- Hermione! Olá!

A castanha desfez a pequena doninha de grama e olhou assustada para a garota ruiva que acenava para ela.

- Olá – Respondeu Mione o mais educadamente que pôde. – Onde está Draco? Quem é você?

- Ele está lá dentro, - Disse a ruiva apontando com a cabeça para a casa. – Sou eu, Gina Weasley.

- Gina Weasley? – Perguntou Hermione pensativa.

A garota de cabelos vermelhos assentiu sorrindo.

- Lembra de mim? – Quis saber Gina.

- Não, não lembro. Apenas recordo-me de ter lido a respeito de sua família em um livro de história contemporânea. Cabelos vermelhos, pouca instrução... Lembro de Draco falando a respeito de serem... humildes também. – Falou a castanha com descaso e um ar de superioridade tão grandes que Draco com certeza aprovaria e aplaudiria.

Gina ficou vermelha como os cabelos e não se conteve.

- Ora essa... Aprendeu a ser metida com o Malfoy? Esqueceu que é, como ele mesmo dizia, uma sangue-ruim?

- Não sou sangue-ruim. – Disse Hermione categoricamente, ao se levantar da grama e adquirir uma postura altiva. “Não gosto dessa tal Weasley” – Pensou ela.

- Ah não? Diga isso ao Malfoy. Ele costumava te chamar assim. – Falou a ruiva cruzando os braços.

- Draco não dizia isso.

- Pelo visto você esqueceu mesmo, não é? – Perguntou Gina em tom de deboche. – Ele te odiava Mione.

- Não me chame de Mione. – Rebateu a castanha.

- Você não lembra mais de nada? Nada mesmo? Está mesmo se apegando ao Malfoy? Esqueceu de mim, esqueceu de Rony?!

Hermione ficou abalada mas não demonstrou nenhuma alteração. Procurando agir do modo mais parecido como Draco agiria, a castanha pronunciou:

- Não sei do que está falando.

- Não sabe?! – Perguntou Gina furiosa. – Por Merlin Hermione! Ronald, meu irmão! Você o amava, lembra?

- Não. Sei. Do que está falando. – Repetiu a garota um pouco nervosa.

- Meu Deus! Eu e você dividíamos um apartamento! Éramos amigas Mione! Tente lembrar! – Exclamou a ruiva exasperada.

- Já chega, Weasley. – Disse uma voz vindo da entrada lateral para a casa.

- Draco! – Disse Hermione aliviada. A moça se precipitou para o loiro e o abraçou enterrando o rosto no peito do rapaz. – Não gosto dela... Sussurou com uma voz abafada.

- Nem eu. – Respondeu o loiro sorrindo.

- Malfoy, ela... – Começou Gina quase gritando de frustração.

- Já. Chega. Weasley. – Repetiu Draco de forma dura.

- Acho que seus esforços foram em vão. Tudo o que conseguiu foi perturbá-la. Pode ir. – Completou o rapaz afagando os cabelos de Hermione, que continuava agarrada nele, como se sua vida dependesse disso.

Gina sorriu de leve antes de dizer: “Quem diria?” E aparatou.

- É claro que não sei se vai dar certo! Quantas vezes vou repetir Rony?

- Mas e se... Quero dizer... É a Gina.

- Falando de mim, Ron? – Falou a garota aparecendo na sala onde o ruivo estava discutindo com Harry.

O coração de Harry cambaleou um pouco ao ver a garota, ou melhor, a mulher de seus sonhos. Era sempre assim. Segundo Rony, todo mundo sabia que Harry Potter gostava de Gina Weasley. “Menos ela, é claro” pensava o rapaz com inocência.

- E então? Ela lembrou? Como ela está? Como foi?

- Ronald, cale a boca, deixe ela falar. – Protestou Harry apontando para a ruiva.

- O que aquela mulher veio fazer aqui? Eu não gostei dela. – Hermione andava de um lado para o outro na sala enquanto Draco escrevia uma carta na sua mesa, que ficava perto da sala.

- Eu já te disse, ela era uma amiga sua. Ela quis te ver e veio para cá. Simples.

- Mas ela disse coisas absurdas. Eu jamais seria amiga de uma pessoa como... Gina Weasley. – Protestou a moça.

Draco ergueu a cabeça para ver a cena. Hermione Granger, dizendo que jamais seria amiga da sua melhor amiga.

- Nada do que ela disse era verdade. Certo? – Indagou a garota enrolando as pontas do vestido azul marinho que usava. Era um sinal claro para Draco de que ela estava nervosa.

- O que exatamente ela disse? – Quis saber o loiro.

- Disse que eu era uma sangue-ruim, disse que você me chamava assim. Disse também que eu amava o irmão dela chamado Rony. Ela inventou tudo, não foi?

O jovem Malfoy engoliu em seco. A confiança que a castanha colocava nele era incrível, mas ele não queria mentir para ela. Contar ou não contar? “Que droga! Maldita Weasley!”

- Draco? – Chamou Hermione despertando o rapaz de seu devaneio.

- Como assim ela não lembrou de nada?! – Exclamou Rony indignado.

- Não lembrando. – Disse a ruiva dando de ombros.

- Mas ela está bem? – Quis saber Harry.

- Ela me pareceu ótima. Andou aprendendo a ser metida com o Malfoy, mas até me pareceu estar mais saudável, mais corada, mais feliz.

- Você não está falando sério...

- Estou Rony. Ela não lembrou de mim, mas me pareceu estar muito bem e extremamente confortável com o Malfoy.

- E o Malfoy? Ele está sendo...

- Sabe Harry, acho que o Malfoy me surpreendeu mais que Mione.

- Como? – Indagou Rony perplexo.

- Ele... ele está mudado. Mudado de verdade. Nunca vi aquela doninha abraçar, defender ou proteger ninguém. Eu quase caí pra trás de tão surpresa.

Os rapazes estavam prestes a protestar, mas Gina foi categórica ao dizer:

- Ele a defenderia com a própria vida. Eu vi nos olhos dele. Não estou de brincadeira e Draco Malfoy também não. Podem crer, Hermione está mais que segura.

- Hermione, é complicado, mas... Weasley falou a verdade. – Falou Draco parando de escrever a carta e largando tudo em cima da mesa.

A castanha pareceu congelar na posição em que estava, mas rapidamente ela respondeu:

- Não. Era mentira... Quero dizer... Podia ser verdade, na época de Hogwarts, a escola... Mas é mentira agora. Você não me chamaria de sangue-ruim, eu sei disso... E eu... eu não amo Rony nenhum, eu não amo ninguém além de você.

Hermione havia recomeçado a circular pela sala desde a primeira palavra e Draco observara e ouvira tudo calado até a parte em que a castanha dizia que o amava.

- Você o quê? – Perguntou o loiro alarmado.

- Eu... Eu sei o que é amor. A definição de amor. Eu li sobre isso num livro e... Eu só sinto amor por você. Quero dizer, você é meu anjo. – Disse Hermione com altivez, andando e mexendo sem parar nas pontas do vestido.

Draco se calou e arregalou os olhos. Hermione não parava de o surpreender. O loiro não admitiria pra ninguém, mas algo dentro de si dera um salto ao ouvir a declaração da moça. Ele se sentiu feliz. Feliz e estranhamente leve. Draco quis dizer que a amava também e que ela era incrível, mas teve medo. Medo de tudo não passar de uma possível confusão da garota. “Ela só diz isso porque perdeu a memória. Quando ela voltar, todo o ódio e o desprezo voltarão.” Por medo, o loiro se calou. Por medo o eterno Sonserino silenciou um dos poucos sentimentos que possuía.