, com seus becos e construções cinzentos, as manchas de sangue e a neblina das lembranças.

            Ela ia em direção a cidade, mas não pertencia a ela, lá não era seu lar, apenas era o lugar onde buscava informações e caçava, incessantemente, as pessoas envolvidas nos eventos daquela noite.

Ela vingaria sua família, seus amigos, e o Distrito. E então, talvez pudesse dar as costas de vez a cidade e voltar para casa.

            Sim, voltar para casa, porque ali era seu lar, fazia parte do 14º Distrito, como as paredes e calçadas, como a violência e frieza que o compunham e a inundavam, entrando por seus poros, passando a fazer parte dela também.

            Afinal, ela nada mais era do que o ultimo suspiro do 14º Distrito.


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Notas finais do capítulo

Lótus: Espero que tenham gostado!! Criticas, elogios e sugestões são muito bem vindos!!
Annye: Obrigado por lerem!!Até mais, gurizada!!
Lótus: Gurizada?...Mas isso é mais velho que minha vó...
Annye: ah, me deixa vai! n.n
Lótus: Até mais!! Obrigado!!



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