Acordei me sentindo um lixo, como se um caminhão tivesse passado por cima de mim.
Fui tomar banho e a água quente ardeu meu corpo, principalmente no lugar que Brian cortara de leve.
Me irritei com a dor, mas não estava suficientemente forte para explodir de raiva, então desliguei a água e me sequei, parando em frente ao espelho e fazendo careta para as inúmeras marcas vermelhas.
Coloquei uma roupa completamente fechada e de gola alta, dei sorte que o dia estava incrivelmente frio e propenso para isso.

John me levou para a escola e eu carreguei a bolsa nos ombros, sem deixar nenhum peso para as mãos, ainda não tinha plena certeza se ia conseguir escrever direito, mas ignorei isso e entrei na sala de química, sentando na última cadeira.
Jimmy e Matt me surpreenderam, não se sentando em seus lugares habituais e vindo sentar comigo, escorando a parede.
– Oi Vamps.
– Oi. - Respondi sem nenhum entusiasmo.
– Valeu por ajudar a gente ontem, mas pra onde você foi?
– Pra casa. - Disse dando de ombros e aquilo doeu, fazendo-me contrair o rosto.
– Tudo bem? - Matt perguntou preocupado.
– Ótima, só dormi de mal jeito.

A aula de química passou rápido e eu matei a de física, não animada com a ideia de encontrar Brian, mas na aula de espanhol seria inevitável, então quando o sinal bateu eu gemi de decepção, caminhando devagar até a sala.
Matt estava sentado de lado com um caderno nos joelhos e rabiscando alguma coisa, depois falando com sigo mesmo, sentei em minha mesa e deixei a bolsa cair do meu ombro para a cadeira de Brian, apoiando as costas na parede.
– O que está fazendo?
– Escrevendo uma música.
– Mh, legal.
– E o lance do mau jeito, já resolveu?
– Não. Acho que vou demorar para me recompor.
– Posso fazer uma massagem nos seus ombros se quiser.
– Matt, pare de ser simpático, isso não vai me fazer ser simpática de volta.
Ele riu e jogou uma folha amassada em mim. - Sei que não, mas eu sou um cara simpático e você vai ter que aprender a conviver com isso.
Brian empurrou minha bolsa para o chão e sentou na própria cadeira, tirando um caderno da bolsa e rabiscou algumas coisas nele. Fechando-o com força em seguida.

Usei o pé para puxar a alça da bolsa e puxei-a para cima, abrindo e tirando a jaqueta dele de lá.
– Toma. - Disse estendendo-a, ele sorriu e puxou-a com força, fazendo-me grunhir de dor.
– Opa. Te machuquei Vampira? - Perguntou e segurou meu pulso com força. - Espero que não, você sabe que eu odiaria isso.
– Solta ela cara. - Matt disse irritado - Ta na cara que está machucando!
Brian sorriu e me soltou - Desculpe. Não foi intencional.
Suspirei e esfreguei meu pulso, a manga caiu um pouco enquanto eu esfregava o local dolorido e Matt arregalou os olhos horrorizado.
– O que é isso?
Puxei a manga rápido e cruzei os braços. - Nada.
– Mas… - Começou, mas foi interrompido pelo barulho metálico da tesoura se chocando com a mesa.
– Já que estamos devolvendo as coisas. - Brian começou - Esqueceu isso comigo. E a blusa também, mas eu não acho que você queira aquilo mais.
– Pode ficar com ela pra você. - Eu disse sorrindo irônica e depois guardei minha tesoura na bolsa.
– Obrigada, mas você gosta de usar minhas blusas, não o contrário.
– Se é que você ainda pode chamar aquilo de blusa.
– É só costurar, não ferrei tanto assim com ela.
– Não. Rasgou em mil pedaços.
Matt piscava confuso pela conversa e Brian parecia se divertir.
– Só uns três. Pare de ser dramática.

