- Nossa como você consegue continuar comendo? – falei limpando minha boca e olhando Jake enfiar um pedaço de pão na boca.

- A fique quieta Bells. – ele fala de boca cheia.

- Ah, vou pegar algumas coisas pra levarmos. – falei revirando os olhos e ficando de pé;

- Isso, vai lá. – ele da de ombros.

Me afastei dele, dei um longo gole na garrafa de água que eu segurava e depois a larguei em cima de algo qualquer.

O lugar estava sujo e parecia abandonado havia tempo. O lugar também era pequeno, mas tinha bastantes variedades de comidas. Peguei mais goloseimas e garrafas de água. Colocando-as dentro de uma bolsa plástica reforçada.

- Sabe Jake. Quando o dono chegar aqui e ver esta bagunça...

- Bella, você só sabe reclamar. Isto esta abandonado... Ainda não reparou?!

Me calei e continuei a pegar mais algumas coisas. Parei quando vi o setor de limpeza, olhei pra trás, mas Jacob esta comendo e então entrei no setor, peguei um sabonete, pasta de dentes e uma escova que eu tanto precisava, acabei pegando mais três escovas de cores diferentes, se mais alguém precisasse. Respirei fundo e puxei um alcaçuz que pendia em um arco amassado. Abri e o aroma adocicado me invadiu fazendo-me fechar os olhos. Tanto tempo que eu não comia aquele doce.

- Ei, podia dividir né?! – Abri os olhos e Jake me encarava já de pé.

- Ah, cale a boca. – falei franzindo a sobrancelha – Você não para de comer.

Ele gargalha e então abre a porta da saída. Quando passei por ele, ele pegou um alcaçuz do pacotinho e o enfiou na boca já mastigando. Fiz cara de mal, mas logo relaxei e peguei um pra mim também e o coloquei na boca, foi uma sensação maravilhosa, sentir aquele sabor adocicado e azedinho no final. Tremi.

Ouvi Jake mais uma vez gargalhar

- O que é? – olhei pra ele – Não vai virar um lobo não?! – o Sol estava a pino.

- Para de bobeira, estou cansado e com sono. Não durmo a um bom tempo. Preciso tirar uma soneca. Mas não aqui. – ele olha para os lados.

- sabe Jake... – parei guardando o saquinho com alcaçuz – Você precisa...

- Não comece com esta historia novamente! – ele colocou a mão na cabeça – Você consegue me tirar do serio!

Dei uma olhada pra trás e vi que entravamos mais pra dentro da floresta que agora era mais densa, as arvores tampavam a luz do sol, deixando tudo ali em baixo verde.

- Mas...

- Por favor. – ele se virou pra mim colocando as mãos em meus braços.

“Insista” – tentei controlar a minha expressão ao ouvir sua voz de novo. Ele sabia o que acontecia ali? Mas como?

Olhei por cima do ombro de Jake a procura de algum movimento. Jacob reparou porque me soltou e olhou ao redor.

- O que foi? – ele ainda olha ao redor.

- Nada. – minha voz quase falhou.

- Como se eu não te conhecesse. – ele grunhiu baixo ao me encarar e se afasta um pouco avaliando o local.

Mordo meus lábios e paro de olhar pra que ele não desconfie.

“venha até mim Bellaaaa” – sua voz foi sumindo ao longe de minha mente. Parei de morder os lábios quando senti um fio de sangue. Balancei a cabeça. Eu não podia chorar não naquele momento.

Jake me encarou. Estava relaxado demais, deitou próximo de mim ainda me encarando e então fechou os olhos.

- Me acorde se ver algo... – ele fechou a boca.

Fiquei ali parada na mesma posição por longos minutos ou então até reparar que Jake dormia profundamente.

Tentei ficar de pé fazendo o máximo pra não fazer nenhum barulho. Jake tinha o sono pesado quando conseguia dormir, mas eu tinha que ser cautelosa.

Comecei a correr quando eu tive certeza de que estava longe o suficiente dele para isto. Minha respiração já estava ofegante, mas eu não parei de correr.

“Boa menina” – sua voz inundava em minha cabeça e agora eu chorei.

As lagrimas me atrapalhavam embaçando minha visão. Ora eu tropeçava em algo, ora eu caia. Mas não parei, nem quando ralei um pouco meu joelho em um galho seco.

Eu não sentia mais minhas pernas e nem me atrevi de olhar pra trás pra ver se Jake reparou em minha ausência e veio atrás de mim. Aquilo era loucura eu sei, mas era o que eu deveria fazer.

