Pokémon: A Curiosa Jornada De Alex. escrita por Linkusu


Capítulo 1
A curiosa jornada de Alex.


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma pequena fic de um capítulo que eu havia escrito há muito tempo para um concurso que acabou não acontecendo. Caso você goste dessa fic, leia também "Pokémon: Ano Sombrio", que é uma fic longa de minha autoria e se passa no mesmo "universo" desta. Boa leitura!



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                O fascinante mundo Pokémon. Um mundo rondado de mistérios e um inerente senso de aventura. Um mundo de sonhos. Ainda na infância de suas descobertas, os humanos entusiasticamente pesquisam e procuram descobrir mais sobre tudo aquilo que os cercam. É por esse animo pela descoberta do desconhecido e as aventuras que o mundo pode esconder que vários treinadores ao redor do mundo recebem suas pokédex de renomados cientistas e partem em suas jornadas com sonhos de se tornarem os melhores naquilo que fazem. Esse também é o sonho de um jovem menino de 10 anos chamado Alex, cidadão de Newbark, a cidade onde os ventos de um novo começo sopram.

                Alex, entretanto, não teve tanta sorte quanto àqueles que o antecederam. Ele nasceu numa época mais madura, onde ser um treinador Pokémon exige muito preparo e dedicação devido ao crescente número de perigos que uma jornada pode ocasionar. Geralmente treinadores tiram suas licenças apenas aos 18 anos após concluir todo o ensino Pokémon e passar por rigorosos testes de aptidão. Ainda assim, ele não se deixa abalar, pois Alex é um menino diferente. Mesmo sem pokébolas Alex tem um dom especial de se entrosar e ficar amigo de qualquer Pokémon. Ele consegue, de maneira surpreendentemente natural, extrair toda a capacidade e poder de qualquer Pokémon, não importando seu tipo, raça ou sexo. Um verdadeiro gênio que só nasce a cada século.

                A família de Alex, entretanto, não aceita muito bem sua obsessão por Pokémons. “Quando você crescer, quero que seja um grande empresário como eu! Ser treinador hoje em dia não está com nada filhão, os homens de verdade trabalham nas grandes empresas! É onde o futuro está!”, seu pai sempre dizia essas palavras a ele, tentando mudar a cabeça do pequeno. O jovem menino, porém, não dava a mínima. Estava muito mais interessado em desbravar terras nunca antes vistas e conhecer novos Pokémons do que se trancar num escritório fazendo coisas chatas, que era como ele descrevia o trabalho de seu pai. O menino de cabelos dourados amava os Pokémons tanto quanto amava sua família.

Foi então que, um dia, inspirado por um livro que havia lido e que contava as aventuras do campeão regional –Ethan– que havia começado sua jornada Pokémon numa idade semelhante à dele, que Alex decidiu que iria partir em sua própria jornada por Johto assim como seu ídolo um dia fez. Foi numa tarde de quinta-feira, quando seu pai ainda estava no escritório e sua mãe estava ocupada no trabalho, que Alex decidiu empacotar as suas coisas e zarpar em direção à sua aventura. Saiu escondido pela janela para não ser avistado pela empregada e fugiu de casa apenas com apenas uma mochila preenchido por nada mais do que uma dúzia de chicletes e seus sonhos e esperanças.

Logo na Rota 29, Alex se encontrou com um Hoothoot e Sentret que eram seus amigos desde muito tempo. Mesmo sem uma pokébola, Alex os convidou em sua jornada com um grande sorriso no rosto e muita confiança. Os dois pokémons aceitaram com um sorriso tão inocente quanto o dele. Estava assim formado um time, sem a necessidade de qualquer meio para unir eles que não fosse apenas a amizade que sentiam um pelo outro. Desbravaram a Rota como verdadeiros veteranos, abatendo bravamente os Pokémons selvagens que tentavam pará-los. Foram até atacados por um bando de Pidgeys, mas com seus comandos e senso de união e liderança, Alex conseguiu controlar a luta perfeitamente e se entender com os seus agressores. Não era apenas um gênio em batalhas como também o era em diplomacia.

