As Sailors Lunares (lunar Senshi) escrita por Janus


Capítulo 9
Capítulo 9




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No dia seguinte, sábado, todas ficaram sabendo que, muito provavelmente iriam para a Lua na próxima terça. Apesar da ansiedade que tinham – afinal, não é qualquer um que podia explorar o primeiro Milênio de Prata – elas podiam suportar isso. Em especial pela nova companheira do grupo, Diana, sempre surpreender a todos com alguma habilidade ou gafe ocasional.
Somente uma pessoa ainda não sabia desta possível visita, e, era justamente essa pessoa a principal responsável pela pesquisa séria a ser feita na Lua: Órion. O cientista "maluco" oficial do Milênio de Prata ainda estava totalmente alheio a esta situação. Por enquanto...
No fim do dia de sábado, Setsuna entrou no laboratório de cibernética. Olhou ao redor, para as intermináveis prateleiras de bugigangas eletrônicas, e não encontrou o "dono da casa". Sorriu levemente e seguiu para a sala adjunta, e, lá estava ele. De pé, soldando ou consertando alguma coisa, de costas para ela. Olhou ao redor para certificar-se de que estavam sozinhos, e, na ponta dos pés, foi até ele.
Ficou nas suas costas e olhou por cima de seus ombros o que ele estava fazendo. Parecia que estava consertando um visor, se bem que era um visor diferente de tudo o que já tinha visto. Parecia com os óculos de Sailor Mercúrio.
- Órion... – sussurou ela, de uma forma muito gentil.
- Só um minuto – disse ele distraído – esta parte é delicada. Se eu errar agora, perderei toda a semana de trabalho.
- Puxa... – disse ela com a voz pesarosa – eu pensei que eu era a sua primeira prioridade...
- Minha primeira prioridade – disse ele ainda distraído – é... é... gulp
Olhou para trás e viu Setsuna, com os seus longos cabelos verdes o olhando de forma um pouco sentida.
- Set... Setsuna? Mas... o que você está fazendo aqui? Quer dizer... eu... err... você não disse que não estava interessada em romances no momento?
- O que tem eu estar aqui com não querer saber de romances? – perguntou ela o encarando.
- Bom.. você acabou de dizer que era a primeira prioridade da minha vida...
- E não sou?
- Eu... quer dizer...
- Tá bom. Pare de gaguejar. Quero saber se já preparou algum equipamento para levar para a Lua.
- Para... ONDE!
- Para a Lua. Não recebeu o recado da rainha?
- Que recado?
Setsuna olhou para o monitor no canto da sala e foi até ele. Pressionou alguns botões e uma mensagem apareceu na tela.
- Este recado!
Órion ficou em frente ao monitor e o leu.
- Na terça? Com as crianças? E a rainha vai junto?
- É o que está escrito – disse ela olhando o aparelho que ele deixou em cima da mesa – sua principal função é coletar dados e evitar que Anne ou alguma outra criança descubra coisas que ainda não precisem saber. Claro que a princesa está fora desta restrição.
- Para falar a verdade, teve uma vez que eu senti vontade de explorar àquelas ruínas. Queria conhecer um pouco da tecnologia usada para gerar aquela bolha de ar naquela área.
- Então, esta é a sua chance. O que você esta fazendo com este visor?
- Isso? – disse ele indo para a mesa e pegando o aparelho – estou criando um sistema de comunicação e controle logístico para as sailors. Com isso será mais fácil e prático vocês se comunicarem e coordenarem suas ações. Aqui, deixe-me mostrar.
Ele pressionou uma parte do visor e este sumiu, sendo que agora, Setsuna viu apenas um brinco. Ele colocou o brinco na sua orelha e digitou algo no teclado ao lado da mesa. Depois pôs a mão no brinco e o pressionou. O visor surgiu diante de seus olhos.
- Nossa!
