As Sailors Lunares (lunar Senshi) escrita por Janus


Capítulo 2
Capítulo 2




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Serena viu Joynah entrar na sala mastigando alguma coisa – como é que ela sempre tinha fome? – há um minuto do início da aula. Os professores eram pontuais, e atrasos eram tratados com pouco tolerância, salvo, lógico, uma explicação dos pais para tanto.
Olhou para a classe quase cheia e viu os lugares de Yokuto e Herochi vazios. Eles ainda não tinham chegado. Melhor assim. Yokuto iria sem dúvida lhe cobrar a sua oferta, e ela estava pessoalmente num dia muito chato para pensar a respeito.
Joynah sentou-se ao seu lado lambendo os dedos momentos antes de tocar o sinal de início da aula. Trinta segundos depois, o professor entrou, dando bom dia a todos.
- Bom dia classe!
- Bom dia! – disseram os alunos a uma só voz.
- Antes de começarmos, eu queria avisar que a mãe do Yokuto e Herochi ligou avisando que eles vão chegar bem mais tarde hoje. Portanto, teremos que reorganizar os grupos de trabalho para a primeira matéria. Como foram a princesa Serena e Joynah que ficaram sem par, acho justo que elas formem um grupo.
Serena balançou a cabeça afirmativamente, sem muito ânimo. Logo depois, Joynah movia sua carteira para ficar encostada na sua. O resto da classe fez o mesmo, para formarem os seus grupos de duas pessoas.
- Muito bem – disse o professor quando todos terminaram – peguem os memochips de geografia.
- Algum problema? – perguntou Joynah para ela enquanto pegava o memochip indicado e colocava o seu visor preso na orelha, cuidando para que a pequena tela ficasse no seu olho direito.
- Só estou meio melancólica hoje – respondeu ela fazendo o mesmo – não ligue não se eu não falar muito.
- Do jeito que você matraqueia, vou ficar é aliviada com isso.
Ela sorriu. Na verdade, quase deu uma risada. Só Joynah mesmo para faze-la rir naquele dia.
- Todos prontos? – disse o professor – então, vamos começar. Hoje vamos falar da África, de sua geologia e bacias hidrográficas.
Até que estava fácil prestar atenção na aula. A pessoa que preparou a apresentação sobre a África tinha feito um excelente trabalho, chamando a atenção das crianças aos detalhes, e contanto piadas interessantes, para fixar determinados pontos, como: “Lembrem-se, o rio Nilo nasce lá onde a gazela levou o tombo.”
Logo depois, o professor fez a pergunta até esperada; Por que o rio Nilo é tão importante para a África a nível de ecossistema? Cada par de alunos formulou sua resposta e, depois de todas escritas na lousa virtual, começaram a opinar sobre as respostas dos outros, dizendo o que estava errado, o que estava incompleto, etc.
A aula prosseguiu com matemática e depois um pouco de história, até que o sinal do intervalo – e hora do almoço – soou. Serena e Joynah quase não bateram papo nesse período. A reunião de pais e mestres seria por volta das três horas, uma hora antes dos alunos encerrarem o expediente escolar.


