Chrono Crusade - After Heaven escrita por Mirytie


Capítulo 31
Capítulo 31 - Traição


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Trancada na loja de Trugy, Rosette ainda não tinha obtido nenhuma explicação, mas as pingas de sangue começavam a cair das feridas dos seus pulsos.

– Queres mudar as ligaduras, enquanto pensas num sítio onde possamos ficar? – perguntou Trugy – Os “cães” da Ordem já devem andar à tua procura e eu tenho uma pomada que vai ajudar o sangue a estagnar mais.

Rosette encolheu os ombros e começou a tirar as ligaduras ensopadas de sangue.

– Tens álcool? – perguntou Rosette, quando Trugy lhe passou umas ligaduras pretas. Ela anuiu com a cabeça e entrou nas traseiras da loja, enquanto Rosette enrolava as ligaduras em volta das feridas, rapidamente.

Quando perdeu Trugy de vista, virou-se, destrancou a porta, abriu-a e saiu da loja a correr, em direcção ao hospital. Não podia deixar o irmão sozinho, afinal. Outra vez não. Quando viu que os demónios já não a evitavam, apercebeu-se de que as ligaduras negras deviam bloquear o efeito das feridas. Levou inconscientemente a mão aonde guardava as armas mas depois lembrou-se que ainda estava com a bata do hospital. Rangeu os dentes e começou a combater os demónios directamente.

O básico era saltar e retirar os cornos, mas tinha de se desviar de alguns que viu que não conseguiria derrotar daquela maneira. Quando viu o hospital, sorriu e começou a correr mais depressa até sentir duas pontadas nos pés que a fizeram parar. Tentou mover-se mas não conseguiu, o que se tornou um problema, quando os demónios começaram a aproximar-se dela.

No entanto, quando todos desapareceram como se fossem pó, Rosette soube imediatamente quem tinha feito aquilo, mesmo antes de Trugy ter aparecido, como um fantasma à sua frente. A expressão dela transmitia que Rosette devia ficar calada.

– Querida “Santa”, onde é que pensava que estava a ir? – perguntou Trugy com as sobrancelhas franzidas – Pensa que não estou a tentar ajudá-la? Ou que não notaria a falta da sua presença?

– Trugy, eu tenho a certeza que estás a tentar ajudar-me. – disse Rosette, com todo o cuidado – Mas eu não posso deixar o meu irmão sozinho, outra vez.

Trugy pousou uma mão no ombro de Rosette e teletransportou-se de novo para a sua loja. Trancou a porta e voltou a olhar para Rosette.

– O teu irmão está perfeitamente bem. – disse Trugy, ajoelhando-se para ver as ligaduras dos pés – Tu não estás. A Ordem está a tentar usar-te como uma arma. Eles querem fechar-te num quarto até a quinta marca aparecer. Depois vão fazer o despertar e transformar-te numa máquina. Eu ouvi a conversa do Remington com a Cede.

Rosette ficou chocada. Primeiro, por Trugy ter ouvido algo de tão longe. Segundo, por o Padre ter aceitado uma coisa daquelas.

– Isso quer dizer que também vão usar os apóstolos? – perguntou Rosette, preocupando-se com Joshua e Azmaria.

– Porque é que achas que andam à procura deles? – perguntou Trugy, lembrando a Rosette o que o doutor tinha dito sobre os outros andarem à procura dos restantes apóstolos – Mas, se eles não te tiverem a ti, não podem fazer nada. Percebeste? Neste momento, deves preocupar-te com a Ordem.

– E quanto ao Chrno? – continuou Rosette – Ele deve andar à minha procura.

Trugy calou-se porque sabia que ele tinha sido “detido” por Maria Madalena, no hospital, e não sabia quem ele escolheria. Era melhor não lhe dizer que Chrno podia tê-la deixado para trás…tal como tinha deixado para traz o seu pai.

– O Chrno tem outras coisas com que se preocupar. – disse Trugy, desviando-se da pergunta – O Aion anda atrás dele e, agora que não estou lá, ele não tem motivos para ficar quieto, a olhar.

– Esse é outro motivo para irmos para lá! – exclamou Rosette, vendo Trugy a levantar-se – Se o Aion apanha o Chrno…

Trugy sorriu.

– O Chrno é mais forte do que o Aion e pensa que foi o Aion que te raptou. – disse Trugy, como se quisesse ver o que ia acontecer – O que é que achas que ele vai fazer se o vir?