- Gostou? Me baseei no visor de Mercúrio. Quando precisar se comunicar com as outras sailors, bastará pressionar o seu brinco e chama-las. Também estou imbutindo um sistema localizador e alguns sistemas simples de análise.
- Acho que só Amy vai conseguir usar isso...
- Não... as análises são simples e automáticas. E estes visores vão manter suas características de se conectar a memochips. Podem também servir como binóculos.
- Vamos parar com esta conversa de vendedor. Vim até aqui para saber se já tinha algo preparado para a viagem a Lua, mas já vi que não tem. Sugiro que prepare algo. Ou não vai poder me convidar para sair amanhã.
- Amanhã?
- Você sempre me convida para sair no domingo.
- E você nunca aceita. Tanto que não a convidei no último.
- Desistiu de mim? – ela o olhou surpresa - pensei que era mais perseverante.
- Vai aceitar desta vez? – ele estava esperançoso.
- Primeiro, me convide. Depois, eu te dou a resposta. – disse ela com um sorriso – mas adianto que, até hoje, você não me convidou para algo que eu realmente goste de fazer – ela piscou o olhou e saiu da sala.
- Algo que você gosta de fazer... – disse ele sozinho.
O que seria? Alias, o que tinha dado nela para estar tão expansiva naquele dia?
Do lado de fora do palácio, Sohar observava os filhos de Amy e a pequena princesa brincando de pega-pega. Sentiu Setsuna sair do palácio e passar lentamente pelas suas costas.
- Quer se sentar? – perguntou ele sem olhar em sua direção.
Ela parou de andar e ponderou por alguns instantes. Logo depois, voltou-se e sentou-se ao seu lado, também observando os pequenos brincarem.
- Desde quando você fica vigiando esses três? – perguntou ela com o olhar desconfiado.
- Desde nunca – respondeu – só estou esperando Mina terminar de falar com a rainha. Vamos dar uma olhada no portal daqui a pouco, ver se ele ao menos funciona ainda para nossa inspeção de segunda.
- Hum... e... o fato de sentir minha energia no palácio não tem nada a ver com você espera-la aqui fora, não é?
- Indo direto ao ponto – ele agora a olhou sorrindo – o que decidiu fazer?
- Fiz o que você me pediu – ela olhou para os seus pés - Tenho certeza de que ele vai me convidar de novo para sair amanhã.
- Eu não pedi – disse ele sorrindo – apenas disse que, se quer realmente saber se vai dar certo ou não, devia dar a ele uma chance.
- Ainda acho que vai ser muito duro para ele. Eu não tenho interesse em relacionamentos já faz muitos séculos. Acho que... sou insensível demais.
- Não acho que a princesa concorde, "Puu"!
Ela sorriu. Mas foi só por um momento.
- Ela ainda é um doce em sua forma simples de ver o mundo. Como você e Lita estão?
- Casados – disse ele distante.
- Não foi isso o que eu perguntei – ela ficou um pouco irritada.
- Estou em paz comigo mesmo – disse ele mantendo o sorriso - as cicatrizes ainda estão na minha alma, mas, felizmente, agora são apenas lembranças. Algumas boas, outras ruins. Mas já não dói pensar nelas.
- O tempo cura tudo! – disse ela se levantando – e eu sei do que estou falando.
- Parece que não curou você ainda – disse ele sem sorrir agora.
- Uns precisam de mais tempo do que outros. Eu tenho que ir.
Setsuna começou a se afastar.
- O tempo só pode curar quando você deixa as feridas fechadas. Se as deixar abertas, o tempo só irá infecciona-las. Como guardiã do portal do tempo, devia saber disto.


Ela parou de andar e sentiu como se uma espada a atravessasse. Em centenas de anos, aquela foi a primeira vez em que ele lhe deu um cutucão direto. Ela apenas abaixou a cabeça e continuou a andar, deixando Sohar balançando a cabeça de um lado para o outro.
