Adopt Me escrita por salinaak


Capítulo 1
Adopt Me


Notas iniciais do capítulo

Olá! :3

Então, como eu disse no Disclaimer, essa fic é um presente para minha pequena Annye. Obrigada por dar vida a essa história.



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A voz de Tom soava alto, preenchendo todo o ambiente, sobrepondo-se ao coro de vozes femininas que o acompanhavam. “She looked incredible, just turned seventeen”. Harry girou a baqueta no ar e sorriu para Dougie que acabara de parar ao seu lado. O baixista sorriu de volta antes de correr para o centro do palco, ficando lado a lado com Danny.


A música chegou ao fim e Harry curvou as costas, jogando os ombros para trás tentando estalar a coluna. Deu uma olhada rápida no público e foi nesse momento que a viu: aparência jovem, talvez possuísse seus 15 anos, pele levemente morena. Ela estava sentada sobre os ombros de um homem mais velho e segurava um cartaz escrito em prata nas mãos: “HEY, JUDD, ADOPT ME”.


Rir foi inevitável, era simplesmente genial! Harry apontou para o cartaz para que a garota soubesse que ele a vira e aprovara a idéia. E o sorriso que ela abriu simplesmente lhe valeu a noite.


Os olhos azuis se abriram em um repente, mirando o teto branco do Tivoli. Harry sentou na cama e passou as mãos pelos cabelos despenteados. Céus, há quanto tempo ele não tinha esse sonho?


– Yoo, bela adormecida! – Danny debruçou-se sobre a cama, sorrindo largamente com os lábios próximos aos do amigo, quase matando o pobre baterista do coração.


– Mas quê...?! – O rapaz arregalou os orbes de cor clara e empurrou o guitarrista dali, colocando-se de pé em seguida. – De onde você surgiu?


– Da porta. – Danny fez uma expressão de obviedade e desviou da travesseirada que o outro tentou lhe dar. – Mas, falando sério agora, temos que ir há uma entrevista daqui a pouco, o Neil tá chamando, já.


– Tá, tá. – Ele deu de ombros, retirando a camisa que usava para dormir para colocar algo mais apresentável.


Pelo menos aquilo o ajudaria a parar de pensar no sonho que tivera. Ajudá-lo-ia a esquecer a frustração de saber que jamais reencontraria a garota que cismava em pentelhar seus pensamentos.

***


O sol estava a pino quando chegaram ao estúdio da MTV. A van manobrou de forma que fosse possível que os rapazes entrassem direto para o estúdio, sem que precisassem passar pelo grupo de pessoas amontoadas próximo ao local.


Dougie saltou do automóvel para dentro do prédio. Tom e Danny desceram juntos, acenando para aqueles que aguardavam para vê-los.


– Nossa, até que tem pouca gente aqui hoje, né? – Tom comentou, fazendo uma contagem rápida do grupo histérico acenando de volta.


– Meu cabelo agradece! – Danny brincou, lembrando-se da última vez que estiveram no país e uma porção de fãs fez questão de arrancar alguns cachos de seu cabelo como “lembrança”.


O último a descer da van foi Harry. O baterista também acenou, observando cuidadosamente através do estiloso Rayban para cada um dos rostos felizes que gritavam para ele. Quem sabe ela também não estaria lá...?


– Come on, Harry! – O vocalista gritou para apressar o amigo.


– Você tá meio desligado, cara. – Dougie comentou, quando o baterista se juntou a eles. – O que há, o Brasil te traz alguma lembrança?


Harry revirou os olhos para o loiro. Dougie sabia muito bem a quantidade de vezes que o mais velho acordara no meio da noite devido a algum tipo de sonho mais... hm... com a misteriosa garota.


E pensar que ele só a havia visto uma vez e ainda assim, tão distante do palco...

***


A gravação do programa para a MTV durara um pouco mais de duas horas e às 15h eles já deixavam o prédio pela saída frontal, onde o grupo de fãs – agora consideravelmente maior – os aguardava.


“Não fique alimentando esperanças, idiota, você nunca mais vai encontrá-la.” – Harry repetiu mentalmente para si mesmo quando percebeu que novamente, do topo da escada, ele analisava fã por fã em busca de algo que pudesse identificar alguma delas como sua garota especial.


Já estava se dando por vencido quando enxergou as palavras pratas reluzindo a luz fraca do sol daquela tarde fria: HEY, JUDD, ADOPT ME!


Era ela!


Sorria encantadoramente para ele. A pele morena estava delicadamente maquiada, os cabelos negros estavam notavelmente mais longos e amarrados em trança e os três anos que se sucederam desde a última vez que a banda estivera no país definitivamente tiveram um efeito fantástico no corpo da pequena.


