Eternamente escrita por Valentina Cullen


Capítulo 13
Frustração




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Ficamos na campina por algum tempo ainda. Tinha vontade de nunca mais sair de lá. Era mágico. Me fazia pensar que só existia Edward e eu.

Mas tínhamos que voltar ao mundo real. Minha mãe devia estar surtando já. Estávamos perto de New York.

- Como se chamam seus pais? - Perguntou Edward.

- Minha mãe se chama Sarah e meu pai Steven.

- Hum, trabalham?

- Sim, minha mãe tem uma empresa de decoração. Meu pai é gerente de banco.

- Interessante.

- Eles são completamente pirados. Principalmente minha mãe. Meu pai também é um pouco louco, mais é clama ao mesmo tempo. Nem sei se isso é possível. Como eram meus primeiros pais? - Perguntei curiosa.

- Seu pai, Charlie, era chefe de polícia de Forks. Sua mãe, Reneé, era ao que parece, muito parecida com sua atual mãe. Louca. Ela não trabalhava, era professora aposentada. Eles se separaram quando você era pequena. Sua mãe se casou com um jogador de Baseboll, Phil. Seu pai se casou depois que você morreu. Com Sue.

- Nossa. Já tinha sonhado com Charlie. Ainda estão vivos?

- Sim.

- Gostaria de conhecê-los um dia. - Suspirei.

- Bella, você sabe que é complicado toda essa história. Não acho uma boa ideia, você conhecê-los.

- Eu sei, sei lá, mesmo não os conhecendo, tenho saudades. Devem ter sofrido muito quando morri. - Não conseguia me acostumar a pronunciar essa palavra a mim. Morri.

- Sofreram muito. Charlie, no começo achou que eu a tinha matado. Ele estava cer

- Não estava não, já lhe falei que você não é para repetir esses coisas. Foi uma fatalidade. Ninguém teve culpa.

- Bella...

- O que inventaram sobre minha morte. A coisa pública, você sabe.

- Quando descobrimos que estava grávida, já tínhamos falado que estava com uma doença sul-americana. Ela se agravou, e você não resistiu.

Apenas assenti, não queria mais perguntar nada sobre a minha morte. Conseguia perceber em sua voz a tristeza, a dor que ele tinha em falar sobre isso.

- É melhor você me deixar dirigir agora. Estamos perto da minha casa. Meu pai não iria gostar muito em nos ver juntos, afinal, eles ainda acham que estou com Jhonny.

- Tem razão.

Edward parou o carro, assumi o volante.

- Então, quando vai contar para eles que estamos juntos?

- Não sei ainda.

- Que tal hoje?

- Já? - Peguntei em choque.

- E qual é o problema. Você pode falar a verdade, que Jhonny te traiu aí você ficou comigo, e estamos namorando.

- Estamos? - Meu coração acelerou quando ele falou namorando.

- Bom, acho que estamos. - Falou com um leve sorriso nos lábios.

- Quer saber, é bom mesmo. Aí você pode vir sempre aqui, não é?

- Se você quiser.

- Ótimo. - Tentava passar confiança em minha voz. Estava com medo da reação deles. Cara, estava namorando outro cara a 4 dias atrás. Que meu pai não me mate.

Quando chegamos perto de casa, avistei um carro que me parecia familiar.

- Só pode ser brincadeira. - Edward falou ríspido.

-Droga. - Tinha reconhecido o carro. Era de Jhonny. Mais o que aquele cara estava fazendo na minha casa?

- Não acredito que ele veio até aqui. - Falei com raiva. Se não tinha certeza antes de apresentar Edward a meus pais, agora tinha certeza.

- Tem ceteza disso Bella?

- Tenho, quem ele pensa que é para vir até aqui.

Parei em frente a casa, desci rapidamente, Edward já estava a meu lado.

- O que ele veio fazer aqui?

- Tentar voltar com você. - Edward falou com a voz de aço.

- Mais o que aquele monte pensa?

Entrei em casa escancarando a porta.

Jhonny estava sentado, tranquilamente, em frente a meu pai, minha mãe estava lá também. Percebi que Edward vinha atrás de mim. Quando me viram chegando, Jhonny sorriu, mais seu sorriso morreu quando viu Edward.

Meus pais olhavam para mim com um ponto de interrogação no rosto.

- Mais o que você está fazendo aqui? - Gritei para Jhonny, minha raiva estava tão alta que poderia arrancar sua cabeça.

