E no estado em que estava,já não podia correr mais do que já estava correndo naquela neve que não parava de cair nem por um milésimo,mas eu não podia continuar,aquilo simplesmente me matava por dentro,não sei como pude agüentar tanto,como agüentei,talvez fosse porque eu o amava,e ainda o amo,mesmo depois do que ele havia me feito e eu a ele,nós dois nos merecemos mesmo,só servimos para fazer mal as pessoas,e sempre saímos machucados....

Eu corria como nunca tinha corrido antes,precisava sair dali,ir para outro lugar que não me sufocasse tanto como aquele apartamento me sufocava,precisava pensar no que havia feito com ele,fui parando lentamente,já estava com minha respiração ofegante por ter corrido tanto,meu rosto branco estava vermelho,mais mesmo assim,ainda como gelo que era,parei,e refleti.

Eu não podia mais me enganar,sabia que tudo aquilo era real,a dor me consumia de um jeito que nunca eu havia visto,mais desta vez ela doía mais e mais,ela me cortava a fundo,eu sabia que para melhorar ele deveria estar ali,ele era minha única esperança,minha única paz,minha alegria,minha força e meu...

Ouvi passos de alguém parando atrás de mim,sabia que era ele mas tinha tanto medo de olha-lo na cara,eu estava sentada encolhida no meio-fio com tanto receio de que aquilo era que tínhamos jamais iria voltar.
Sua mão constantemente gelada,encostou-se em meu ombro,respirei mais uma vez e senti mais uma lagrima cair das tantas outras que já tinham caído,ela escorregou sobre minha face,lenta e cortante como só,e então tomei coragem levantei-me e virei...

2 semana antes...

- Toooom para moleque! Você não tem medo do perigo não?? – Eu disse rindo séria para ele,e jogando-lhe uma almofada que havia do meu lado,tentando o parar de me fazer cócegas.

- Hahaha olha que esta falando né Mônica!? Você que deveria estar morrendo de medo! Afinal que tem medo do escuro aqui, heim? – Ele falou cruzando os braços já de pé,e fazendo aquela pose de machão como ele sempre faz,e vindo fazer cócegas em mim novamente.

- Vaai,vaai,joga na cara! Mais quer saber – levantei-me e fui até ele que estava do outro lado da sala vindo em meu encontro – sei que você adora isto,ou não?

- O que?Te fazer cócegas,eu adoro te fazer cócegas?É isso? – Tom disse-me com seus braços entrelaçados em meu pescoço.

- Aaai,claro que não né,eu estou falando,que você adora dizer,que eu tenho medo do escuro! – Nos olhávamos nos olhos – Claro! Até porque,você sabe que é a única pessoa que eu chamaria se eu ficasse no escuro! Até chamaria o Bill,mais você sabe,a Thais iria ficar muito brava comigo de tirar seu namorado.... e você não ia querer isso não é? – Falei com a minha cara de gatinho Schrek.

- Maaais é claro que não! E você sabe muito bem disso! – Sua voz ficou grave,por um instante,achei que nossas brigas iriam recomeçar....


 Algumas semanas atrás,infelizmente,eu peguei Tom com uma menina em nossa própria cama,eu até sabia que era a culpada disso tudo,pois nunca estava com ele,quando o próprio estava em casa,sempre estava trabalhando e nunca achei que isso o chateava,mais estava muito enganada,eu notei somente quando o vi,naquele estado deplorável em nossa cama,e,claro,depois de mais uma de nossas brigas neste dia mais cedo...

Acordei as 11:00,trabalhei até tarde no dia anterior,levantei-me e fui ate a sala,encontrei Tom,sentado lá vendo TV como de costume,sempre antes de ir trabalhar lá estava ele,esticado no sofá vendo sei lá o que,sentei em seu lado,e pedi:

- Tom,você pode trocar de canal? Ou me dar o controle? – Falei com minha voz falha.
Passados alguns minutos,ainda sem resposta,tentei de novo:

-Tom?TOM?Está me ouvindo?! – Ainda sem resposta - DA PRA VOCE ME DAR A PORRA DESSE CONTROLE!!