Ele apontou empolgado para a placa, a garota precisava saber que ele a estava vendo! Desceu as escadas com brilho nos olhos e postura de um verdadeiro líder.

***


Harry estava prestes a entrar no quarto, quando Neil saiu do elevador com a expressão de quem havia visto um fantasma.


– Acho que tem fãs no hotel... Acabei de pegar o elevador com duas garotas...


O baterista arqueou uma sobrancelha para o produtor.


– É um hotel... São hospedes.


– É diferente, você sabe. – O mais velho revirou os olhos. – E tenho a impressão que vi aquelas duas no desembarque... De qualquer forma, logo a imprensa chegará para a coletiva.


O outro balançou a cabeça, concordando e, enfim, entrou em seu quarto. Não teve muito tempo para pensar sobre os últimos acontecimentos. Arrumou-se rapidamente e, em seguida, saiu para encontrar Dougie e Danny. Tom já havia seguido na frente com Niel.


A coletiva de imprensa aconteceu razoavelmente rápido e fora bastante divertida. Despediram-se dos repórteres e colunistas com simpatia e risada, e ainda tiraram algumas fotos.


– Você não vai voltar para o quarto? – Harry perguntou ao baixista ao perceber que este se dirigia para o outro elevador. – É por isso que preferem Flones, está vendo?


– Vou dar uma passada no bar. – O loiro murmurou dando risada e então lançou uma piscadela para o baterista. – Depois eu vou direto para o seu quarto.


– Eu cuido dele para você enquanto isso! – Danny sugeriu, pendurando-se nos ombros do amigo.


– Nem pense nisso! – Dougie gritou do outro lado e seguiu para o bar acompanhado de um segurança.


Os demais subiram juntos para o 12º andar – o que estavam hospedados. Danny e o guitarrista seguiram para o quarto de Harry. Discutiam assuntos sem real importância quando o baixista bateu na porta.


– Cara, você não tem idéia de quem eu vi lá embaixo! – Os olhos do loiro brilhavam.


– Quem? – A resposta veio em coro, apesar da pergunta ter sido claramente direcionada ao baterista.


Os orbes azuis esverdeados do baixista se estreitaram e um sorriso enviesado surgiu em seu rosto.


– “Ela”.


– “Ela”? Ela quem? – Tom perguntou. A expressão de Harry tornara-se impassível enquanto ele tentava ler a verdade no rosto do amigo.


– A menina do sonho? – Danny deu uma risada divertida. – Você está brincando, não está? Essa garota existe mesmo?


– É claro que ela existe. – Dougie pareceu repentinamente mal-humorado. – Eu tenho certeza que é ela, Harry! Você já me descreveu essa garota mil vezes e eu vi quando você sorriu na saída da MTV. O cabelo escuro, morena... A plaquinha! Era ela, não era? E agora ela está aqui, dentro do hotel, no saguão!


O baterista levantou da cadeira em um sobressalto, finalmente atingido pelas palavras do loiro. Seu pulso foi imediatamente agarrado.


– O que pensa que vai fazer? – A voz de Tom soou estranhamente severa. – Vai sair correndo para encontrar uma garota que você viu uma vez na vida? Você nem a conhece!


– Ele sonhou com ela! No meio de milhares de garotas, foi ela que o Harry viu. – Dougie defendeu com determinação. – E mesmo três anos depois, ainda sonha com ela!


– Três anos depois ele continua namorando. – O vocalista disse entre dentes e fixou os olhos castanhos nos azuis. – E a sua namorada, Harry? Você nunca sonhou com a Izzy?


O baterista abriu e fechou a boca sem emitir um som sequer pelo menos umas três vezes, antes da expressão endurecer e o olhar se tornar vazio.


Como ele tivera coragem de simplesmente cogitar fazer uma coisa dessas com Izzy?


– Você tem razão.


– Como? – Dougie lhe lançou um olhar de descrença e depois se voltou para Tom com raiva, mas nada disse.


Um minuto, dois. Silêncio.


– Oooooolha. Tem tanta gente lá em baixo... – Danny comentou sorrindo de orelha a orelha, aparentemente alheio a tudo o que acontecia a sua volta. – Quando vamos descer pra falar com elas?


– Mais tarde. O Neil combinou umas 19:30 ou 20h. – O de íris castanha respondeu feliz por aquele clima estranho que se instalara ter se dissipado. – Mas você estava do meu lado quando ele falou, deveria saber.