Mas ele tinha razão. Ela tinha medo de se relacionar com alguém. Será que tinha medo de ser feliz? Todas as sailors já tinham expressado sua preocupação por ela sempre preferir ficar isolada. Como elas não sabiam o verdadeiro motivo desta sua escolha, tinha sido fácil evitar de tocar no assunto. Até conhecer Órion.
Aquele gênio maluco infantil... ela gostava dele. Realmente gostava. Mas tinha medo. Não medo por ela, mas por ele. Temia ferir suas emoções com a sua personalidade que sempre oprimia seus sentimentos. É verdade que as sailors e até a rainha algumas vezes tentavam "ajudar" a aproxima-los, mas era até fácil esquivar-se disto. Menos quando Sohar entrava na história.
De todos os habitantes do planeta, Sohar era diferente. Ele a conhecia desde antes de surgir o primeiro Milênio de Prata. Chegaram a ser íntimos por algum tempo, mas perceberam que não iria dar muito certo. Devido a isto, Sohar a conhecia. Mais do que isso, ele sabia. Sabia porque ela era assim, porque ficava sempre distante, sempre reclusa. E, pior que isso, ele sabia exatamente o que ela sentia para fazer isso, pois a mesma coisa tinha acontecido com ele. Mas ele superou sua dor. Conheceu Lita, se apaixonou novamente e se casaram. E ela... ela ainda estava sozinha.
Sozinha por opção.
Sozinha por medo.
Ela se tornou sailor pouco depois de Sohar partir da Terra. Ele só tinha retornado quando a então princesa Serena – aquela que hoje é rainha - tinha três anos, para ver o irmão ferido e quase moribundo. Nunca soube para onde ele tinha ido, mas sabia o porque.
Vingança!
No entanto, se ele conseguiu ou não, nunca soube. Após alguns dias, ele partiu novamente, para só voltar quando a rainha Serena já tinha começado a estabelecer o novo Milênio de Prata na Terra.
Ele conseguiu ser feliz. Será que ela também poderia? Bem, para onde quer que Órion a convide amanhã, ela irá aceitar. Vai dar uma chance, como Sohar tinha aconselhado. Mas ela tinha certeza de que não daria certo. Pelo menos, resolveria o assunto de vez.


- E então? Como estão?
- Estão ótimos Marina – disse Allete comendo com gosto – quase tão bons quantos os de Joynah.
- Que bom – disse ela feliz – é a primeira receita que faço por conta própria!
- Realmente – disse Serena pegando outro salgadinho – você está pegando mesmo a herança da família. Já pode pensar em abrir uma barraquinha no parque.
- Sem chance – disse Joynah devorando quatro de uma vez só – ela não pode tirar a licença. Alias, nem eu, antes dos dezesseis anos. Vamos ter que nos virar trabalhando no restaurante. Pelo menos, por enquanto.
- Até que paga bem – disse Allete de boca cheia.
Toda a turma estava em um dos muitos no terraços do palácio. Serena pegou um dos salgadinhos e o colocou na boca de Yokuto. O namoro já era “oficial” – pelo menos, todos os que estavam ali sabiam disto – e Herochi, apesar de ainda aguardar a decisão de Joynah, estava ao menos satisfeito dela permitir que ele descansasse a cabeça em seu colo. Bom, não exatamente no colo. Ele estava sentando no chão, na frente dela, que estava sentada no banco de mármore da sacada, e ele estava com a cabeça encostada em seus joelhos. Logicamente, Serena preferiria privacidade para ficar com o seu namorado. Mas como era bem possível que algum dos criados ou até seus pais os flagrassem, era melhor namorar ali, junto com os outros. Pelos menos, eles avisariam se alguém se aproximasse.
Diana observava a dupla de casais com interesse. Não tinha a menor idéia do que era namorar, mas desconfiava que era algo muito bom. Estava usando uma das roupas que já não serviam na amiga – que, alias, ficavam até justas nela – e experimentava os salgados com vontade. Anne também estava como sempre usando roupas justas. Apesar de Haruka as vezes recrimina-la por isso, ela tinha uma personalidade forte o bastante para enfrentar a desaprovação da mãe. Bom, ter três mães deve ser um bom incentivo a se ser determinada... O problema era agüentar as piadas, como dizer que seu marido teria que encarar três sogras de uma só vez.
