------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Você traça uma linha no papel, a tinta é azul. Era cômico uma cor tão simplória como esta estar em toda parte, até mesmo no que se trata do mais básico.

Por que não vermelho, pensava quando novo. Por que não aquela cor vibrante e chamativa? A que se sobrepujava às outras.

Olhava o boletim ao final do ano e lá só havia azul. O “positivo”. Por que não o vermelho? Por que ele é que têm que ser o “negativo”?

Quando pequeno jurou a si mesmo criar um “positivo” desta cor. Uma bondade. Uma justiça.

E essa era a justiça de Kira. O “vermelho”.

Mas novamente veio o “azul” para intitularem como o “justo”, o “positivo”. Esse era L. A personificação do azul que sempre detestara.

Mas desta vez mostraria que o “vermelho” era superior. Que era o certo. O “justo”.

Aquela briga de cores, “vermelho” contra “azul”.

Durante muito tempo permaneceram empatados, mas ao fim o “vermelho” exterminou o “azul”, pois assim deveria ser. A “justiça” era “vermelha”. “Vermelha” como sangue.

Sangue... Estranhamente, sangrou por dentro com a morte do “azul”. A única cor que se equiparava ao “vermelho”. Seu extremo oposto.

Sangrou até tudo à sua volta se tornar “vermelho”, cego, até mesmo a tinta azul de sua caneta.

Mas o “azul” não era a única cor contra o “vermelho”. Havia outras. Cores inferiores.

Riu com isso. Era patético...

Brigou contra essas duas cores. Eliminou uma, mas a outra, por conta da derrota da primeira, conseguiu vencer.

Era o fim do “vermelho”. A “justiça” dele falhara.

E o “vermelho” mais uma vez sangrou, a dor dos tiros acompanhando aquela cor que tanto gostava. A cor que agora feria seus olhos.

Tentou fugir, mas já era tarde para ele.

Ataque cardíaco.

Sua vista ficou vermelha

Seu coração “branco”.

Ao fim viu o azul à sua frente. Tentou sorrir.

Lá estava ele. Seu oposto. O inimigo do “vermelho”.

Sentiu o sangue parar de correr. Iria para junto dele afinal... Para o “azul”.

Era engraçado, não sentia ódio ao ver aquela cor. Era quase reconfortante em meio ao preto que o tragava.

Viu o “azul” acenar e se juntou a ele, entendendo finalmente porque perdera.

 .

 .

 .

Por que a “justiça” era roxa.

 .

 .

“Vermelho” e “azul”.