-Selena?! – Disse Justin surpreso.

-Sou eu! Vim te trazer todos os presentes, sabe. Os ursos de pelúcias, as jóias, as roupas e etc. – Falou Selena fria e seca.

-E você quem é? – Perguntou ela referindo-se a mim. Antes que eu respondesse ela continuou.

-Presumo que seja a filha do Scooter, li sobre você em sites.

-Melody! – Falei no mesmo tom estendendo minha mão.

-Prazer! – Ele disse com um leve sorriso. – Posso entrar? – Disse Selena.

-Ã...claro! – Selena entrou e olhei Justin não muito feliz com a presença dela.

-Então Sel, aonde estão os presentes? – Perguntou Justin.

-No carro. Eu vou buscar. – Disse Selena indo até a porta. Ela era diferente de como eu pensava. Não era fútil, pelo contrário, parecia saber bem o que ela queria. Mas ela não era doce, era calculista e fria. Parecia bem inteligente. Ou talvez ela fosse doce, e não tava em um de seus melhores dias. Selena voltou com uma caixa grande e botou ao lado do sofá.

-Aqui estão. – Disse Selena gélida. Ouvi uma trovoada forte e dei uma espiada  na janela. Tinha começado a chover. Voltei meu olhar a cena na minha frente e encontrei eles se olhando fixamente. Aquilo foi desagradável pra mim. Senti uma sensação estranha. O romance ainda fluía entre eles, e essa sensação era quase igual a ciúmes. Evitei de olhar aquilo, por mais que fosse ridícula a hipótese do ciúmes. Prestei atenção na chuva, fiquei distraída vendo os pingos caírem na janela. O silencio era tanto que achei que eles tinham morrido, mas não conferi se eles ainda estavam ali.

-Bom, vou indo. Começou a chuva. – Levei um susto por alguém ter se manifestado ali. Era Selena, e ela estava com um leve sorriso. Não me virei, apenas olhei pelo canto do olho ela saindo pela porta. Justin tava igual um bobão sorrindo daquele jeito. Fiquei irritada. Olhei pra trás e vi ele a olhando pela janela. Me aproximei e botei a mão embaixo de seu queixo.

-O que você ta fazendo? – Perguntou Justin incrédulo.

-Garantindo pra que você não suje o tapete da Pattie...de baba! – Disse de cara feia, ele riu e foi se sentar no sofá. Ouvi a chuva piorar, la fora. Me aproximei da caixa de presentes. Peguei um ursinho de pelúcia.

-Nossa! – Foi o que saiu da minha boca depois que eu vi a quantidade de presentes, Justin também olhava, mas não parecia se interessar. Ouvi a campainha tocar de novo.

-Justin, quantas ex-namoradas você tem? – Perguntei incrédula pra ele, ele riu e foi atender.

-Selena? – Ele falou surpreso, me levantei e vi Selena encharcada.

-Desculpa Jus. Mas será que daria pra eu ficar aqui até a chuva parar? É que meu carro não pega e meu telefone ta sem bateria. Não posso ligar pro meu segurança. – O que? Sei, o carro tava pegando bem e agora simplesmente pifa? Aham.

-Quer que eu te empreste o meu celular? – Disse Justin.

-Não é que....eu não sei o número entende? – Ata, o que mais você não sabe? Seu nome? Espera, porque eu to tendo esse ataque todo?

-Ta, entra então! – Disse Justin. Selena entrou e ficou na minha frente.

-Ã...Melody? Você teria uma roupa...seca pra me emprestar? – Não meu amor, não sou uma pessoa boa.

-Claro!...Espero que você goste de preto. – Ri ironicamente e fiz sinal pra que ela me seguisse. Peguei um short preto e tentei achar uma das poucas blusas brancas que eu tinha. Achei uma que com certeza ficaria grande, comparando o meu corpo com o dela, mas entreguei mesmo assim, ela que desse seu jeito. Dei licença e desci pra sala. Me sentei nos degraus.

-Achou uma roupa colorida? – Disse Justin rindo. O encarei.

-E isso importa?

-Wow, TPM é? – Revirei os olhos. Ouvi a campainha tocar de novo.

-Quem é a próxima da lista hein? – Ele revirou os olhos e abriu a porta. Eram os meninos.

-Wow que chuva é essa Dude? – Falou Chaz entrando. – A gente ia te chamar pra jogar basquete, mas a chuva começou e a gente veio correndo porque aqui era mais perto.

-Ata, não tem problema cara. – Disse Justin. Chaz e Ryan sentaram do meu lado.

-Até porque...aqui virou albergue mesmo. – Disse revoltada. Chaz franziu a testa.

-Quem mais ta aqui?

-A namoradinha do Justin.

-Ex – Corrigiu-me Justin.

-A Selena? – Perguntou Ryan surpreso.

-O que tem eu? – Perguntou Selena descendo as escadas. Até que a roupa tinha caído bem nela.

-Oi Sel! – Disseram os meninos, revirei os olhos.

-Oi meninos! – Disse Selena sorrindo. Ouvi um celular tocar.

-É minha mãe. – Disse Justin e foi até a cozinha. Selena e Ryan sentaram no sofá e começaram a conversar. Chaz permaneceu ao meu lado.

-Você não ta bem né? – Perguntou Chaz pegando minha mão.

-Não. – O olhei e deitei minha cabeça em seu ombro. Sabia que não tinha tanta intimidade com Chaz mas eu confiava nele. Vi Justin entrando na sala e fuzilado Chaz com o olhar. Chaz permaneceu ali. E eu pouco me importei também.

-Minha mãe ficou presa no trânsito e disse que vai demorar. – Disse Justin. Em segundos vi tudo desligar. Tipo um apagão, ah que ótimo, agora faltou luz. O que mais vai acontecer?

-Que ótimo! – Falei ironicamente. Me afastei de Chaz e subi para pegar velas.

Olha que patético. Eu sentada ao lado de Chaz que brincava com minha mão. Ryan mexendo em seu celular atirado no chão. Justin sentado em um canto do sofá irritado e Selena em outro canto escrevendo algo em um papel, o que suponho que seja uma nova música. E tudo isso a luz de velas.

-Nossa gente, animação! – Disse tentando quebrar aquele clima.

-Não to no clima de ficar feliz Mel. – Disse Justin irritado.

-Af, isso é patético! Vamos, quem quer brincar de esconde-esconde? – Disse me levantando animada. Chaz e Ryan riram.

-Eu! – Disse Chaz ficando de pé em meu lado.

-Eu também! – Disse Ryan ficando do meu outro lado. Encarei Selena.

-Parece uma boa! – Disse Selena deixando seu papel de lado e se botando ao lado de Chaz. Encarei Justin.

-Quatro contra um não é justo. – Disse Justin rindo.

-A VIDA não é justa. –  Ele riu e levantou também.

-Bora então. Quem conta? – Perguntou Justin.

-Nada mais justo que o dono da casa! – Pisquei pra Justin, ele revirou os olhos e resmungou.

-Um...Dois...Três... – Contava Justin . Corri para a cozinha.

Justin me achou primeiro, por isso tive que contar. Procurei em todos os lugares possíveis e não achava ninguém. Eles tinham caprichado dessa vez. Subi as escadas e abri a porta do banheiro. Entrei em choque, meus olhos não acreditavam no que viam. Pisquei e olhei novamente, não era imaginação. Fiquei com raiva e tristeza ao mesmo tempo. Minha garganta deu um nó e a vontade de chorar era imensa. Mas eu não podia chorar, não ali.