Como não havia ninguém ali para delatar o namoro, eles ficavam bem a vontade. As outras, por serem mais jovens, ainda não tinham muito interesse nisto, salvo a Anne, por ser um pouco precoce e Diana, por ser curiosa. Talvez fosse por isso que ambas acabaram se dando muito bem, e trocaram fofocas sobre os rapazes quase que durante toda a tarde de domingo.
Era raro todas as filhas de Lita ficaram livres no domingo. Neste dia, o restaurante abria já no almoço, mas, daquela vez, era o dia de detetização. E, no dia seguinte, era a folga normal deste. Elas ganharam dois dias de folga – remuneradas.
Apesar de ser comum todos eles passarem os fins de semana juntos, havia um motivo a mais agora. Todos os seus pais tinham saído juntos para passear – coisa muito rara, alias, pois sempre tinham compromissos que impediam que todos se encontrassem de uma só vez. Logicamente, além disso, ainda havia a ida até a Lua. Sabiam que ainda tinham de esperar mais dois dias, mas não conseguiam controlar a ansiedade. Quando não estava fofocando sobre meninos com Diana, Anne conversava com Suzette, sobre as ruínas e da história conhecida. Suzette também era uma menina inteligente, mas gostava mais de literatura romântica, de sorte que raramente tinha interesse em estudos além da obrigação escolar. Mas falar sobre o Milênio de Prata era exceção. Ela já tinha escrito dois livros sobre ele – logicamente, baseando-se em muita história sem fundamentos – sendo que ambos já faziam parte da biblioteca de muitas escolas. Ela só sentia uma pontada de tristeza por eles serem considerados ficção.
- Mais dois dias – disse Marina olhando para a Lua, que já despontava no céu – amanhã, papai e sailor Vênus vão ver se está tudo certo e depois... vamos estar lá.
- Não quero ser desmancha prazeres – disse Herochi, de olhos fechados e apreciando o carinho que Joynah fazia em sua nuca – mas ainda não há nenhuma garantia que tudo dê certo amanhã. AI!
Joynah tinha aberto suas pernas, de forma que sua cabeça escorregou e bateu com força no banco de mármore.
- Amor.. por que fez isso?
- Não vem com essa de “amor” não!
- Mas...
- Além de ainda não ter feito nenhum poema para mim, ainda tem coragem de jogar um balde de água fria nas esperanças de minha irmã?
- Eu...
- Ainda bem que decidi pensar seriamente se vou aceitar o seu pedido de namoro. E saiba que ainda não me decidi!
Joynah se levantou com cara de brava e foi até o interior de palácio. No caminho, ela piscou o olho para Serena. Esta apenas sorriu levemente. Yokuto, que estava abraçado ao seu lado não percebeu, pois estava olhando para o irmão.
- O que... o que foi que eu fiz?
- Devia saber – disse Serena encostando a cabeça no ombro de Yokuto – se quer ser namorado dela, tem que aprender a entende-la.
- Mas... mas eu... droga!
Ele se levantou ainda massageando a cabeça e foi até a beirada da sacada, ficando ao lado de Marina.
- Desculpe – disse ele – mas eu estava apenas sendo realista.
- Você não tem sonhos não? – perguntou ela sorrindo.
- Tenho – disse ele olhando na direção em que Joynah tinha ido – tenho sim – soltou um suspiro – mas para realiza-lo, não depende apenas de mim.
- Vá atrás dela – disse Marina em voz baixa – ela está esperando você ir até lá, para conversar um pouco.
- Está? De jeito que ela ficou brava...
- Herochi... garanto que você nunca viu Joynah brava, e nem queria ver. Isso que ela fez foi só um tipo de repreensão para você pensar bem antes de falar.
- Acha mesmo?