- Bella, isso é jeito de falar com o rapaz. - Meu pai se levantou, só então percebeu Edward atrás de mim, que segurava meu braço. - Quem é esse rapaz? - Ele perguntou com um pouco de raiva na voz.

- Esse é Edward, MEU NAMORADO. - Estava com vontade de matar Jhonny da forma mais lenta e torturante possível. Ele olhava para mim incrédulo, ofendido até.

- O QUÊ? - Meu pai explodiu. - Ao que eu saiba, Jhonny era seu namorado até ontem.

- Era, até ele me trair.

- Eu te traí, sua piranha. Eu vim até aqui fazer as pazes daquele mal entendido, e você aparece com esse cara aqui.

- Ninguém chama a minha filha de piranha. - Se pronunciou minha mãe pela primeira vez. - Bella, explique-se.

- Deixa que eu falo Bella. - Falou Edward pegando minha mão.

- Sou Edward Cullen. - Falou ele com a voz amistosa, linda. - Sou o novo namorado de Bella, e bem, essa história pode parecer estranha, mas não é, é apenas um pouco complicada irei esclarecer.

- Estou esperando. - Falou meu pai impaciente.

- Ao que tudo indica, Jhonny, ex-namorado de Bella, a traía quando ainda estavam juntos. Isso era antes de nos conhecermos. Bem, Bella descobriu não faz muito tempo. Começamos a conversar e me descobri apaixonado por ela. E bem, acho que ela por mim. Então estamos juntos agora.

- Isso é verdade? - você traiu minha filha?

- Não, isso é mentira. Esse cara me roubou a Bella. Eu sei que ela ainda me ama.

- A tenha dó, eu nunca te amei Jhonny, eu gostava de você, mas não era amor. E você me tariu sim, com aquela vadia da Suzan ainda por cima. Estou completamente apaixonada por Edward. - Falei, meu pai alternava olhares de Edward e Jhonny, para ele, olhava de forma mortal, já para Edward, menos mortal.

- Como você tem cara de pau seu moleque. - Agora foi a vez de minha mãe explodir. Ela sabia da minha rixa com Suzan, então devia entender. - Saia já daqui, agora!!!

Jhonny lançou um olhar raivoso para mim e Edward. Antes de sair de minha casa.

- Uau, mais esse molequezinho pensa que é o quê? Vir até aqui falar que vocês tiveram uma pequena briga, e na verdade traía a minha pequena. E você dona Isabella, nada de me contar que estava namorando esse rapaz, que, uaau, é lindo.

Corei, só minha mãe para falar isso. Ela devia ser bipolar. Antes estava explodindo, agora estava calma. Não podia dizer o mesmo de meu pai. Ele olhava para Edward de forma mortal, mas parecia estar mais calmo.

- Pai. - Tentei começar. - Você tem que acreditar em mim. Jhonny me traía, aí eu conheci Edward. - Não era boa em mentir, mesmo sendo que não era tudo mentira.

- Tudo bem , ao menos esse seu novo namorado tem que prometer que não vai fazer igual aquele outro lá.

- Nunca iria trair Bella, ela já é minha vida.

- Ah, e ainda é romântico. - Minha mãe já estava entregue. Edward já a tinha conquistado. Já meu pai, iria demorar um tempo talvez para ele aceitar totalmente a história.

- Bom, é melhor eu ir agora, amanhã nos vemos Bella.

- Acompanhe seu namorado até a porta Bella.

Edward e eu fomos a té a enorme varanda da casa.

- Bom, foi até divertido toda aquela cena. - Falou Edward me abraçando.

- Se você acha graça da quase morte de Jhonny, então tudo bem. - Falei roçando meus lábios aos seus. - Não importa mais Jhonny nem nada, agora, é apenas nós.

- Para sempre. - Edward tomou meus lábios num beijo calmo, mas com muito amor.

- Tenho que ir agora.

- Tudo bem. - Falei relutante, por mim, ele poderia ficar aqui essa noite. Seria ótimo.

- Até amanhã Bella.

- Tchau. - Falei abraçando ele mais forte.

Depois que Edward foi embora, subi para meu quarto e entrei no banho. Estava mega cansada. Também, tinha caminhado 16 Km naquela selva. E a discussão com Jhonny acabou de vez comigo.

