Resistance escrita por Jones, isa


Capítulo 6
Cerveja, Whisky de Fogo e uma Pitada de Desespero




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O tempo estava incrível para um dia do mês de outubro, no céu havia poucas nuvens e não estava congelante. Eram ótimas condições para jogar quadribol e agora Scorpius sentia-se confiante.

Nas arquibancadas James apoiaria o amigo, até porque a Grifinória já estava na final e ele acharia muito mais divertido jogar contra a Sonserina, uma vez que poderia encher o saco de Scorpius para sempre quando vencesse. Procurou Rose com os olhos e quando a encontrou, não gostou nada do que viu.

— Rose, estive te procurando a manhã inteira... – Phil disse quando a encontrou a caminho do campo de quadribol e a beijou o rosto – Tenho assentos especiais para nós dois.

— Ah, obrigada Phil! – Rose corou com o gesto. Num geral ela se sentava com James, mas tinha certeza que ele entenderia depois. – E eu espero que não seja no meio da torcida de Sonserina. - avisou - por mais que eu torça para Scorpius, eu não vou me sentar entre os verdes, com todo respeito.

— Não se preocupe Rosie. – Phil, em um gesto que para Rose parecera involuntário, segurou sua mão e a guiou entre os torcedores.

Chegaram exatamente a um camarote em que a torcida se dividia, do lado direito um mar de cachecóis e bandeiras verdes que dirigiam palavras de incentivo ao time de Sonserina que acabara de entrar no campo e do lado esquerdo, todos vibraram com a entrada do time de Lufa-Lufa. Certas coisas não mudavam. A fama da Sonserina não era das melhores da escola e o fato de eles estarem sempre em constante disputa com a Grifinória e nos campeonatos das casas, fazia com que normalmente as pessoas torcessem contra.

As pessoas que não eram da Sonserina e torciam a favor, ou conheciam alguém do time, ou achava alguém do time (geralmente Scorpius) bonito. Rose se sentou na última cadeira da torcida de Lufa-Lufa, bem ao lado de Phil, que se sentara na torcida da Sonserina ainda sem soltar sua mão.

— Assim eu tenho o melhor dos dois mundos. – Phil disse sorrindo e Rose baixou a cabeça envergonhada.

Quando soou o apito, Scorpius sentiu-se tenso; proferiu algumas palavras de incentivo no ar para a equipe e todos rumaram para suas posições. Lucy Baltimore já voava alto a procura de qualquer sinal do pomo com Arthur MacGuire, um quartanista de Lufa-Lufa em seu encalço, enquanto Mosley interceptava Lewis Cowell e lançava a goles para Malfoy. Era o primeiro gol de Sonserina.

— Lucy Baltimore é uma das apanhadoras femininas mais brilhantes que Hogwarts já viu desde Gina Weasley há vinte anos e sua herdeira Lily Potter que joga pela Grifinória. – narrou Simon Greene da Corvinal. – Acho que esse ano só vai dar Sonserina e Grifinória! Mal posso esperar para o jogo do ano!

Em algum lugar da arquibancada, ao lado de Hugo, Lily corava. A torcida da Lufa-Lufa vaiava Greene.

— É a verdade, pessoal, só faço o meu papel de narrador. – Greene disse e McGonagall o censurou com o olhar. – Foi mal, diretora! E olha lá galera, lance de risco! Ah, mas Cartwright já resolveu o problema! Ah não, ele rebateu um balaço direto na cara de Carl Woody. Essa deve ter doído! E Lufa-Lufa ganhou uma penalidade. Essa é a chance de reagirem!

Nesse momento, James notou a feição tensa de Malfoy, que voava em círculos.

— E o artilheiro Josh Hayes lança, mas não marca! – Greene narrou, um pouco desapontado. – Ferguson defendeu! Malfoy é rápido, recebe a goles de Ferguson e passa para Mosley que marca mais 10 pontos para Sonserina!

A multidão de bandeirinhas verdes sacudiu no ar e Phil vibrou fazendo Rose, que ria da empolgação do mesmo, se levantar.

— Sonserina 80 a 30 da Lufa-Lufa. É Lufa-Lufa, tá dando Sonserina, hein! – Greene caçoou, recebendo mais um olhar severo de Minerva McGonagall. – Narrando os fatos, diretora!

Toda a torcida de Sonserina vibrou novamente quando Scorpius interceptou Jason Crow, desviou de um balaço e acertou no diâmetro exatamente entre as pernas do goleiro Carlos Woody.

