Vida De Monstro - Livro Um - O Começo escrita por Mateus Kamui


Capítulo 1
I - Will


Notas iniciais do capítulo

O começo da historia em si sera meio fraco, mas prometo que em poucos capitulos a historia ira melhorar entao continuem lendo :)



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I – Will

“Todos vêem o que pareces, poucos percebem o que és” – Nicolau Maquiavel

Essa era a frase perfeita para definir a humanidade com relação ao resto das criaturas em minha opinião.

Eu sempre acreditei que o mundo era um saco, um local cheio de gente andando por ai como se fossem deuses, ignorando tudo e todos e agindo como se fossem onipotentes, esses vermes auto denominados humanos agem como se fossem os seres supremos do seu medíocre planeta e do seu estúpido universo, os humanos não são inteligentes, velozes, fortes ou poderosos, pelo contrario, eles não passam de vermes malditos sem nenhuma habilidade especial alem da sua tão amada ciência.

Eles pensam que podem saber de tudo e que com suas complexas formulas matemáticas podem resolver qualquer coisa, mas as mais simples questões do universo ainda se mostram os maiores desafios para eles, humanos realmente são seres dignos de pena, se acham tão inteligentes e cultos, mas são tão idiotas e ignorantes que chega a me dar nojo.

Eu já tive muitos nomes, coração de gelo, dragão negro, carniceiro sem alma, entre outros que não gosto de citar, mas meu nome no cartório infernal é William Maquiavel, eu faço parte da elite existencial que vocês tolos humanos não conhecem, eu sou o que vocês chamam erroneamente de monstro, se eu sou um monstro imagine vocês malditos vermes, eu sou, e com muito orgulho, membro de uma raça de elite entre os demônios, eu faço parte de uma das grandes casas das famílias demoníacas que governam o submundo e meu pai, lorde Byron, é um dos nove lordes infernais, eu sou membro da casa dos Maquiavel, a família das chamas, eu tenho 300 anos, mas graças à grande vitalidade dos demônios eu só aparento ter dezesseis anos mortais, meu cabelo é negro como o ébano, meus olhos são pretos como o breu e minha pele pálida como a neve, meus traços faciais eram uma mistura dos traços romanos que herdei do meu pai com algo meio que canino, minhas orelhas tinham as pontas mais finas alem de eu ter os caninos maiores que o normal, e eu tinha os músculos bem definidos, abdômen definido, peitoral forte, costas e ombros largos alem dos braços e pernas bem musculosos para um cara de míseros 300 anos.

Eu estudo no melhor colégio do mundo para os demônios e por uma ironia, isso é sacanagem mesmo, esse colégio é um dos poucos colégios para monstros que se localiza no mundo humano. O colégio se chama “Academia Internacional Global”, um nome simples e sem um pingo de originalidade, lá estuda a elite dos monstros e demônios e, por azar, também estudam alguns humanos, alguns não, vários, o diretor disse que seria bom para nos aprendermos mais sobre os humanos e a melhor forma disso era conviver com eles mesmo que de maneira meio que forçada, o diretor era um membro da elite dos monstros e era um dos que defendia a idéia de que os monstros deveriam se dar bem com humanos, mas muitos monstros tem idéias diferentes dele principalmente por um ocorrido de muitos séculos atrás, as guerras.

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Os humanos meio que sempre souberam da nossa existência, mas para poupar seu próprio cérebro de um choque existencial e mais um mistério inexplicável para eles, os humanos simplesmente nos chamaram de lendas e nos colocaram nas suas respectivas mitologias como se fossemos ficção, mas nem sempre foi assim, há milênios atrás os humanos e monstros conviviam muito bem, os vermes nos davam alimentos, mulheres e outras coisas mais e em troca não os destruíamos, mas um dia alguns vermes malditos se revoltaram contra nos e começaram a nos matar, os lideres membros da elite dos monstros então resolveram acabar com os humanos, mas os vermes a anos já trabalhavam em uma maneira de como nos derrotar e nos revidamos tarde demais, o combate foi sanguinário e nos perdemos muitos dos nossos e mesmo nos no fim ganhamos.

Esse combate se chamou de guerras baixas e mesmo ganhando a guerra no fim alguns imbecis da elite decidiram preservar alguns poucos da raça humana para continuar a reverenciá-los, eles nunca mais nos reverenciaram, simplesmente nos afundaram nas suas lendas e nos trataram como historias, mas mesmo assim nos engolimos.