Danny não respondeu, apenas abriu os olhos acinzentados o máximo que podia, exibindo sua melhor cara de cão sem dono. Tom riu e o baterista o acompanhou. O único ainda silencioso era Dougie, e Harry pode notar de canto de olho que o amigo o mirava, o olhar infeliz.


Quando chegou o momento de descer para cumprimentar as fãs, o produtor entrou no quarto para chamá-los. Foram até o saguão e cumprimentaram uma série de garotas que, de fato, haviam se hospedado no hotel. – Harry juntou as mãos em um pedido de desculpas por ter duvidado Neil.


Mas, além disso (e apesar de tudo), não pode evitar que seus olhos vagassem por toda recepção atrás das tranças negras. Ela não estava lá.


Suspirou, parando próximo à porta e acenando para aquelas que aguardavam na calçada. O que ele pretendia, afinal? Era só mais uma garota, só mais uma fã louca o suficiente para reservar um quarto no mesmo hotel que eles. Só mais uma, só mais uma...


E, ainda assim, mexia com ele de uma forma que nenhuma outra jamais havia conseguido.

***


Harry se espreguiçou o mais demoradamente possível, antes de abrir os olhos e encarar, novamente, a parede branca do Tivoli. Tivera uma noite sem sonhos e, de certa forma, estava grato por isso.


Vestiu a primeira roupa que encontrou e desceu para o lounge, onde encontrou Tom.


– Yo! – Cumprimentou com a cabeça, olhando ao redor. – Dougie não está aqui?


– Hmoi! – Tom respondeu erguendo os olhos, a boca cheia com mais queijo do que deveria caber ali. – Êli nhaum decheu ainnda.


– Engole antes de falar, cara! – O baterista riu erguendo a sobrancelha enquanto os olhos do loiro tornavam-se marejados com a força que ele fazia para conseguir engolir tudo de uma vez. Harry pegou um gatorade sobre a mesa e deu as costas. – Vou subir para chamá-lo.


– Hm, Harry... – O vocalista chamou antes que o moreno pudesse alcançar o elevador. – Desculpe-me por ontem... Você sabe o que faz.


O baterista não sorriu. Nem mesmo chegou a se virar para encarar o amigo. Apenas levantou a mão como quem dizia “esquece isso” e continuou andando.


Teve que correr para tentar pegar o elevador aberto ao ver Danny sair de dentro do transporte. Mas, ainda assim, não foi bem sucedido. Esperou, e quando finalmente conseguiu subir, ainda teve que bater diversas vezes na porta do quarto do amigo antes de ser agraciado com a visão dos sonolentos olhos azuis esverdeados.


– O que você quer? – O loiro resmungou.


– É isso que recebo no lugar do meu beijo de bom dia? – Harry mal terminara de falar e os lábios do baixista já estavam colados em sua bochecha. – Menos mau. Você não vai descer?


– Você realmente não vive sem mim, hein? – O loiro abriu um sorriso malicioso. – Já vou, pode ir descendo.


Harry balançou a cabeça, concordando e voltou para o piso térreo. Pouco tempo depois o baixista se juntou à mesa. Comeram sem pressa, rindo dos lamentos de Danny após saber que o baterista havia perguntado somente por Dougie na primeira vez que foi ao lounge.


– Se eu perguntasse de você, Tom ficaria com ciúmes!


– Sei. – O guitarrista choramingou.


Assim que terminaram o café da manhã, próximo às 10h30min, Danny e Tom subiram para seus quartos, deixando Harry e Dougie sozinhos no bar. O baixista caminhou em direção às grandes portas de vidro que levavam à piscina e o moreno o seguiu. Acenderam um cigarro.


– O que vai fazer? – O loiro murmurou, os olhos pairando sobre a água cristalina sem verdadeiramente enxergá-la.


– Sobre? – Harry olhou para o amigo, mas não obteve resposta. Tragou e expeliu lentamente a fumaça, observando os desenhos que se desmanchavam no ar. – Não tenho nada para fazer. Não vou abrir mão de um namoro de seis anos por uma pessoa que eu não conheço.


– Quem está falando de abrir mão? – O baixista revirou os olhos.


– Está sugerindo traição, então, é isso? – A voz do baterista ganhou um tom irritado.


Dougie agachou no chão, na ponta dos pés. Segurou o cigarro entre os dedos e apoiou os braços no joelho, cansado.


– Eu realmente amei a Frankie, sabe? Mesmo. – Os olhos esverdeados pareciam vazios. – Mas ela me decepcionou muito, me deixou quebrado... Eu... Eu não estou dizendo para você fazer algo que acha errado, não quero que se arrependa, mas...