-Da pra você calar a boca!? – Tom disse coma voz segura de si,mais ainda sim,controlada,coisa que a minha não estava nem pouco.

-Mais da pra você trocar de canal? – insisti,pois não devia.

-Por quê? – ele se levantou,e pegou o abajur que estava em seu lado,e o jogou contra parede,por dentro me aterrorizei - Heim,porque?Porque você não gosta de esportes?Porque você não gosta do que eu faço?Porque você não gosta como eu ajo?OU PORQUE VOCE NÃO GOSTA COMO EU SOU?? Heim?Sinceramente, eu já estou cansado disso tudo,sabe? – as almofadas já estavam todas em fiapos,jogadas no canto da sala.

-COMO É? Do que você esta falando? – Eu falei já em sua frente,estávamos de pé os dois no meio da sala,eu estava com medo dele.

-Aaah,claro não é? Você NUNCA sabe de nada! Pois me deixe te lembrar de algo:
Você simplesmente chega em casa todos os dias,já passada das 23:00h,você nunca mais me abraçou e me perguntou como tinha ido a tour ou os shows,você nunca mais pediu para sairmos,VOCE NUNCA MAIS DISSE QUE ME AMAVA!

-Mais... – Ele me cortou,sabia que não ia falar agora

-Mais o que?? Mais você não tinha intenção de fazer isso? Deixe-me adivinhar,PORQUE VOCE NÃO SE IMPORTA! Isso já esta claro pra mim,e acho que pra ti também já esta,quer saber,tchau,eu não preciso ficar aqui mais!

-Tom...? TOM! Volta! – Inútil, ele já havia saído batendo a porta de nosso apartamento.

Sentei em choque no sofá,e me desmanchei em chorar ali mesmo,e agora?Como ia me recuperar sem que a pessoa que sempre me confortava não estava ali?Enfiei meu rosto e minhas mãos,e ali chorei,chorei muito....
Senti alguém abrir a porta do apê,era Thiago,meu amigo,digamos que o único que eu podia contar:

-Mo?Mo?Você esta ai? – Ele foi adentrando no apê,devagar.
Não tive coragem de lhe responder,apenas o deixei vir ate mim.Ele se agachou em minha frente,e perguntou a mim:

-Mo? O que aconteceu? Conte-me. – Sua voz era doce.

-Thiago... A gente brigou....e feio! – Minha voz estava fraca,como se estivesse pedindo socorro,e ela estava.

-É,deu pra perceber... – Thiago ao falar,olhava horrorizado para a sala,com fiapos de almofadas para todo o lado,e cacos de vidros estilhaçados no chão.

-Vem.. – Thiago tentou me puxar do sofá,mais sabia que não ia adiantar – Anda,Mo,vamos tomar um banho,e se trocar...

-NÃO THIAGO,me deixe aqui! Tá bom? Só...me deixe aqui! – Disse se soltando dele,enquanto ele colocava minha cabeça sobre seu ombro,já sentados novamente no sofá,eu olhei para ele,e ele para mim,selamos um beijo,que dali a um tempo,deu um enorme problema...

-Presente-

‘’ e então tomei coragem levantei-me e virei...’’

- Tom... – Tentava falar sem chorar,mais não adiantava.

- Sabe,eu realmente achei que chegando tarde do trabalho era o pior que você poderia fazer! Vejo que me enganei mesmo...

- Da pra você parar com isso? Essa historia de você só me julgar já esta perdendo a graça! – Minha cara estava toda amassada de tanto chorar,mais levantei a cabeça e disse – Será que eu posso falar?

- Tá bem então,você quer falar,tá bem fale então! - Aquela sensação de que definitivamente nada ia voltar como era antes,havia voltado com mais força.

- Está bom! – agora era a hora,a hora de eu desabafar,e contar-lhe tudo,a neve ainda caia levemente,porem ainda era meio forte.

- Eu nunca fiz isso pra te magoar,jamais isso,mais você sempre pareceu tão distante de tudo! Eu só queria que você notasse algo,parece que notou até demais,eu juro que não queria que fosse assim,que não tivesse ido para esse lado das coisas...

- Mais foi,Mônica! Mais foi.... – Abaixou sua cabeça e de sua boca saíram aquelas palavras.