O problema veio depois, alguns séculos depois esses vermes se multiplicaram como uma pandemia e repovoaram o globo, alguns humanos redescobriram a nossa existência, mas no lugar de nos respeitar e obedecer eles nos temeram e nos caçaram como seus antepassados fizeram e assim deu inicio as famílias e clãs de caçadores de monstros, esses malditos eram mais espertos que seus antepassados e conseguiram nos ferir muito mais fundo dessa vez, mas então nos iniciamos mais uma guerra, as guerras medias.

As guerras duraram ate os primeiros anos da era crista ate que um tal de Jesus Cristo, um verme como os outros, usou de uma habilidade única de persuasão para criar um pacto de paz entre os caçadores e os monstros, ele e seus doze discípulos, entre os doze tinham um demônio só pra mostrar que o cara era amigo de todos, eles espalharam a mensagem de paz para todos os cantos da terra, mas nem todos aceitaram isso, principalmente os humanos, alguns não queriam a paz e nos consideravam uma ameaça, mas consideravam alguém que queria a paz uma ameaça ainda maior, então os romanos com a ajuda de um dos discípulos, o tal do demônio que era chamado de Judas, juntos mataram o tal do Jesus, mas esse Cristo era um cara esperto, ele se deixou morrer de propósito para poder viajar para o mundo dos demônios e poder conversar de frente com os lordes infernais e depois de três dias de debate o cara conseguiu convencer os lordes a por um fim na guerra e pediu uma segunda chance para convencer todos os humanos então os demônios o permitiram ressuscitar e perseguiram o traidor do Judas que traiu o Jesus e sua própria raça, mas o bicho foi esperto e se enforcou antes de pegarem ele.

O cara tal do Jesus cristo realmente era foda, o único verme digno de respeito em minha opinião, ele não só espalhou a idéia como também ensinou um pouco mais seus discípulos e os fez continuar sua missão chegando ate a pedir para um deles fundar uma igreja que viria a controlar os caçadores e suas atividades, e graças a esse tal de Jesus os humanos e demônios puderam viver em harmonia e paz durante séculos ate a ultima e grande guerra, a guerra alta.

Um dia um grupo de demônios se revoltou contra os lordes infernais e tomaram uma surra então tomaram uma iniciativa, se eles não podiam vencer o inimigo então chamariam os únicos que um dia se opuseram aos demônios com sucesso, os humanos, eles possuíram os lideres da igreja e criaram aquilo que hoje conhecemos como idade das trevas, ou simplesmente idade media, durante esse período os caçadores puderam nos caçar livremente e ainda chegaram a fazer marchas atrás de nos que ficaram conhecidas pelos humanos como cruzadas, alem disso os humanos que ainda simpatizavam conosco, os magos, foram caçados como hereges e veneradores dos demônios e morreram de formas horrendas.

Os lordes infernais não se controlaram mais em verem tantos mortos, tanto humanos quanto monstros, e então lutaram e expurgaram esses demônios traidores e os mandaram para a parte mais profunda do submundo onde nem mesmo os lordes ousam pisar.

Depois de cuidar desses demônios traidores e porem um fim na guerra alta, que foi de longe a mais sangrenta mesmo não parecendo, os lordes infernais e os membros da elite dos monstros firmaram um pacto supremo que persiste ate hoje, nenhum monstro deve ser morto por caçadores a não ser que representem uma ameaça aos humanos ou aos próprios monstros, e os monstros só poderiam matar um caçador caso veja que ele esta quebrando a promessa e é bom ele ter provas disso ou ele pode ser morto por ser mentiroso e quebrar a nova lei suprema, e é assim que o mundo tem coexistido ate hoje.

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Eu ia começar na Academia Internacional Global esse ano já como um novato, e mesmo não querendo ir para aquele local minha família me forçaria a ir ou passaria o resto da minha vida na prisão.

Eu acordei cedo, forçado obviamente, um corvo infernal, um corvo negro de olhos vermelhos que medem em media três metros de altura e cinco de uma asa a outra, começou a soltar um grunhido horrível na janela do meu quarto, então com um simples e veloz soco eu fiz a criatura voar, só não sei pra onde. Lentamente, muito lentamente, me levantei da cama e parti para o banheiro, tomei meu banho e vesti meu uniforme, uma corrente prata simples, um boné preto com uma caveira em chamas, uma calça jeans cinza e desbotada com um leve rasgo em ambos os joelhos e uma corrente prata do lado direto e um cinto preto com espinhos caído para o lado esquerdo, um par de botas militares, uma blusa branca com o símbolo da academia em cima do lugar onde fica o seu coração, e vesti por cima uma jaqueta de couro preta, estava pronto.

