POV ANIKKA:

A entrevista já havia começado.

Tom pediu que eu ligasse a TV no canal 44, ele não disse o por que, talvez ele só quisesse que eu o assistisse pela televisão, afinal, nós estávamos namorando. 

As fãs estavam histéricas, elas gritavam muito quando os meninos subiram no palco. Confesso que eu senti uma pontada aguda de ciumes, afinal, elas estavam gritando para o meu namorado.
- E com vocês... Tokio Hotel!!! - A mulher loira que provavelmente seguiria com a entrevista, gritava animada.

Eles sorriram, e acenavam, mas alguma coisa estava errada. Eles não pareciam tão felizes como o resto do teatro parecia. Parecia que eles faziam uma enorme força para sorrir. Gustav era o único que continuava sério, tão sério como sempre pareceu ser.

- Estamos aqui com os garotos mais famosos e desejados do mundo. - A mulher loira anunciava os fãs que gritavam desesperadamente. 
- E então garotos, como andam as gravações para o novo CD, e o que estão achando de Belize?
- É um país aconchegante, e também muito bonito. As praias aqui são maravilhosas. A estadia aqui está sendo realmente muito agradável. - Bill respondia, como sempre tão educado e fofo. Mas ele não respondera a respeito da gravação do novo CD. 
- Será que você finalmente encontrará o seu verdadeiro amor aqui no meu país Bill? - A mulher loira perguntava. 
- Eu realmente espero que sim, mas ainda não aconteceu. Não comigo. - Bill olhou discretamente para Tom. Eu sorri, pois sabia o que aquele olhar significava.
- Tom, já encontrou alguma menina bonita por aqui? - O meu coração gelou com a pergunta que a mulher loira fez. 
- Claro. - Tom sorriu. 
- E então, alguma delas mexeu com seu coração? - Meu Deus. Eu podia sentir o meu coração bater sem mesmo toca-lo.
Tom corou. E eu sorri ainda mais na frente da TV. Se meu avô estivesse acordado ele acharia que eu estava maluca. 
- Sim, uma em especial. - Tom respondeu. 
- Sério? E como ela se chama? - a mulher perguntou em meio aos gritos das fãs. 
- Vocês saberão na hora certa. 
- Vocês estão namorando? - ela perguntava. 
- Vocês saberão na hora certa. - Tom usava a mesma resposta da pergunta anterior. 
- Meninas, morram. Tom Kaulitz pode estar namorando. - Meu olhar estava grudado em Tom, ele ria e olhava para Bill. A camera passou pela multidão, eu pude ver várias meninas chorando e se descabelando. 
- Garotos, quando vocês retomarão o trabalho? Quando vão voltar a fazer shows? 
Bill e Tom pareciam apreensivos, enquanto Georg encarava o chão e Gustav olhava para o horizonte. 
- Bom, é exatamente sobre isso que queremos falar... - Bill fazia uma pausa, que me deixou curiosa. Ele olhava para Tom, afim de encontrar as palavras certas. - Nós, não sabemos se vamos retomar ao trabalho... - Bill dizia desconfortável.
- Querem prolongar as férias não é garotos. - A loira sorria animada, e batia seu ombro contra o ombro de Bill, numa tentativa inútil de parecer ter intimidade com ele. 
- Na verdade... - Tom começou a falar. - Nós não sabemos quando vamos voltar, e nem se iremos voltar... - As fãs gritaram descontroladamente, três vezes mais alto do que já estavam gritando.
- Como assim? Está querendo dizer que Tokio Hotel vai acabar? - A loira perguntava com os olhos extremamente arregalados. 
- Não sabemos ainda... Nós somos humanos, assim como todos vocês e precisamos viver a nossa vida. Vocês sabem, nos divertir, nos apaixonar... - Bill tentava explicar. 
Será que tudo isso era por minha causa? Meu Deus. Eu seria o motivo pelo qual a melhor banda do mundo se desfaria? 
