Chrono Crusade - After Heaven escrita por Mirytie


Capítulo 22
Capítulo 22 - Podes treinar-me?


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/172865/chapter/22

Depois de ter saído da Ordem, Chrno sentou-se ao lado do avião onde tinham viajado e suspirou.

Tinha-se esquecido completamente da barreira que havia à volta do edifício e de que não poderia entrar sem que alguém a desactivasse. Isso queria dizer que ele teria de passar ali a noite.

E o que é que se estava a passar com a Rosette. A corar quando olhava para ele e a ficar chateada só porque ele falava com algumas freiras…nunca a tinha visto assim. Devia ficar chateado ou ir pedir desculpa?

- Chrno.

Ele olhou para cima e viu Azmaria a sorrir. – O que é que se passa, Azmaria?

- A Rosette pediu-me para vir ver como é que estavas. – respondeu Azmaria, sentando-se ao lado de Chrno.

- Então ela ainda está chateada. – murmurou Chrno.

- Não parecia chateada. – disse Azmaria.

- Não te sentes frustrada, Az? – perguntou Chrno, olhando para ela.

- Como assim? – perguntou Azmaria, confusa.

- Bem, nós voltamos como morremos. – explicou Chrno – Mas tu já tinhas 21 anos quando morreste. No entanto, voltaste com o teu corpo de 12 anos.

- É verdade que é um bocado confuso. – confessou Azmaria – Mas também seria confuso estar convosco no meu corpo de 21 anos, certo? No fim, estou simplesmente contente por estarmos todos juntos outra vez.

- A Rosette parece estar frustrada por eu estar na minha forma adulta. – revelou Chrno – Foi por isso que tivemos a discussão que me trouxe até aqui.

- Mas não podes fazer nada quanto a isso. – disse Azmaria, abanando a cabeça – Até acho que é melhor assim. Desta maneira, não precisas de tirar vida à Rosette para sobreviver nem para te transformares.

- Mas ela não parece confortável em ter-me como companheiro. – disse Chrno, levantando-se – De qualquer maneira, devias ir deitar-te. Amanhã vamos começar a procurar a Satella. Temos de estar concentrados.

Azmaria levantou-se e anuiu com a cabeça. – Tenho a certeza que a Rosette vai habituar-se rapidamente. Ela sabe que a culpa não é tua.

Mesmo que soubesse, pensou Chrno enquanto se despedia de Azmaria, isso não queria dizer que ela quisesse um companheiro como ele.

- Porque é que ele saiu? – perguntou Juliet, quando Rosette lhe pediu para desactivar a barreire, outra vez – Nós não podemos estar a desactiva-la com tanta frequência. Também deviam exorciza-lo como deve ser. Poupava-vos bastante trabalho.

- Bem, nós estamos a preparar tudo. – mentiu Rosette – Mas o demónio que o possuiu é bastante poderoso e, mesmo depois de o termos eliminado, ainda restou alguma energia dentro do corpo do…Bobby.

Rosette abanou a cabeça. Porque é que Chrno tinha escolhido o nome do selador que o tinha matado?

- Só vou fazer isto mais uma vez. – avisou Juliet – É melhor que ele fique cá dentro se quer estar em segurança.

- Eu vou dizer-lhe isso. – prometeu Rosette, enquanto a via desactivar a barreira – Nós vamos partir amanhã. Entretanto, será que eu e o meu parceiro podíamos participar no treino dos exorcistas?

- Pensei que eram seladores. – disse Juliet, olhando para Rosette.

- E somos. – disse Rosette – Mas…se tivermos algumas experiência noutras áreas…

- Já percebi. Os treinos são executados no pátio. Começam daqui a meia hora. Tu e o teu companheiro podem ir preparando-se. – concordou Juliet – Agora, vai buscar o teu companheiro.

Rosette anuiu e saiu. Encontrou Chrno cinco minutos depois, encostado ao avião a dormir.

Era impossível que ela tivesse ciúmes dele, não era?, pensou ela, enquanto pensava numa maneira de o acordar.

- O que é que estás a fazer? – perguntou Chrno, abrindo os olhos – Porque é que estás aí parada a olhar para mim? Tenho alguma coisa na cara?

- Não! – exclamou Rosette, desviando os olhos – Estava à espera que acordasses.

- Podias ter-me acordado. – disse Chrno, levantando-se.

Se soubesse como acordá-lo, pensou ela, acompanhando-o para dentro da Ordem.

Depois de explicar a Chrno que ficariam mais um dia na Ordem para treinar, dirigiram-se à sala de preparações, onde se encontravam vários tipos de armas.

- Agora que penso nisso, tu nunca usaste uma pistola. – disse Rosette, olhando para Chrno – Queres aprender?

