Aquele simplesmente foi um dia especial. Meu nome não importa qual é e nem mesmo se sou homem ou mulher, o que importa é a história do dia mais especial de minha vida.

Tudo começou quando eu resolvi levar a pessoa que eu amo, que é um garoto, até a minha casa. Minha família é formada apenas por minha mãe, eu e meu padrasto. Meu pai morreu assassinado na minha frente quando eu era pequeno, mas a cena que vi estranhamente não me causou nenhum trauma.

Minha mãe olhou-me séria, talvez ela tenha pensado que o garoto que amo era apenas um amigo, afinal ela não gostava que eu levasse garotos para conhecê-la. Ela era do tipo que odeia meninos menores de idade. Nunca soube o motivo aparente para tamanho ódio que ela sente, e isso acabou nos afastando um pouco.

Eu suspirei e me inclinei para beijar os lábios do meu amado, mas naquele momento eu não sabia que minha mãe estava por perto e segurava um cutelo, a única coisa que me lembro era que senti uma forte dor atrás da minha cabeça e apaguei completamente.

Acordei não muito tempo depois com um líquido vermelho escorrendo pelo meu braço. Era sangue. Sangue do meu amado que estala encostado-se a mim com aquele cutelo em seu peito.

A cena aparentemente não me chocou muito, mas por dentro minha vontade era torcer o pescoço do primeiro infeliz que cruzasse o meu caminho. Eu estava com raiva. Foi então que eu fiz o que sempre tive vontade de fazer. Com cuidado, retirei o cutelo do peito do Oshi, o nome do meu amado, e rumei em direção à cozinha, pois minha mãe certamente estaria lá rindo de mim.

Se ela pode me fazer sofrer daquele jeito quando matou o meu pai na minha frente e fez o mesmo com o Oshi, então eu certamente poderia fazer o mesmo com ela, que fez literalmente a minha vida um inferno.

“O que planeja fazer com isso, Matsuri? Você sempre foi um bom garoto, o que vai fazer?”. Ela falou como se não soubesse de nada. Eu encarei-a por um tempo e literalmente pulei em cima dela, fazendo nós dois cairmos no chão. Como eu era aparentemente mais forte, segurei os pulsos dela acima de sua cabeça e sorri.

“Você acabou com a minha vida pouco a pouco, agora sou eu quem irá acabar com a sua.” Murmurei enquanto levava a faca até o pescoço dela, fazendo um longo e profundo corte em seguida. Ela se remexeu de dor por um tempo, mas aos poucos foi perdendo mais e mais sangue, até chegar o momento em que ela não respirava mais.

Não me arrependi de ter feito aquilo, mas eu estava muito triste com a perda de meu amado. Caminhei devagar até a sala e reparei que estranhamente aquele ferimento no peito de Oshi havia desaparecido, só restava o sangue que manchou-lhe a camisa.

Aproximei-me dele e toquei em seu rosto, estava surpreso, pois ele abriu lentamente seus olhos e sorriu para mim, naquele momento eu soube que aquele garoto não era um humano. Abracei-o e beijei-o incontáveis vezes, afinal fiquei aliviado em saber que ele estava bem.

Ele me afastou um pouco ofegante com o braço direito e ajeitou-se no sofá. Levou sua mão livre até as costas e eu pude ver que havia uma enorme faca cravada na região. Oshi puxou-a e gemeu de dor, mas logo vi aquele ferimento cicatrizar rapidamente.

“Você não é mesmo humano... Sempre suspeitei disso, mas agora eu tenho certeza... O que você é...?” Perguntei sentando-me ao lado do meu amado. Ele sorriu para mim, mostrando enormes caninos e segurou com delicadeza o meu rosto, ele era um vampiro... E pelo visto, era justo um puro sangue.

“Você também não é... Nenhum humano é tão cruel quanto você... “ Ele sussurrou com a voz calma e levantou a camisa, onde, segurando a faca, cortou-se um pouco e deixou bastante sangue escorrer pelo seu abdômen, eu engoli em seco.

Logo, ele largou aquela faca e segurou a minha mão. Guiou-a até aquele ferimento e lentamente adentrou a minha mão naquele corte. Eu fechei os olhos ao sentir algo mole e quente por entre meus dedos, deveria ser as entranhas dele. Não agüentei e rapidamente puxei a minha mão para fora, senti algo subir pela a minha garganta e acabei por vomitar um pouco em mim mesmo.

Ele alargou um sorriso e se aproximou de meu rosto, onde lambeu lentamente o meu queixo sujo, para em seguida subir com a língua e contornar os meus lábios com a mesma, onde em seguida se afastou.

“Se você quiser saber mesmo quem eu sou... Desista desta vida miserável de humano... Ou melhor... Mostre-me a sua verdadeira forma, meio-Íncubus...” Oshi sussurrou e abaixou à blusa, aquele corte já havia desaparecido por completo.

Eu suspirei e sorri de canto, nem imaginava que ele conhecia quem eu verdadeiramente era. Um filhote de humano fraco e comum com uma Succubus, o demônio feminino do prazer. Eu era um meio-Íncubus...

Me inclinei e lambi o canto da boca do meu amado. Eu iria arcar com as conseqüências de ter aceitado aquela oferta dele. Mas, se isto significava poder passar o resto da eternidade ao lado dele, eu não me importava.

Segurei-o pela cintura e beijei o pescoço. Fizemos sexo como loucos por duas horas seguidas naquele sofá sujo de sangue e dos restos de meu almoço. Eu não estava cansado, muito pelo contrário, eu queria mais, queria sentir cada pedacinho do corpo do meu amado.

Mas, não poderíamos demorar muito tempo ali, não com a minha mãe morta na cozinha...

Nós nos beijamos algumas vezes e nos vestimos por fim. Eu o limpei rapidamente e ele fizera o mesmo comigo. Saímos pela porta dos fundos da casa e começamos a caminhar sem rumo em direção ao por do sol.

Aquele realmente fora um dia especial para mim. Não sei se para meu amado foi, mas eu estava feliz. Afinal, finalmente eu estava livre.