Não era nem o inicio da noite e a maldita dor de cabeça já o atormentava a ponto de confundir os sentidos do supervisor do turno da  noite, Gil Grissom.

Todos perceberam o cenho franzido e as poucas palavras ríspidas dele. Apesar dele sempre a recusar, Sara conhecia os gestos de Grissom, sabia que algo não estava bem. Ele parecia querer se isolar, fez cara de desgosto quando entrou no looker e viu o pessoal sorrindo e conversando. Conhecia os gestos dele, a forma como sorria, como falava... coisa de mulher apaixonada.

_Temos um caso que o xerife exigiu prioridade. Toda a equipe vai.

_Mas Grissom, as SUV’s estão na revisão, só temos três carros: o meu o da Sara e do Warrick.

_Warrick e Nick vão na frente indo para a cena.

_Ótimo, vamos todos com Catherine, Greg estava todo animadinho.

_Não. Sara, eu vou com você no carro.

_Claro, você dirige?

_Não. A resposta curta e simples resplandecia o humor dele.

Sara estava no volante com o motor ligado esperando seu acompanhante, escutando uma para relaxar. Ele entrou na porta de trás, massageando as têmporas.

_Sara, ele falou com insegurança, daria para você baixar o volume?

Ele realmente não estava bem. A voz continha um pouco de sofrimento causando uma pontada de compaixão nela. Ele jamais pediria algo dessa forma.

_Vou desligar. Você não parece bem.

_Dor de cabeça.

_Vamos passar algumas horas no carro, você pode deitar nos bancos ai atrás, vou apagar a luz.

Ele não respondeu, apenas fez o que ela recomendou. Sara decidiu não falar mais nada, quando chegaram ela o chamou.

_Griss, ela estranhou a suavidade da própria voz, já chegamos.

Ele levantou sentindo náuseas.

_Sara, obrigado.

Meu Deus! Ele sabia como ser doce quando queria, mesmo estando assim tão convalescente.

_Pessoal vocês vão para a parte interna, eu vou dar uma olhada por ai. Sara, você poderia ficar no perímetro? Seguindo a rotina normal dos procedimentos Grissom dividiu as tarefas e deixou para si mesmo uma tarefa que o deixasse mais distante da agitação.

Grissom andava sem destino, à procura de algo que nem ele sabia. A cabeça estava pesando e a dor só aumentou quando viu Greg se aproximar de Sara, eles estavam conversando baixinho mas pareciam íntimos. Se não estivesse com tanta dor ele iria manter seu amor longe de assédios . o garoto estava apenas segurando o braço de Sara mas parecia um caricia para Grissom. A passos largos caminhou até eles.

_Sara, eu esqueci uma coisa no carro, me dá a chave?

_Claro. Pega aqui.

_Greg, você já terminou sua parte da casa?

_Eu já estou saindo chefe. Greg divertidamente fez sinal de continência e saiu.

Ele pegou as chaves, agora mais aliviado pela ausência do rival, seguiu em direção ao carro. Entrou, olhava para os cantos e sequer lembrava o que o tinha levado até ali. Estava desnorteado, das crises, essa parecia ser a pior até então.

Já faziam duas horas que Grissom tinha pedido a chave, ninguém sabia onde ele estava nem o tinham visto, só podia estar no carro. Abriu a porta devagar e seu coração ficou pequeno quando o encontrou com os olhos serrados e deitado nos bancos de trás. Um homem que sempre demonstrava segurança, até mesmo quando tudo ao redor era improvável, se render assim a uma dor de cabeça não era normal.

_Griss, você não está bem, a voz suave e baixa dela o fez abrir os olhos.

_Não se preocupe, eu vou ficar bem. Algo naquele tom de voz não convenceu nem a ele mesmo.

_Vou avisar a Catherine para assumir por você e te acompanhar até um medico.

_Eu agradeceria, mas a parte do medico é desnecessária. Só preciso ir pra casa.

_Eu te levo.