— E é isso! Ou Lufa-Lufa reage agora ou reza para Baltimore dar bobeira e deixar MacGuire capturar o pomo! – Greene comentou, recebendo nova chuva de vaia. – Ou eu me calo ou nunca mais narro outra partida.

Todos que o vaiaram agora riam.

— E Malfoy segue a frente do seu time de artilheiros em direção ao gol da Lufa-Lufa com posse da goles! – Greene exclamou empolgado quando percebeu o movimento. – Eles estão na formação Hawkshead! É uma posição de ataque muito famosa, para aqueles que não acompanham quadribol, os irlandeses a usam com frequência e...

Greene estava prestes a dar uma explicação longa e profunda sobre movimentos e formações do quadribol, mas algo chamara a sua atenção.

— E parece que eu estava certo, torcidas! Certamente Baltimore viu algo já que partiu em direção ao campo adversário – Greene explicou empolgado. – Mas Rick Carmichael lançou um balaço em sua direção! MAS QUE SURPREENDENTE! Baltimore desviou-se do balaço! E o balaço acertou MacGuire! E, como todos nós sabemos, apanhadores não podem ser substituídos mesmo se forem acertados por balaços. Uma baque e tanto no time de Lufa-Lufa.

A torcida de Lufa-Lufa levantou-se tensa. Levou a mão à boca esperando que seu apanhador estivesse bem.

— E como diria James Potter em sua enorme sabedoria... – Greene apontou para o amigo que apenas riu. – A mágica vira contra o mágico! Ou coisa assim.

Era impossível não rir dos comentários insanos de Greene, realmente uma figura da Corvinal.

— E Baltimore segue em direção ao gol de Woody. Uma missão um tanto quanto suicida se não se tratasse de Lucy e se ela não tivesse Cartwright e Reid em seu encalço. – Greene de tão empolgado levantou-se de seu assento. – E MacGuire não parece nada bem, segue a direção contrária e olhe só galera! Malfoy marca mais um!

De relance, Rose observou April fazendo um coração com as mãos para Scorpius e não resistiu a vontade de girar os olhos, apesar de comemorar bastante o 110º ponto de Sonserina feito por Scorpius.

— Baltimore avança em direção a um dos aros do gol de Woody! Reid rebate um balaço! – Greene quase gritou de emoção. – Gente, alguém, por favor, me arrume um encontro com Lucy Baltimore! Estou apaixonado!

James girou os olhos para Greene e gritou: “Só narre a partida Simon!”.

— E ela faz uma descida perigosa... Será gente? – Greene recuperou o fôlego. – E ela pega o Pomo! LUCY BALTIMORE PEGA O POMO DE OURO PARA SONSERINA! Sonserina vence por 260 pontos a 30!

A torcida de Sonserina entrou em êxtase, todos pularam e se abraçaram, dando tapinhas de congratulação uns nos outros. No ano anterior haviam perdido o campeonato por poucos pontos e parecia que a sorte deles poderia mudar naquele ano.

— Se Malfoy fizer partidas incríveis como hoje contra a Corvinal e a Grifinória não tem para ninguém esse ano! – Simon narrou ainda fascinado pela partida. Adorava quadribol.

Phil, extasiado como toda a casa de Sonserina, levantara pulando e abraçara Rose no ar, rodopiando-a no pouco espaço que tinham. Então, motivado pela corrente elétrica de felicidade que percorria todo o corpo sentiu-se tentado a beijá-la e como todas as partes de si pareciam dizer que era o que deveria fazer, Phil segurou Rose firme pela cintura e colocou a mão em seus cabelos. Só teve tempo de ouvi-la suspirar enquanto a beijava gentilmente.

De longe, alguém que não esperava ver aquela cena tão cedo, viu.

Scorpius estava tão feliz com a vitória que sobrevoava deslumbrado perto da torcida, mas quase caiu da vassoura quando viu Phil com as mãos na cintura de sua amiga. Aquilo parecia tão errado, absolutamente errado. Algo dentro dele também pareceu muito errado, então antes que o que quer que fosse explodisse, saiu dali, sem vontade de comemorar nem com sua torcida ou com seu time.

Ele, no entanto, não conseguiu impedir que o carregassem do hall de entrada à sala comunal. Uma multidão de sonserinos gritava, cantava e aplaudia ao mesmo tempo e, mesmo assim, nenhuma distração era capaz de aplacar as imagens que bombardeavam sua mente. Desviando-se dos colegas, das garotas e de todos os parabéns, Scorpius alcançou o dormitório e pousou a cabeça na madeira fria da porta, aliviado por estar sozinho.