O professor entrou na sala e eu me arrumei na cadeira, porém não consegui escrever o que ele passava no quadro, pois meu pulso ardia e era como se estivessem fincando o local com milhões de agulhas.
– Quer que eu copie pra você? - Perguntou divertido e eu o olhei irritada.
– Cala a boca Brian.
– Tenho que conversar com você no intervalo. - Disse puxando minha manga de leve para baixo, cruzei os braços irritada e ele riu.
– Até parece que eu vou pra algum lugar com você. E se for pra se desculpar, não perca seu tempo, eu te quero morto.
– Tanto faz o que você quer Vampira. Ou prefere que eu te arraste pelos pulsos até onde eu quiser? E eu farei isso se você não vier boazinha. - Me encolhi e ele sorriu vitorioso - E relaxa, não vou te prender em lugar nenhum agora, nem te machucar nem nada.
– Como se eu acreditasse em você.
– Devia, eu nunca menti pra você, ontem eu disse o tempo todo que queria te machucar.
– Você é muito doente.
– Não me importa, quando esse sinal bater você vai vir atrás de mim. Entendeu?
Concordei com a cabeça e ele sorriu, virando-se para a frente e copiando a matéria.

O barulho que me levaria a um provável inferno se fez presente e Brian começou a guardar as coisas dentro da mochila. Eu levantei colocando a bolsa no ombro e esperando-o.
Matt nos olhou curioso e Gates parecia demorar mais ainda para guardar as cosias, como para ressaltar que eu estava esperando por ele.
– Vampira? Você vai ficar ai?
– Ela está me esperando Shadows, pode ir fazer seja lá o que você quiser. - Brian levantou e colocou a mochila no ombro, andando calmamente até a frente da sala, eu o segui e acenei para Matt, que segurou meu ombro de leve.
– Você sabe o que está fazendo? - Perguntou preocupado - Esse não é o Brian que você acha que conhece Vampira, ele…
– Tudo bem Matt. - Eu disse acalmando-o - Nós precisamos conversar mesmo.
– Oh… Bem, qualquer coisa liga.
Concordei e voltei a andar, Brian estava encostado na parede ao lado do quadro, parecendo bastante impaciente, fez sinal para que eu saísse antes dele e assim o fiz, parando na frente da porta e o vendo olhar de forma fulminante para Matt, então saiu da sala segurando meu braço de leve.
– Manda seu mais novo guarda costas parar de me atrapalhar Vampira.
– Deixa de ser idiota, ele é nosso amigo e está preocupado…
– Com você. Eu sei. Mas isso não é da conta dele.
– Quando você virou esse idiota mesmo?
– Não sei, quando a gente terminou mesmo?
Bufei e sacudi o braço, ele me soltou e colocou a mão no bolso da calça, as pessoas nos olhavam estranho, provavelmente se perguntando se estávamos juntos de novo.

Entramos em um dos corredores mais afastados, na direção oposta do pátio e na ala dos laboratórios, ele abriu uma porta e eu entrei no local mal iluminado, ele acendeu uma luz e fechou a porta, percebi que era mais um dos almoxerifados escondidos.
– O que você quer?
– Sabe que o Matt vai te encher o saco até você dizer a ele o que aconteceu ontem. Certo?
– Eu achei que não era para falar pra ninguém o que…
– Exatamente, e não é.
– Então, não direi nada a ele e pronto.
– Com o Matt não é bem assim, ele vai te encher o saco e usar todo o poder de persuasão, que aparentemente surte muito efeito em mulheres.
– Isso é porque ele é legal e gentil, não um idiota como você.
– Claro. Porque você ama caras gentis e fofos mesmo. - Ele riu e jogou a mochila no chão ao lado de um arquivo.
– Não que você saiba o que eu gosto. Certo?
– Eu sei sim. Mas não estamos aqui pra discutir seu gosto por homens.
– Nós estamos aqui porque você virou um psicopata.
– Não. Estamos aqui para você entender que o Shadows é intrometido, e você vai ter que mentir pra ele.
– Não, eu não devo explicações a ninguém.
– Mas dessa vez você vai dar.
– E o que você quer que eu diga? - Perguntei irônica.
– Que você passou a noite comigo e qualquer marca que ele veja foi sem querer. A gente tava transando e isso aconteceu, sei lá.
– Por que eu diria isso?
– Porque depois da nossa conversa na aula de espanhol, as opções são bastante restritas… E existe uma grande probabilidade de ele entender que eu acabei te machucando. E eu não quero isso.
– Não, eu não vou dizer isso.
– Sim você vai. - Ele disse sorrindo e se aproximando de mim - Porque esse jogo agora é meu e eu decido o que você faz e fala.
– Isso não é um jogo.
– Ah é sim. E eu sou o chefe agora. Então é bom você me obedecer, ou eu vou te mostrar que ontem eu fui muito legal com você.