Dougie virou a cabeça, mas Harry não precisava ver seu rosto para saber o quão sofrida era sua expressão.


– Eu só acho que por mais que você ame alguém, por mais que você a queira bem, às vezes o sentimento acaba. E os sonhos que você deixou para trás por ela se perdem, sabe?


O baterista não responder, apenas agachou ao lado do amigo e envolveu seu ombro com o braço, trazendo-o para perto de si.


– Eu vou pensar sobre o assunto, ok...? – Murmurou. – Mas quero que prometa que vai parar de carregar tudo sozinho.


O loiro balançou a cabeça, confirmando e a enterrou no pescoço do outro, tendo seu cabelo afagado.


Ficaria tudo bem... Tinha que ficar.

***


Era em torno de uma hora da tarde quando Harry deixou o SPA em direção à recepção do hotel para se juntar aos outros. A multidão na calçada gritava compulsivamente seus nomes e pedia por eles. “McFLY, come here!” ouviu gritarem em coro.


O baterista, acompanhado por Tom e Danny, acenou através das paredes de vidro.


– Bem, agora temos que ir à gravação do... Altas H-Horas – Neil informou, lendo com dificuldade o nome do programa brasileiro. – Depois jantaremos naquela churrascaria, ok?


– Carneeee! – Danny cantarolou, indo em direção à van.


A filmagem do programa acrescentou muito mais aos rapazes do que eles esperavam. Além de todo o carinho recebido pelas fãs da platéia, eles descobriram que uma barra de 230kg nem é tão pesada assim – quando se tem oito braços a levantando... – e que precisavam, imediatamente, transar em terras brasileiras. (E que Dougie precisava de uma “melhor amiga” nova...)


Mas quem mais aproveitou, sem dúvidas, foi Danny, que pode, além de demonstrar toda a sua habilidade com o idioma português, tirar uma foto com Elano.


Saíram de lá e foram imediatamente para a churrascaria, para uma digna e merecida refeição. A noite foi de risos e só.

***


A imagem era desfocada e o cenário incerto. Mas ele não precisava de nada disso, poderia reconhecer a longa trança negra qualquer que fosse a situação.


Não sabia bem o que estavam fazendo ali, mas, novamente, era uma informação desnecessária. Não precisava de um motivo, só precisava tocá-la...


E foi o que fez.


Os braços se encontraram e os dedos deslizaram pela pele quente. Lábios, língua, saliva. Orbes azuis fixos nos castanhos. E não havia mais nada, apenas o movimento. Ritmo. Calor. E nada.


Harry acordou num sobressalto. Uma espessa gota de suor escorria por sua testa. Passou a mão pelos fios castanhos, sentindo-os molhados. Suspirou. Não bastava sonhar com o show em que a vira, sua mente ainda tinha que colocá-lo em situações que definitivamente não haviam acontecido – nem deveriam acontecer!


Só percebeu o olhar esverdeado que caia sobre si quando voltou a se deitar. Ergueu-se novamente praticamente pulando.


– COMO vocês fazem pra entrar aqui?


– Se-gre-do. – Dougie murmurou, enroscando-se nas cobertas como um gatinho. Um beicinho emburrado levemente puxado para um sorriso sacana se desenhou em seus lábios. – Espero que seu sonho tenha sido comigo porque, oh, man, você estava gemendo.


O rosto do baterista assemelhava-se com um grande e maduro tomate. Uma enorme gargalhada do loiro ecoou pelo quarto.


– Ok, não precisa explicar. – Ele ronronou e adquiriu uma expressão de desgosto ao abandonar as cobertas para se sentar. – Temos que sair meio dia, então vá tomar seu café da manhã.


O baixista deu uma cabeçada no peito do moreno e então se levantou. Iriam para Belo Horizonte e, no dia seguinte, para o Rio de Janeiro. Ainda tinham muito que fazer.

***


A passagem pelo estado Mineiro fora extremamente divertida. Dougie ainda se mantinha um tanto incrédulo com o pedido inusitado que recebera de forma tão tímida. “Posso tocar seu nariz...?”. Harry se divertira bancando o policial momentos antes do M&G, prendendo todos os membros do staff que cruzavam seu caminho. E Danny ainda se gabava da frase rabiscada (e alterada por Dougie!) no braço de uma fã: FUCK ME, DANNY! O show, à noite, também fora sensacional. Fecharam com Shine a Light.


A curta estadia no Rio de Janeiro também não ficara nada atrás! Danny e Harry travaram uma terrível guerra sem vencedores com palitos de dentes e comida no restaurante do hotel. O show seguiu o mesmo roteiro do dia anterior, mas nem por isso fora menos empolgante. Os quatro integrantes da banda ainda tiveram a oportunidade de aproveitar uma manhã na praia, como há muito desejavam.