Aos poucos sai do meu quarto, dei uma olhada por uma das janelas que haviam nas escadas que me levavam para os andares inferiores já que meu quarto se localizava em um três últimos andares da cidadela de fogo, o maior castelo do sétimo circulo infernal e um dos quatro maiores do inferno, perdendo apenas para a cidade de Dite localizada no sexto circulo, o castelo da ciência humana localizada no limbo  e o palácio do imperador do inferno localizado no nono e ultimo circulo do inferno.

Pela janela passavam varias bolas de fogo do tamanho de uma mão, algo que era comum já que a cidadela de fogo fora construída no meio do campo onde ocorre a punição daqueles que foram violentos contra deus e contra natureza, para os que não sabem a punição para esse crime é se banhar numa implacável chuva eterna de fogo, algo que era horrível para qualquer criatura, menos para demônios do fogo como eu.

Depois fui para a cozinha do palácio para tomar meu café, os empregados estavam a mil hoje, eles queriam que minhas ultimas horas no palácio fossem as melhores, já que meu pai fazia questão que eu morasse no mundo humano ate eu me formar, ele queria que eu conhecesse melhor o mundo humano, ele queria me tornar o sucessor do seu trono e dizia que era necessário saber sobre o mundo humano antes de qualquer coisa.

Eu desci a grande escadaria aos poucos, o palácio era todo em estilo gótico, com seus moveis feitos de uma madeira rubra e negra e as paredes sendo feitas de tijolos enegrecidos pelas cinzas que vinham dos corpos dos mortos pela chuva flamejante. Demônios corriam escada acima e abaixo carregando coisas, eu fui em direção a cozinha e sentei-me à mesa, meu pai e minha mãe já estavam lá.

Meu pai era um homem alto de feições serias e meio romanas como um verdadeiro imperador deveria ser, sua pele era branca, mas era meio queimada e tinha duas cicatrizes na bochecha formando um x, elas eram suas vergonhas feitas durante suas duas únicas batalhas que ele não ganhou, uma foi uma derrota pelas mãos de meu avô e a outra foi uma derrota pelas mãos de alguém que ele nunca mencionou, provavelmente com vergonha, seu cabelo era negro com uma faixa de cabelo branco que ia da parte direita da testa ate a nuca e seus olhos eram de um vermelho vivo e sanguinário que reforçavam sua aparência de lorde, ele era musculoso para um cara de mais de mil anos, ele vestia roupas parecidas com a dos duques da idade media, mas com um toque moderno.

Minha mãe era uma mulher pálida de feições finas e leves, seus cabelos eram longos, ondulados e bem negros como o meu, seus olhos também eram negros como os meus, ela era dita como uma das demônios mais belas dos nove círculos e eu realmente a achava bem bonita principalmente com ela vestindo seu vestido predileto, um vestido longo que batia no chão, era todo negro e parecia feito de chamas, pois o seu tecido nas pontas parecia chamuscar:

-Pai, mãe – falei me sentando próximo de minha mãe

-Querido – falou minha mãe tomando uma xícara de chá, sua voz era leve como uma brisa de primavera aconchegante

-William – falou meu pai com sua voz rouca e imponente – é hoje não é?

-Sim é hoje – falei meio cabisbaixo – caramba pai eu realmente tenho que ir para o mundo humano?

-Se você quer se tornar meu sucessor como um dos nove lordes infernais então você terá

-Mas eu não quero pai, por que não manda um dos meus irmãos? Eles sim dariam bons lordes – meus irmãos mais velhos eram generais do exercito real e excelentes governantes eu realmente não entedia o porquê de meu pai não escolher um deles para ser seu sucessor

-A sim seus irmãos, não me fale daqueles dois, eles são bons, mas não são quem eu quero como meus sucessores, eles não tem o que é preciso, desde o dia em que você nasceu eu disse que seria você

-Que saco – me debrucei sobre a mesa e tomei uma xícara de café extra forte – pode ao menos me falar algo sobre o mundo humano? Sabe eu nunca estive lá e como filho de um lorde não quero passar vergonha e desonrar minha família – mentira, eu só não queria dar motivos para os vermes dos humanos falarem sobre mim

-Eu gostaria mais não

-Qual é pai?

