Resistance escrita por Jones, isa


Capítulo 2
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O dia começara tenso para Scorpius Malfoy que recebera uma coruja de seu pai logo ao café da manhã, reclamando das diversas cartas de advertência que vinha recebendo desde o dia primeiro de Setembro.

Todos os anos, desde que fizera amizade com o filho mais velho dos Potter era a mesma coisa - dissera Draco no pergaminho - viviam aprontando e levando advertências: “você já está no sexto ano, quando começará a levar os estudos a sério?

Scorpius bufou e se remexeu incomodado em sua cadeira quando leu no ultimo parágrafo a seguinte frase: “Eu estou avisando, Scorpius, a próxima advertência acarretará em sérias consequências. E em um berrador”.

— Acho que teremos que nos comportar esse mês... – James disse após ler o bilhete do Sr. Malfoy e rir sem cessar por uns cinco minutos. – Isso é, se quisermos uma autorização para a festa do dia das bruxas.

— Se eu quiser uma autorização, você quis dizer. – Scorpius rebateu mal-humorado, rasgando o bilhete. – Já não achava que iria obter a autorização de qualquer maneira, agora então... - e olhando o amigo de esguelha, acrescentou - Eu disse que não deveríamos ter jogado aquelas bombas de bosta no vestiário da Corvinal.

— O que está feito, está feito. – James sorriu, como sempre, irritando Scorpius. – Ah, relaxa um pouco, vai... Não é como se seu pai nunca tivesse aprontado na escola. - era um eufemismo e ambos sabiam.

— Um dia eu vou acabar expulso daqui por sua causa, Potter. – Scorpius cruzou os braços e seguiu em direção à sala de aula, ignorando o comentário de James.

— Os anos passam e você fica cada vez mais medroso, Malfoy. – James riu. – De qualquer maneira, se eu estou no sétimo ano e nunca fui expulso... Ainda há esperanças!

— Você já se ouviu falando? – Rose passou por eles, despreocupada e revirou os olhos quando viu Scorpius antes de continuar a falar. – Para mim permanece um mistério o fato de nunca terem te expulsado.

— Intrometida. – Scorpius forjou uma tosse e James riu.

— Priminha, priminha. – James abraçou os ombros de Rose e mirou um ponto aleatório na parede. – Você e seu apreço inigualável pelas regras, eu acredito no seguinte...

— Regras existem para serem quebradas. – Scorpius completou rindo também.

— Exatamente! Para quê levar uma vida chata e monótona lendo Hogwarts: Uma História, Vol. II, pela vigésima vez no seu caso – James mirou aquele ponto aleatório novamente, como se tivesse enxergando o que estava falando e Malfoy continuou rindo. – se você pode se aventurar por Hogwarts e fazer sua própria história?! Essa é a minha filosofia de vida, meu mantra, repito todos os dias quando acordo.

— Você é ridículo sabia? Eu nem acredito que você seja mais velho. – Rose disse, mas agora também segurava uma risada. – Vamos, se não nos atrasaremos para a aula.

— O que vocês têm agora? – James perguntou bocejando. – Eu definitivamente não deveria ter levantado hoje, frio foi feito para dormir...

— Temos poções. – Rose respondeu por ela e Scorpius. – E você tem Defesa Contra as Artes das Trevas, caso tenha se esquecido.

— Detesto esses sabe-tudo. – Scorpius implicou com Rose que bufou em resposta. – Sabem até o horário alheio.

— Detesto esses... Esses metidos a... A valentões que de valentes não tem nada. – Rose sorriu debochada, vermelha de raiva. De todos os apelidos possíveis, o que menos gostava era de ser chamada de sabe-tudo.

— Detesto a maneira como vocês se amam. – James disse abraçando o ombro dos dois. – O que seria da amizade de vocês sem mim, hein?

— E quem disse que somos amigos? – Rose disse triunfante por ter dito primeiro, mesmo sabendo que não era uma verdade.

— Nos toleramos por sua causa. – Scorpius completou.

— Ah, claro, com certeza. – James disse acompanhando-os até a sala de Poções. – Até mais tarde, então. E se por acaso virem Hugo, digam que a encomenda dele chegou.