Tropecei em algo duro que me machucou e cai no chão que estava úmido. Mas agora eu não tinha forças pra ficar de pé. Mas algo me ergueu.

- Você sempre foi muito obediente! – agora sua voz não estava em meu pensamento. Virei-me rapidamente olhando em seus olhos, mesmo aquilo sendo repulsivo.

- Edward. – o abracei ignorando o fato de que eu iria morrer a qualquer momento. Ele me abraçou como fazia antes e aquilo me surpreendeu.

Ele pegou meu rosto com suas palmas da mão gélidas. Aquele seu rosto duro e triste. Aquela manta negra que o deixava mais horripilante e seus olhos vermelhos...

- Como você faz isso?

- O que? – ele sussurrou, sua expressão era doce.

- Como se comunica comigo? Pelo pensamento. – minha voz falhou no final.

Ele em um movimento rápido me encaixou em seu colo, deixando nossos rostos próximos. Eu confiava nele nessa parte. Eu sabia que ele se movimentava. Ele não me respondeu e eu também deixe pra lá.

Talvez eu estivesse enfeitiçada ou sei lá. Mas eu sabia que todos acabariam mortos... então porque não ter algumas horas ao lado de um Edward mal, que na verdade é o bom. Mas que esta preso em seu próprio corpo...

Ele se afastava mais e mais, até que senti que paramos quando meu corpo foi pressionado contra uma arvore qualquer.

Ele começou a beijar meu pescoço, como se sentisse necessidade naquilo. Não sei dizer o que.

Eu ainda estava em seu colo, sua mão apertava minha coxa, às vezes eu sentia uma dor, mas deixei que ele continuasse. Aquele calor me invadiu de novo, mas agora era diferente, parecia que me dominava por inteira. Fechei os olhos quando sua boca gélida encontrou a minha...

**~

Abri os olhos devagar, mas nada fez com que meus olhos ardessem. O Sol estava se pondo ao longe. Eu me encontrava na mesma floresta em que eu entrara, tentei virar o rosto, mas uma dor me prendeu. Forcei, olhando para minhas mãos que estavam amarradas e meus pés também.

Minha roupa estava surrada e eu estava vestida, meu cabelo preso... Franzi a testa e pisquei duas vezes me analisando, pequenas manchas roxas brotavam em minha pele clara. Minha visão saiu de foco quando a lembrança me veio à tona. Sorri por alguns segundos achando aquilo maravilhoso. Mas onde eu estava?

- Ei?! – uma voz delicada veio do meu lado. Tentei olhar, meu pescoço doía.

Entrou em meu campo de visão uma mulher, morena, bem bonita e parecia jovem demais, seu rosto angelical, talvez tivesse uns 17 anos. Seus olhos estavam esbugalhados e ela tremia. E acho que se assustou mais ao me olhar.

- Nossa, eles te torturaram? – seus lábios tremiam – Onde estamos? O que eles querem? – ela choramingou.

- Hãn?! – a encarei – Não, não me torturaram! Eu só... – parei de falar e a lembrança me inundou novamente... Aquelas mãos frias passando por cada parte de meu corpo me fazendo vibra...

- Ei?! O que eles vão fazer com a gente? – algumas lagrimas saiam de seus olhos miúdos.

- Não sei. – e eu não sabia mesmo – Qual o seu nome?

- Francisca... Francisca Caruso. – seu corpo tremia – E o seu?

- Bella Swan. – engoli em seco ao dizer meu sobre nome.

- o que eles querem com a gente Bella? E onde estamos? Já viu? Eles têm olhos vermelhos. – ela choramingava.

- Já disse que não sei! É! – olhei pro chão.

- Você... A você vai ser excelente. – olhei pro alto e a loira que estava com Edward estava ali acompanhada por Alice. Que sorria maliciosamente.

- Excelente pra que? – a menina quicava de tanto medo – Por favor, não me matem, por favor... Bella, não deixe.

Eu podia ver o terror nos olhos dela. Mas eu não podia fazer nada. Alice me deu uma breve olhada antes de arrastar a menina até a loira que eu havia esquecido o nome.

- Sua hora chegou docinho. – a loira cantarolou ao erguer a menina.

A loira encostou-se a sua face e a menina se calou, o que ela estava fazendo? Seus lábios murmuraram algo e então ela soltou a jovem que agora parecia um zumbi. E com um sorriso a loira puxou o pescoço da jovem mordendo-a.