-Você deve aprender tudo sozinho e no seu próprio ritmo

-Mas pai

-Will – falou minha mãe me olhando nos olhos, o olhar da minha mãe era mortal e te desarmava totalmente, ela era calma e calada, mas quando falava era sempre direta e você jamais conseguia dizer não a ela, a única pessoa que mandava no meu pai em todo o submundo era ela – obedeça seu pai, e eu garanto que será bem mais divertido assim

-Divertido pra quem? Eu que vou ter que ficar naquele local rodeado de vermes nojentos e imundos – falei a ultima parte bem baixo

Terminei de tomar meu café e meu pai e minha mãe me levaram ate o portal do palácio, o portal era um semicírculo de cinco metros de raio feito de ossos de gigantes e funcionavam usando pedras mágicas de imenso poder que permitiam distorcer o espaço para se tele transportar para qualquer local com um passo:

-Adeus meu amor – minha mãe me abraçou bem forte e começou a me beijar – agora me prometa que você vai se cuidar

-Tá mãe eu vou me cuidar agora me larga vai

-O mulher larga o menino – falou meu pai e minha mãe mandou um olhar para ele que fez ate o lendário lorde Byron tremer – agora vai logo o moleque e vê se manda noticias todos os dias ou então sua mãe vai morrer de preocupação

-Certo pai – respirei fundo e falei baixo – rumo ao mundo dos humanos  

Cocei minha cabeça e mergulhei no portal que se ativou quando cheguei perto, os cristais emitiram um brilho roxo e criaram uma fenda mágica, eu mergulhei na fenda mágica e quando sai eu já estava em um local totalmente diferente, o mundo humano.

Era realmente um pouco diferente do que eu imaginava, eu me vi em frente a um portão enorme de aço e no topo do portão ficava o nome da academia gravado em letras garrafais e o símbolo da academia bem no meio, pessoas passavam por mim como se não tivessem notado que eu apareci do nada, mas alguns passavam e me olhavam e outros também apareceram do nada, outros monstros como eu, eu então comecei a andar para dentro das mediações do colégio, o mundo humano ate agora estava sendo mais limpo e organizado do que eu esperava, mas muito mais barulhento do que eu jamais sonhei.

Garotas corriam e abraçavam uma as outras gritando o quanto sentiam saudades e de como tiveram sorte em irem para o mesmo colégio, os garotos se encontravam e trocavam xingamentos altos e depois trocavam apertos de mãos, eu andei pelo caminho de pedra que levava ate o centro da academia e que terminava no galpão onde os alunos teriam alguma coisa hoje, aos poucos eu vi pessoas sentadas em arvores tocando seus violões, outros jogando card games e outros jogando RPG, eu realmente gostava de RPG, era um dos poucos hábitos humanos que eu conhecia e o único que gostava.

Eu passei por um amontoado de lixo no chão e a pior parte era que alguns estavam do lado da lata de lixo, será que esses vermes não se tocavam que fazendo aquilo eles estavam destruindo o planeta deles? Que bando de idiotas, eu continuei a andar e já próximo do enorme galpão da academia um grupo de caras que estavam escorados em um poste se aproximaram de mim:

-Ora ora um novato – falou o mais alto deles, um cara branco de cabelo ruivo bem curto como se fosse um militar, olhos castanhos avermelhados e era bem musculoso, ele era humano pelo cheiro que exalava, demônios da minha raça tinham faros bem apurados e podiam reconhecer alguém só pelo cheiro e pelo horrível dele eu deduzi que fosse humano – só te falar logo novato, para entrar aqui no galpão precisa pagar um taxa, mas por você ser gente fina eu só vou cobrar cem de você

Eu simplesmente o ignorei e continuei meu caminho rumo ao galpão, ele colocou a mão no meu ombro e me puxou para trás, quem esse merda pensa que é para tocar em mim:

-Ei pirralho acho que você não escutou, cem ou não entra

-Nem morto babaca – ele me olhou feio, ótimo

Eu abri um leve sorriso, primeiro dia e eu já ia matar um desses vermes, desse jeito daqui pro fim do ano eu erradicava essa raça maldita, ele já ia mandar um soco na minha direção quando uma voz ecoou:

-É bom você não fazer isso Boom – falou alguém

O cara se virou no mesmo instante:

