–O que você quer aqui? – Disse friamente, andei até a sala deixando a porta aberta pra ele entrar.

–Eu preciso falar com você...Mel, eu não consigo mais ficar longe de você. – Ele sussurrou se aproximando de mim. Botei a mão em seu abdômen para pará-lo, revirei os olhos e sorri ironicamente.

–Não me diga! – Ele revirou os olhos mas não se moveu.

–É sério...eu sei que fui um idiota e...

–Que bom que você sabe. – Me afastei.

–Vamos começar de novo? A gente já brigou demais Mel. – Justin disse triste.

–Olha se você veio aqui pra me dizer o obvio, é melhor ir embora! – Falei abrindo a porta e indicando pra que ele saísse, mas ele não se moveu. O ruim de dar foras no Justin é que ele não ligava e continuava tentando, isso irritava.

–Eu não tenho mais nada com a Selena. Ela não é nada pra mim. – Disse Justin calmo.

–É claro que ela não é...qual é a próxima que você vai fazer de boba? – O encarei.

–Eu não fiz ela de boba...aquilo foi uma fraqueza. Sabe...coisa de momento. Eu não amo mais ela, mas ela não entende. Eu descobri que o carro dela não tinha estragado depois que você foi embora. Ela mentiu e se aproveitou disso. – Justin já tava irritado, mas consigo mesmo.

–Isso não importa. Não importa quem você ama ou deixa de amar. Não importa se a Selena é uma mentirosa, e eu já até sabia que aquela história era tudo mentira. – Falei também aumentando a voz.

–Então? Porque é que você ta assim se nada importa? Eu realmente não te entendo. Essa sua criancice já ta irritando Melody. – Justin disse irritado.

–Criancice? – Eu ri. – Então porque você insiste em correr atrás de uma imatura que nem eu? – Disse me aproximando. – Vai ver que você é muito adulto mesmo. E eu não tenho culpa se você ta tão... – Quando me dei por conta Justin já tinha me tomado em seus braços. E me beijou. Tentei empurrá-lo mas nada feito. Resolvi não retribuir o beijo, fiquei intacta. Justin percebeu que eu nada fazia e se afastou. Uni todas as minhas forças e toda a raiva que eu tinha e dei um tapa em seu rosto.

–Nunca, escuta bem, NUNCA mais encosta um dedo em mim. Entendeu? – Falei apontando pro seu rosto. Ele não se moveu.

–Vai embora, agora! – Gritei com raiva. Ele ficou parado, mas depois se levantou e foi até a porta. Virou-se mais uma vez pra mim e depois foi embora. Corri até a porta e a bati com toda a minha força. Deslizei sobre ela e comecei a chorar. Aquele garoto não sabia com quem tava mexendo, ele não sabia quem era a Melody Braun.

–Mel? – Carin bateu na porta, já era a terceira vez. Resolvi abrir. Levantei-me da cama e destranquei a porta.

–O que é? – Disse de cara feia.

–Ta tudo bem? – Ela disse carinhosamente.

–Não. – Segui para minha cama e me sentei. Carin entrou no quarto e fechou a porta. Se sentou do meu lado e pegou minha mão.

–Não quer me contar o que aconteceu? – Carin me olhou e eu não podia descontar nela a Raiva que eu tava sentindo do Justin.

–É sobre o Justin. – Ela me induziu a continuar. Contei toda a história, do fim ao começo. Carin ouviu atentamente e depois disse sua opinião.

–Você quer ouvir a verdade ou quer que eu fiquei quieta? – Disse Carin, eu ri e fiquei com a segunda opção.

–A segunda me parece uma boa.

–Okay! Não vou falar nada. Mas Melody, Justin ta passando por uma fase difícil. Ele terminou com a namorada, não consegue ter uma vida normal, tem o mundo interferindo na vida dele, tem que servir de influencia pros fãs e ainda trabalha dia e noite. É difícil pra ele. E agora ter brigado com a melhor amiga e sabendo que agiu como um idiota o deixa irritado. Ele é só um garoto normal de 17 anos que está com seus hormônios a flor da pele, e a menos que ele consiga sair desse lugar sem saída, ele vai continuar agindo assim. – Eu assenti, mas ele não podia ter me agarrado a força, e isso eu não tolerava. Carin levantou-se e foi até a porta.