Rosette pensou um bocado e lembrou-se outra vez que Chrno já não precisava do seu relógio para usar o seu poder. Isso queria dizer que podia 0 a 100 num segundo.

– Como aconteceu no Pandemonium. – disse Trugy, como se conseguisse ler a mente de Rosette – Como se não fosse ele próprio. Um monstro. Bem, mas, no final de contas, ele É um demónio.

– O teu pai também era um demónio! – exclamou Rosette.

Trugy sorriu outra vez, fazendo com que Rosette duvidasse se ainda estava do lado dela. – O meu pai era um anjo caído.

Depois de verificar as ligaduras dos pulsos de Rosette, Trugy trincou o próprio dedo e levantou as franjas de Rosette.

– Isto vai impedir que a quinta chaga apareça. – disse Trugy, enquanto desenhava cruzes viradas para baixo nas testa dela, com o próprio sangue e, por fim uma estrela octogonal, também reversas – Mas isto é só temporário. Com o tempo, a quinta chaga vai aparecer. Temos de descobrir uma solução para que isso não aconteça, entretanto. Por enquanto, porque é que não revelas um lugar aonde possamos ficar, para trocares de roupa.

Rosette lembrou-se imediatamente do Convento, mas não podia ir para um sítio onde estariam com certeza à procura dela. Depois lembrou-se da sua casa e disse isso a Trugy.

– Alguém da Ordem sabe onde é que tu vives? – perguntou Trugy.

– Acho que o Padre Remington sabe. – respondeu Rosette, depois de pensar um bocado – Mas ele já deve ter ido embora, depois de falar com os meus pais.

– Vamos lá confirmar. – concordou Trugy – Nunca mais tentes fugir de mim. Agora sabes que não consegues.

Trugy ficaria surpreendida de quem Rosette já tinha escapado.

Entretanto, no hospital, Madalena continuava abraçada a Chrno, atraindo alguns olhares. Não tantos quanto teria atraído no tempo de Madalena, claro.

No entanto, aqueles poucos que sabiam que ela era Maria de Magdala, ficaram chocados com a visão. Mas claro que não culparam a anterior “Santa”. A Santa era pura. Provavelmente tinha sido o demónio a tentá-la.

Para muitos, Madalena ainda era A Santa, porque ela tinha aceitado os poderes e feito tudo o que a Ordem lhe pedira. Infelizmente, a quinta marca não aparecera antes de ela morrer, por isso, alguns diziam que a Ordem tinha-se “contentado” com Rosette, apesar de ela não ser tão “perfeita” como Madalena era. Por amor de Deus, até usava armas. Uma Santa não devia ser uma exorcista. Devia ser cuidada como uma boneca de porcelana.

Rosette não era nada disso.

– Madalena. – murmurou Chrno. Não queria fazer uma cena e puxá-la para longe, por isso estava a tentar levar aquilo com calma. Mas queria ir atrás de Rosette – Podes largar-me?

– Tu vais atrás dela. – disse Madalena, encostando ainda mais – Ela é uma exorcista. Ela consegue safar-se sozinha. Mas, se tu fores, podes ser atacado por demónios. Desta vez, vamos…

Chrno soltou os braços dela com toda a gentileza possível. Depois virou-se, abanou a cabeça e dirigiu-se para a saída do hospital, deixando Madalena para trás.

Miserável, ela sentou-se numa das cadeiras da sala-de-espera.

Ao ver isso, enquanto passava por lá à procura de Rosette, Remington aproximou-se e sentou-se na cadeira ao lado dela.

– O que é que se passa? – perguntou Remington – Onde é que está o Chrno?

– Ele foi à procura da Rosette. – disse Madalena, mas Remington não disse nada, como se já estivesse à espera que aquilo acontecesse. Ela olhou para ele – Como é essa Rosette? É parecida comigo?

– Oh, não. – Remington riu-se, surpreendo Madalena – Pode-se dizer que ela era o teu oposto. Ela estava sempre a destruir coisas quando ia em missões. Um dia ficou sem carro. Noutro destruiu um comboio inteiro só a lutar contra um demónio…um comboio inteiro. – ele começou às gargalhadas – Ela ficou sem roupas e teriam de ir a pé até São Francisco se não fosse a Satella. Mas ela preocupava-se com toda a gente e fazia coisas ridículas e, às vezes perigosas, para as ver sorrir. No fim, não foi o Chrno que a matou. Foi a sua vontade de fazer as pessoas sorrirem.

– E o Chrno? – perguntou Madalena, com as lágrimas nos olhos.

