“Eu estou confusa, estranha, já não sei mais o que eu sinto direito. Parece que meus sentimentos estão misturados, estou com certo nervosismo, estou com medo, mas ao mesmo tempo estou tranquila, estou com um frio na barriga, não sinto fome, e tenho uma pessoa que não sai da minha cabeça. Talvez seja bobagem minha, talvez seja algum pressentimento, apesar de eu nunca ter tido um. Nem eu sei mais o que está se passando pela minha cabeça. Meus pensamentos estão bagunçados, parece que tem um peso sobre mim, mas eu não consigo descobrir onde ele está. Eu me sinto cansada, mas ao mesmo tempo, com certa disposição, eu me sinto mal, mas sobre outros assuntos eu me sinto incrivelmente bem. Eu tento escrever o que sinto, mas por maiores os textos, o que passa pela minha cabeça é inexplicável.”

Cheguei em casa na hora do jantar, tinha passado a tarde toda na casa da Beth só falei o essencial pra ela, mais ela sabia que tinha acontecido mais alguma coisa e mesmo sendo curiosa não me pressionou. Larguei a bolsa no sofá e fui direto pra cozinha.

“O que temos no jantar hoje?” perguntei dando um beijo estalado na bochecha de Bree que estava de costas pra mim.

“filé de frango com salada de batata.” Sorriu se gabando. “E de sobremesa, mousse de maracujá.”

“Você quer me ver gorda?”. perguntei bebendo água.

“Você tem que comer tá muito magrinha.” Me encarou.

“Não é minha culpa e você sabe disso”. Respondi também a encarando. “Tem alguém em casa?” pergunto olhando em volta.

“Seu pai tá no escritório e sua mãe está no quarto.” Respondeu se virando e voltando a cozinhar.

“Vou subir trocar de roupa e já desço.” Dei mais um beijo e saiu.

Enquanto voltava pra casa, refleti sobre tudo que aconteceu hoje e sobre aquele bolo de sentimentos que aquela menina causou em mim. Cheguei á conclusão de que tudo foi culpa do nervosismo de cantar sem ao menos saber, em minha opinião. E que amanhã ia ser tudo normal principalmente na presença dela então não precisava desse grilo todo. Estava chegando à porta do quarto quando minha mãe saiu do dela.

“Já estava preocupada Quinn!”. Pelo tom de voz ela estava irritada. “Onde esteve que não veio pra casa depois da escola?”

“Tava na casa da Beth.” Nem olhei, passei direto entrando no meu quarto. Achei que ela desistiria mais me enganei quando a vi parada na porta.

“E por que não avisou que iria pra lá? Temos telefone em casa Quinn poderia ter ligado!” Ela estava realmente irritada.

“Não achei que fosse necessário. Até por que ela mora do outro lado da rua.” Falei tirando os sapatos.

“É necessário Quinn, mesmo sendo do outro lado da rua você tem que nos dizer pra onde vai.” Respira fundo e continua. “Se acontece alguma coisa com você como vamos saber?”

“De um jeito ou de outro vai acontecer alguma coisa comigo, então não precisa se preocupar.” Falei tirando a roupa.

            “Como não me preocupar, sou sua mãe! E, por favor, não fale isso”. Dessa vez pela voz ela estava chateada.

Eu tava na minha mais essa mania que minha mãe e meu pai têm de agir como se não fosse acontecer nada me irrita.

“Por favor, digo eu pare de tampar o sol com a peneira! E não se preocupe que dá próxima vez avisarei, agora dá pra sair do meu quarto?” fui em direção a porta e esperei, ela me olhou mais uma vez e saiu chateada.

Não gostava de tratar minha mãe assim, mais era preciso. Fui tomar um banho chateada com o que aconteceu e depois de me vestir e secar o meu cabelo desci pra jantar. Meu pai tava na sala lendo jornal na sua poltrona enquanto minha mãe ajudava Bree.

“Boa noite.” Falei dando um beijo nele e me sentando do seu lado.

“Boa noite.” Disse tirando o jornal do rosto e me olhando com uma expressão séria. Minha mãe já ter comentado pra ele. “Sua mãe me falou que você saiu sem avisar.” Acertei.

“Me desculpe, não vai acontecer de novo.” Não queria mais brigar minha cabeça já estava uma confusão.

“Tudo bem. Mais você tem que entender que essa sua atitude nos magoa muito.” Ele não tava falando de sair sem avisar, eu tenho certeza.

“Que atitude?” Eu precisava ter certeza.

“O jantar tá na mesa.” Minha mãe falou fazendo com que meu pai se levantasse e fosse pra mesa. Foi melhor assim, se ele começasse com o discurso de sempre acabaríamos brigando e minha cabeça tava muito cheio pra isso. Jantamos no mesmo silêncio de sempre, sendo quebrado às vezes pelo meu pai que tentava puxar conversa, quando acabei me retirei dando uma boa noite e nada mais. Tinha que ta preparada pra amanhã, não poderia deixar que as mesmas emoções invadissem minha cabeça. Pelo menos quando deitei a cabeça no travesseiro Morféu não demorou a vir.

Acordei no outro dia bem, de certa maneira, mesmo tendo sonhado o tempo todo com a morena. Eu acho que hoje meu dia será normal eu espero. Quando desci pra tomar café da manhã me assustei com o que vi, Santana na mesa com a minha mãe, rindo de alguma coisa. O que ela tá fazendo aqui?

“O que você tá fazendo aqui?” tive que perguntar.

“Quinn deixe de ser mal educada e dê bom dia primeiro.” Minha mãe falou.

Revirei os olhos e disse “Bom dia.”

“Bom dia.” Ela disse comendo um pedaço do meu bacon. “Vim te buscar pra irmos pra escola.” Falou como se fosse à coisa mais óbvia do mundo.

Queria perguntar o porquê disso tudo mais minha mãe não deixou.

“Senta aqui querida.” Disse apontando pra cadeira em frente a Santana. Enquanto comia as duas conversavam como se eu não estivesse aqui.

“Então, vamos embora?”. perguntei me levantando. Era como se eu não estivesse ali.

“Quinn deixa a Santana terminar de comer.” Minha mãe disse.

“Não tudo bem, a gente tem que ir mesmo.” Santana falou se levantando em seguida. Deu beijo na minha que a fez prometer não sumir de novo, no que respondeu que isso dependia de mim. Chegando ao carro fui logo falando.

“Por que veio me buscar?” ela me olhou um segundo pra depois virar pra estrada.

“Achei que gostaria.” E ela acha que me engana.

“Pois não precisa, você mora do outro lado.” Falei olhando pela janela.

“Não tem problema, a propósito você devia ter ido à reunião.” Querendo mudar de assunto.

“Já tinha combinado com a Beth.” Falei sem olhar pra ela. Quando percebi já tínhamos chegado.

“Até que os esquisitos são legais, principalmente a Rachel que canta muito bem.” Falou se dirigindo pro estacionamento.

“Quem é Rachel?” Tinha a impressão que sabia de quem se tratava.

“Ela é Rachel.” Apontou pra janela do meu lado e o que vi fez meu coração disparar. A morena que esteve à noite toda nos meus sonhos estava do outro lado com Brittany, vindo em nossa direção.