Vícios escrita por IndustrialFlake


Capítulo 1
Capítulo Único




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A tensão na sala era visível. Paul estava abraçado a Richard, chorando igual um bebê. Doom e Ollie estavam quietos, olhando para o chão. Till estava respirando profundamente e seu coração batia rápido. O som de algo sendo destruído em outro quarto fez com que todos se sobressaltassem. E aí os gritos recomeçaram. Paul soluçou alto e Richard o apertou ainda mais. Ollie sentiu vontade de chorar, mas não chorou.

            –Till... – Paul sussurrou – Faz ele parar... Eu não agüento mais...

            Till levantou as sobrancelhas.

            –Pelo menos nós sabemos agora porque ele é tão magro. – Doom disse, suspirando.

            Mais gritos foram ouvidos, e por último um “Ich will raus!”. Aí tudo ficou quieto de novo. Todos prenderam a respiração por um momento. E começaram a ouvir soluços. Paul desabou a chorar.

            –Till! – ele implorou – Vai falar com ele, ele tá chorando!

            –O que você acha que eu vou fazer sobre isso? – Till se levantou do sofá – Eu não posso fazer nada, ele tá totalmente fora de si!

            –Só fala com ele! Ele não me escuta mais... – Paul se levantou e saiu da sala, indo para seu quarto e batendo a porta atrás de si.

            Os quatro restantes ficaram quietos, olhando um para o outro, ouvindo o choro de Flake no outro quarto.

            –Ele acha que o Flake vai te escutar... – Ollie hesitou, mas engoliu a seco e continuou – Por causa do que aconteceu entre...

             –Aquilo foi só um beijo. – Till resmungou, corando – Ele me disse que nem quer mais. Ele só quer amizade.

            –Tá, mas... – Ollie acenou com a cabeça para Till.

            –Ok, eu vou. – Till disse, se levantando e indo até o quarto de Flake, onde ele estava trancado.

            –Flake? – Till bateu na porta. Nenhuma resposta, os soluços tinham parado. Silêncio. – Christian?! Eu vou abrir, tá?

            Como ninguém deu sinal de vida lá dentro, Till girou a chave na fechadura e abriu a porta devagar. Entrou lá dentro e trancou a porta. O estado do quarto era lamentável. Tudo estava pelo chão; papéis com rabiscos, comprimidos (com frascos quebrados), a TV tinha sido destruída, as roupas estava espalhadas pelo chão...  

            Till entrou cuidadosamente, tentando não pisar em nada. Nessa hora ele viu Flake sentado no chão, com o olhar vazio e a barriga ensangüentada por baixo da camisa.

            –Flake, o que você fez! – Till correu até ele e o abraçou. Flake suspirou, mas não se mexeu – Flake, fala comigo! É o Till aqui!

            Flake riu por um tempo e depois começou a chorar convulsivamente. Till sabia que ele não estava bem. Ele o abraçou com mais força, se esquecendo do sangue que o manchava.

            –Eu quero a minha... Mutter! – Flake disse em meio a soluços.

            Till sentiu que ia chorar e passou a mão nos cabelos de Flake.

Schatzi... – ele disse, sentindo seus olhos se inundarem, mas não deixou uma lágrima sair – Sua Mutter está morta e enterrada...

Flake chorou mais e Till o apertou contra si. Ele sabia que Flake queria outra coisa além de sua mãe, e essa coisa ele não podia dar. De repente, Flake o empurrou e começou a respirar pesadamente. Ele pegou o pedaço de vidro da TV quebrada e levantou a camisa. Sua barriga estava cheia de cortes, e ele começou a fazer mais.     

            –Para, Christian!! – Till gritou, arrancando o pedaço de vidro da mão de Flake e jogando-o no chão – Por que você tá agindo assim?

            –Till, eu quero ela. – Flake disse, se levantando.

            –Não. – Till disse, suspirando com raiva – Não vou deixar você tocar nela de novo. Está te matando.

            Flake grunhiu como um animal e Till sentiu seu peito tremer.

            –Por que você pode ficar se cortando e se queimando e eu não posso tomar nenhuma, nenhumazinha, dose?

            Till sentiu como se tivesse tomado um soco no estômago.

            –Eu... Eu não faço mais essas coisas.

            –Mentira! Eu sei que você ainda faz! As pessoas só não te param porque têm medo de você! Eu não tenho medo de você, Till! – Flake avançou em cima dele e Till o agarrou.

            Flake rosnou, se debatendo para tentar sair dos braços de Till, que o segurava com força.

            –Flake, se acalma. Por favor, se acalma. – Till disse, lutando contra as porradas que Flake lhe dava.

            –Me solta, drecksau! – Flake grunhiu, ainda se debatendo.

            –Você vai se acalmar?! Eu te solto se você se acalmar, eu quero conversar com você numa boa!

            –Tá bom! Agora me solta!

            Till o soltou e eles ficaram se olhando por um bom tempo, Till com uma cara triste e Flake com uma cara de morte. Till o segurou suavemente pela cintura e Flake se mexeu, incomodado. Ficou tão incomodado que nem viu o quão próximo o rosto de Till estava do seu. Ele pressionou seus lábios contra os de Flake, que jogou seus braços em volta do pescoço dele. Depois de um tempo, Flake arrastou sua mão para debaixo da calça de Till, mas Till a arrancou de lá ruidosamente. Flake olhou para ele com raiva e Till passou os dedos por sua bochecha, sorrindo.

            –Só vou fazer se você me prometer uma coisa.

            –O que? – Flake resmungou, mesmo sabendo o que Till ia fazê-lo prometer.

            –Você vai parar mesmo de usar heroína.

            –Hmm... Eu vou. Mas você tem que parar de se automutilar. – Flake sorriu malignamente.

            Como resposta, Till beijou Flake ardentemente. E naquele dia eles descobriram que seus verdadeiros vícios eram um ao outro.


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Notas finais do capítulo

Reviews? ^^



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