Vesti um baby doll roxo e me joguei na cama, só queria dormir e sonhar com Edwad.

Eu tentei fazer um som lento e cansado enquanto subia as escadas. Eu fechei a porta alto o suficiente pra ele ouvir, e então fui na ponta dos pés até a janela. Eu abri ela e coloquei a cabeça pra fora dentro da noite. Meu olhos procuraram na escuridão, nas sombras impenetráveis das árvores.
"Edward?", eu sussurrei me sentindo uma perfeita idiota.
A resposta baixa e risonha veio de trás de mim. "Sim?"
Eu me virei, uma mão voou pra a minha garganta por causa da surpresa.
Ele estava deitado na minha cama, com um enorme sorriso no rosto, as mãos atrás da cabeça, seus pés estavam passando do fim da cama, a perfeita imagem da tranquilidade.
"Oh", eu respirei, caído na chão sem equilíbrio.
"Me desculpe". Ele apertou os lábios, tentando esconder que estava se divertindo.
"Só me dê um segundo pra acalmar meu coração".
Ele se sentou devagar, como se fosse pra não me assustar. Então ele se ergueu e levantou seu longo braço pra me levantar, me puxando pelos braços como se eu fosse um fantoche. Ele me sentou na cama ao lado dele.
"Porque você não senta comigo?", ele sugeriu, colocando a mão fria na minha. "Como está o coração?"
"Me diga você- com certeza você consegue ouvir melhor do que eu".
Eu senti a sua risada quieta balançar a cama.
Nós ficamos sentados por um momento em silêncio, os dois escutando as batidas do meu coração desacelerarem. Eu pensei em Edward no meu quarto, com meu pai em casa.
"Posso ter um minuto pra ser humana?", eu pedi.
"Certamente", ele fez um gesto com a mão, me dizendo pra seguir em frente.
"Fique", eu disse, tentando parecer severa.
"Sim, madame". E ele fez uma mágica de transformar em estátua na beira da minha cama.
Eu me levantei, pegando meu pijama do chão, minha bolsa de utilitários em cima da
mesa. Eu deixei a luz desligada e saí, fechando a porta.
Eu podia ouvir o som da televisão mesmo de lá de cima. Eu batí a porta do banheiro com força, assim Charlie não viria me incomodar.
Eu tentei me apressar. Tentando ser eficiente e rápida pra tirar a lasanha dos dentes.
Mas a água quente do chuveiro não podia ser apressada. Eu destravei os músculos das minhas costas, tentei acalmar o pulso. O cheiro familiar do meu shampoo me disse que
eu devia tentar ser a mesma pessoa que eu era de manhã. Eu tentei não pensar em Edward, sentado no meu quarto, esperando, porque se eu fizesse isso eu teria que
recomeçar o processo de me acalmar. Finalmente, eu não pude mais espera. Eu desliguei o chuveiro, me enxugando vorazmente, com pressa de novo. Eu coloquei a blusa e as calças do meu pijama. Tarde demais pra me arrepender por não ter trazido
o pijama da Victoria's Secret que minha mãe havia me dado há dois anos atrás, eles ainda estavam com a etiqueta em alguma gaveta na minha casa.
Eu esfreguei a toalha no cabelo de novo e passei a escova por ele depressa. Eu joguei a toalha no cesto, coloquei a minha escova e a minha pasta de dentes dentro da minha
bolsa. Então eu desci as escadas correndo pra que charlie visse que eu estava de pijamas, com o cabelo molhado.
"Boa noite, pai".
"Boa noite, Bella". Ele ficou surpresa pela minha aparência. Talvez isso impedisse que ele viesse me espiar no meio da noite.
Eu subi as escadas dois degraus de cada vez, tentando não fazer barulho, e voei pra o meu quarto, fechando a porta atrás de mim.
Edward não tinha se movido uma fração de centímetro de onde eu o havia deixado, uma estátua de Adônis deitada no meu edredom.
Eu sorri e os seus lábios tremeram, a estátua veio á vida.
Seus olhos me examinaram, parando no cabelo molhado, na blusa do meu pijama. Ele ergueu uma sobrancelha. "Legal".
Eu fiz uma careta.
"Não, fica bem em você".
"Obrigada", eu sussurrei. Eu voltei para o lado dele, sentando de pernas cruzadas ao leu lado. Eu olhei para as linhas do chão de madeira.
"Pra quê foi tudo isso?"
"Charlie acha que eu vou fugir no meio da noite"
"Oh", ele analisou isso. "Porque?". Como se ele não pudesse entender a mente de Charlie muito mais claramente do que eu.
"Aparentemente, eu estou excitada demais".
Ele levantou meu queixo, olhando para meu rosto.
"Na verdade, você parece muito cálida".
Ele baixou o seu rosto para o meu e encostou sua bochecha fria na minha pele. Eu me mantive perfeitamente rígida.
"Mmmmmm...", ele respirou.
Era muito difícil, enquanto ele estava me tocando, formular uma pergunta coerente.
Me levou um minuto até que eu pudesse reunir a concentração necessária.
"Parece ser... muito mais fácil pra você, agora, ficar perto de mim".
"É isso que parece pra você?",ele perguntou, seu nariz passando pela minha mandíbula. Eu senti sua mão, tão leve quanto a asa de uma mariposa, colocando o meu cabelo molhado pra trás, para que seus lábios pudessem tocar a parte de baixo da minha orelha.
"Muito, muito mais fácil", eu disse, tentando respirar.
"Hmm".
"Então eu estava imaginando..." eu comecei de novo, mas seus dedos estavam traçando a minha clavícula, então eu perdi a linha de pensamento de novo.
"Sim?", ele sussurrou.
"Porque?", minha voz tremeu me deixando envergonhada. "É assim?"
Eu senti o tremor da sua respiração quando ele sorriu. "Não se importe".
Eu me inclinei pra trás; enquanto eu movia, ele congelou- e eu não podia ouvir mais o som da sua respiração.
Nós olhamos cuidadosamente um para o outro por um momento, e então sua mandíbula contraída foi se relaxando aos poucos, sua expressão ficou confusa.
"Eu fiz alguma coisa errada?"
"Não - pelo contrário. Você está me deixando louca", eu expliquei.
Ele considerou isso brevemente, e quando falou, parecia satisfeito.
"Mesmo?" Um sorriso triunfante vagarosamente iluminou o seu rosto.
"Você gostaria de uma salva de palmas?", eu perguntei sarcasticamente.
Ele deu uma gargalhada.
"Eu só estou agradavelmente surpreso", ele esclareceu. "Nos últimos cem anos mais ou menos", ele zombou. "Eu nunca imaginei uma coisa assim. Eu nunca imaginei que encontraria uma pessoa que quisesse ficar comigo...sem contar meus irmãos e irmãs.
Então eu descobri , apesar de ser novo nisso, que eu sou bom...em estar com você..."
"Você é bom em tudo", eu apontei.
Ele levantou os ombros, se acostumando com isso, e nós dois rimos baixinho.
"Mas como é que pode ser tão fácil agora?", eu pressionei. "Essa tarde..."
"Não é tão fácil", ele suspirou. "Mas essa tarde eu ainda não estava...decidido. Me
desculpe por aquilo, foi imperdoável eu ter me comportado daquela forma".
"Imperdoável não", eu discordei.
"Obrigado", ele sorriu. "Entenda", ele continuou olhando pra baixo.
"Eu não tinha certeza de que era forte o suficiente..." Ele pegou uma das minhas mãos e pressionou levemente contra o seu rosto. "E enquanto houvessem possibilidades de eu ser...superado"- ele aspirou o cheiro do meu pulso- "Eu estava... suscetível. Até que
eu me convencesse de que era forte o suficiente, não haviam possibilidades de que eu pudesse... que eu fizesse..."
Eu nunca vi ele lutar tanto para encontrar as palavras certas. Era tão... humano.
"Então existe uma possibilidade agora?"
"Veremos o que acontece", ele disse, sorrindo, seus dentes brilhavam mesmo na escuridão.
"Uau, isso é fácil", eu disse.
Ele jogou a cabeça pra trás e riu, tão baixo como um suspiro, mas ainda
exuberantemente.
"Fácil pra você", ele emendou, tocando o meu nariz com a ponta do dedo.
Então seu rosto ficou abruptamente sério de novo.
"Eu estou tentando", ele sussurrou, sua voz cheia de dor. "Se for... demais, eu tenho quase certeza que sou capaz de ir embora."
Eu fiz uma careta. Eu não queria ouvir ele falando de ir embora.
"Vai se mais difícil amanhã", ele continuou. "Eu fiquei com o seu cheiro na minha cabeça o dia inteiro, e acabei perdendo a sensibilidade. Se eu me afastar de você por qualquer período de tempo, eu vou ter que começar tudo de novo. Não exatamente do início, eu acho".
"Então, não vá embora", eu respondi sem conseguir esconder a vontade na minha voz.
"Isso seria bom pra mim", ele respondeu, seu rosto se transformou num sorriso gentil.
"Traga as suas algemas- eu sou seu prisioneiro"
Mas as longas mãos dele fecharam os meus pulsos enquanto ele falava. Ele sorriu com o seu sorriso baixo, musical. Ele sorriu mais hoje do que em todo o tempo desde que nos conhecemos.
"Você parece mais... otimista do que o normal", eu observei. "Eu nunca te vi assim antes".
"Não é assim que deve ser?", ele sorriu. "A glória do primeiro amor, e isso tudo. Não é incrível, a diferença entre ler sobre uma coisa, ver em fotos, e experimentá-la?"
"Muito diferente", eu concordei. "Mais substancial do que eu pensava".
"Por exemplo"- suas palavras fluíam rapidamente agora, e eu tive que me concentrar pra entender todas- "o sentimento de inveja. Eu já li sobre isso milhares de vezes, já vi atores interpretando em milhares peças e filmes diferentes. Eu achei que compreendia esse sentimento muito bem. Mas ele me chocou...", ele fez uma careta. "Você se