Cambaleou até a cama e forçou-se a organizar a história em partes: Rose se desculpando. Seu time massacrando a Lufa- Lufa. A vitória. E então Rose nos braços de Phil. Seu estomago embrulhou e ele não pôde deixar de pensar em James e a conversa no vestiário. Eles teriam, de fato, se beijado? E se sim, o que isso significava? Que efeito teria? Rose ainda assim acabaria daquele jeito com Phil?

Descobriu que era a imensa falta de respostas para toda essa fileira de perguntas que o perturbava. Bem como a vontade repentina, um desejo súbito de saber o que Phil sentira ao beijar Rose. Naquele instante, enquanto todos os outros sonserinos sonhavam em estar no lugar de Malfoy, Scorpius só conseguia pensar em como seria estar na pele de Phillips.

— Deprimente – James catalogou – É isso que você está parecendo. Deprimente.

— Me deixe em paz – murmurou afundando o rosto no travesseiro.

— Não quer nem saber como entrei aqui? – James se jogou na cama, ignorando a ordem dele.

— Molhando as mãos certas. – Scorpius respondeu, empurrando-o.

— Puxa, já estou previsível assim? – horrorizado, James levantou-se com dignidade – Preciso pensar em novas táticas de guerra.

— James, eu ainda não estou vendo suas costas. – Scorpius resmungou, tentando despachá-lo outra vez. – Você precisa é sair daqui.

— Isso também. Esse ar da Sonserina é sufocante. Vamos. – E o puxou pela capa – Tudo bem você não querer comemorar com esses babacas, juro que entendo. Mas não pode recusar umas cervejas amanteigas com seu próximo adversário.

Scorpius ponderou por um instante.

— Você paga?

— Sim. Pelo excelente jogo hoje.

No momento em que os garotos cruzavam escondidos uma das passagens para Hogsmeade, Rose passeava ao lado de Phil.

— E você viu aquela curva de Baltimore? Eu podia jurar que ela cairia da vassoura naquele momento! – a garota apenas assentiu com a cabeça, enquanto ria – E, tenho que admitir, Malfoy sabe comandar o time.

O sorriso dela mudou para um bem mais triunfante e orgulhoso.

— Ele foi incrível, não foi?

— Foi sim – Phil enfiou uma das mãos no bolso da calça – Vocês se acertaram?

— Sim.

Phil pensou em perguntar o real motivo da briga, mas não queria embicar ainda mais no assunto Malfoy. Até porque ele não sabia se ela tinha noção do quanto assumia um ar distante quando falava dele e como suas emoções ressaltavam. Se estavam brigados, como ele vira acontecer anteriormente, ela era raiva pura. Agora, era só orgulho.

— Que bom – sorriu também, e sem prévio aviso, beijou-a outra vez.

Phil gostava especialmente de sentir quando ela relaxava e afrouxava a mão em seu ombro. A menina era encantadora com aquele cabelo que cheirava a lavanda, as mãos pequenas que não sabiam exatamente como proceder e o jeito que ela suspirava entre os beijos.

Ele tinha medo de se precipitar, de fazer algo que ela não gostasse...

Mas a perspectiva de tê-la não só como colega de trabalho, todos os dias, era incrível.

— Rosie – murmurou, segurando-lhe o queixo – Eu estava pensando se você não queria sair comigo. Não que nós tenhamos muitos lugares para onde ir, mas... – ele ruborizou, sem saber como explicar – Só... Continuar saindo comigo. Estou parecendo patético, não é?

Ela negou com a cabeça, sorrindo.

— Eu adoraria continuar saindo metaforicamente contigo.

Eles riram e se viram mais umas duas ou três vezes ao longo do dia, entre as aulas. Rose estava tão surpresa com a guinada no relacionamento que só estranhou a ausência de James no ultimo horário.

Não se preocupou com Scorpius porque sabia que ele deveria estar com o pessoal da Sonserina, mas para James não aparecer em nenhum momento só podia ter acontecido alguma coisa.

Quando o banquete foi servido e ela não viu nenhum dos dois, sentiu-se instantaneamente tensa. Enrolou para jantar e acabou não comendo nada a medida que ia ficando mais preocupada. Por fim, dirigiu-se para a mesa da sonserina usando a desculpa de falar com Phil, mas depois de algum tempo tomando coragem acabou indo – junto com o garoto – até April.