- Nunca precisei de usá-las. – Chrno encolheu os ombros – O Padre Remington deu-me uma espada para lutar contra demónios. No entanto, enquanto pratico contigo, posso usar técnicas “corpo-a-corpo”.

- Vai servir, por enquanto. – concordou Rosette, pegando nalgumas armas. Tinha as suas, é claro. Mas os seladores não usavam armas normalmente, como Bobby já lhe tinha dito. Se eles soubessem que ela tinha armas, iriam desconfiar – Também tens de habituar-te a esse corpo sem recorreres à tua forma demoníaca.

Depois de pedir a Azmaria que fosse treinar com os seladores para melhorar as suas habilidades, Chrno e Rosette dirigiram-se para o pátio, onde vários exorcistas posicionavam-se para o começo dos treinos.

- Prestem atenção! – exclamou um homem, aparecendo no meio do quintal – Espero que levem o treino mais a sério, hoje! Ontem foi um desastre total!

- Deve ser algum tipo de treinador ou professor. – murmurou Chrno para Rosette.

- A sério? – sussurrou Rosette – Eu pensei que depois dos exorcistas passarem nos testes, não tinham de ter mais “aulas”.

- As coisas podem estar diferentes, agora. – concluiu Chrno, já que o homem estava a olhar para si.

- Vocês são os novatos, certo? – perguntou o homem de cabelo e barba preta. Não se parecia nada com o amável Padre Remington que a tinha treinado desde pequena – Já têm as vossas armas? – ele olhou para Rosette, que estava totalmente armada e depois para Chrno – Pareces estar a brincar, rapaz. Onde é que estão as tuas armas?

- Eu não uso armas. Especializei-me em combates “corpo-a-corpo”. – respondeu Chrno, ouvindo os risos dos exorcistas à sua volta.

- É verdade! – exclamou Rosette, chateada com a atitude dos exorcistas da Ordem – Ele é bom no que faz!

- Se estão tão confiantes, porque é que não fazem uma demonstração? – sugeriu o treinador, apontando para a pequena arena móvel no centro do pátio – Normalmente só deixo os mais fortes lutarem ali, mas vocês parecem bem confiantes.

Rosette encolheu os ombros e olhou para Chrno para obter confirmação. Quando o viu a encolher os ombros também, olhou para o treinador.

- Quais são as regras? – perguntou Rosette.

- Vão lutar um contra o outro. – começou o homem – Quando um vocês cair da plataforma para o relvado, perde. Quem perder, vai ficar aqui até à noite a fazer elevações.

Entusiasmados pelo confronto, os restantes exorcistas posicionaram-se à volta da plataforma redonda que era apenas um pouco mais larga do que o comprimento da sua cama no Convento.

- Dá tudo o que tens. – pediu Rosette a Chrno – Vamos mostrar-lhes do que é que somos capazes.

E assim a luta começou.

Apesar de ser difícil lutar num espaço tão pequeno, os “awww”s que ouviam da assistência provavam que eles não estavam a dar um mau espectáculo. Aliás, Rosette tinha tanta confiança no que estava a fazer, que disparou algumas balas e, tal como esperado Chrno desviou-se delas com um à-vontade impressionante.

Quando ele a deitou ao chão, ela limitou-se a empurra-lo com as pernas e a levantar-se de novo. No entanto, não contou com o corpo destreinado de Claire e escorregou quando perdeu a força nas pernas.

Estava prestes a cair no relvado quando Chrno agarrou-a e puxou-a até ela estar de pé.

- Parem! – ordenou o treinador, aproximando-se da plataforma – Eu disse que tinham de lutar um contra o outro, até um de vocês cair! Porque é que a ajudaste!?

- Nós somos parceiros. – lembrou Chrno, olhando para Rosette.

- Ele tem razão. – concordou Rosette – Que tipo de companheiros seriamos se deixássemos um cair sem o tentarmos ajudar.

- Se um morre, o outro morre. – disse Chrno, vendo Rosette a olhar para ele e a sorrir.

Gill – o treinador – pensou no que eles tinham dito e olhou para os alunos.

- Estão a ver! – exclamou ele – Aquilo é verdadeiro companheirismo! Não são como vocês que viram as costas aos vossos companheiros para se livrarem de algumas elevações! – Gil olhou para Rosette e Chrno – Vocês lutaram muito bem, apesar de serem apenas seladores. Aliás, lutaram melhor do que a maior parte dos exorcistas que tenho aqui. Se não se importarem, gostaria que lutassem com alguns dos alunos.

Foi assim que passaram a manhã.

- Deviam estar envergonhados! – gritou Gil, virando-se para os alunos, que tinham sido todos derrotados por Chrno e Rosette – Serem derrotados por seladores!

- Eu quero tentar.