E, então, estavam de volta à São Paulo.


– Ainda vamos passar o som, hoje? – Dougie murmurou, enroscado nos braços de Tom.


– Não, vamos passar antes do M&G de amanhã, acabamos de voltar, acho que merecemos um descanso, né. – O vocalista respondeu, brincando com as madeixas loiras do amigo.


Harry entendeu muito bem o olhar que o baixista o lançara quando Tom mencionara o M&G. Talvez ela estivesse lá. E ele ainda não sabia o que fazer, como agir.


– Bem, já que não teremos nenhum compromisso para agora, eu vou dormir. Preciso mesmo descansar. – O baterista declarou, erguendo-se e despedindo dos amigos com um aceno de cabeça.


– Já que o Tom me trocou pelo Dougie, posso ir com você? – Danny perguntou sorrindo, lançando um olhar malicioso ao amigo.


– Falei que preciso descansar, Danny, você não me daria sossego. – Harry revirou os olhos em tom de brincadeira e bagunçou o cabelo do amigo antes de ir para o próprio quarto.


O dia seguinte já amanheceu corrido. Tomaram o café da manhã apressados e foram se encontrar com os organizadores para acertar os últimos detalhes antes do show. Repassaram as músicas do set list algumas vezes assim que chegaram ao prédio do HSBC. Mais tarde se dirigiram para a sala onde receberiam as fãs.


O baterista ficou surpreso com a quantidade de paçocas que estava recebendo das fãs por causa de um comentário que havia feito na gravação da MTV, dias antes.


– Por que só o Harry ganha doces? – Danny fez beicinho quando o baterista foi recolher as paçocas que se acumularam sobre o sofá.


– Sou mais especial, desculpe. – O outro respondeu, com a pilha de doces sobre os braços. Já ia se afastar quando ouviu uma voz gritar seu nome.


– Judd! Here! – O sorriso bonito, a pele morena, a trança negra. Os olhos da garota brilhavam quando ela depositou mais algumas paçocas sobre as outras da pilha. Uma jovem que a acompanhava fez o mesmo.


Harry não teve muita oportunidade de dizer alguma coisa. Em seguida mais garotas o entregaram doces e sua pequena já havia se afastado, seguindo a fila para conseguir chegar ao lado certo de acesso à sala.


Ele a acompanhou com os olhos, largando as paçocas em um canto qualquer. Viu quando cumprimentou Dougie – que lhe lançara um rápido olhar – e disse-lhe algumas palavras. Em seguida abraçou Danny. “I’m really fine” a ouviu dizer para algum aparente cumprimento do vocalista. E, então, ela estava diante de si.


– Hi, Judd. – Ela abriu um sorriso tímido enquanto o abraçava. Ele circundou seu corpo com os braços fortes, apertando-a contra seu peito. Fora um segundo, talvez menos, mas para ele era como se os ponteiros do relógio tivessem parado de se movimentar.


Quando se separaram, ele pode observar que ela trazia em mãos a plaquinha. Leu as palavras em letras prateadas e sorriu. Hey, Judd, adopt me.


– Eu me lembro de você. – Murmurou. Era óbvio que lembrava. Aliás, não era como se seu subconsciente o tivesse dado a opção de esquecer.


– Eu estive no show da última vez que vocês vieram. Também fui ao Acesso MTV. – Ela respondeu para ele. Os olhos castanhos eram intensos de tão brilhantes.


– Aah, sim! – É, ele sabia. Não houve um momento naquela última semana, enquanto estiveram em São Paulo, que seus orbes azuis não tivessem buscado por ela entre os rostos femininos.


Algum staff anunciou que tirariam uma foto naquele momento. Ele enlaçou o corpo dela com um dos braços e sentiu que ela repousou a mão em suas costas. Sentiu que os dedos o acariciavam delicadamente sobre a camisa.


Sabe, ele já estava confuso o suficiente sem aquilo.


– Você tem sido incrível com as fãs, Harry! – Ele a ouviu dizer, enquanto se separavam, assim que as fotos foram feitas. Voltou a abraçá-la de forma rápida, agradecendo. E, então, ela seguiu para cumprimentar Tom.


– E aí, cara, está vivo? – Dougie chamou, o sorriso sacana muito bem desenhado em seus lábios.


– Não tenho certeza. – O baterista respondeu sem realmente pensar nas palavras e, em seguida, cobriu a boca com uma das mãos. – Oh, esqueça o que eu disse.


Mas já não dava mais tempo. O loiro ria como quem ganha na loteria.


– Vaamos, Harry, não é como se nunca tivéssemos ficado com fãs na vida. Qual é o problema?


– Eu já disse que não vou fazer isso. – O moreno respondeu já se sentindo cansado. Não queria discutir sobre aquilo. Não queria falar sobre o que não tinha resposta.


– Prefere continuar sonhando com ela para sempre e saber que teve a oportunidade de fazer alguma coisa e deixou passar?


– CHEGA. – Harry ralhou e pode ver os olhos azuis esverdeados, por um segundo, brilharem de mágoa. Mas, no momento seguinte, já adquiriam um aspecto duro.


Dougie segurou o rosto do baterista em suas mãos, deixando seus lábios há poucos milímetros de se tocarem.


– Me diz, Harry... Por que eu deveria parar de carregar tudo sozinho, enquanto você continua mentindo para si mesmo? – O loiro sussurrou e então se afastou abruptamente.


Algumas fãs, sem saber o que estava acontecendo, entenderam o gesto como uma demonstração Pudd e deram gritinhos abafados de satisfação.


O baterista apenas suspirou e passou a mão pelo cabelo. De alguma forma, sabia que o baixista tinha razão.


O restante do M&G ocorreu como deveria ser e então chegou o momento mais aguardado do dia: o show.


As luzes se apagaram e as fãs gritaram. E, então, a voz de Dougie foi ouvida e o telão exibiu sua imagem.


Nós estávamos falando em fazer esse projeto enorme, em que os fãs poderiam interagir uns com os outros. Nós faríamos webchats e também haveria pontos e haveria muitas idéias pairando no ar. Nós sabíamos que tínhamos um pouco de tempo para realmente construir alguma coisa.


Os gritos se intensificaram e agora era a vez de Harry.


Colocaríamos todos os nossos fãs juntos dentro de um mundo único, de uma única comunidade do McFly, de uma ‘Super Cidade’.


Tom.


Nós sabemos que temos muitos fãs maravilhosos que estiveram conosco desde o início e queríamos encontrar uma maneira de retribuir tudo a eles, na verdade.


E, por último, Danny.


Eu acho que isso deixa tudo muito mais controlável e muito mais emocionante, e a gente pode... Podemos dar coisas a vocês e recompensá-los, ao invés de fazer isso por meio de outras pessoas. E tudo através do Super Site do McFLY.


E as cenas no telão se transformaram, fazendo a propaganda do Super City. Harry olhava pela lateral do palco, esperando o momento em que entrariam. Ansiedade. Adrenalina. E todos os sentimentos possíveis. Tudo o atravessava de uma só vez quando estava ali.


Quando o telão se desligou e a música de fundo desapareceu, luzes iluminaram o palco e eles finalmente entraram em cena.


Party Girl.


O público delirou cantando junto. E as luzes piscavam alucinadamente acompanhando a bateria.


Seguiram com a setlist, fazendo com que as fãs gritassem extasiadas. Descontroladas. Mas Harry sabia que Dougie ainda estava um pouco estranho consigo desde a discussão no M&G.


Ainda não sabia o que fazer em relação à garota, mas, ao fim de One For The Radio, tinha completa certeza de como se desculpar com o amigo.


Nada mais justo do que bancar o padre do casamento do loiro com todo um país. Dougie olhou por trás do ombro quando o baterista começou a falar, com a expressão descrente, mas acabou por aceitar a brincadeira e se divertir junto a todas as garotas que entregavam toda aquela energia a eles.


Finalizaram, cansados e felizes, com Shine a Light, como haviam feito nos últimos shows.


– Bom, parece que agora eu tenho umas noventa milhões de esposas para sustentar... É isso? – Dougie falou sorrindo, com a cabeça descansando no ombro do baterista quando voltavam para o hotel.


– Acho que um pouco mais. – Tom falou, piscando os olhos de sono.


Quando chegaram ao Tivoli, foram diretamente para seus respectivos aposentos. Poucos minutos depois, entretanto, Harry se lembrou que havia deixado o notebook no quarto do vocalista na noite anterior e foi até lá para que pudesse guardá-lo de uma vez.


Porém, ao se aproximar da porta, pôde ouvir com clareza a voz do baixista.


– Para de ser egoísta, Tom.


– Faça o que quiser, Dougie. Eu acho errado, não vou ajudar.


– Você é tão mesquinho! Será que poderia por um segundo parar de pensar só nos seus próprios princípios?


– Você ouviu o que acabou de falar?


Era óbvio que discutiam por causa de Harry. E o baterista teve vontade de entrar no quarto e puxar o amigo pelos cabelos para fora dali. Droga, Dougie não podia simplesmente parar de se intrometer?