— Oi – instintivamente ela pôs a mão para trás das costas, procurando pela de Phil.

— Oi – a menina tinha uma expressão que mesclava nojo e divertimento.

— Eu só... Queria saber se você... – e olhou para os outros colegas de Scorpius – Se alguém sabe... – agora era quase uma suplica. Só precisava de uma resposta para sair correndo dali e nunca mais olhar para trás - onde Malfoy está.

A garota abriu um sorriso dissimulado e procurou por algo dentro no bolso interno da capa.

— É, não está aqui.

Rose sentiu o rosto em chamas.

— Obrigada – e saiu com o resto de dignidade que tinha, com Phil em seu encalço, sabendo que seria motivo de piada pelo resto da noite.

— Não ligue para eles – Phil se sentia envergonhado pelos garotos de sua mesa, mas Rose apenas encolheu os ombros.

— Tudo bem. Ela pode ser uma babaca, mas acabou me respondendo de verdade.

— Como assim?

— Ela também não sabe onde ele está. Se soubesse teria feito alarde de um outro modo – suspirando, afundou o rosto nas mãos por um instante.

Phil consolou-a, abraçando-a pela cintura e prometendo que conferiria na sala comunal da Sonserina, enquanto ela procurava por James na torre da Grifinória.

Como as duas pesquisas foram infrutíferas, Rose estava com os nervos a flor da pele antes das 11, mas para quem quer que olhasse de longe, era só uma monitora atenta a um livro qualquer, sentada com as pernas cruzadas em uma poltrona perto da lareira, cujo único vestígio de ansiedade se tratava de um leve balançar de pé. Não dava para saber quantas vezes ela os imaginara morrendo. Nem quantas vezes se imaginara matando-os.

As frases que lia não faziam sentido. Quanto mais Rose tentava se concentrar no livro, mais se perdia. O relógio badalou as doze batidas, anunciando a meia noite. Aquela altura todos os alunos da Grifinória estavam dormindo. Se Rose fosse apanhada sozinha no meio do salão comunal, teria que inventar algo envolvendo seu distintivo. Mentir. E pensando nisso, praguejou baixinho quase ao mesmo tempo em que ouviu uma leve batida no portal.

Ela caminhou a passos lentos, cobrindo o pijama com o robe longo. Encostou o ouvido na parede fria. Outro leve toque. Estranhando a razão para que quem quer que fosse não entrasse, ela sussurrou a senha e quase pulou de susto ao se ver de cara com a figura alta de Hagrid.

— Ainda bem que me ouviu garota – Sussurrou – Estamos com problemas.

E então, antes que ele pudesse fazer o convite oficial, ela já estava acompanhando-o, olhando com cautela para os lados, se esgueirando para fora do castelo silenciosamente, quase como uma sombra de Rúbeo.

— São eles, não são? – se permitiu perguntar, esfregando as mãos nos braços ao sair a céu aberto. O frio era cortante àquela hora e ela podia vislumbrar o vapor que produzia ao falar ou respirar.

— Sim. Mas não estão em perigo. – adiantou – James e eu não queríamos preocupá-la, mas Scorpius estava gritando seu nome a plenos pulmões e eles já estão bastante encrencados para se darem ao luxo de piorar a situação.

Ela não precisou fazer mais nenhuma pergunta. Estavam a metros de distancia da cabana de Hagrid e mesmo assim conseguiam ouvir a risada débil de Malfoy. Rose passou as mãos pelo rosto incontáveis vezes, tentando controlar a raiva.

— James está sóbrio?

— Sim. Relativamente alto, mas está bem. Conseguiu carregar Scorpius nos ombros até aqui.

Rose assentiu com a cabeça. Hagrid abriu a porta para que ela entrasse.

— Rose? – Scorpius estava jogado de qualquer forma em uma poltrona reclinável. – Rose? – Gritou desesperado, tentando se sentar.

A menina revirou os olhos e se aproximou, segurando a mão que ele estendera inutilmente.

— E aí, Malfoy.

— Vou preparar um chá. – Hagrid avisou a James que concordou com a cabeça.

— Você me ouviu gritar? – um brilho insano de esperança dançava nos olhos claros e ela entendeu porque James estava quieto. Tinha que fazer força para conter a risada.

— Quando já estava a caminho. – respondeu secamente. Ele abriu um sorriso enorme.