O rapaz que se aproximou de Gil não devia ser muito mais velho que Rosette. A rapariga que vinha atrás dele devia rondar a idade de Azmaria. Ao contrário do rapaz que trazia a vestimenta de exorcista, a menina trazia o símbolo dos seladores, costurado à farda de exorcista.

Apesar de normalmente ser violento com toda a gente, limitou-se a suspirar quando viu o rapaz de olhos azuis e a rapariga com cabelo branco.

- Claire, Bobby, este é o Hector e a nossa melhor aluna, Zalia. – apresentou Gil – E não, Hector. Vocês não vão lutar agora. Está na hora do almoço. Se não estivesses sempre a chegar tarde, já terias lutado com eles.

- Então podemos lutar à tarde? – perguntou Hector.

- Sim, podem. – concordou Gil – Agora, dispersem! Têm 20 minutos para comer!

- Hei! E a Zalia não é a melhor aluna! – protestou Hector – Eu sou tão forte quanto ela!

- Quando a derrotares, podes dizer isso. – disse Gil, virando costas – Entretanto, porque é que não te contentas com o segundo lugar?

Apesar de Gil garantir que Zalia era a mais forte, ela limitou-se a olhar para o chão com uma expressão de medo quando Hector olhou para ela de lado.

Rosette teve pena dela.

Apesar de ter dito que só lhes dava 20 minutos para comer e apesar de eles já estarem prontos para voltar aos exercícios, Gil decidiu dar-lhe mais 10 minutos para descansarem e para “Claire” e “Bobby” socializarem.

No entanto, os restantes exorcistas pareciam ignorá-los, depois das constantes derrotas.

Só Hector e Zalia aproximaram-se e não foi por razões amigáveis.

- Sabem que vão perder, certo? – perguntou Hector – Porque é que não se limitam a fugir com o rabo entre as pernas?

- Huuuuuuuuuuuuh!? – Rosette levantou-se do chão, onde tinha estado sentada com Chrno a falar – Podes repetir? Eu não percebi! – quando Hector o fez, Rosette agarrou-o pela cabeça e deitou-o ao chão – E agora, o que é que dizes!?

E começaram os dois a lutar, enquanto Chrno sorria. Claro que Rosette não estava a lutar a sério, por isso ele não estava preocupado. Ela tinha a mesma relação com Satella no passado.

- Peço desculpa pelo meu companheiro. – disse Zalia, sentando-se ao lado de Chrno – Ele pode ser um pouco energético demais, de vez em quando.

- Não faz mal. – garantiu Chrno – A Claire também não é a pessoa mais calma do mundo.

- Peço desculpa por dizer isto mas… - a muito custo, Zalia tirou os olhos do chão e olhou para Chrno - …tu és um demónio, certo?

- Huh?

- Eu consigo senti-lo. A tua aura é diferente de um humano normal. – Zalia levou o indicador ao olho e tirou a lente de contacto azul que escondia a sua íris amarela – Não faz mal, eu também sou parte demónio.

- O quê!? – Chrno mal conseguia falar – E eles deixam-te ficar aqui!?

- Sim, porque o meu pai era um dos seladores mais famosos da Ordem e ele treinou-me desde pequena. Ele era metade demónio e ensinou-me a esconder a minha presença. – explicou Zalia, voltando a colocar a lente de contacto – Ninguém sabia o que o meu pai era e, apesar de terem descoberto quando ele morreu, não me expulsaram. A minha mãe morreu quando eu nasci. Ela era uma humana normal.

- O teu pai era metade demónio. Isso quer dizer…

- O meu avô era um demónio. – interrompeu Zalia, anuindo com a cabeça – A minha avó era uma exorcista desta mesma Ordem. Ela também morreu quando o meu pai nasceu. Parece que os humanos não conseguem dar à luz bebés com forças demoníacas. – ela suspirou – Mas eu não estou autorizada a usar tais poderes, nem sei como fazê-lo. Por isso, ninguém tem medo de mim.

Apesar de ninguém se aproximar dela, pensou Chrno. Podiam não ter medo, mas não deviam querer ter nada a ver com um demónio.

- Também não uso os meus poderes enquanto estou a lutar. Não é por isso que sou a melhor. – garantiu Zalia – Mas tu és um demónio completo. Como é que conseguiste entrar aqui?

- Ninguém sabe disso para além das pessoas com quem vim. – explicou Chrno.

- A tua parceira parece confiar em ti. – disse Zalia – Ela não tem medo de ti, apesar de seres um demónio completo?

- Ela já me conhece há muito tempo. – respondeu Chrno, lembrando-se da primeira vez que a tinha encontrado – Por estranho que pareça, acho que ela nunca teve medo de mim.

- Podes lutar comigo na tua forma demoníaca? – pediu Zalia, chocando Chrno – Podes ensinar-me a usar os meus poderes?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários?