Tokyo, Japão 5:00 PM

 Aquele momento, só nós dois. Por que eu fiz aquilo? Por que não queria que ele fosse embora? Sinto algo por ele, mas o que? O que está havendo comigo?!

 Chegando em casa, tentei esquecer aquele momento, mas era inútil, quando mais tentava esquecer, mais ainda eu lembrava. Eu estava confusa, será que ele gosta de mim? São tantas perguntas que eu até não sei mais.

 Cheguei na porta de minha casa, minha mãe como sempre me recebeu com muito carinho.

 - Parece que foi um bom dia não é mesmo? – Perguntou minha mãe sorridente.

 - H-hai. – Falei enquanto corava.

 - Fez novos amigos? – Ela parecia um interrogador, estava perguntando mais do que o normal.

 Balancei a cabeça confirmando. Estava realmente feliz por ter encontrado novos amigos.

 - M-miku-kuo. – Falei baixinho, tanto para minha mãe não ouvir.

 - Falou alguma coisa? – Ela deve ter escutado o meu sussurro.

 Discordei com a cabeça, não estava pensando nada além do mais daquele garoto. Ele era tão lindo, sorridente, principalmente quando ele me segurou. Aqueles olhos azuis...

 - Filha? – Perguntou minha mãe, um pouco espantada pelos meus momentos pensamentos.

 - Hmm? – Respondi com uma cara de “perdida”, a comum “hãn, que, que houve?”. – N-ata.

 - Então tudo bem, tome um banho e pode fazer o que quiser até a hora do lanche. – Minha mãe era bem liberal comigo, já que não fazia nada de errado, e quando ela dava ordens, eu as obedecia.

 Subi correndo para o meu banheiro, tirei minhas roupas e fui tomar banho. A água estava morna como sempre. Eu soltei meu cabelo do laço e os olhei escorrer com a água.

 Enquanto tomava banho, onde normalmente eram demorados, eu pensava no meu dia. Como aquele pessoal poderia ser tão diferente dos da minha antiga escola? Eles não ligavam para as cores do meu cabelo, pois eram semelhante a deles. Eles não ligavam para meu problema que me excluía na minha antiga escola. Eles não ligavam que eu era tímida, só ligavam que, se eu fosse legal, eu seria a amiga deles. Era exatamente isso que eu estava procurando, amigos de verdade, pessoas em quem posso confiar, tudo isso, num único dia. E devo tudo isso às minhas atrapalhadas, se eu não tivesse esbarrado naquela menina, talvez ainda, estaria sozinha.

 A água continuava batendo em minha cabeça violentamente. Eu estava tão feliz, mas por um instante, comecei a chorar. Assim, do nada. Estava derramando lágrimas, mas eram tão cristalinas, tão diferente das lágrimas que já tinha derrubado, eram lágrimas de felicidade. Aquelas lágrimas emocionadas, onde sempre derramam num momento de extrema alegria, era tão bom. Minha vida não era tão ruim agora, o pessoal da escola era gentil, eu já fiz novos e meus primeiros amigos e pretendo fazer mais na minha nova e preferida escola.

 Passei o shampoo em meus cabelos azuis-esroxeados. Enquanto fazia isso, minha cabeça estava longe. E aquele menino, o Mikuo. Era tão belo, tão gentil, e por que ele quase me beijou? Será que ele gosta de mim? Ninguém nunca tinha gostado de mim. E eu? Estava apaixonada por aquele menino de cabelos azuis? Acho que sim, aqueles olhos brilhantes, me olhavam tão... Emocionados, que quando retribui o olhar fiquei perdida naquele lindo mar azul.

 - Filha, que banho comprido é esse? Não demore tanto! – Falava meu pai rindo.

 Realmente estava demorando muito naquele banho, mas meus pensamentos eram tantos que não queria sair, a água estava tão quente, mas fazer o que? Meu pai já quase faliu comigo na tarde passada.

 Desliguei o chuveiro e me sequei. Peguei uma toalha e me enrolei nela indo para meu quarto.

Tokyo, Japão 5:50 PM

 Não iria mais sair naquele dia, então decidi colocar logo um pijama. Ele era curto, um short e uma camiseta. Muito confortável e lindo também. Ele era rosa com alguns corações e eu como metida sempre colocava alguma coisa, nesse eu tinha colocado mais alguns corações, só que em alto relevo e estampei uma frase: “A vida nunca é o que você pensa”. Essa frase sempre me emocionava.

  - Alguma coisa para por no cabelo, dona Lapis-chan? – Pensei.

 Abri a gaveta rapidamente, procurando que nem uma louca o meu grampinho. Ele era de corações para combinar com o pijama, o especial dele é que, foi minha vó que tinha o dado, antes de falecer.

 - Filha se apresse! O café já está na mesa! – Gritava minha mãe. – Vai perder o bolo de morango para seu pai!

 Penteei meus longos cabelos e coloquei meu grampo. Agachei para pegar minhas pantufas de ursinho e desci correndo as escadas. Como sempre, quase cai da mesma.

 - Lapis-chan, sua desastrada. – Falou minha mãe, mas até ela falando de mim? – Foi brincadeira, calma. Sente-se a mesa, e coma esse bolo de morango que fiz hoje à tarde.

Tokyo, Japão 6:10 PM

- O que achou da comida, Lapis? – Perguntou minha mãe, como sempre.

 - Estlá ótina, obligada. – Logo quando falei isso, eles vieram como uma cara de surpresa.

 - Ao-o-ki L-lapis. Acabasse de falar uma frase completa? – Perguntou meu pai quase chorando.

 - H-hai. – Falei toda envergonhada, eu realmente estava melhorando.

 Neste momento, minha mãe e meu pai começaram a chorar, imagine ver a filhinha deles, progredindo com essa doença. Talvez um dia ela melhore. Essas eram as esperanças de meus pais.

 Eu estava feliz por eles, mas não liguei muito pela choradeira emocionada, é claro que dei um abraço neles para eles pararem de chorar. Mas depois, continuei comendo meu bolo de morango, que por sinal estava muito bom.

 - Filha, você não sabe como eu estou feliz. – Falou minha mãe quase chorando de novo.

 - Hai-i. – Falei timidamente de novo.

 O café em seguida, continuou em silêncio. Não que eu não gostasse, era bom para pensar.

Tokyo, Japão 8:00 PM

 Estava de barriga cheia, por algum motivo estava com fome esta noite. Devia ter engordado uns 40 kg. Quando notei, minha mãe já havia tirado a mesa e eu estava sentada lá. Parada.

 Depois que chamaram minha atenção, subi para meu quarto e novamente, como fazia toda noite, ligava meu computador e colocava minhas músicas preferidas. Já aproveitei e dei uma olhada nas minhas redes sociais, se é que eu não tinha amigo nelas.

 Olhei em todas, nada, ninguém solicitando nada ou mandando mensagem, entrei então no meu facebook. Cinco solicitações de amizade. Quem podia ser?

♥Aoki Lapis-chan. Essas pessoas querem te adicionar como amigo: Len, Rin, Luka, Miki e Mikuo.

 Olhei bem, eram eles mesmos, no mesmo instante comecei a chorar. Por que eles eram tão legais comigo? Por que eram tão diferentes?

 - Lapis? – Perguntou minha mãe na porta do quarto.

 - H-a-ai. – Respondi enxugando as lágrimas.

 - Estás chorando. Aconteceu algo?

 - Non, mãin. – Não era verdade, tinha acontecido alguma coisa.

 - Tudo bem, mas já sabe. Pode contar comigo para tudo.

 - H-ai! – Falei com um sorriso no rosto com os olhos ainda vermelhos.

 Depois que minha mãe saiu do quarto, atualizei meu computador e coloquei numa lista de música para eu pensar, quando eu a colocava eu ficava até a madrugada acordada. O que dessa vez não foi diferente.

 Mikuo... Aquele nome ecoava docemente em minha mente, eu queria abraçá-lo, sentar ao lado dele, ter o momento mais lindo da minha vida com ele, não podia ser mais ninguém. Somente ele. Aquele cabelo azul comprido. Os olhos iguais aos meus. Aquele corpo alto e definido. Ele era o menino que eu queria. E só agora que notei. Mikuo, um dia serás meu, seu coração sempre baterá no mesmo ritmo que o meu, somente eu. Um pensamento egoísta, mas não queria bater nem ser ciumenta, eu queria que ele fosse meu amor. Somente isso. Foi com essas palavras gentilmente ditas em minha mente, que eu adormeci.

Continua ~