Mas acabou simplesmente por suspirar e se afastar da porta. Não diria uma palavra sobre aquilo. O baixista não poderia fazer mais nada, de qualquer forma. O show já havia acabado, ele nunca mais veria sua menina. Nunca mais.


Ou, pelo menos, foi o que pensara, antes de encontrá-la, novamente, no M&G do dia seguinte – que dessa vez seria realizado no palco.


Dougie parecia mais feliz do que ele próprio em reencontrá-la. Tanto que ficou o encarando ao invés de prestar atenção na garota e, no fim, acabou simplesmente repetindo o que ela havia dito.


O staff anunciou o momento da foto e o loiro o puxou para perto de si.


– Venha cá, fique ao lado dela. – Ele disse com a voz divertida.


Mas, antes que Harry pudesse dizer qualquer coisa, uma outra menina se jogou entre ele e a morena.


– Judd! I Love you! I really Love you, Harry! – A garota falava rápido e gesticulou tão largamente que acabou derrubando os próprios óculos no chão.


A garota de tranças riu da afobação da menina, mas pareceu não se importar. Pegou o objeto no chão e se voltou para frente, preparando-se para a foto.


Foto tirada, Harry viu uma jovem de bonitos traços orientais que acompanhava a morena virar-se para Dougie com o olhar incerto, como se estivesse em dúvida sobre perguntar alguma coisa.


– Então... – A oriental falou, tímida. – Já que casamos ontem, onde será a lua de mel?


O baterista acabou rindo da expressão constrangida que iluminou o rosto do loiro. E então se voltou para sua morena e ela abriu um sorriso encantador e se aproximou para abraçá-lo.


As estaturas eram notavelmente diferentes. E ele não pode deixar de pensar no quanto a cena poderia parecer engraçada aos olhos dos outros. Ele sentiu que ela acariciava suas costas e acabou apertando-a um pouco mais em seus braços. Quando se separaram, ela sussurrou.


– Goodbye – Deu um último sorriso e se virou.


E, então, ele percebeu que não queria que ela partisse. Viu a garota se afastar, conversar com Tom. Observou seu sorriso ao rir de algo que o vocalista havia respondido à sua amiga. E a viu partir.


– Adeus... – Ele sussurrou para si mesmo e desviou o olhar.


Por que não a impediu de ir embora?

***


– Guess I'll never know... – Harry ouviu Danny cantar o último trecho da música extra que tocavam naquele show.


Too Close For Comfort. Realmente não estava nos planos, mas as garotas gritavam pela música com tanta vontade que eles se sentiram incapazes de negar o pedido.


Secou o suor de sua testa quando as luzes do palco apagaram. Saiu de perto da bateria para ir em direção aos camarins e então Dougie passou correndo por ele. Os olhares se cruzaram por um segundo, mas logo o loiro já estava longe demais para que ele pudesse perguntar qualquer coisa.


– Harry! – Tom surgiu do nada, tocando seu ombro. – Podemos conversar?


O baterista levantou uma sobrancelha olhando para o amigo.


– Claro que podemos... – Respondeu com uma leve hesitação. Observou que o amigo parecia meio inquieto, olhando por cima de seu ombro.


– Cara, nunca deixe de viver suas vontades por ninguém, ok? – O vocalista murmurou de bochechas coradas. – Cada um tem aquilo em que acredita, sua própria moral. Então não se sinta mal por qualquer coisa que eu tenha falado, tudo bem?


– Dougie te encheu tanto o saco assim? – Harry deu um sorriso de lado. Aquilo de nada adiantava agora.


– Na verdade, encheu, sim, muito! – Tom riu para ele. – Mas eu vim falar por conta própria. Se sentir que precisa, apenas faça. Não esquece disso, ok?


– Eeer... Okay... – O moreno voltou a arquear a sobrancelha e então viu que o loiro observara alguma coisa por cima de seu ombro e deu um sorrio.


– Bem, era só isso. Depois a gente se encontra para ir pra van. – O rapaz falou e saiu andando.


Estavam aprontando alguma coisa. Tinha certeza que estavam. Mas o quê?


Caminhou até seu camarim – dessa vez sem ser interrompido por ninguém e abriu a porta desconfiando que algum pote de giz cairia sobre sua cabeça. Mas o que encontrou, definitivamente, não era nada parecido com um pote de giz.


A morena estava parada no meio da sala, olhando meio atordoada para os lados. Pareceu tão surpresa ao vê-lo entrar ali quanto ele.