Ele segurou meu rosto e me encostou na parede, puxando a bolsa do meu ombro e jogando-a no chão.
– Ainda está bêbado?
– Eu não diria bem bêbado, mas chame do que quiser. - Disse e me beijou, eu estava muito irritada com aquela porcaria de nova personalidade, mas ela me lembrava muito da época em que ele me sequestrava sem acabar me machucando.
– Posso ir agora? - Perguntei entredentes.
– Não, vou aproveitar que você está aqui. - Disse sorrindo - Passei muito tempo com você ontem a noite e acabei não me divertindo como queria.
– Michelle está por aí. Ela te diverte do jeito que você quiser e a hora que quiser.
– Cansei dela, é muito chata e chiliquenta.
– Que interessante.
Ele puxou minha blusa para cima e colocou as mãos por baixo.
– Mh, acho que te machuquei bastante ontem. - Disse rindo na minha orelha - Dá até pra sentir.
Bufei e apoiei a cabeça na parede sentindo-o acariciar minha pele, tirou uma das mãos e puxou a gola da blusa, mordendo de leve a pele do pescoço.
– Me deixa em paz Brian!
– Não. - Disse e puxou minha boca, me obrigando a beijá-lo de novo.
O sinal finalmente soou e eu virei o rosto - Para com essa merda, a gente tem aula agora.
– Falou a garota que matou a aula de física.
– Me deixa em paz! Você é um idiota!

Peguei minha bolsa e saí andando pelo corredor para a aula de Biologia, joguei a bolsa na mesa e sentei irritada.
– Oi Vampira. - Zacky disse sorrindo sentando ao meu lado.
– Oi.
– Você sumiu no intervalo, Matt falou que você foi conversar com o Gates.
– Fui.
– Por que? Tão voltando?
– Não.
– Amh. Sei… E ontem a noite, por que você não ficou?
– Fui pra casa. Estou de castigo ainda.
– Que merda einh?
– Pois é.

Deitei nos meus braços e fechei os olhos, a próxima coisa que vi foi Zacky me sacudindo.
– Acorda Vamps, o sinal já bateu.
– Mh… Droga.
Levantei e fui para a aula de trigonometria, sentando ao lado de Matt, que me olhou torto.
– Como foi seu intervalo?
– Irritante.
– Mh, achei um pouco estranho e tal…
– É, Brian idiota.
– O que aconteceu ontem?
– Nada.
– Eu tava na aula de espanhol Vamps, eu ouvi vocês conversando.
Bufei e baixei a cabeça - Esquece isso Matt.
– O que aconteceu? Sério. Pra onde você foi ontem?
– Eu já te falei.
– Vampira! - Disse sério.
– Esquece isso, por favor.
– Ele fez isso no seu pulso?
Mordi o lábio inferior e grunhi puxando as mangas. - Deixa isso pra lá.
– Responde Vampira.
– Foi Matt. Foi ele, mas não foi por querer.
– Como ele não fez isso por querer?
– A gente tava bêbado, só esquece isso.
– Mas ele…
– Você sabe o que aconteceu, eu não preciso te explicar essas coisas!
Ele piscou um pouco confuso. - Então… Foi sem querer, mesmo?
– Foi Matt. A culpa é minha, reflexo idiota.
– Então tá. - Ele disse sorrindo um pouco forçado.