– Eu já o tinha visto quando ele te raptou. – respondeu Remington – Mas só o conheci de verdade, depois da Rosette fazer o contrato com ele. Ela tinha cerca de doze anos. Ouvi dizer que antes disso, o Joshua e a Rosette escapuliam-se do orfanato para passarem tempo com o Chrno. Depois de serem acolhidos pela Ordem, o Chrno andava sempre atrás da Rosette. Acho que ela tinha fraquinho por mim quando tinha dezasseis anos, mas sabia que ela na verdade de Chrno. Nessa altura, o coração do Chrno já era dela, mesmo sem ela saber. Era divertido tê-los por perto. Ficaram todos preocupados quando eles desapareceram e de luto durante muito tempo quando descobriram que eles tinham morrido. Principalmente a Azmaria e a Irmã Kate.

– A Irmã Kate? – perguntou Madalena.

– A Irmã Superior da altura. – respondeu Remington – Elas andavam sempre a discutir, mas a Irmã Kate tomava-a como uma espécie de filha, depois de ela ter ido tão nova para a Ordem.

– Toda a gente gostava dela. – disse Madalena, numa voz sombria.

– Até o Aion. – disse Remington, agora mais tristemente – Eu sei que achas que estás apaixonada por ele. Mas será verdade? Não estarás apenas a fazer isso porque a única memória que te pertencia era a de Chrno?

Madalena franziu as sobrancelhas. Tinha a certeza de que estava apaixonada por ele. Mas agora ele parecia estar apaixo…gostava daquela rapariga desajeitada. Rosette estava no caminho. Mas o que é que ela podia fazer?

Rosette e Trugy estavam escondidas atrás de uma árvore, a olhar para os seladores que rodeavam a casa de Rosette.

– Podíamos entrar pela janela. – sugeriu Trugy.

– Não podes pôr-nos lá dentro num piscar de olhos? – perguntou Rosette.

– Nunca estive lá dentro. – explicou Trugy – Podemos acabar numa sala completamente diferente, ou até mesmo no quintal, onde seriamos automaticamente apenhadas pelos “cães” da Ordem.

Rosette anuiu com a cabeça e começaram a esgueirar-se por aqui e por ali até chegarem às traseiras onde começaram a subir, até chegarem ao quarto de Rosette. Ela abriu a janela silenciosamente e ficaram contentes por a janela não estar trancada.

Rosette mudou rapidamente de roupa, enquanto Trugy vigiava a porta e Rosette pegou nalgumas armas suplentes que tinha debaixo da cama.

– Podemos ir. – murmurou Rosette, fazendo Trugy olhar para trás.

– Temos de te comprar roupa mais actualizada. – disse Trugy com um sorriso.

– Não está na hora de fazer piadas ou fazer pouco de mim. – resmungou Rosette – Qual é o próximo passo?

Trugy olhou pela janela e suspirou.

– O próximo passo é evitá-lo. – disse Trugy.

Rosette olhou para baixo e viu Chrno, claramente a olhar para ela, sem se preocupar com os seladores que olhavam para ele, desconfiadamente.

– O que é que ele está aqui a fazer? – perguntou Rosette.

– O que é que achas que ele está aqui a fazer? – respondeu Trugy, como se o Q.I. de Rosette estivesse abaixo de zero – Temos de lhe explicar a situação. Neste momento, eu acho que ele quer-te levar de volta para o hospital. Nós queremos evitar isso.

Rosette anuiu com a cabeça e preparou-se para descer, até Trugy a puxar para dentro outra vez. Rosette olhou para ela e depois para baixo. Só então viu Madalena, seguida por Remington e mais dois exorcistas. Rosette tinha a certeza de que Remington já tinha ido ali por isso, porque é que ele estava ali outra vez?

– Ela está ali! – gritou Madalena, chamando a atenção dos seladores e de Chrno.

Chrno franziu as sobrancelhas, confuso com toda a situação. Mesmo assim, abriu as asas e voou até à janela do quarto de Rosette.

– O que é que se passa? – perguntou Chrno, enquanto os exorcistas e os seladores apressavam-se a entrar na casa dela.

– Não temos tempo para explicar. – disse Trugy – Leva-a para um sitio onde a Ordem não a consiga encontrar, por enquanto. Eu vou ter convosco não tarda nada.

Chrno anuiu com a cabeça, pegou na Rosette e olhou uma última vez para Madalena antes de voar para longe.

O que é que se estava a passar?


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Notas finais do capítulo

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