– E-Eu... Um segurança me trouxe até aqui... – Ela murmurou rápido, em um inglês vacilante devido ao medo de ser repreendida.


Harry simplesmente não acreditava naquilo. Dougie era simplesmente inacreditável. Aliás, inacreditável mesmo era até Tom ter participado desse absurdo. E não duvidaria nada que o tal segurança fosse Danny disfarçado, seria até bem típico...


– Qual é o seu nome, pequena? – Perguntou ainda pensando no que fazer.


– Annye... – Ela respondeu com timidez, a voz quase falhando.


– Então, Annye... – Iria pedir desculpas à menina e levá-la embora dali. Explicaria que seus companheiros de banda não têm um neurônio sequer em funcionamento e... E, então, não conseguiu tirar seus olhos do dela.


Os castanhos eram tão vividos. Poderia crer que seu coração havia falhado um batida. Mas... E Izzy? Não, ele não poderia fazer aquilo com a namorada, ela não merecia que ele fizesse aquilo e...


– Se você pudesse viver um sonho por apenas um dia, você faria? – As palavras deixaram seus lábios e ele nem se lembrava de ter pensado nelas.


Ela inclinou a cabeça levemente para o lado, como se não tivesse compreendido muito bem.


– Por apenas um dia...? Mas o importante é que aconteça, não é? Faria. – Ela respondeu insegura e então ele olhou para baixo, deixando um sorriso bobo se desenhar em seus lábios.


– Então, se me permite, irei realizá-lo. – Ela falou ainda com o sorriso no canto dos lábios e ergueu uma sobrancelha daquela forma que só mesmo Harry Judd poderia fazer, enquanto segurava o rosto dela com uma das mãos.


Inclinou o rosto e esperou, por um segundo, algo que indicasse que não deveria continuar, mas nada veio. Os lábios da pequena tremeram quando ele a tocou. Eram delicados, macios.


Ficaram naquele simples toque durante segundos que pareceram eternos. Ele a envolveu com os braços fortes, e as bocas se descolaram apenas para que pudessem se entregar com mais vontade.


Ela deixou, timidamente, que suas mãos se agarrassem à roupa dele, enquanto as línguas dançavam lentamente ao som de um suave acelerar de corações.


O tempo poderia parar naquele instante que o baterista, definitivamente, não se importaria. Mas ele sabia que não poderia durar para sempre.


Separaram-se em busca de ar e ele voltou a beijá-la uma, duas, três vezes. Deslizava os dedos pelos braços dela, em uma carícia suave, enquanto ela abraçava suas costas como se fosse uma ilusão prestes a desaparecer.


Harry se afastou e tocou-lhe a bochecha com os lábios semi-abertos. Desceu pelo pescoço, depositando leves selos pelo trajeto. E não poderia fazer mais do que isso.


Afastou-se dela, ambos respirando pesadamente, com um sorriso cúmplice no rosto. Tentou encontrar as palavras, mas não conseguiu. E pode ver nos olhos dela que ela entendia.


Annye apenas abaixou os olhos com timidez e o abraçou. Ele circundou o corpo da pequena, brincando com trança. Separaram-se e ele voltou a segurar o rosto delicado entre as mãos, depositando um selo casto na testa da menina.


A morena se afastou, indo em direção a porta. Mas, pouco antes de sair, pegou na bolsa um pequeno bloco e voltou para entregar-lhe uma folha dobrada. Retirou-se da sala com um pequeno e último sorriso.


Harry segurou a folha entre os dedos e a olhou durante um longo tempo antes de abri-la.


Hey, Judd... Thank you.


E sorriu, sorriu um sorriso sincero, limpo de culpas. Um sorriso largo. Um sorriso feliz.


– Obrigado, morena. – Sussurrou para o nada e guardou o bilhete do bolso.


Na van, ninguém lhe perguntou nada. Ninguém mencionou o assunto. Nem Danny, nem Tom, nem Dougie.


Mas o brilho nos olhos esverdeados entregava o loiro. E Harry apenas pode afagar-lhe as madeixas e novamente sorrir.


Certo ou errado, estava feito.


E ele estava bem com isso.


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Notas finais do capítulo

*Chega de fininho, olhando em volta*

Olá!

Bem, essa é a primeira fic de McFLY que escrevo na minha vida.
E a primeira fic com um casal hétero que posto aqui no Nyah.

E, bem, eu estou morrendo de medo! AHSAHUSAHUSAHUS

Eu realmente espero que tenha conseguido agradar com essa história tão simples, de verdade.

Então, por favor, se vocês chegaram até aqui, deixem um review, uma opinião.
E muito obrigada por lerem!



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