— Sente aqui, Rosie. – e se espremeu para que ela tivesse espaço para sentar.

James a olhou com uma expressão de quem dizia ‘melhor não contrariar’.

Ela sentou na beirada do braço da poltrona. Scorpius não reclamou. Ao invés disso, deitou a cabeça em seu colo.

— Você vai estar tão ferrado quando tiver lúcido... – ela se permitiu rir baixinho, passando a mão pelo cabelo muito loiro. – O que me consola é que sua cabeça vai te torturar por no mínimo algumas horas antes que eu tome o trabalho. – as ameaças foram completadas com um sorriso gentil.

James riu e meneou a cabeça. Scorpius não parecia prestar atenção.

— Rose – com um esforço enorme, ele abriu os olhos e tentou mirar, dos três reflexos que surgiram, o rosto dela do meio – Venha aqui, deixa eu te contar um segredo.

Ela arqueou a sobrancelha, mas aproximou o rosto e sentiu o hálito quente e o cheiro de cerveja amanteigada e pelo menos mais uns três tipos de bebida alcoólica quando ele sussurrou em seu ouvido:

— Eu bebi.

— Você jura? – ela fingiu surpresa.

Ele assentiu com a cabeça inocentemente.

— Rose – chamou de novo e ela conteve a vontade de olhar para o teto, impaciente.

— Sim.

— Vem cá de novo.

Ela suspirou, fatigada, e se aproximou outra vez. Utilizando-se do restinho de sentido que ele ainda possuía, puxou-a pela nuca com o máximo de gentileza que conseguiu e selou a boca na dela por uma fração de segundo.

Weasley entrou em tal estado de choque que mal pôde se mover. Ela teve tempo o suficiente para registrar a sensação de seus lábios contra os dele.

— Agora eu vou dormir, Rosie. – e com um desajeitado carinho no cabelo dela, ele tombou no encosto da poltrona outra vez.

— Não se preocupe. – James riu, mas parecia preocupado – Ele tentou fazer isso comigo. E com Hagrid. E com canino.

O cachorro muito velho, grande e gordo, levantou os olhos à menção de seu nome. Hagrid achou mais prudente não desmentir o garoto. Rose ainda parecia muito pálida e desconcertada.

— Acho que nunca desejei tanto algo na vida quanto a visão desse garoto dormindo. É uma pena que tenhamos que acordá-lo. Se ele vomitar as tripas inconsciente e sem ninguém para socorrê-lo, pode sufocar.

Rose concordou rapidamente com a cabeça, balançando o braço de Malfoy. James mal teve tempo de equilibrar o balde quando Scorpius começou regurgitar.

Ele acordou na enfermaria. A cabeça doía tanto que precisou juntar coragem por uns cinco minutos antes de abrir os olhos. A luminosidade o agrediu e ele tornou a fechá-los. Sofreu com a tortura durante cinco tentativas consecutivas e quando finalmente pôde manter os olhos abertos por mais de três segundos, desejou nunca tê-lo feito.

A visão ainda estava embaçada, mas ele reconheceu o envelope cor de vermelho sangue repousando tranquilamente em seu peito. E então, como se soubesse que ele já estava consciente, o papel tomou vida.

EU LHE AVISEI SCORPIUS. EU LHE AVISEI INÚMERAS VEZES. TENTEI SER PACIENTE COM VOCÊ, A PEDIDO DE SUA MÃE, MAS A SUA INCONSEQUÊNCIA ULTRAPASSOU OS LIMITES DA MINHA IMAGINAÇÃO. ONDE VOCÊ ESTEVE ONTEM? ESPERAVA FUGIR DO CASTELO COM AQUELE DELINQUENTE DO POTTER SEM QUE NINGUÉM DESSE POR SUA FALTA? EU NÃO SEI O QUE SE PASSA PELA SUA CABEÇA, MAS JÁ ESTÁ NA HORA DE LHE DIZER O QUE HÁ NA MINHA: ESTOU DECEPCIONADO. COMPLETAMENTE ENVERGONHADO. É BOM QUE SAIBA QUE AS CHANCES DE VOLTAR PARA O CASTELO NO PRÓXIMO ANO SÃO MINIMAS. NÃO QUE VOCÊ SE IMPORTE, DE QUALQUER MANEIRA. E QUANTO AQUELA SOLICITAÇÃO PATÉTICA, NEM PRECISO RESPONDER.


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