A aula passou rápido e eu sentei no pátio, decidindo se ia recomeçar a ir nas minhas aulas obrigatórias de tarde, que eu matava desde o recesso de natal.
O sinal soou e o mendigo que me dava aula de atuação passou, me chamando para a sala. Bufei e fui até lá, sentando no fundo e assistindo sem entusiasmo.
Nina saltitou ao meu lado, puxando a manga da minha blusa e me arrastou para a aula de música, que eu fiquei mais do que relutante em assistir, visto que o professor era o pai do meu ex namorado e agora atual perseguidor semi psicopata.
Sentei no fundo e me encolhi tentando ser invisível, mas ao lado da ruiva que ria loucamente falando sobre as caras da tomada.

Jimmy veio até mim e sentou ao meu lado, puxando minha mão e entrelaçando nossos dedos, ele não perguntou ou disse nada, apenas jogou uma revista em meu colo abri-a e ela foi quase instantaneamente para uma página específica, demonstrando que estivera dobrada ali por um bom tempo.
Sorri ao ver a matéria sobre eles e deitei a cabeça no ombro de Jimmy - Vocês são um sucesso, viva.
Ele riu e me abraçou - E você é parte dessa merda.
Ri e abracei-o de volta, Matt e Zacky vieram em nossa direção, Nina saiu correndo e eu ri.
– Mh, cadê o anão? Ele tem sumido muito.
– Ele arranjou uma namorada ou algo parecido.
– Oh, e quanto ela mede?
– Meio metro eu acho.
Ele riu e eu o acompanhei, os garotos sentaram a nossa volta, Brian entrou acompanhado do pai e atirou a mochila na primeira cadeira livre, sentando-se ao lado dela e cruzando os braços.
Sr Haner deu a aula de mau humor, isso era claro pelo modo em que ele falava e dirigia o olhar irritado a Brian, que grunhia a cada dez segundos.

Assim que o sinal tocou a maioria dos alunos saiu rápido, eu devolvi a revista a Jimmy e peguei minha bolsa, ajeitando-a no ombro de forma que não pressionasse nenhuma das mordidas de Gates, estava saindo da sala quando o Sr. Haner me chamou.
– Sim?
– Fique aqui. - Disse e eu esperei até todos os alunos saírem - Eu queria conversar com você sobre…
– Pai, eu fiquei de buscar… - Gates começou entrando na sala, mas me viu e parou. - O que você está fazendo aqui?
– Não é da sua conta.
– Eu pedi para ela ficar.
– Sai daqui Vampira.
– Não.
– Eu… - Ele começou, mas seu pai o interrompeu.
– Você não tem autoridade nem sobre ela nem sobre esse lugar Brian, então a menos que você tenha algo urgente e privado para falar, ela fica e você sai.
– Você não tem nada a ver com isso pai. - Ele disse irritado - Isso é entre mim e ela!
– Sei, mas de novo, a menos que tenha algo para dizer, saia.
– Busque sua preciosa filha na escola. Foi isso que eu vim dizer, agora pare de se intrometer na minha vida, obrigado. - Disse e puxou meu braço, arrastando-me para fora da sala.
– BRIAN! - Ouvi Sr. Haner gritar, mas ele não deu nenhuma importância, me puxando pelo corredor.
– Posso saber o que seu pai queria falar comigo?
– Alguma coisa idiota sobre a gente ter terminado.
– E você sabe disso porque…
– Ele comentou algo assim.

Brian me largou no estacionamento vazio e me encarou.
– Que foi?
– Você falou para o Matt?
Rolei os olhos - Não diretamente, mas ele entendeu o que você queria.
– Ótimo. Te vejo depois Jade. - Disse piscando e entrou no próprio carro.

She's beautiful as usual with bruises on her ego and
The killer instinct tells her to be aware of evil men.
And that's what you get for falling again;
You can never get him out of your head

Ela está linda como sempre, com machucados em seu ego e
O instinto assassino diz a para tomar cuidado com o homem mau.
E isso é o que você ganha por se apaixonar novamente.
Você nunca conseguirá tirá-lo de sua cabeça.