Forelskede escrita por miu miu


Capítulo 2
Arruinando-me na imensidão do seu olhar


Notas iniciais do capítulo

Esse final de semana não tem Monster *todosvaiam* MAAAAAAAAS, olha só o que eu estou atualizando.... SIM! Eu achei que ia postar esse capítulo dez anos depois de postar o prólogo. Achei em continuar somente após o termino da Monster, mas eu fiquei muito inspirada e consegui fazer um capítulo que me agradasse. Bem, espero que curtam o capítulo ^^
NOTA: SE VOCÊ QUER MAGIA DE VERDADE, VÁ LER HARRY POTTER!Isso é somente uma fanfic e, bem, eu precisaria fumar muita maconha pra escrever algo realmente brilhante e revolucionário. Minha intenção é somente entreter aos amantes de fictions e não ser a nova J.K. Rowling. Espero que não se sintam enganados em relação ao tema. Darei o meu máximo para fazer dessa história, algo decente de se ler.



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Seul, capital da República da Coréia, outubro de 2011, dez e três da noite.

O centro comercial de Seul estava uma loucura. Não era tão cedo, mas o grande acúmulo de pessoas nas ruas denunciava que dia era hoje. Sexta-feira é um dia sagrado para quem freqüenta as mais badaladas festas da cidade. Festas sem compromisso, aonde as pessoas iam para dançar a noite toda e beber até não agüentar mais, ou jantares elegantes, onde a regra é mostrar uma boa etiqueta e socializar-se por conveniência. Em que podemos ser úteis uns aos outros? Porém, não eram esses tipos de relacionamentos ou ambientes que Cho KyuHyun queria freqüentar. Apesar de, muitas vezes, já ter usufruído de tais diferentes encontros da sociedade em que vive. Uma sociedade hipócrita que só valoriza o dinheiro. O que move as sociedades capitalistas de hoje em dia? Aqueles pequenos pedaços de papel cortados cuidadosamente por máquinas e que, por convenção, valem alguma coisa. O mundo da bolsa de valores estava o entediando. Desapertava o nó de sua gravata. Aquilo o sufocava. Puxou o celular do bolso, encontrando ligações perdidas de sua noiva. SeoJun e KyuHyun já haviam completado dois anos de noivado e planejavam casar em seis meses, quando o seu chefe lhe daria folgas remuneradas. Era apenas mais um operário da grande fábrica chamada capitalismo.

Andou pelas ruas e vielas da grande e brilhante Seul, encontrando pessoas bem vestidas. Quadro que se pode ver em qualquer das dezenas de bairros luxuosos da cidade em que morava. Ele, porém, não pertencia a esse mundo. Tudo o que conseguiu foi a custo de muito esforço e suor, e agora planejava dividir tudo com sua futura esposa. O cenário foi mudando de acordo com o seu passo apressado. Naquela noite, não queria voltar para casa. Não queria seguir a mesma rotina de sempre. Queria descobrir os segredos que os becos sujos do bairro underground de Seul escondia. Queria conhecer o que não teve oportunidade de aprender em sua regrada adolescência. Porque lá era o refúgio de tantos jovens?

Suas roupas não eram adequadas ao lugar. Os trajes sociais que usava não combinavam nada com os jeans velhos e maltratados que os jovens músicos vestiam, ou a cor de cabelos negros, que nada se pareciam com os vermelhos, loiros e multicoloridos tingidos tão desconectadamente em fios lisos e mal cortados. O cheiro de fumo era forte, o que o fazia tossir a cada segundo. Sua visão estava turva, não só pela fumaça inalada que começava a fazer efeito em seu cérebro, mas pela multidão de pessoas que estavam ao seu redor.

