Era o baile de formatura. Ali, prometera deixar tudo para trás. Esqueceria tudo o que aconteceu. Todas as decepções, todas as mágoas. A Grace sabia que não conseguiria, mas tentaria. Annabeth a ajudaria.

Annabeth lhe lembrara... Percy. O primo estava ali para ver a namorada na formatura. E Travis para ver a namorada e o irmão. E Charles para ver Silena. E consequentemente, Nico estaria ali. Com certeza Annabeth o convidara.

- Hoje, é um grande dia. Finalmente a formatura chegou. Ano que vem, cada um seguirá seu caminho. Alguns irão para o outro lado do país. Outros para fora do país. Sempre reclamamos da escola, mas se não fosse por ela, não formaríamos nossos amigos.

“Não teríamos nossos namorados ou namoradas. Não teríamos um futuro. Conquistamos nossos melhores amigos aqui. Muitas pessoas vão sair daqui e vão ficar magoadas para o resto da vida, pensando que não aproveitaram o melhor da escola. Mas esses foram um dos melhores anos de nossas vidas. E que o ano que vem seja o melhor ano de nossas vidas.” – Annabeth discursou. Ela era maravilhosa. Sempre sabia o que dizer. Todos a aplaudiram.

- Lia, sua vez. – Annabeth sussurrou para a amiga que estava sentada na primeira cadeira da primeira fileira. Thalia assentiu.

- Nunca imaginei que na minha formatura eu fosse subir aqui e discursar. Sério. Sempre fui uma das piores alunas, uma das mais rebeldes, a que mais respondia os professores. Mas acho que... Annabeth meio que conseguiu mudar isso. E... Outra pessoa também, que entrou na minha vida a partir do primeiro ano aqui. – Thalia suspirou e continuou. – Só que o negócio é o seguinte: Escola é ótima. Orgulho-me por ter estudado aqui. Por ter estudado, na verdade. Confesso que meus planos não estão dando certo. Não mesmo. Mas uma coisa que eu aprendi aqui foi que não se deve desistir. Que tudo está acontecendo, então é porque tem um motivo, uma razão. Acho que a escola me ajudou a ter esperança. Realmente, eu agradeço ao corpo docente daqui por me ensinar tudo que eu sei. Quem imaginaria a rebelde Thalia Grace subindo aqui, discursando a favor da escola e falando “corpo docente”? Acredito que ninguém. Ah é... Acho que eu tenho um agradecimento a fazer. Annabeth? Obrigada. Obrigada por ser a melhor amiga do mundo. Obrigada por sempre me ajudar. Obrigada por me ajudar a superar tudo. Eu te amo. Eu te amo muito. – A loira estava chorando e a morena desceu e a abraçou. Todos se emocionaram com o discurso da menina, principalmente os professores.

Todos estavam formados. Mais um ano terminara. O ultimo ano. Ultimo ano no colégio. No próximo ano, novas responsabilidades viriam. O primeiro emprego na área, a primeira prova. Sentiriam falta da escola. Talvez, aqueles anos serviram para muitas coisas, principalmente amadurecer, mudar.

Todos dançavam. Era sentida a áurea triste de formatura que aquele lugar estava. A nova fase se iniciava e nem todos estavam seguros disso.

- Quer dançar?

- Quem é você?

- Matthew. Sou um ano mais velho que você.

- Ah sim. Certo. Sou Thalia.

- É, eu sei. Vi seu discurso. Emocionante.

- Obrigada. Vamos dançar?

O menino a acompanhou até o centro e dançaram. Dançaram até cansar. Thalia sentia que deveria parar rapidamente e se afastar de Matthew, mas estava carente. Precisava de alguém, pelo menos um pouco.

- Hey, Thalia. Dá-me um beijo?

- Certo. – Thalia deu um beijo na bochecha de Matthew.

- Não! Na boca.

- Na boca não.

- Um beijinho só!

- Matthew, não!

Ela olhou para o lado e o encontrou a observando, com as mãos nos bolsos e uma perna encostada na parede. Ele estava sem expressão nenhuma, apenas os observava. O olhar de ambos se encontrou. Choques elétricos percorreram o corpo dos dois. Thalia se arrepiou.

- Escute, Matthew. Eu não vou te beijar. Não adianta me pedir. - Está claro? Ótimo. Melhor assim. – Ela se dirigiu para o outro lado do salão, sendo impedida por um puxão.