Nicholas varria o chão do templo com cuidado e lentidão, enquanto sua esposa desfrutava de um de seus raros e ocasionais momentos de não fazer absolutamente nada, ficando sentada embaixo de uma árvore e tirando um cochilo. Estavam perto da hora do almoço, e a comida já estava pronta. Iriam comer ao ar livre naquele dia.
Seus filhos tinham acabado de sair para a escola – na verdade, ele teve que manda-los para lá a força, pois eles queriam ficar com ele aquele dia, devido ao acidente que tinha sofrido.
- Ei grande mestre...
Ele olhou na direção da voz e viu um repolho vindo direto para o seu rosto.
- ... pense rápido!
Ele largou a vassoura e, com maestria e agilidade, aparou o repolho com as mãos. Logo, viu um segundo e um terceiro. Apoiou-se no pé direito para pegar o próximo e, quando foi por o pé esquerdo no chão para pegar o último, gritou de dor e deixou este passar. Atrás dele, Ray – que tinha ficado alerta - tinha pego o repolho perdido.
- Então... você está em perfeita forma, não é? – disse ela com o olhar acusador, e bem irritado.
- Foi só um momento de distração – disse ele rindo sem jeito – minha perna está perfeita, apenas um pouco dolorida. Olhe!
Ele bateu a perna com força no chão e apertou os dentes com força, tentando esconder a dor que tinha sentido. Mas não conseguiu! Pegando a perna com as mãos e deixando os repolhos caírem, Ficou pulando em um pé só enquanto gritava de dor.
- Sem desculpas – disse ela com o olhar duro – você vai para o hospital agora!
- Já discutimos issoooooooo!
Ele perdeu o equilíbrio e estava indo direto com a cara para o chão, Ray se preparou para correr até ele e segura-lo, mas parou quando percebeu a mancha rápida que vinha vindo.
Sohar surgiu ao lado dele pouco antes dele bater a boca no chão, aparando a sua queda. Ainda bem que ele não estava muito distante. Sohar não conseguia se mover muito rápido para distâncias grandes. Precisava fazer pausas para isso, de forma que se viam vários reflexos dele no trajeto.
- Bom dia, grande mestre – disse ele erguendo Nicholas no colo – parece que você andou abusando em seus treinamentos.
- Oi Sohar, bom dia! – disse Ray se aproximando.
- Olá – respondeu ele – Lita me pediu para te entregar algo.
Ele se aproximou de Ray – com Nicholas ainda no colo – e a beijou na face.
- Ei! – reclamou Nicholas no seu colo – que liberdade é essa?
- Lita pediu para eu mandar um beijo para ela, oras.
- Há... – disse ela sorrindo e fazendo um gesto de meiguice – já que se dedicou tanto para me entregar o beijo dela pessoalmente, envie o meu em retribuição.
Ela se aproximou dele e beijou a sua face também.
- Escuta! Não acham que estão exagerando um pouco não?
- Seu ciumento – disse Sohar rindo – tá bom, pode mandar seu beijo para Lita também – disse ele virando a sua face e a aproximando, para que ele a beijasse.
- Errr... – disse ele sem jeito – vamos deixar para outro dia...
Sohar e Ray riram um pouco.
- Bem meu caro, o que aconteceu com você?
- Nada grave... – começou ele.
- NADA GRAVE! – explodiu Ray – o carro cai em cima de sua perna e você vem me dizer que não é nada grave?
- Querida – disse ele – minha perna não quebrou...
- Mas está doendo! – disse ela o encarando – até nossos filhos perceberam que você não está bem. Devia ter deixado eles te levarem ao hospital, seu cabeça dura!
Sohar olhou para Nicholas, que estava encabulado.
- Você ainda tem medo de hospital? – perguntou ele.
- Bem... é que não acho que seja necessário...
- Não é necessário? – disse Sohar incrédulo – sua perna está com o dobro do tamanho! Acho que você descolou o nervo do lugar. Se não a imobilizar logo, pode perder os movimentos da perna para sempre.
Ele ficou assustado com aquilo.
- Você... acha mesmo?
- Só um médico pode dar certeza – respondeu ele – vamos para um agora.
- Espere um pouco! Ele... o hospital.. vai querer tirar radiografias eletromagnéticas.
- Eu sei – disse Sohar – e daí...? Ai não! Sua habilidade vai queimar as máquinas!
- Exatamente – disse ele – vai ser difícil explicar isso.
- É verdade... tudo bem, vamos para a clínica da Amy. Ela pode te analisar com outros métodos.
- Eu sugeri isto – disse Ray – mas o teimoso não quis perturba-la.
- Agora ele não tem escolha. Eu vou leva-lo, e lembre-se de que sou bem mais forte que seus filhos – disse duramente para ele – não vai me intimidar. Vem conosco?
- Não – disse ela – confio que você pode mante-lo na linha – sorriu – e tem a reunião de pais e mestres de hoje. E, desta vez, eu vou saber como está o aproveitamento de meus filhos na escola. Você não vai protege-los de novo! Agora, querido – disse mostrando os dentes – deixe o padrinho de nossos filhos o levar para ser tratado por Amy.
- Hum... – murmurou ele sendo carregado por Sohar para o carro – desculpem crianças, desta vez não vai dar.
- Não se pode ganhar sempre – disse Sohar concordando com ele – Lita também fez questão de ir a reunião hoje. Acho que as sailors estão mais “família” esta semana...
- Depois de um mês longe das crianças... não posso culpa-las. Mas fico um pouco magoado delas não confiarem em seus maridos. Será que ainda não nos conhecem muito bem?
Sohar o colocou dentro de seu carro – que estava meio lotado de alimentos que ele tinha comprado para usar no restaurante naquela noite – e sorriu.
- Eu acho que é justamente o contrário... acho que agora é que elas nos conhecem muito bem!
Ele entrou no carro e seguiu o mais rápido possível para a clínica de Amy.