— Que encomenda James? – Rose perguntou assumindo a velha indignação que tinha sobre transgressão de regras. – Você não está contrabandeando encomendas da Geminialidades Weasley novamente, está?

— Não sei sobe o que você está falando. – James sorriu e saiu assoviando.

Com algumas poucas variáveis, os dias sempre começavam assim para os três amigos: James aprontando algo e levando Scorpius junto e Rose reclamando e advertindo-os sobre as regras, sempre ameaçando entregar os dois para McGonagall. Mas tanto Rose quanto Scorpius ou James não preferiam estar em lugar algum além de Hogwarts e na companhia de mais ninguém, mesmo que não admitissem.

O professor Adolf Stevens (intimamente apelidado por Rose como Adolf Hitler) era um bruxo de meia-idade, pequeno e atarracado. As duas coisas que mais gostava na vida era lecionar e gritar com alunos. Não importava quão quietos estivessem, nunca parecia o suficiente. Ele arqueou ligeiramente uma sobrancelha ao ver Rose e Scorpius entrando juntos.

— Aposto que está decepcionado por não termos chegado atrasados. – O garoto cochichou entre os dentes enquanto forçava um sorriso imenso para o homem.

Rose se permitiu um riso respirado e eles sentaram-se em dupla.

Desde o terceiro ano – quando uma garota tentara ludibriá-lo com amortentia — Scorpius se tornara excelente em poções. Era a única das matérias que realmente gostava, apesar de detestar o professor. Por essa razão, Rose ignorou o completo descuido do garoto em relação as primeiras instruções do dia, mas quando Scorpius fez menção de jogar uma grande quantidade de um liquido altamente tóxico no caldeirão, ela se sentiu na obrigação de repeli-lo, segurando-lhe a mão com força.

— Hey, o que está fazendo? – Sussurrou – Tentando matar todo mundo?

O menino inchou as bochechas e soltou o ar com calma, enquanto enterrava os dedos no cabelo.

— Desculpe. Não estou raciocinando direito.

— Isso eu estou vendo! – mas como ele parecia realmente abalado, resolveu pegar leve – O que foi?

— Nada, é só... – ele meneou a cabeça – Meu pai.

Rose continuou encarando-o, esperando que ele continuasse falando.

— É espantoso que ele não tenha me tirado da escola ainda, sabe? – encolheu os ombros.

Ela assentiu, sem saber exatamente o que dizer.

— Ele vai surtar – continuou, desolado – A minha família é muito tradicional.

— Não se precipite – desajeitadamente, ela deu um tapinha no ombro largo. Esperava realmente parecer solidária. – Você é capitão do time da sua casa. Se não conseguir convencê-lo, todos os sonserinos vão começar a mandar um zilhão de cartas em prol da sua participação. Além do mais, ele não vai te tirar daqui. Para todos os fins, Hogwarts é a melhor escola do nosso mundo e não consigo imaginar seu pai te pondo em nada que não tenha renome ou que não seja melhor.

Scorpius a encarou por um instante, refletindo sobre as palavras dela. Por fim esboçou um sorriso de agradecimento. Eles mal tiveram tempo para se sentirem desconfortáveis pelo fato de que era a primeira vez que conversavam sem nenhum vestígio de implicância, porque o professor Adolf se aproximou, carrancudo.

— Senhores – Com os pequenos braços postos para trás em posição militar, lançou um olhar pouco agradável para ambos. – Posso ver como anda o desempenho de vocês?

— Claro – Rose empertigou-se e apresentou o caldeirão.

Stevens ficou claramente desapontado ao perceber que apesar da conversa, a garota não fora negligente com o dever. Mexendo de maneira esquisita o bigode à escovinha, foi com muito esforço que disse:

— Bom – Aprovou secamente.

— Obrigado por ter salvado a minha pele hoje, Weasley. – Scorpius disse ao fim da aula, enquanto arrumava os materiais. Ele nunca teria esperado aquele tipo de comportamento da parte dela.