Após um árduo dia se aventurando na Rota 29, Alex e seus dois amigos chegaram à cidade de Cherrygrove, mas não tinham dinheiro para descansar e nem para comprar comida. Foi então que Alex se lembrou de que treinadores profissionais pagam caso você os derrote numa batalha Pokémon. Sem perder tempo, ele se direcionou à Rota 30 para participar de sua primeira batalha contra um treinador. Uma batalha de verdade!

“VOCÊ quer batalhar comigo?”, um rapaz de aproximadamente 19 anos, também apenas começando em sua jornada, perguntou ao pequeno Alex que balançou a sua cabeça respondendo que sim. O treinador apenas riu e interpretou aquilo como uma piada. “Vá brincar com seus bonecos, garoto, você é muito pequeno pra ser um treinador de verdade!”, Alex não ficou nada feliz com essas palavras. “Eu posso te mostrar que sou um treinador de verdade! Tão, tão mas tãããão bom quanto o Ethan!”, ele disse convicto enquanto olhava para aquele homem com um olhar destemido. Após um suspiro, o treinador decide aceitar, mas sob a condição de que, caso Alex perdesse, ele teria de voltar para a casa dele e pensar em ser um treinador apenas quando tivesse a idade apropriada. Alex deu um sorriso e aceitou o desafio. “Vou apenas derrotar esse garoto para ele ver que ser treinador não é uma brincadeira de crianças”, o treinador pensou.

Ao começar a batalha, porém, o resultado foi diferente do que ele imaginava. Seu Pidgeotto recém-evoluído foi completamente dominado pelo Hoothoot de Alex, que se movia com precisão e sabia exatamente o que fazer com os comandos de seu amigo. “Eu te subestimei, então considere isso como sorte. Agora eu vou pra valer!”, o treinador adversário disse lançando um Raticate na arena. Alex trocou para o seu Sentret. “Raticate, Hyper Presa!”, o treinador comandou. “Sentret, aproveite o momento em que ele se aproximar e use sua cauda para jogar areia nos olhos dele, aproveitando o impulso para desviar do golpe logo em seguida!”, Alex disse após uma rápida análise da situação, e seu Sentret respondeu executando sua ordem, fazendo assim com que o Raticate errasse o golpe e ficasse com sua visão temporariamente debilitada. “Aproveite enquanto ele não se recupera e o acerte com o ataque Garras de Fúria!”. Sentret rapidamente se aproximou do Raticate e o acertou com cinco arranhões certeiros. Mal tinha tempo do pobre roedor se recuperar do ataque para tentar contra-atacar, Alex já havia dado outro comando à Sentret: “Agora, afaste-o de você atacando com sua cauda!”. E assim Sentret fez, dando uma caudada no lado direito da cabeça de Raticate, jogando-o para o outro lado do campo, inconsciente. O rapaz de 9 anos apenas observou aquilo com seu queixo caído no chão. Havia tudo acontecido muito rápido, sequer tivera tempo para reagir enquanto aquele garoto armava estratégias e dava comandos sem nem precisar pensar. Soltando um grito de vitória, Alex corre para abraçar seus dois Pokémons, em estado de estase pela sua primeira vitória.

Após isso, o treinador não teve outra escolha além de cumprir com as regulações e dar o prêmio em dinheiro ao pequeno adversário que havia o derrotado. “Você venceu justamente, não seria honroso da minha parte não te recompensar. Parabéns, menino”, ele virou de costas e se retirou logo em seguida. Alex correu alegremente de volta para Cherrygrove, agora com dinheiro para pagar uma pousada com comida, passando o resto do dia por lá.