lembra daquele dia que Mike te convidou para o baile?"
Eu afirmei com a cabeça, apesar de lembrar daquele dia por um motivo diferente. "O dia que você começou a falar comigo de novo".
"Eu me surpreendo com a pontada de ressentimento, quase de fúria, que eu senti naquele momento eu não reconheci. Eu estava mais nervoso que o normal e eu não conseguia saber o que você estava pensando, porque você havia recusado o convite.
Era simplesmente pra preservar a amizade? Era alguma outra coisa? Eu sabia que de qualquer jeito eu não tinha o direito de me importar. Eu tentei não me importar.
"E então a fila começou a se formar", ele gargalhou. Eu olhei zangada para a escuridão.
"Eu esperei, razoavelmente ansioso pra ver o que você diria pra eles, pra ver as suas expressões. Eu não conseguia negar o alivio que estava sentindo, vendo a fúria no seu rosto. Mas eu não podia ter certeza.
"Aquela foi a primeira noite que vim aqui. Eu lutei a noite inteira, enquanto via você dormindo, com a brecha entre o que eu sabia que era certo, moral, ético, e o que eu queria."
"Eu sabia que se eu te ignorasse como devia, ou se fosse embora por alguns anos, até que você fosse embora, você algum dia diria sim á Mike, ou alguém como ele. Isso me deixou com raiva.
"E então", ele sussurrou. "Você falou meu nome enquanto dormia. Você falou tão claramente, que no início eu pensei que você tivesse acordado. Mas você virou para o lado e murmurou meu nome mais uma vez, e suspirou. O sentimento que passou no meu corpo nessa hora me deixou enervado, vacilante. E eu sabia que não podia mais te ignorar".
Ele ficou em silêncio, provavelmente ouvindo as batidas descompassadas do meu coração.
"Mas ciúme... é um sentimento estranho. Muito mais poderoso do que eu tinha imaginado. E irracional! Agora mesmo, quando Charlie te perguntou sobre Mike Newton...", ele balançou a cabeça com raiva.
"Eu devia saber que você estaria escutando", eu gemi.
"É claro".
"No entanto, aquilo te deixou com ciúmes?"
"Eu sou novo nisso tudo; eu estou ressuscitando o humano que existe em mim, e tudo é mais forte porque é tão novo".
"Mas honestamente", eu zombei. "Você ficou com ciúmes disso, depois que eu tive que ouvir que Rosalie -Rosalie a encarnação pura da beleza - foi feita pra ficar com você.
Com Emmett ou sem Emmett, como é que posso competir com aquilo?"
"Não há competição". Seus dentes brilharam. Ele colocou as minhas mãos ainda presas atrás das costas dele e me apertou contra seu peito. Eu fiquei tão rígida quanto pude, controlando até a respiração.
"Eu sei que não há competição". Eu murmurei no peito gelado dele. "Esse é o problema".
"É claro que Rosalie é linda do jeito dela, mas mesmo se ela não fosse minha irmã, mesmo se ela não estivesse com Emmett, eu não sentiria por ela nem um décimo, nem um centésimo da atração que eu sinto por você". Ele estava sério agora, pensativo. "Por quase noventa anos eu estive andando entre a minha espécie, e a
sua... todo o tempo pensando que estava bem sozinho, sem saber o que eu estava procurando."
"E sem encontrar nada, porque você ainda não estava viva".
"Não parece muito justo", eu sussurrei, meu rosto no peito dele, ouvindo sua respiração entrando e saindo. "Eu não tive que esperar. Porque eu posso me safar tão facilmente?"
"Você está certa", ele disse divertido. "Eu definitivamente devia tornar as coisas mais difíceis pra você. Ele liberou a sua mão soltando meu pulso, só pra prendê-lo com a outra mão. Ele alisou meu cabelo molhado suavemente, do topo da minha cabeça até a minha cintura. "Você só tem que arriscar a sua vida a cada segundo que passa
comigo, isso com certeza não é muito. Você só tem que virar as costas para a sua natureza, a sua humanidade... quanto isso vale?"
"Muito pouco- eu não me sinto privada de nada"
"Ainda não". E sua voz estava abruptamente cheia de aflição.
Eu tentei me afastar, para olhar para o rosto dele, mas suas mãos seguravam meus pulsos com uma força inquebrável.
"O que-", eu comecei a perguntar quando seu corpo começou a ficar alerta. Eu fiquei congelada, mas ele de repente soltou minhas mãos e desapareceu. Eu fiz um esforço pra não cair de cara.
"Deite-se", ele assobiou. Eu não podia dizer de que lugar da escuridão ele estava falando.
Eu rolei pra baixo do meu edredom, me virando de lado, do jeito que eu costumo dormir. Eu ouvi a porta se abrir, enquanto colocou a cabeça pra dentro pra ver se eu estava lá como deveria estar. Eu respirei uniformemente, exagerando o movimento.