O rock indie fazia a trilha sonora da sua visita ao bairro. Letras que denunciavam as mazelas de sua cidade embalavam alguns casais que faziam da rua um local extremamente íntimo. Enquanto analisava cada detalhe das vitrines de lojas de discos e roupas dos anos sessenta, ouviu uma salva de palmas e gritos histéricos. Olhou para todos os lados, tentando encontrar o local que despertou sua curiosidade. Andou mais alguns metros, encontrando uma pequena viela que terminava em uma porta vermelha, semelhante a uma que encontramos naquelas caixas telefônicas em Londres. Acima da porta, em um letreiro luminoso azulado, se lia: Magic Box.

KyuHyun, levado por seu latente interesse, adentrou a viela e a porta, entrando em um ambiente pequeno, mas espaçoso o suficiente para conter um palco e comportar vinte e três pessoas sentadas no chão. Um cheiro forte de incenso cobria o local e o homem pode ver que um animador ocupava-se em entusiasmar ainda mais os jovens alegres. Sentou-se em um canto mais afastado, para não ser notado e esperou a tão aclamada atração aparecer. Um homem de barba mal feita e roupas pretas – bem antigas, por sinal – aproximou-se dele e resmungou algo como “Se quiser assistir, tem que pagar”. O homem tinha uma bengala na mão esquerda e KyuHyun temeu ser expulso do local de maneira agressiva. Puxou algumas notas do bolso do sobretudo que usava, contou e julgou que aquilo seria o suficiente. O homem olhou com desprezo para o pagamento e foi embora, mancando. Sua atenção se voltou ao palco, quando o astro da noite surgiu entre duas assistentes seminuas. Suas feições diversificadas e seu cabelo tingido de vermelho davam um toque distinto eu seu rosto. Ele se apresentou para o público, que o saldou animado e iniciou seu show, mostrando o tão afamado truque de tirar um coelho de sua cartola. O público foi ao delírio, óbvio. O mágico continuou sua apresentação de maneira calma e não tão surpreendente, como aquele grupo de jovens aclamava. KyuHyun se sentiu entendiado e, quando já estava pronto para levantar-se do chão e ir para casa, viu o inesperado. Um truque jamais visto e imaginado por ele. Era por isso que aqueles jovens o idolatravam?

O mágico citou algumas palavras que ele não conseguiu compreender e transformou o coelho alvo, que no começo do show surgiu em sua cartola, em um lagarto. Ele não acreditou no que viu. Foi tão real que não pode evitar paralisar-se em seu lugar e observar o que se seguia. Os mesmos gritos histéricos e salva de palmas que ouvira antes preenchiam o lugar. O mágico se despedia do seu amado público com um sorriso triunfal no rosto e o palco – que ele agora percebera ser giratório – substituiu-se para dar lugar a mais um dos milhares grupos indies que tocavam no bairro. KyuHyun estava finalmente se preparando para sair, quando viu duas figuras extremamente suspeitas entrando no lugar. Apesar de terem traços asiáticos, os dois rapazes usavam trajes completamente inadequados para o lugar. Bem, os trajes eram inadequados até para a época. O rapaz baixo e loiro, com sinais de extrema magreza, empurrava outro rapaz, mais alto e mais gordinho com densos cabelos negros, que recaíam sobre os olhos, em uma franja espessa. O rapaz loiro também possuía uma franja. Os dois se encontravam em uma discussão embaraçada. Na verdade, o garoto moreno parecia estar em um monólogo, já que o homem loiro não fazia questão de ouvir as suas reclamações. Praticamente empurrava o outro em direção ao camarim. KyuHyun tentou desviar sua atenção dos dois, indo em direção a porta. Parou na entrada, percebendo que alguém o mirava. Virou-se e encontrou o mesmo garoto moreno que vira antes. Seus orbes tenebrosos não saiam do campo de visão de KyuHyun. Ele ouviu o garoto sussurrar um nome feminino. Kirsten. Deu dois passos para trás, percebendo a aproximação repentina do rapaz e, novamente, ouviu-o sussurrar aquele nome tão diferente. O rapaz loiro apareceu de sobressalto, vociferando alguns palavrões e puxando o seu amigo para dentro do estabelecimento. KyuHyun se sentiu assustado ao observar tal cena e pôs suas mãos dentro dos bolsos de seu sobretudo. O tempo esfriara em Seul e o que ele mais queria era voltar para casa.

:::

- Porque eu tenho que fazer isso? – SungMin gritou, tentando tirar as mãos magras de RyeoWook de seu braço – Me solte! Você está me machucando.

- É sua obrigação. – RyeoWook pôs-se a sua frente e sussurrou - Você sabe bem disso. Afinal, eu salvei você. Eu te dei uma nova vida, te mostrei um novo mundo. Se não fosse por mim, você nem estaria aqui. Seus restos mortais provavelmente já haveriam desaparecido embaixo daquele penhasco. Você não está na posição de reclamar, aqui. Você é meu aprendiz! Você me deve respeito.

SungMin ajeitou as roupas recém amarrotadas e caminhou em direção ao camarim, porém, parou abruptamente. Seus olhos se enchendo de lágrimas. A visão turva impedia de ver os detalhes do rosto de RyeoWook. Ele nem precisaria ver. Sabia que seu mestre estava bufando.

- Eu vi Kirsten. Eu vi! – Segredou.

- Kirsten... Kirsten... Você só sabe falar nessa garota. – O loiro falou, furioso. – Quantas vezes eu tenho que dizer que ela não existe mais? Você renunciou a sua vida passada ao unir-se a mim. Eu achei que você fosse maduro o suficiente para entender. Se soubesse que teria tanto trabalho com você, não teria te escolhido.

- Porque você me escolheu, então? – SungMin gritou novamente. As lágrimas já indo de encontro ao chão.

- Não preciso retornar a te explicar isso...

SungMin olhou para os jovens animados. Ele se identificava com eles. Queria uma vida igual a deles. Sabia dos problemas que enfrentavam, já que seu mestre lhe mostrara toda a realidade do mundo futuro, mas ele daria tudo para ser normal. Com os mesmos problemas de qualquer jovem do século XXI, mas normal. Lutando contra uma sociedade injusta. Lutando para não ser mais um fracassado. Não queria ter que se esconder do mundo e viver entre pessoas que, algumas vezes, não poderia confiar.

A sociedade em que vivia era cheia de encantos, mas repleta de deslealdade. Ironicamente parecida com o mundo dos mortais. Porém, no mundo em que ele vivia, as coisas podiam atingir um nível gigantesco. Você poderia morrer, ou pior, ser expulso para o mundo dos mortais. Sem documentos, família, dinheiro. E, todos sabem que nessa sociedade tão desigual, não se sobrevive sem dinheiro. Só um conseguiu. E ele estava ali, naquele mesmo local.

SungMin e RyeoWook estavam ali para caçá-lo.

- Vamos. – RyeoWook puxou novamente o braço de seu discípulo e encaminhou-se até o camarim.

Os dois entraram em um pequeno corredor. No final, uma porta e um segurança truculento à sua frente. A expressão de poucos amigos estampada no rosto assustaria qualquer um, menos aqueles dois seres em corpos humanos. RyeoWook soltou uma risada desdenhosa e exigiu atravessar a passagem que a porta resguardava. O segurança não atendeu. O loiro magricelo pediu mais uma vez e, ao ver o seu pedido novamente sendo negado, rosnou palavras indecifráveis ao segurança. SungMin apenas observava a cena atento. O segurança surpreendeu-se ao ver a porta atrás de si sendo aberta e a atração principal da noite aparecendo, logo em seguida.

- Deixe-os entrar, Steve.

RyeoWook sorriu vitorioso e entrou no camarim apertado, junto de SungMin. Sentou-se em um sofá bege e fez menção para que seu colega principiante o também fizesse. O mágico apenas encostou-se na penteadeira e piscou para RyeoWook, dando liberdade para que ele começasse.

- Faz muito tempo que não o vejo, ZhouMi.

- Digo o mesmo, colega.