- VAI LOGO SUA BESTA! – gritou Allete, que estava conversando com Rita.
Herochi chegou a tremer de susto. Olhou assustado para ela e percebeu que não só ela, como todas as meninas – incluindo Serena – o estavam encarando. Seu irmão também estava impressionado com elas. Percebendo que era minoria ali, foi andando lentamente, seguindo o caminho de Joynah.
- Homens! – disse Rita quando ele saiu da sacada – tem péssima capacidade de percepção.
Yokuto olhou para Serena, tentando entender o que tinha acontecido.
- Não liga não, fofinho, um dia você entende.
- Será que posso pedir para entender agora?
- Não...
Ela o abraçou forte e lhe deu um beijo. Marina voltou a olhar a Lua, sonhando em andar por lá. Algum tempo depois, Rita chegou ao seu lado.
- “A Lua emoldurada no céu, ilumina o por do Sol de meu coração...”
- Rita, você é uma lástima com ditados. Mas esta mistura de poemas até que ficou bonita.
- Acha mesmo? – ela sorriu.
- Sim. Não tem nenhum sentido, mas ficou bonito.
- Hum... acho que vou escrever alguns poemas para Herochi declamar para Joynah.
- Você odeia tanto ele assim? – perguntou ela sorrindo.
- O QUE? Está dizendo que não sei fazer poemas?
- Você não sabe fazer poemas! Não é preciso que alguém afirme isto.
- Vamos parar vocês duas! – disse Serena irritada – aqui ainda é a minha casa, e quero um pouco de sossego.
Marina e Rita mostraram a língua uma para a outra. Allete apenas sorriu, e foi para junto de Anne, Diana e Suzette. As três estavam animadas em conversar.
- Qual é o assunto agora? – perguntou ela sentando a mesa que tinham posto lá para comer os salgados de Marina e pegando o último destes do prato – se for sobre rapazes ou sobre a Lua, eu juro que vou embora.
- Estamos falando da gata de Serena – disse Suzette – Já faz vários dias que não a vemos.
- É verdade – concordou – Serena? Onde está a Diana?
- Aqui! – disse Diana levantando a mão.
- Você não, a outra. A gatinha da Serena.
- Acho que está se escondendo da minha irmã – disse Serena sem dar muita atenção.
- Estranho – disse Suzette – é difícil haver um só dia sem que ela apareça, seja na escola ou aqui no palácio.
Anne ficou em silêncio. De vez em quando, encarava Diana, e esta, evitava fita-la nos olhos. Ela sentia que a gata de Serena estava ali, na sua frente, mas tudo o que via, era uma adolescente com um bom gosto para roupas.
- Como se chama a sua mãe? – disse ela de repente para Diana.
- Luna – respondeu ela sem hesitar.
As três olharam atônitas para ela. Luna era o nome da gata da rainha.
- E seu pai se chama Artemis? – perguntou Allete.
- Sim – respondeu sorrindo – conhecem ele?
- Isso é brincadeira – disse Anne.
- Não é não! Minha mãe se chama Luna e meu pai é Artemis. São conselheiros do rei e da rainha de Cristal Tókio.
- SERENA! – Chamou Suzette – sua amiga está maluca!
- Haja paciência – disse Serena parando de beijar o Yokuto – o que foi agora?
- É a Diana. Disse que seus pais são Luna e Artemis. Pode me explicar como é que a família dela tem os mesmos nomes dos gatos de estimação da sua?
- Fácil! – disse ela sorrindo e começando a suar frio – meus pais batizaram os gatos com os nomes deles, pois são muito amigos. Foi uma forma de atenuar a saudade.
- Hum... faz sentido – disse Anne pensativa.
- Querida – cochichou Yokuto – por que está tremendo?
- Eu... estou com frio – disse ela sem jeito.
Yokuto a abraçou carinhosamente. Serena anotou mentalmente aquele truque de conseguir um abraço para aplicar em outras ocasiões. E, falando em ocasião, ela percebeu que já estava anoitecendo, e que logo seus pais iriam voltar.