Um longo minuto se passou. Eu escutei, sem ter certeza de que a porta havia se fechado. Então o braço gelado de Edward estava em cima de mim,por baixo da coberta, seus lábios no meu ouvido.
"Você é uma péssima atriz- eu diria que essa carreira está fora de cogitação pra você".
"Droga", eu murmurei. Meu coração batia com força no peito.
Esse sussurrou uma melodia que eu não conhecia; parecia uma canção de ninar.
Ele parou. "Será que eu devo cantar pra você dormir?"
"Certo", eu sorri. "Como se eu conseguisse dormir com você aqui!".
"Você faz isso o tempo inteiro", ele me lembrou.
Mas eu não sabia que você estava aqui", eu repliquei friamente.
"Então, se você não quer dormir...", ele sugeriu, ignorando meu tom. Minha respiração parou.
"Se eu não quero dormir...?"
Ele gargalhou. "O que você quer fazer então?"
Primeiro eu não consegui responder.
"Eu não tenho certeza", eu disse finalmente.
"Me avise quando você se decidir".
Eu sentia a respiração gelada dele no meu pescoço, podia senti o nariz dele percorrendo minha mandíbula, inalando meu cheiro.
"Eu pensei que você estivesse sem sensibilidade".
"Só porque eu estou resistindo ao vinho, não significa que eu não posso apreciar sua fragrância", ele suspirou. "Você tem um cheiro muito floral, como lavanda... ou frenesi", ele notou. "É de dar água na boca".
"É, é praticamente um feriado quando não tem alguém me dizendo o quanto eu sou apetitosa".
Ele gargalhou e então suspirou.
"Eu decidi o que quero fazer". Eu disse pra ele. "Eu quero ouvir mais sobre você".
"Me pergunte qualquer coisa".
Eu escolhi entre as perguntas de maior importância. "Porque você faz isso?" Eu disse.
"Eu ainda não entendo como você pode resistir tanto a quem você...é. Por favor, não entenda mal, é claro que me alegra que você faça isso. Eu só não entendo porque você se incomoda".
Ele hesitou antes de responder. "Essa é uma boa pergunta, e você não é primeira a fazê-la. Os outros - a maioria da nossa espécie está contente do jeito que as coisas são pra eles -eles também se perguntam como nós vivemos. Mas, veja,só porque nós estamos...mortos de certa forma... isso não significa que nós não possamos escolher ser melhores- tentar cruzar as barreiras do destino que nós não escolhemos. Podemos
tentar reter o pouco de humanidade que ainda existe dentro de nós".
Eu me mantive parada, presa no silêncio pasmo.
"Você dormiu?", ele sussurrou depois de alguns minutos.
"Não"
"Você só estava curiosa pra saber isso?"
Eu rolei os olhos. "Não exatamente".
"O que mais você quer saber?"
"Porque você consegue ler mentes- e só você? E Alice ver futuro? Como isso acontece?"
Eu senti ele levantar os ombros na escuridão. "Nós realmente não sabemos. Carlisle
tem uma teoria... ele acredita que todos nó temos alguma coisa em nossa vida humana que era muito forte, e que quando trazemos essa coisa para a nossa outra vida, ela é intensificada- como nossas mentes e os nossos sentidos. Ele acha que eu já devia ser sensível aos pensamentos das pessoas ao meu redor. E Alice tinha previsões,
onde quer que ela estivesse".
"O que ele trouxe para a próxima vida? E os outros?"
"Carlisle trouxe sua compaixão. Esme trouxe a sua capacidade de amar
apaixonadamente. Emmett trouxe sua força, Rosalie a sua...tenacidade. Ou será que eu devo chamar de cabeça dura?" Ele gargalhou. "Jasper é muito interessante. Ele era muito carismático em sua primeira vida, capaz de influencias as pessoas ao seu redor a ver as coisas da sua maneira. Agora ele é capaz de influenciar as emoções das pessoas
que estão ao seu redor- acalmar uma sala cheia de pessoas raivosas, por exemplo, ou excitar uma multidão letárgica. É um dom muito súbito."
Eu considerei as possibilidades que ele estava me dando, tentando aceitar tudo aquilo.
Ele esperou pacientemente enquanto eu pensava.
"Então como isso tudo começou? Quer dizer, Carlisle mudou você, e então ele deve ter
sido mudado por alguém, e assim por diante..."
"Bem, de onde você veio? Evolução? Criação? Será que nós não podemos ter nos desenvolvido da mesma forma que as outras espécies, predador e presa? Ou, se você
não acredita que esse mundo inteiro surgiu do nada, como eu mesmo acho difícil de acreditar, será que não dá pra você acreditar que a mesma força maior que criou o
peixe anjo e o tubarão, eu o golfinho e a baleia assassina, tenha também criado também nossas duas espécies?"