- Vejo que não perdeu sua mania de tratar seus superiores tão mediocremente. Agora, mais do que nunca, você deve me respeitar.

- Não vou beijar seus pés como a maioria dos outros fazem. Você não merece esse tipo de respeito.

SungMin lançou um olhar assustado à RyeoWook. Este apenas desdenhou a resposta do outro e sussurrou algo como “Tudo está sob controle. É só um teste, não é mesmo?”

- Você veio aqui para algo mais interessante ou está somente desocupado? A noite de hoje foi bem excitante. Não quero que vocês a estraguem. – O ruivo continuou.

- Viemos aqui para alertá-lo. Você foi um erro. Não sei de que jeito recuperou seus poderes, mas eu venho aqui te pedir pela última vez. Não os use para isso.

- Está implorando, Wookie? – ZhouMi riu divertido. – Não vai ser dessa vez que você vai me convencer.

- Você não tem medo de morrer? – SungMin manifestou-se, chegando mais perto do ruivo.

- Se eu tivesse medo de morrer, não estaria nesse ramo.

- Vamos, SungMin. – RyeoWook puxou-o – Está avisado, ZhouMi. Você não pode reclamar depois.

- Tudo bem, o SAC de vocês não atende bem mesmo. – Zombou.

SungMin seguiu RyeoWook até a saída do Magic Box. Os dois seguiram até uma viela escura próxima, assustando um gato que ali dormia.

- Pronto, SungMin. Você já o conhece. Já sabe o rosto dele. Agora é só espiá-lo e se ele passar dos limites, mate-o.

- Matar? Você não citou isso na nossa conversa... Achei que teria que levá-lo somente ao julgamento.

- Com que intenção? Será exatamente isso que eles irão fazer.  Julgá-lo e matá-lo, logo em seguida.

- Você não acha que eles estão indo longe demais? – SungMin fitou seu instrutor, curioso.

- Se não quisermos que ele exponha nossa superioridade por aí, não.

RyeoWook abraçou SungMin e os dois ocultaram-se por entre a sujeira do beco escuro.

:::

O tempo esfriara em Seul e já passava das onze e trinta da noite. Estava tarde e, por mais que quisesse pegar um ônibus, essa não seria a melhor opção. Andou por algumas calçadas estreitas, ainda repletas de pessoas e encontrou um ponto de táxi. Havia somente um carro e KyuHyun entrou no veículo, assustando o motorista. Tinha um cheiro forte de cigarro e perfume barato, daqueles que impregnam na sua roupa e nunca mais larga. Ele perguntou se o motorista estava disponível, recebendo um murmúrio como resposta. Ditou-lhe a direção de sua casa e o táxi deu partida.

Enquanto ele tentava não se concentrar no odor forte exalado pelo carro, o jovem advogado foi fitando a bela vista da sua cidade. Coberta de luzes e prédios gigantescos, Seul girava veloz, em frente aos orbes negros e atentos dele. As lojas sofisticadas da avenida iam ostentando seus pequenos objetos de desejo, pelas vitrines. A elegância com que as garotas jovens deixavam as lojas com embrulhos e mais embrulhos nas mãos era espetacular. Não importava o que fosse, não importava se o sistema era injusto. Ao ver os rostos consumistas e entusiasmados das garotas, era impossível não abrir um sorriso. Porém, aquelas tão vistosas roupas o transportavam para minutos atrás. A figura do garoto, com vestimentas antiquadas e rosto assustado, o encarando e gritando um nome feminino era o acontecimento principal que borbulhava na sua mente. Ele estava curioso para descobrir qual fato havia levado o rapaz moreno a agir daquela maneira. Aliás, não era somente a sua figura que o assustava. O sujeito loiro, franzino e espantosamente revoltoso também habitava o seu meio cerebral.

Tremeu de súbito, tentando imaginar como os dois haviam surgido ali.

- O senhor pode aumentar a temperatura do aquecedor? – Inquiriu.