E assim as semanas se passaram, com Alex eventualmente decidindo competir nos ginásios mesmo sem uma licença oficial de treinador. Tecnicamente seria impossível para ele carregar as insígnias já que não possuía permissão para tal, mas mesmo assim poderia desafiar os líderes, mesmo que apenas por diversão. No começo ninguém se importou muito, mas quando as pessoas começaram a ouvir rumores de um garoto de 10 anos que andava com seus Pokémons fora da pokébola e já havia derrotado 3 líderes de ginásio sem sequer possuir uma licença oficial de treinador, o caso de Alex começou a ganhar grande atenção da mídia de Johto. Seus pais, desesperados em busca do filho, o viram pela primeira vez em muito tempo num noticiário, onde ele havia sido entrevistado na cidade de Goldenrod. Os repórteres o chamavam de “o novo raio de esperança de Johto”, “o segundo prodígio de Newbark”. Já seus pais o chamavam de irresponsável, sem dúvidas um título muito menos glamoroso. Ao receberem notícias de seu filho, foram correndo para Goldenrod para tentar trazê-lo de volta para casa.

Alex, porém, era mais esperto. Ele sabia que com a atenção da mídia seus pais iriam persegui-lo, e por isso, sempre dormia fora das cidades, em locais isolados nas rotas onde ninguém pensaria em procura-lo. Um dia, com suas pequenas cobertas ajeitadas debaixo de uma árvore, ele falou com seus amigos Furret, Noctowl – que haviam evoluído – e seus novos companheiros Kadabra e Psyduck, as seguintes palavras: “Quando nós conseguirmos derrotar os 8 líderes de ginásio , vamos mostrar pro papai e pra mamãe! Ai eles vão ficar tão, tão mais tããããão impressionados que com certeza vão deixar a gente se divertir em nossa jornada! E eles vão ficar tão impressionados que vão até deixar a gente conseguir uma licença de treinador!”. Nunca se referia aos seus feitos como “meus”, e sim como “nossos”, sempre considerando seus pokémons. Todos sorriam com muita naturalidade ao ouvir as palavras de seu pequenino amigo.

Alex já tinha dinheiro para mantê-los em pokébolas, mas agora sua razão para não guarda-los era diferente: ele não queria e nem precisava. Os laços de amizade nos corações deles era o que os mantinham unidos, e nada mais importava. Para Alex, seus Pokémons não eram apenas ferramentas que o ajudariam a alcançar seu sonho, não mesmo. Eles eram existências iguais, amigos que compartilhavam do mesmo sonho e caminhavam juntos, se ajudando mutuamente. Iriam alcançar esse sonho passando por todos os momentos, bons ou ruins, como uma família. Não era uma relação de dono e ajudante, treinador e Pokémon, e sim de aliados. Mais do que isso, era um laço puro de amizade. Poderiam ir embora a hora que quisessem, mas não iam, pois os Pokémons, assim como Alex, eram sonhadores, e sonhadores não desistem no meio do caminho. Entretanto, ser um sonhador num mundo onde a realidade é dura pode custar muito caro, e isso, Alex talvez tenha aprendido da maneira mais difícil.

Após ter ganhado seu quarto desafio de ginásio e feito seu pequeno “acampamento” como de costume, Alex acordou numa situação estranha. Seus pokémons não estavam mais com ele. Pela primeira vez desde que tinha começado sua jornada há alguns meses, Alex se viu completamente sozinho. “Furret!”, ele chamava pelo nome de seu amigo enquanto andava pelo local, pensando que talvez eles tivessem saído para conseguir suprimentos ou para brincar. “Noctowl! Psyduck! Kadabra! Não é justo se vocês estiverem brincando sem mim!”, ele falava inocentemente enquanto adentrava pela floresta. Após alguns minutos de caminhada, percebeu que estava perdido e não havia nenhum sinal de seus amigos por perto. Já não lembrava mais como voltar para o local do acampamento e pela primeira vez sentiu medo e insegurança. “Era brincadeira! Eu não vou ficar bravo com vocês mesmo que estejam brincando sem eu! Podem aparecer!”, ele gritava inutilmente.