"Me deixe entender isso direito- eu sou o golfinho, não é?"
"É". Ele sorriu, e alguma coisa tocou meus cabelos- seus lábios?
Eu queria me virar pra ele, pra ver se eram realmente seus lábios que estavam tocando meus cabelos. Mas eu tinha que ser boazinha; eu não queria fazer isso mais difícil pra ele do que já era.
"Você está pronta pra dormir?", ele perguntou interrompendo o breve silêncio. "Ou você tem mais perguntas?"
"Um milhão ou dois"
"Nós temos amanhã, e o dia depois, e o dia depois...", ele me lembrou. Eu sorri, eufórica com o pensamento.
"Você tem certeza que não vai desaparecer de manhã?", eu queria ter certeza. "Afinal de contas, você é uma criatura mística".
"Eu não vou te deixar", havia um tom de promessa na sua voz.
"Só mais uma, então, por hoje...". Eu corei. A escuridão não ia ajudar, eu sabia que ele poida sentir o súbito calor na minha pele.
"O que é?"
"Não, esqueça. Eu mudei de ideia".
"Bella, você pode me perguntar qualquer coisa".
Eu não respondê e ele gemeu.
"Eu fico pensando que vai ser menos frustrante, não ouvir os seus pensamentos. Mas então fica pior e pior".
"Eu me alegro que você não possa ouvir meus pensamentos. Já é ruim o suficiente que você ouve o que eu falo no sono".
"Por favor?", a voz dele era muito persuasiva, quase impossível de resistir".
Eu balancei minha cabeça.
"Se você não me contar, eu vou simplesmente pensar que é muito pior do que realmente é", ele ameaçou obscuramente. "Por favor?", de novo aquela voz implorativa.
"Bem...", eu comecei, feliz que ele não podia ver meu rosto.
"Sim?"
"Você disse que Rosalie e Emmett vão se casar logo... esse... casamento... é como é para os humanos?"
Ele riu silenciosamente agora, compreendendo. "É lá que estamos chegando?"
Eu me mexi, sem consegui responder.
"Sim, eu acredito que é a mesma coisa", ele disse. "Eu te disse, a maioria desses desejos humanos estão lá, só que estão escondidos por desejos muito mais fortes".
"Oh", foi tudo que eu consegui dizer.
"Qual é o propósito por trás da sua curiosidade?"
"Bem , eu me pergunto... sobre você e eu... algum dia..."
Ele estava instantaneamente sério, eu podia dizer pela súbita rigidez do corpo dele. Eu gelei também, reagindo automaticamente.
"Eu não acho que... que... seria possível pra nós".
"Porque seria demais pra você, se estivéssemos tão...perto?"
"Isso certamente seria um problema. Mas não era nisso que eu estava pensando. É só que você é tão delicada, tão frágil. Eu tenho que comandar todas as minhas ações
quando estou perto de você pra não te machucar. Eu poderia te matar tão facilmente, Bella, simplesmente por um acidente". Sua voz havia se transformado num leve murmúrio. Ele mexeu sua palma gelada para colocá-la na minha bochecha. "Se eu
estivesse muito ansioso... se por um segundo eu não estivesse prestando atenção o suficiente, eu poderia avançar, querendo tocar seu rosto, e amassar o seu crânio por engano. Você não se dá conta do quanto é quebrável. Eu não posso me dar ao luxo de perder o controle quando estou perto de você".
Ele esperou que eu respondesse, e ficou ansioso quando eu não respondi. "Você está com medo?", ele perguntou.
Eu esperei um momento antes de responder, pra que as palavras fossem verdadeiras.
"Não, eu estou bem".
Ele pareceu pensar por um momento. "Contudo, eu estou curioso", ele disse, sua voz
eve de novo. "Você já...?", ele parou deliberadamente.
"É claro que não", eu corei. "Eu te disse que nunca senti isso por ninguém antes, nem perto".
"Eu sei. É só que eu sei os pensamentos das outras pessoas. E amos e luxúria nem sempre andam acompanhados".
"Pra mim andam. Agora, de qualquer forma, que isso existe pra mim", eu suspirei.
"Isso é bom. Pelo menos, temos uma coisa em comum". Ele pareceu satisfeito.
"Seus instintos humanos...", eu comecei. Ele esperou. "Bem, você se sente atraído por mim, nesse sentido, de alguma forma?"
Ele sorriu e fez o meu cabelo quase seco voar levemente.
"Eu posso não ser humano, mas eu sou homem", ele me assegurou.
Eu bocejei involuntariamente.
"Eu respondi todas as suas perguntas, agora você devia ir dormir", ele insistiu.
"Eu não tenho certeza se consigo".
"Você quer que eu vá embora?"
"Não!", eu disse alto demais.
Ele sorriu e então recomeçou a sussurrar aquela mesma canção de ninar desconhecida; a voz de um arcanjo, macia no meu ouvido.
Mais cansada do que eu imaginava, exausta pelo estresse mental e emocional como eu nunca havia estado antes, eu caí no sono nos seus braços gelados.