— Tudo bem, comparsa do James – limitou-se a dizer. – Te vejo por ai. - Comentou e se afastou.

Rose se convenceu de que o fato de estar quase correndo para longe era completamente normal e que o único motivo para isso se tratava da pressa que tinha para chegar cedo a todas as aulas.

Mal tinha cruzado o primeiro corredor quando topou de frente com Lily.

— Desculpe por isso, Lils.

— Tudo bem. – sorriu ajudando-a a recuperar os livros que haviam caído. Rose agradeceu e, já que estava ali, decidiu pedir informação:

— Viu Hugo por aí?

— Seja lá o que você e James andam achando... – a outra começou a dizer, exasperada, as bochechas ruborizando gravemente, mas então percebeu a expressão confusa no rosto de Rose e a sobrancelha levemente arqueada – Ahm, er, esquece. Bom, não, eu não o vi. – gaguejou, passando as mãos pelo cabelo. – Talvez a gente tenha se encontrado de passagem pela manhã. Não que já seja tarde, mas...

— Certo – Rose a interrompeu um tanto assustada com o nervosismo e ansiedade desnecessários notáveis na voz e no jeito da prima. – Obrigada de qualquer forma.

— É, ok. – e foi a vez de Lily de apressar o passo.

A tarde só serviu para deixar o dia ainda mais estranho. Pela primeira vez, alguns alunos da grifinória que não tinham contato com a cultura trouxa foram consultar Rose, que era monitora.

Geralmente eles se mantinham bem longe do campo de visão da garota, justamente por conta de seu distintivo, mas estavam empolgados e curiosos com a perspectiva do dia das bruxas aos moldes trouxas e encheram-na de perguntas a respeito de máscaras e fantasias.

— Funciona assim: os trouxas se vestem de personagens típicos do mundo deles ou o que eles consideram seres fantasiosos e místicos. Bruxas, sereias, duendes...

— Mas isso existe! – rebateu uma menininha do segundo ano. Rose riu de maneira complacente.

— Sim, mas eles não sabem disso, não é?

— Então se eu não quiser me fantasiar de nada eu já vou estar fantasiado de algo? – outro aluno perguntou.

— É isso ai. Mais ou menos. – ela encolheu os ombros e avistou James chegando – Não se preocupem, certo? Vocês serão bem instruídos. O professor de história da magia ou estudos dos trouxas deve tirar aulas apenas para isso. – sorrindo, ela se levantou e não viu a careta dos outros.

Que ser humano, além dela, prestava atenção nessas aulas?

Eles não sabiam, mas Rose o encontraria em breve.

— Oi – ela assustou o primo que estava extremamente concentrado num pergaminho. Como estudar era um verbo fora de cogitação na vida de James, ele só podia estar arquitetando planos infalíveis.

— Ah, oi – acenou com a cabeça distraído. – O que acha? – e apontou para um rabisco ininteligível.

— Legal. Você é quase um artista.

James abriu um sorriso torto.

— Eu sou mesmo. Você verá quando estiver pronto.

— Não estou muito certa de que quero presenciar essa coisa, seja ela o que for, tomando vida. – avisou, bagunçando-lhe o cabelo. James riu.

— Você verá de qualquer forma. Ah, eu esqueci de te dizer. McGonagall estava te procurando. Acho que você devia estar na sala dela meia hora atrás, mais ou menos. Garanti que lhe daria o recado. – e sorriu casualmente.

— O que? – ela fechou a cara instantaneamente, achando que dessa vez ele tinha passado dos limites. – Você...! Seu irresponsável! – mas não tinha tempo para insultos. Correu em direção ao portal e não parou até chegar à sala da diretora.

Rose ainda ofegava quando recebeu permissão para entrar.

— Me desculpe, professora. – tomando ar, ela tentou se recompor – Só fui informada agora que você tinha requisitado minha presença.

— Tudo bem – Minerva esboçou um sorriso curtíssimo. – Estávamos a sua espera. – E mirando a outra pessoa que já estava sentada, informou – Essa é a outra monitora da qual estive lhe falando.

E então a cadeira de espaldar alto girou para que o outro convidado observasse Rose Weasley.


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