–Espera! Carin? – Perguntei. Ela se virou pra mim.

–Sim?

–O que você quer dizer com “lugar sem saída”? – Carin sorriu.

–Se você me contou tudo certo e eu entendi bem. Você está prestes a descobrir o porque. E é a única que pode ajudá-lo e impedir que ele faça uma bobagem. – Carin saiu e fechou a porta. Me deixando ainda mais confusa com essa resposta.

–Melody? Ta pronta filha? – Gritou Scooter la de baixo. Peguei minhas mochilas e desci. Hoje a turnê voltava, e nós íamos a Paris. Todo mundo já tava la embaixo incluindo o...incluindo o Justin. Desci as escadas lentamente, e me lembrei do dia em que meu pai veio me buscar em Phoenix. Eu descia as escadas da mesma forma. Ri da lembrança, dizer que as coisas mudaram desde aquele dia. Olhei todos que estavam ali. Carin, Papai, Kenny, Alfredo, Pattie e...Justin.

–Deixa que eu te ajudo querida! – Disse Scooter pegando minhas malas, ri de novo lembrando do fora que dei nele naquela vez.

–Acho que peguei tudo. – Disse conferindo mentalmente.

–Só não esqueça dos casacos! – Disse Pattie, eu ri.

–Pode deixar que minha morte não vai ser de frio tia Pattie. – Sorri.

–Agora vamos, antes que a gente perca o vôo. – Disse Scooter.

Passei pelo Justin e ele segurou meu braço levemente.

–Mel. – Ele falou suspirando. – Eu...

–Olha...tenta manter no mínimo uns 500 metros longe de mim okay? – O interrompi e segui até o carro.

Seguimos para o aeroporto e pegamos o avião. A viagem até Paris foi tranqüila. Nós brincamos muito, apesar de eu tentar manter distância do Justin, ele não deixava. Sabia que esses quase dois meses pela frente seriam difíceis agüentar o Justin, mas ele não ia estragar minhas férias.

Vi Scooter com um violão na mão no fundo do avião particular. Scooter havia me ensinado a tocar violão quando eu tinha mais ou menos uns 6 anos. Ele disse que eu tinha futuro e que eu cantava bem. Depois que ele foi embora, nunca mais quis saber de um violão na vida. Apesar de eu nunca tocar no assunto, eu me sentia mal por não ter continuado a tocar.

–Wow! – Disse Scooter tirando-me de meus devaneios. Voltei minha atenção a ele.

–Oi! – Sorri e ele deu espaço pra eu sentar ao seu lado.

–Se lembra? – Ele disse mostrando o violão. Assenti com a cabeça.

–Nunca mais pensou em voltar a tocar? – Ele me olhou.

–Já. – O olhei.

–E se você tentasse agora? – Sugeriu-me Scooter.

–Eu não sei se posso...to meia enferrujada. – Eu ri.

–Melody! Você sempre tocou muito bem! Suas mãos...é como se elas flutuassem pelas cordas...Tenta! – Ele entregou-me o violão. Peguei-o e comecei a tocar. De inicio, errei algumas notas. Mas depois peguei o jeito de novo e era como se...eu nunca tivesse parado. Sempre amei a música, e amava tocar, toquei até os 15 anos, quando minha mãe anunciou que meu pai ia se casar novamente. Eu nunca mais quis saber de tocar. Não queria lembrar de nada que viesse dele. As vezes eu ia no porão e tocava quando tava sozinha. Mas depois dos 15 nunca mais toquei de verdade. Antes eu sempre tocava na escola e nas festas. Sempre sonhei em cantar, sempre amei a música. E sempre quis estudar na Juilliard. Apesar de ninguém nunca saber disso. Ninguém nunca soube desse meu sonho.

–Viu? Eu disse! – Disse Scooter sorrindo. Eu sorri alegre.

–Eu to conseguindo! Eu to conseguindo papai! – Eu disse animada. Larguei o violão e o abracei.