-Desculpe senhorita fiscal da academia, senhorita – ele tremia quando saiu a largos passos acompanhado de seus companheiros

Eu então pude ver de quem o tal de Boom (caralho isso é nome de gente por acaso? Tinha que ser humano pra ter um nome desses), nesse instante eu não sei porque, mas consegui escutar meu coração frio e rígido bater mais forte, na minha frente estava um garota, mas não era uma garota qualquer, ela devia ser uns três centímetros mais baixa do que eu, tinha uma pele azeitonada linda, cabelos longos, meio ondulados e castanhos que batiam um metade das suas costas e olhos com enormes cílios e uma íris verde tão viva que parecia mais uma esmeralda do que um olho, por um instante tudo ao meu redor pareceu sumir e meu mundo se resumiu apenas a olhá-la eu então dei uma longa inspiração e inalei seu perfume maravilhoso, tudo perfeito ate que por trás do perfume subiu uma onda de um cheiro característico que eu sentia com uma abundancia inacreditável naquela academia, humana:

-Ola – a garota falou abrindo um leve e belo sorriso mostrando seus brancos e perfeitos dentes, ela era realmente linda, mas mesmo com tudo aquilo seu cheiro maldito ainda subia pela minha narina acompanhado de seu delicioso perfume – eu sou Amy e você seria?

-William – falei sem pensar duas vezes e da maneira mais fria possível, eu tentava apagar a imagem perfeita que construí dela na minha mente, eu não podia ter achado um verme bonito aquele ponto

-Você deve ser um dos novatos não é? Desculpe-me pelo Boom, ele sempre tenta importunar os novatos, espero que não tenha feito nada demais

-Que nada, um humano jamais faria nada contra mim – eu falei sem pensar, se ela fosse realmente uma humana ela suspeitaria de alguma coisa droga, porque perto dela eu sentia que podia perder a fala a cada instante?

-Entendo então você é um dos monstros da academia

Eu a olhei nos olhos, ela sabia sobre nos então não era uma simples humana:

-Você sabe o que eu sou, mas agora me pergunto quem é realmente você?

-Eu sou uma dos fiscais da academia, membro do comitê de boas vindas e uma caçadora em treinamento – meu corpo tremeu, alem de humana era uma maldita caçadora, o pior tipo de humano, eu realmente devia ter comido algo estragado para ter, por um único instante, pensado que tivesse sentido amor por ela, não, não era amor, era algo mais ancestral que simplesmente amor, era uma necessidade não só do meu corpo tê-la, mas também do meu espírito demoníaco, como se ela fosse a peça que faltava para me completar – qual a sua raça e rank?

-Eu sou William Maquiavel, terceiro filho do lorde Byron, senhor da grande casa dos demônios elementais do fogo e graças a isso sou um demônio Elemental do fogo de rank S

A garota chamada Amy me olhou com uma mistura de surpresa e medo, eu não podia culpá-la, os monstros em geral eram classificados por meio de ranks que iam do E ate o SS, apenas os lordes infernais e monstros fundadores eram SS, então abaixo deles vinham os poderosos e temidos rank S que eu fazia parte, nos éramos tão poderosos que só podíamos vir para o mundo humano se deixassem previamente parte do seu poder no sub mundo, no meu caso eu só pude vir para a terra com um quarto do meu poder ou poderia, quem sabe, destruir esse local só em pisar nele, algo que eu realmente queria:

-Entendo então um rank S esta aqui, é bom que me siga para dentro agora – ela começou a me empurrar forçadamente pelas costas ate eu entrar no galpão

Poucas pessoas estavam ali agora, somente alguns monstros, nenhum humano e eu sabia pelo cheiro deles que ninguém ali era abaixo do rank B, mas menos de dez rank A e somente eu de rank S pelo menos por enquanto, agora que eu percebi somente senti o cheiro de monstros rank C pra baixo lá fora, provavelmente eles tinham medo de que os mais fortes causassem escândalos como eu quase fiz então nos deixavam aqui pelo menos por enquanto:

-Fique aqui por enquanto e não saia por nada entendeu? – Amy falou e por algum motivo eu não a desobedeci, normalmente quando qualquer um, com exceção do meu pai ou minha mãe, me dava uma ordem eu a desobedecia na hora, mas eu queria impressionar Amy por algum motivo

Ela sumiu aos poucos e quando percebi só restavam eu e outros monstros no galpão, todos pareciam amigos e conversavam entre si, também quando você fica preso com alguém num galpão sozinho você acaba puxando algum assunto, a não ser que você seja eu, eu detestava conversar com outras pessoas a não ser que fosse realmente necessário, devia ser por isso que só tive pouquíssimos amigos na minha vida, eu podia contar eles com uma só mão e ainda sobravam dedos.