- Já está no máximo. – O motorista respondeu imediatamente, coçando a cabeça farta de cabelos finos.

KyuHyun chegou cansado em casa. SeoJun o recebeu amavelmente, apesar de estar assustada. Era a primeira vez que o noivo chegara tão tarde e sem uma explicação aparente. Perdeu-se? Ele conhecia Seul com a palma da sua mão. Porém, foi o melhor que pode pensar. Estava abalado com o que vira no bairro underground. Ele não acreditava em magia, mas aquela merecia o seu reconhecimento. Outra coisa que não conseguia tirar de sua mente era o olhar chocante do garoto moreno que vira na saída da Magic Box. Com certeza era um engano, afinal, ele nem era uma mulher para ser chamado de Kirsten.

:::

SungMin suspendeu seu casaco de pele no cabide e descansou sua bengala no bengaleiro verde-musgo que havia junto à porta. Despediu-se de RyeoWook que seguiu para seu quarto, no segundo andar. Os dois moravam em um tríplex compartilhado, em um bairro popular e afastado do centro. O edifício fora construído recentemente, comprado por todos os integrantes da família e customizado para parecer uma típica casa setentrional. Os objetos que a adornavam eram velhos e empoeirados. Os tapetes eram manchados de café e chá. Um grande relógio em forma de um gato branco estava suspenso acima da lareira. Dois sofás de madeira, postos um à frente do outro, serviam somente ornamento. Ninguém freqüentava a sala. Nem a cozinha. Todos os cômodos, exceto a biblioteca e os quartos eram somente decoração. Eles não eram uma família comum e, levantar suspeitas sobre isso era a última coisa que desejavam. Duas escadas, grudadas em cada lado da parede, eram o caminho que os dois seguiam. RyeoWook vagou pela escada da direita. Já SungMin, ia pela escada da esquerda, indo em direção ao terceiro e último andar da casa. As madeiras, antes novas e firmes, foram trocadas por pedaços velhos, desgastados e cheios de fungos. As tábuas mal colocadas rangiam conforme os passos dados e os dois seguiram em silêncio.

SungMin abriu a porta, encontrando seu mais novo colega, Henry. Ele havia sido capturado no Canadá, durante uma viagem de trem. O mais velho havia participado pessoalmente da captura, quando o trem em que o garoto viajava, descarrilou e bateu contra uma floresta de pinheiros. O pedido havia sido feito em questão de segundos, enquanto RyeoWook fechava a cabine em que os três estavam e SungMin ditava o que aconteceria, caso ele não aceitasse.

Henry sorriu amigável e SungMin trancou a porta atrás de si, indo em direção a sua cama, que ficava ao lado da do seu mais novo “irmão”.

- Ainda treinando o feitiço de invisibilidade?

- Sim! Eu não consigo entender como você consegue fazer isso tão facilmente. Meus dedos doem e eu só conseguir sumir com a minha disposição.

- A regra é concentração, Henry. Concentração. – Repetiu, abrindo um sorriso em seguida. Retirou os sapatos e deitou-se em sua cama, pondo os pés gelados no baú que estava em frente a ela. – Tivemos um dia cansativo.

- Desculpe-me pela minha intromissão, mas o que o senhor foi fazer com o mestre, esta noite? – Henry largou o grande livro de feitiços mofado de sua mão e virou-se em direção ao garoto.

- Henry, não precisa manter essa formalidade aqui. Não sou Adolf. – Suspirou cansado. – Estávamos atrás do Ferdinand.

- E o encontraram?

- Sim. Acredita que ele está realmente usando as nossas técnicas? Fomos somente para verificar qual tipo era. Magia branca ou negra. Porém, ele é muito audacioso. Usa magia branca, negra e a nossa magia.

- Por favor, Aaric. Me conte o nome dele!

- Não posso contar, Henry. Prometi a Adolf que manteria este caso em segredo.

- Por favor, por favor... – Henry implorava de joelhos em sua cama. – Eu posso, depois, contar como são os relacionamentos hoje em dia.