Antes que a loira pudesse fazer sua próxima pergunta, a produção passou um microfone para uma fã, que em berros perguntou:
- Isso tem a ver com aquela garota que Tom está apaixonado não tem? 
Os meninos nada falaram, apenas se olharam. - Pode ser que tenha, mas esse não é de longe o maior motivo pelo qual estamos fazendo isso. - Bill respondeu tentando manter a calma. 
- Então o que é? E Tom, numa entrevista que você deu, você disse que nós fãs seriamos as primeiras a saber, se caso você estivesse namorando, então você mentiu? - O olhar dela fuzilava Tom. 
- Eu estou apaixonado sim. E é por ela que estou desistindo da banda. - Tom confessou-se.
Por um instante o meu coração parou de bater. Eu não sabia se eu ficava feliz com aquilo que Tom estava fazendo, ou se eu queria socar seu estômago o mais forte que eu pudesse. Era idiotice desistir da banda por mim. Não fazia sentido. 
- O que? Você vai mesmo desistir do seu trabalho por causa de uma... qualquer? - Ela ia a loucura, e eu também, quem era ela para me chamar de qualquer? Mas espera, Tom ainda não disse nada sobre essa tal menina ser eu...
- Ela não é uma qualquer. - Tom gritava em direção a ela. Ele parecia nervoso. Bill segurou seu braço a fim de tranquilizar Tom, mas não fazia muito efeito. - Eu a amo e você não tem o direito de dizer isso a respeito dela. 
- Ah é? E como ela se chama? - a menina tentava Tom ainda mais.
- ANIKKA. ELA SE CHAMA ANIKKA. - Gustav gritou em meio a confusão.
- Gustav seu idiota! - Georg exclamava.
Meu Deus. Era mesmo eu a menina por quem Tom se apaixonara, e por quem ele estava desistindo de tudo. Meu Deus. Eu sou o motivo pelo qual Tokio Hotel estava acabado. Mas eu não compreendo. Eu nunca pediria para Tom deixar a banda por minha causa. Será que aconteceu alguma coisa para que ele tomasse essa decisão? E por que ele não falou nada comigo antes? Lágrimas brotaram nos meus olhos, e involuntariamente colocaram-se a escorrer pelo meu rosto.
- Ann, está tudo bem? - meu avô tentava se comunicar com dificuldade, devido aos aparelhos. 
- Ah, vô... é.... sim, está tudo bem. - Puxei a manga da blusa e enxuguei as lágrimas. 
- Você está chorando? 
Abaixei a cabeça e sorri. Encarei meu avô rezando para que meus olhos não estivessem avermelhados. - Você está bem vô?
- Na verdade não. Eu quero ir para casa, odeio hospitais.
Eu sorri para ele, feliz por sua aparência estar bem melhor. Conversamos sobre os exames e, a todo instante eu tentava acalma-lo. Eu tinha de tranquilizar o meu avô, dizendo que daria tudo bem, mas quem diria isso para mim? Eu precisava falar com Tom, queria ouvir sua voz, e tentar entender o motivo pelo qual ele fez isso. Eu não me importaria se ele tivesse de se ausentar por motivos de seu trabalho, até por que, eu aceitei namorar com ele ciente de que um dia ele teria de retornar ao Tokio Hotel. Desde aquele dia que Bill telefonou nervoso, eu senti que Tom ficou um tanto distante do mundo, e até mesmo distante de mim. Eu precisava falar com ele, entender o que estava acontecendo, e talvez tentar ajudar, mas a minha meta principal era fazer com que ele voltasse atrás em relação a desistir da banda.
- Filha, você pode pegar um copo de água para mim? - meu avô pediu sorrindo.
- Claro. - levantei-me e dei um beijo na testa dele.
Fui em direção a porta, e antes de poder abri-la por minha própria vontade, aquela enorme porta branca bateu bem na minha cara, jogando-me no chão. Senti o peso de um corpo caindo em cima do meu, apertando meu braço com força.