Eu fui ate um pilar de aço no canto e me escorei, puxei minha mochila e tirei de dentro dela uma das poucas invenções humanas que eu reverenciava, o Ipod, com ele eu podia escutar outra grande invenção da humanidade, o rock, e podia fazer outra coisa, jogar jogos para Ipod, outra grande invenção desses vermes que eu não resistia. Eu estava escutando Led Zeppelin quando alguém cutuca meu ombro, eu tirei meus olhos da tela do Ipod onde estava jogando Angry Birds e fitei quem tinha me cutucado, um cara alto e forte, ele não estava lá antes então imaginei que tivesse entrado enquanto estava escutando musica, ele devia ser uns seis centímetros a mais do que eu, seus cabelos eram pretos e bem penteados, seus olhos eram azuis vivos e sua pele era pálida como a minha e ele usava dois anéis de lápis-lazúli:

-Ola eu sou Drake, um vampiro rank A – falou ele abrindo um sorriso e mostrando seus caninos enormes e pontiagudos, eu senti quando ele tentou entrar na minha mente, eu já havia visto alguns vampiros de alto nível e sabia dos seus poderes, todos os vampiros do rank A pra cima podiam entrar na mente das pessoas, hipnotizá-las, criar elementos e controlá-los alem de outras coisas bem irritantes

-É bom sair da minha cabeça se não quiser que eu esmague essa sua cara de filhinho de papai seu protótipo de vampiro – eu também era teoricamente um filhinho de papai, mas eu não gostava de jogar na cara de todo mundo quem eu era, menos para Amy, eu queria me mostrar o máximo possível para ela

Ele me olhou com os olhos arregalados, provavelmente aquela foi a primeira vez que ele escutou aquilo na vida:

-Ora seu, você sabe de quem eu sou filho seu estúpido? Se você já tivesse visitado o país dos vampiros, a minha amada Romênia, você saberia que eu sou filho do grande duque Vladimir, um dos grandes senhores vampiros do mundo  

-Primeiro playboy – falei me aproximando dele – eu não sou um caipira imbecil, eu já visitei a droga da Romênia – a Romênia era um país no mundo humano, mas não era cem por cento humano e tinha portais que levavam ao reino secreto dos vampiros onde os grandes duques governavam e pelo meu pai tentar uma aliança com os vampiros eu já visitei aquele maldito lugar – um país tão estúpido quanto seus habitantes vampirescos e eu jamais teria ouvido falar de um merdinha que só sabe usar a imagem de seu pai pra se vangloriar de glorias que pertence ao pai e não a ele  

O tal de Drake tremeu de raiva, seu rosto estava vermelho e todos que o seguiam me olhavam estupefatos, a maioria eram vampiros, mas alguns poucos eram monstros de outros tipos:

-Ora seu você vai ver

No momento em que ele iria fazer algum movimento os portões do galpão se abriram, aos poucos todos os alunos, humanos e monstros, começaram a entrar no galpão e Drake se distanciou aos poucos de mim, ele não queria chamar a atenção dos humanos, pelo menos não agora.

Em segundos o galpão lotou de humanos e monstros, todos misturados como se fossem um único e unido povo, algo que não nunca forma, não eram e nunca serão na minha opinião e na de muitos outros monstros, os monstros queriam dilacerar os humanos e isso eu podia ver nos olhos da maioria ali, os únicos que não tinham esse olhar era porque não observavam os humanos, simplesmente os ignoravam como eu.