- Não, Henry. – SungMin soltou uma risada abafada, enquanto sentia o travesseiro do seu colega de quarto atingir o seu rosto. – Mil vezes não. E, como o senhor sabe disso? Relacionamentos modernos?

Henry encolheu-se em sua cama.

- Eu apenas sei. Vi algo naquilo que eles chamam de internet. Aliás, é impressionante o quanto posso conseguir nesse lugar. Tem um site incrível que se chama Google e ele te dá qualquer resposta para qualquer pergunta!

SungMin sorriu e levantou-se para fazer sua higiene. Trocou as várias peças de roupa que vestia por uma camisola longa, feita de um tecido grosso. Deitou-se em sua cama, logo em seguida, ouvindo um desejo de boa noite de seu próximo. Henry escondeu o livro que era intitulado ‘Magia para iniciantes’ de Hugo Moreau em baixo do seu leito.

O silêncio tomou conta do quarto, logo em seguida. Henry olhava atento para as estrelas que conseguia visualizar das enormes janelas do quarto, enquanto SungMin revirava-se na cama, tentando encontrar um modo com que a dor em seus ombros parasse e o trabalho cerebral de sua mente cessasse. Seus neurônios queimavam em plena atividade, revivendo assiduamente a cena que protagonizou mais cedo. Ele tinha a completa certeza. Havia visto o mesmo olhar de Kirsten, mais uma vez.

- Henry...

- Diga... – Respondeu sonolento.

- Eu vi Kirsten.

- Como? – Henry levantou-se abruptamente, fazendo o garoto ao seu lado repetir a ação.

- Eu juro que vi. Nada foi tão real quando hoje.

- Aaric, você vive dizendo isso. Diz que vê ela nas paredes, nas fotos, nos rostos das outras pessoas...

- Dessa vez foi diferente, Henry. Eu não vi a sua imagem. Eu senti a sua presença. Eu vi o seu olhar.

- Agora você enxerga olhos flutuando por aí? – Zombou.

- Não estou brincando, Henry! Eu a vi. Porém...

- Porém?

- Eu a vi no corpo de um homem.

Henry encarou SungMin, sem expressão. Processou a informação recebida e logo após, guinchou relativamente alto. Seu abdômen se contraiu, demonstrando a força que aplicava contra si mesmo. Sua risada escandalosa foi repreendida pelo colega.

- Eu estou falando sério.

- Não estou rindo disso. Estou... – Enxugou uma pequena lágrima que escapara de seus olhos – Estou abismado e assustado! Você agora vê presenças.

- Sabia que não deveria ter contado...

- Desculpa! Mas, foi bem engraçado. Admita.

- Ah, Henry! – Bufou, virando as costas para o amigo.

- Hey! Você não falou com ele, não foi?

- Não.

- Falou!

- Não! – Gritou, voltando a sentar-se.

- Você sabe que não pode falar com mortais. Sabe o que o Adolf pode fazer!

- Eu sei... Mas, eu não poderia deixá-lo escapar. Eu não poderia deixá-la fugir de mim mais uma vez.

- E Adolf sabe?

- Ele viu.

- E como você está aqui, vivo? Da última vez que falei com uma mortal, ele fincou aquele osso de búfalo em meu braço. Tive que roubar o livro de feitiços do Cédric e achar uma fórmula para cicatrização. Não foi fácil conseguir rabo de cobra!

- Sabia que aquela ágil cicatrização não foi efeito da pomada que te emprestei! – SungMin riu tímido. – Ele não fez nada comigo. Pelo menos, nada até agora. Nem ficou furioso!

- Acho bom você esquecer essa de Kirsten e voltar a me treinar. Estou precisando de uma ajuda!

- Certo. Eu te ajudo, amanhã bem cedo, está bem?

- Boa noite.

- Bons sonhos, Henry.


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Notas finais do capítulo

Ignorem o telestransporte do SungMin e do RyeoWook -n