Serena estava sentada sozinha em uma das mesas do pátio da escola, onde as crianças comiam o seu almoço – elas preferiam chamar de lanche – mordiscando sem muita vontade a comida que sua mãe tinha lhe preparado. Em um banco ao lado, estavam Allete, Marina e Rita, dividindo o memochip de música que Suzette tinha trazido. A própria Suzette tinha ido filar um pouco da comida de Joynah, pois a sua – ela percebeu depois – tinha sido esmagada graças a trombada que a Rita tinha lhe dado, pela manhã. Só perdoou a Rita por aquilo pois ela prometeu que ela seria a primeira a experimentar o cubic-music dela, mais tarde.
- E ai? perguntou Marina assim que Suzette chegou – conseguiu?
- Sim – disse ela se sentando e conectando o seu visor no memochip – mas não foi muito fácil. Eu sabia que sua irmã comia muito, mas hoje foi a primeira vez que vi o tamanho de seu lanche. Tem quase dois quilos! Como ela consegue comer tudo isso e ainda tem fome no fim do dia?
- Sei lá! – disse Allete – ela apenas fala que sente fome e precisa comer. Ainda bem que sabe fazer sua própria comida. Mas dá um prejuízo lá em casa...
- Pelo menos ela é a melhor cozinheira do restaurante – defendeu Marina – melhor até que a mamãe e o papai juntos!
- Nisso eu concordo – disse Rita enebriada com o clip que estava vendo em seu visor – ai! Como eles são lindos...
- Sai para lá! O Tironne é meu! – disse Suzette enquanto mordia um pedaço da comida cedida por Joynah – gente! Que delícia!
Suzette esqueceu-se do clip e continuou a pegar outra porção, e outra, e mais uma, até que deu uma pausa pois quase tinha se engasgado.
- Eu falei! – disse Marina sorrindo.
- Como ela consegue fazer comidas assim? – disse Suzette de boca cheia.
- Por que acha que ela quase sempre está dispensada da aula de culinária? – disse Marina – é um dom dela. Pena que ela não o divide com a gente...
- Marina... – disse Allete – você sabe que só vai trabalhar na cozinha no restaurante a partir do ano que vem.
- É... por enquanto tenho que me contentar em ser garçonete...
- E qual o problema?
- Papai paga apenas a metade do que paga as cozinheiras. Essa aí e Joynah tem até participação nos lucros. Viu como a bicicleta de Joynah é incrementada?
- Liga de titânio – disse Allete dando um assobio – incluindo a corrente. Super leve e resistente. Não sei como ela consegue quebra-la, as vezes.
- Não se pode dividir um dom – disse Rita – é algo que nasce com você. Mas eu gostaria de ter essa habilidade. Seria tão fácil conquistar os garotos...
Suzette continuou comendo até acabar com tudo. Quase que deu um arroto devido a rapidez com que tinha engolido a comida. No outro banco, percebeu que a princesa Serena estava meio chateada.
- O que aconteceu com ela? – perguntou para as suas amigas.
- Quem?
- A princesa – disse apontando com o dedo – está tão... desanimada hoje.
- Acho que o Yokuto disse “não”...
- Será?
- Bom, eles ficaram conversando bastante ontem no fim do dia. Ou ele a pediu em namoro ou então disse que queria ser apenas amigo dela.
- Pois eu acho que é a comida dela que deve estar uma droga - disse Rita – olhem como ela esta pegando aqueles bolinhos com má vontade.
- Ei! Vejam!
Elas viram um gato cinza passar pela cerca e pular para cima da mesa em que Serena estava. Logo perceberam o sinal de meia lua que ele tinha na testa.
- É a Diana! – comentou Marina.
- Puxa, eu queria ter uma gatinha amiga assim. Veio consolar a sua dona na escola.
- Que nada – disse Rita – acho que ela veio filar boia mesmo.
- Eu acho que não – disse Suzette – olhe como ela está ignorando a comida. Parece até... que estão conversando!
- Se ela está ignorando a comida – insistiu Rita – é porque está uma droga mesmo.
- Falando em comidas e fazedores de comida, olhem nossa mestre cuca ai...
Viram Joynah se aproximando – com Anne – e irem direto para onde estavam Serena e Diana.
- Anne devia estar aqui com a gente – disse Suzette – afinal, ela tem a nossa idade.
- Mas não está na nossa classe – disse Allete.
- Ela pulou um ano! – disparou Suzette.
- Você quer dizer, passou na frente da gente – disse Rita.
- É... isso mesmo.

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