- É eu sei... – Fiz o mesmo.

- Eu sinceramente acho que não vai dar pra continuar assim – Tom disse com certo medo em sua voz

- Perai,você realmente quer desistir de tudo? – Disse-lhe assustada

-É...Acho que vai saber o melhor,vai ser bom para nos dois,e você sabem muito bem disto... – Quando ouvi aquelas miseras palavras, entrei em desespero.

- Não Tom,não por favor! O que você quer que eu faça? – A esse ponto já estava implorando a ele,a neve ainda caia sobra nos,e meu choro ficava cada vez mais ardente,minhas lagrimas pediam socorro a ele,porque ele era o único que conseguia acabar com elas - Eu me entrego a você! Eu sinto muito,eu sinto muito,sinto tanto! Em todas as nossas amarguras,e principalmente as minhas,eu ignorei tudo que era real eu não consigo mentir mais Tom! Não consigo mais mentir para mim e para todos que eu preciso de você! Você foi e sempre será minha única esperança,minha única paz,minha alegria minha força,você não entende? Você sempre foi meu Amor Tom! Todas as noites que a gente não se falava,ou mesmo nem se via,eu ficava desolada,quando eu pensava que teria que voltar para casa depois do trabalho,e não te olhar na cara,aquilo me cortava por dentro,e morria ainda mais quando percebia,que eu não conseguiria fechar os olhos,pensando em tudo,em como as coisas chegaram aquele estado,pensando que eu ficaria com medo no escuro sozinha,como as vezes que passei,antes de te encontrar...Só queria ter consertado isso. – Tom ouvia tudo atentamente,notei uma lagrima caindo devagar como se ela o cortasse,assim com as minhas me cortavam,fui abrir minha boca para continuar,mais ele quis falar.

- Mas, você não poderia ter ido conversar comigo? A gente poderia ter resolvido tudo! – Sua voz queria arranjar uma razão para aquilo ter uma solução.

- No que iria adiantar Tom? Iria acabar como as tantas outras brigas que já tivemos! Não ia funcionar para nada Tom! Eu só queria ter sido melhor pra ti, pra nos,sabe? Por favor Tom,desculpe-me... – Mais uma vez,não sabia se iria te-lo de volta – Desculpe-me por tudo,mais você sabe que não fui a única em tudo isso,não sabe??

-Sim..Eu sei disso.

-Mas então,como ficamos? – Perguntei,mais morrendo de medo de sua resposta.

-Olha continuo com a minha decisão,acho que não da mais – Já sabia disso tudo,porem Tom disse enrolando as palavras,o que me deixou por um momento,pensar que ele poderia considerar....

-Entãão...É isso – Minha voz estava baixa,e tremida por conta do frio.

-É,suponho que seja... – Suas palavras foram se terminando e me virei e fui caminhando pela rua branca lentamente.

Tom ficou pensando em tudo que eles já haviam passado,e superado juntos:

-Não,não desta vez! – Tom saiu caminhando atrás de Mônica.
Senti alguém pegar em meu braço,e virei-me:

-O que foi? – Perguntei e minha barriga gelou,será que ele ainda iria jogar em minha cara,que tu isso era minha culpa?
-Saabe...Passamos por tantas brigas e discussões,eu penso que sempre ira acontecer,mas,e todas as nossas boas lembranças? – Nos rimos,e nos olhamos.

-Claro,são as lembranças que mais guardo em mim! – Olhei em seus olhos cor de mel que brilhavam com os meus,fui virando o mais devagar possível,mais Tom puxou-me para seu abraço quente,que sonhara tantas vezes,e me disse:

-Não deixarei você fugir de novo! – E deu aquele sorriso torto que me deixava tonta só de ver.Tom foi chegando cada vez mais para perto de minha face e lentamente encontramos nossos lábios,selando assim eles com um beijo fervorante,eu lhe disse olhando em seus olhos e ele nos meus:
-...Minha força,meu único poder,minha única alegria – Quando iria terminar de lhe falar,ele seguiu junto comigo – e meu único Amor – Mais uma vez nossos lábios se selaram,talvez para sempre,ou não,que sabe...



Fim...