- Você não vai a lugar nenhum.

- Eu vou sim. Solte-me. Está machucando.

- Não vou te soltar. Vamos conversar.

- Me. Solte, Matthew! Está doendo. MATTHEW! – Thalia já estava atraindo muitos olhares, mas ninguém tinha coragem de chegar perto.

- Solta ela, idiota.

- Quem você pensa que é?

- Solta ela.

- Quem é você?

- Alguém mais importante que você. Agora solta.

- Não vou soltar.

- Vou precisar partir para a agressão?

- Nico, não. Por favor. – Thalia olhou suplicante para ele. Com a mão que estava livre, tocou no rosto do menino. Virou o braço do menino que a segurava e conseguiu se soltar.

- Muito bem. Não chegue mais perto dela. A menos que não tenha amor à sua vida.

Nico puxou Thalia pelo ombro, dando as costas para Matthew. Annabeth, que estava logo ao fundo, sorriu. Sorriu por saber que naquele momento, tudo se acertaria. Sabia que Thalia voltaria a sorrir do mesmo jeito de sempre.

- Você está bem?

- Estou. Obrigada. – Thalia disse, passando as mãos nos braços.

- Ele te machucou?

- Não. Quer dizer, só vai ficar vermelho. Mas depois vai melhorar.

Silêncio. Os dois estavam sentados nos banquinhos fora da escola. Um silêncio constrangedor estava nascendo. Era horrível e sufocante.

- Por que tudo ficou desse jeito?

- Tudo o quê?

- Você sabe, Nico. Nós.

- Thalia, pelo que eu me lembro, quem terminou foi você.

- Você não tinha mais tempo para mim. Você vivia com a loirinha azeda, que agora é sua namorada! Você ligava mais para a sua merda de faculdade de Biomedicina que parece ser mais importante para você do que qualquer coisa! Como pensou que eu me sentia? Que eu ficava sorrindo? Nico! Eu tenho sentimentos também. Dói também em mim! Pensa que eu não sinto saudade de você? Dos seus abraços? Dos seus beijos? Lembra-se da sua promessa? Que nunca me abandonaria? Agora você faz promessas e não cumpri? Foram apenas palavras?

- Não foram. Exatamente por isso eu vim aqui! Para te ver. Esperei a festa inteira para você falar comigo. E não veio, certo? Preferiu dançar com um maníaco adolescente a largar mão do orgulho e falar comigo.

- Eu pergunto! Por que você não veio falar comigo?

- Não sabia que você queria ouvir minha voz. Não sabia que você ainda me queria por perto.

- Eu quero. Eu te quero, Nico. Eu quero sentir seu abraço, de novo! Quero sentir seus beijos.

- Como esse? – Nico beijou Thalia. Um beijo de saudade. Um beijo que os dois corpos sentira saudades. Um beijo apaixonado.

- Sim. – Disse Thalia, parando de beijá-lo.

- Por que parou?

- Você tem namorada. Por mais que doa saber disso, eu tenho que aceitar.

- Eu tinha. Percebi que a garota que eu realmente amo estava nessa festa, se formando.

- Ah é? – Thalia sorriu. – E qual o nome dela?

- Annabeth. – Nico riu, sendo acompanhado pela menina ao seu lado. – Preciso dizer alguma coisa?

- Você sempre foi muito bom em agir. Não em falar.

Thalia beijou Nico. Aquele fantástico beijo que dão sempre em finais de filme? Não chega nem a uma minúscula parte deste. Esse beijo tinha saudade.  Tinha amor. Tinha um pedaço de tudo. E sem pensar que tudo isso aconteceu graças à outra festa.

- Eu te amo, Grace. Eu te amo. Amo mais que tudo que já existiu.

- Eu também, di Ângelo. Beija-me mais, entendeu?

E ficaram por um bom tempo se beijando. Precisavam matar toda essa saudade desse tempo que estavam afastados. Não apenas precisavam. Não apenas queriam. Era obrigação dos dois.

E quem escreveu que o amor não tem final feliz? O amor sempre tem final feliz. Sempre. Pode demorar o tempo que for. Mas sempre tem. A moral do amor é nunca desistir. Por que se desistir, você acaba enlouquecendo.