Quando foi perceber, já estava entardecendo e ele não fazia mais a mínima ideia de onde estava. Sentia frio e fome, mas não tinha nada com ele além de um pequeno papel onde anotava quais ginásios já tinha vencido, com quais amigos, e quais faltavam para desafiar. Olhou para o papel por um momento e começou a chorar. Gritava pelo nome dos amigos dele enquanto soluçava e enxugava suas lágrimas. Dentro de sua cabecinha, se perguntava se os amigos dele tinham o abandonado. “Será que eles não gostam mais de mim?”, ele pensou, o que o fez derramar ainda mais lágrimas. Não podia chorar, já era um homenzinho, ou ao menos era o que ele achava. Tentava conter as lágrimas enquanto cambaleava pela floresta, solitário. Pensava nos dias de alegria que havia compartilhado com seus amigos, e como talvez nunca pudesse mais compartilhar desses tempos felizes de novo. Pensava nos seus pais e imaginou se era assim que eles se sentiram quando ele saiu de casa para começar sua jornada. Isso apenas o deixava mais triste.

Ao pensar na possibilidade de algo ruim ter acontecido a seus amigos, começou a gritar desesperadamente aos choros e soluços: “Noctowl! Furret! Golduck! Kadabra!”. Ele corria enquanto chamava pelos seus nomes. Seus gritos chamaram a atenção de vários Pokémons que ali viviam na floresta. Foi então que uma manada de Tauros apareceu. Eles mandavam olhares furiosos em direção ao garoto, que havia os perturbado tão cedo na manhã. Em uma situação normal, isso não seria um problema para ele. Não para Alex, o prodígio de cabelos dourados. Mas naquela situação, sem seus amigos por perto, Alex não era nada mais do que um menino sozinho e assustado. Com seus olhos lacrimejantes, ele olhou para o bando de Tauros. Aquela foi a ultima visão que ele teve em sua vida.

Alguns dias depois, uma treinadora que estava passando encontrou o corpo de um garoto jogado no chão. Ele tinha um buraco no peito e havia sido pisoteado. Ela soltou um grito e ligou para pedir ajuda. Infelizmente, já era tarde demais. Ao identificarem aquele corpo como sendo o “novo raio de esperança de Johto”, todos os jornais publicaram a notícia em suas primeiras páginas. “Alex, jovem treinador prodígio, é encontrado morto na Rota 38. De acordo com a autópsia, menino teria sido perfurado por um chifre de Tauros e pisoteado logo em seguida. Poucos minutos depois do incidente, faleceu.” O menino que por toda sua vida amou aos Pokémons, encontrou a sua morte pelas mãos de um. Seus pais, ao verem a notícia em todas as emissoras, correram desesperadamente para a cidade onde o corpo do menino havia sido levado. Não queriam acreditar, tinham a esperança de que tivessem o confundido. Porém, quando viram o corpo de Alex, confirmaram a trágica verdade. Ambos se derrubaram em lágrimas, descrentes da realidade. Haviam perdido algo que jamais poderia ser substituído.

O mundo Pokémon é um mundo de sonhos, mas nem todos esses sonhos tem um final feliz. Há uma tênue linha que separa o sonhador do homem morto no atual mundo Pokémon. Talvez o mesmo possa ser dito para qualquer outro... Alex foi vítima de sua própria ingenuidade. Talvez se tivesse nascido em tempos mais pacíficos poderia ter sido venerado como um herói. Quanto a seus amigos, foram capturados por malfeitores que estavam à procura de Pokémons e haviam, por uma brincadeira de mal gosto do destino, os encontrado dormindo, indefesos. Tudo que precisaram foi do arremesso de uma pokébola.


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Notas finais do capítulo

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