Aos poucos uma porta na parte de trás do galpão abriu, um grupo de adultos e velhos entraram e se sentaram nas cadeiras que haviam em um palanque montado no galpão, um velho gordo e careca com uma barba enorme que quase batia na sua barriga parou em frente ao microfone:

-Ola queridos alunos – falou o velho, sua voz era fraca, mas imponente, muito mais imponente do que a do meu pai, como um verdadeiro líder – eu sou o diretor da academia onde vocês a partir de hoje estudaram, meu nome é Johann Faust e será um prazer ter todos vocês aqui hoje conosco, agora daremos a palavra aos fiscais da academia

A tal da Amy subiu no palanque acompanhada de um cara, ele era meio esquelético, mas tinha seus músculos, ele devia ter dezesseis anos, ele era de um branco um pouco bronzeado, seu cabelo era castanho e todo arrepiado como se não visse um pente como era o meu cabelo também, seus olhos eram negros como os meus, mas eram menos sombrios e mais humanos e usava uma luva na mão esquerda como se quisesse esconder algo:

-Ola a todos eu sou Amy Winchester e esse é meu irmão Michael Winchester – o cara chamado Michael simplesmente acenou levemente como a cabeça como se achasse tudo aquilo irritante como eu também achava, nos dois ate podíamos ser amigos se não fosse um fato, seu sobrenome – nos seremos os fiscais da academia, nosso trabalho é impedir que vocês se matem ou pior – os monstros soltaram pequenos comentários entre eles – e espero que todos nós nos demos muito bem e sejamos todos amigos

Boa tentativa, mas isso nunca vai acontecer, principalmente com relação a você, a garota que por um instante eu pensei que fosse a única humana que não fosse um verme maldito era uma caçadora e a pior parte, era uma caçadora dos Winchester, uma das três maiores famílias de caçadores do mundo, eles eram temidos por vários monstros e o líder dessa família era um dos poucos caçadores no mundo que podia matar um rank S e alguns diziam que ele era capaz de enfrentar ate os lendários rank SS.

Eu já havia lido bastante sobre aquela família lendária e sobre seus lendários casos envolvendo a matança de monstros, os caçadores eram os piores e os Winchester eram um dos três piores entre eles.

Aos poucos todos os alunos começaram a sair do galpão, menos os monstros, o diretor mandou uma espécie de olhar para nos como se nos reconhecesse entre os humanos e nos entendemos o recado, ainda teria mais para nós:

-Vocês meus amados conterrâneos raciais – falou o diretor – eu não quero saber de vocês usando seus poderes ou suas verdadeiras formas na academia, caso façam isso meus queridos dois fiscais estarão permitidos a designá-los certas punições – eu vi um sorriso surgir no rosto de Michael como se a idéia o agradasse e alguns monstros riram como se fosse impossível um bando de adolescentes humanos nos vencerem, mas algo me dizia que eu não deveria subestimar os dois Winchester, principalmente por serem quem são – então estão dispensados e lembrem-se de pegar as chaves dos seus quartos

Eu quase havia me esquecido de que agora eu moraria na academia, mas ao menos o dormitório era dividido em exclusivo para humanos e exclusivo para monstros então não teríamos problemas com esses vermes andando nos nossos corredores.

Eu andei pelos corredores do dormitório, hoje não teria aulas então nos podíamos fazer o que quiséssemos, eu andei ate o meu quarto, o ultimo do dormitório dos monstros e o mais distante dos demais, o melhor quarto para alguém como eu, eu abri a porta e ingressei no quarto, ele não era muito grande, ele tinha um beliche já que normalmente você divide o quarto com alguém, eu não, tinha também uma mesa com uma luminária, voltada para estudos, tinha um armário e um banheiro, eu coloquei minha mochila na cama de baixo, minhas roupas já estavam no meu guarda roupa e eu tinha recebido minha encomenda que pedi a alguns dias, uma coletânea de livros sobre o mundo humano, suas lendas antigas e novas, seus títulos literários mais famosos, os duzentos mais famosos da historia, alguns livros de historia e geografia e alguns sobre formas de governo e sobre a mente humana, eu era o maior “devorador” de livros do meu reino, eu era de longe a pessoa que mais tinha lido títulos diferentes e muitos monstros tinham o triplo ou mais da minha idade.

Eu entrei no banheiro e tomei um longo banho, depois sai, vesti uma calça e comecei a ler meus livros ate por volta das cinco e pouco da tarde, eu já tinha lido mais de vinte livros desde hoje de manha e já sabia um pouco sobre a historia e os hábitos dos humanos que seriam necessários, eu peguei um prato de comida que deixaram na porta do meu quarto desde a hora do almoço e comecei a comer mesmo estando frio e duro, eu terminei de comer em segundos e fui em direção a janela, ela estava coberta com uma cortina vermelha larga, eu a abri e vi a cena mais, como dizer, surpreendente que eu podia esperar para ver abrindo uma cortina, uma garota só de sutiã e calcinha do outro lado se trocando, Amy.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e espero varias reviews, tanto positivas quanto negativas