Quando acordei, estava frustrada. Edward dormia comigo na primeira vez e agora não. Isso não era justo. Ele teria quer ficar comigo cada noite a partirr de agora.


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Notas finais do capítulo

Oiii genteeee, tudo beeem?
Então, ficou grande o capítulo por causa do sonho da Bella. Olha, esse capítulo fooi muito difícil de escrever. Vocês já devem ter percebido que coloco mais ou menos um sonho por cap. né??
Pois é, nesse, não conseguia achar um trecho do livro adequado. Então optei por esse. Tentei retirar algumas partes, mas não há como.
Espero que tenham gostado.
Há, esse foi o último capítulo que postei nesse ano. Agora só em 2012
já to chorandooo. :'(
É triste não postar mais, mas vou viajar nessa semana, aí iria ficar difícil de escrever.
Há, lembrei agora, se vocês quiserem, leiam a minha nova fic. Destinos Traçados. Essa ainda vou postar o 3º capítulo semana que vem. Por que está pronto.
Link: https://www.fanfiction.com.br/historia/181820/Destinos_Tracados
Se lerem, espero que gostem.
Bom, também queria pedir para todos mandarem reviews dessa vez, irei respondê-los, já que não irei mais postar Eternamente em 2011.
Beijinhooooos.
Feliz Natal e Feliz Ano Novo. XD