- Eu vocês duas ai na sacada! – disse ela para Rita e Marina, que já tinham voltado a fazer as pazes – meus pais ainda não voltaram, não é?
- Eu não vi – disse Marina – nenhum deles.
- Nem eu – confirmou Rita – só Setsuna e Órion saindo juntos.
Levou alguns segundos para todos sentirem o que Rita tinha dito. Mesmo Marina olhou com os olhos arregalados para baixo.
- Estão saindo juntos mesmo! – disse ela.
Todos pararam o que estavam fazendo e correram para a borda da sacada, quase que Rita foi jogada para baixo. Diana foi mais lerda e não conseguiu lugar para ver.
- Eu não acredito... – disse Serena impressionada – eles estão mesmo saindo juntos...
Viram os dois saírem pelo portão norte e, num gesto inesperado – isso era novidade total – Setsuna pegou no braço dele e foram andando juntos.
- Eu não acredito – disse Joynah, ao lado de Serena.
- De onde você veio? – perguntou ela assustada.
- Metade do palácio está olhando pelas janelas – disse Joynah sem olhar para ela – e a outra metade está querendo saber aonde eles vão.
- Ei! Eu quero ver também! – chorava Diana, não conseguindo lugar para por a cabeça.
- Estão descendo a rua... – disse Rita – acho que vão no parque das rosas.
- O parque das rosas é para o outro lado – corrigiu Suzette.
- Deixa eu ver! – insistia Diana.
- Alguém imagina aonde vão?
- Acho que... para o lago – arriscou Anne.
- EI? – reclamou Joynah. Alguma coisa tinha caído em sua cabeça.
- Olha só quem chegou – disse Suzette – estávamos falando de você agora há pouco.
Serena olhou para a cabeça de Joynah e arreganhou os dentes. Diana – em sua forma felina – estava lá, olhando os dois andarem pela rua.
- Diana! – Serena a pegou rapidamente – vá brincar com minha irmã... vai!
Deu uma palmadas fracas nela para faze-la andar. Ela parou um pouco e olhou confusa para ela.
- Eu te disse para não virar gato perto delas – cochichou ela.
- Serena... onde está Diana?
- Aqui... – ela apontou para a gatinha.
- A outra! – disse Suzette.
Anne encarava a gatinha ainda sem entender nada. Será que estava ficando maluca? Não sentiu ela se aproximar e, para ela, era a outra Diana – a humana – que estava ali. Talvez fosse hora de conversar com suas mães sobre essa sua habilidade. Antes que sentisse que deveria ser internada.
- Sumiram de vista – disse Rita.
Todas olharam de volta para a rua e Serena pediu para que Diana voltasse a se transformar.
- Alguém imagina onde estão?
- Indo para o lago – disse Anne pensativa.
- Como sabe? – perguntou Joynah desconfiada - Ei.. é mesmo... você consegue achar as pessoas...
- Algumas pessoas – disse ela – só que, ultimamente, isso não tem dado muito certo. Veja com Diana, por exemplo... O QUE?
Todos olharam para onde deveria estar a gatinha e a humana Diana estava lá.
- Eu estou ficando maluca! – disse Anne.
- Não se preocupe, acho que vou ser sua companheira de quarto no hospício – disse Suzette também não acreditando.
- Bom, você consegue acha-la ou não? – inquiriu Joynah.
- Eu sinto que ela está naquela direção – apontou com a mão.
- Ótimo, vamos lá – disse Joynah a pegando pelo braço e a arrastando pela sacada.
- Lá aonde? – perguntou Anne não entendendo.
- Aonde eles estão. Quero ver o que vai acontecer.
As duas saíram da sacada e as outras se entreolharam.
- ESPEREM POR NÓS! – disseram elas correndo atrás.
Yokuto e Herochi ficaram sozinhos. Olharam um para a cara do outro e, dando de ombros, foram atrás das meninas. Talvez fosse interessante...

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