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Assim que o mal estar da aparatação passou, abri meus olhos. Estávamos dentro de uma cabine do banheiro feminino, na estação King's Cross. Olhei no meu relógio de pulso enfeitiçado, e eram exatamente 10:40. O banheiro estava cheio de mulheres trouxas, retocando suas maquiagens antes de seus trens partirem. Coloquei minha mão na fechadura, para abrir a porta mas Narcisa me impediu. Ela abriu a boca, e falou sem nenhum som.

 

— Finja que estava namorando com ele. Encontro vocês do lado de fora do trem.

 

Assenti com a cabeça. Tirei meu batom vermelho sangue do meu bolso, e passei em meus lábios. Pedi licença à Narcisa e Draco e depositei alguns beijos no pescoço de Draco. O local ficou bem marcado pelas marcas de batom. Narcisa parecia não gostar da cena, porém ficou em silêncio. Assim que deixei o pescoço dele “bem marcado”, desarrumei um pouco minha roupa e meus cabelos e Draco fez o mesmo com ele. Saímos da cabine, e parei de frente ao espelho. Todas as mulheres se assustaram com a presença dele.

 

— Desculpem. Aqui é o único lugar aonde posso ficar com ele em paz – Dei um sorriso inocente, e arrumei minha roupa.

 

Saímos do banheiro, e caminhamos até a plataforma 9³/4. Todos os trouxas nos encaravam com admiração, e inveja. Éramos belos demais para eles, perfeitos demais. Como se fossemos, dois famosos.

 

— Você vai primeiro ou eu vou? - Ele perguntou, apontando à plataforma.

— Fique à vontade. - Sorri.

 

Draco assentiu com a cabeça, olhou para os lados e passou pela parede de tijolos. Nenhum trouxa reparara. Olhei para trás e vi Harry, Ronald e o restante da família Weasley. Senti uma imensa vontade de ir até eles e dar um forte e apertado abraço em Harry, mas me contive. Esperei eles se aproximarem, pois queria falar com Narcisa.

 

— Olá Kate. - Harry disse animado

— Olá, Potter. - Cumprimentei fria. - Ah! Olá Weasley. Consegui ver você e sua ridícula família bem lá no fundo. - Sorri irônica ao ver Ronald ficar vermelho de raiva

— Ei, Kate! O que está acontecendo com você? - Perguntou Harry, repreendendo-me.

— Comigo? Nada.

— Você está estranha. O que houve? Voldemort fez algo para você? - Harry perguntou. Todos os Weasleys estremeceram ao ouvir Harry pronunciar o nome de meu pai

— Não precisa se preocupar, Potter. Não aconteceu nada. Será que poderiam ir agora? Preciso ter uma conversa particular com uma pessoa, e vocês estão atrapalhando meu caminho!

 

Ronald balançou a cabeça negativamente e passou pela parede, seguido de sua família. Somente Harry ficou lá. Precisei me conter novamente.

 

— Olhe só, seus amigos adoradores de trouxas já foram. Por que ainda está aqui? - Perguntei bufando

— Pare de falar assim deles, Kathelyn! Nem parece a mesma pessoa.

— Isso é porque as pessoas mudam. Percebi o quanto fui tola de me aproximar de você, um traidor de sangue nojento e desprezível. Agora saia da minha frente, pelo amor de Merlin. Ou eu não respondo pelos meus atos! - Falei, de olhos fechados.

 

Harry me fitou incrédulo, mas não disse nada. Apenas passou pela parede, sem nem me olhar. Eu sabia que estava fazendo a coisa certa, mas não era isso que meu coração indicava. Narcisa chegou segundos depois, dizendo que foi barrada pelas mulheres no banheiro, que pediam os nomes das lojas aonde ela comprou a roupa.

 

— Eu realmente peço desculpas, Tia Narcisa. Por ter feito aquilo com Draco – Falei

— Não se preocupe, querida. Você foi esperta e fez muito bem. Eu só achei aquela cena muito estranha, sabe. Draco para mim ainda é um bebezinho

 

Assenti com a cabeça, dando uma boa gargalhada logo depois. Passamos pela parede juntas e Draco nos esperava ao lado da passagem.

 

— O que houve? Se perderam? Foram interrogadas? Até os Weasleys passaram antes de vocês! - Ele disse levemente irritado

— Eu estava esperando a Ciça, Draco.

 

Vimos Lucius com o babaca do Thomas do outro lado da plataforma, conversando algo muito secreto, pois sempre que passava alguém ao seus lados, paravam de conversar. Expulsei eles do meu pensamento e voltei minha atenção para Draco, que contava uma piada à mãe.

 

— E então, ela veio na minha direção e me olhou como se fosse superior e eu... - O interrompi - Eu vou procurar uma cabine vazia, ok? Tchau, tia. - Dei um beijo na bochecha de Narcisa e fui para o trem.

 

Quase todas as cabines estavam cheias, havia somente duas. Uma aonde tinha somente o Harry, o Ronald e a Hermione e outra que estava completamente vazia. Parei de frente à cabine do Trio de Ouro e os observei. Hermione logo notou minha presença. Ela se levantou discretamente e veio até mim.

 

— O que quer aqui? Já não basta machucar o Harry, veio fazer o serviço completo? - Perguntou irritada

— Você não entende como é ter um pai que dá ordens em você, Granger. Nunca entenderá. Então, não me julgue por isso. Você sabe meu nome e não minha história.

 

Ela pareceu bem abalada com isso, e adquiriu uma expressão piedosa como se entendesse minha situação. Entrei na cabine vazia e fiquei observando a janela. Draco ainda conversava com sua mãe, animado. Ele parecia uma criancinha de cinco anos que acabara de ganhar um brinquedo especial, de tão animado de que estava. O trem apitou e os alunos começaram a entrar correndo. Draco sentou-se ao meu lado, enquanto Pansy e seus amigos, preferiram ir à uma outra cabine. Desde meu primeiro dia em Hogwarts, nunca fui com a cara da Parkinson. Passei a odiá-la por cada ato, cada bufada, cada revirada de olhos... Aquela garota conseguia me irritar somente respirando. Thomas entrou logo depois, ficando de frente para nós.

 

— O que tanto conversava com meu pai, Tom? - Draco perguntou.

 

Virei meu rosto para observar a janela. Eu com certeza não queria ouvir aquela conversa. Me sentia como uma intrusa lá.

 

— Não é nada demais. - Thomas disse dando de ombros. Pude notar ele lançando um olhar atencioso a mim, como se minha presença o impedisse de dizer.

— Vou procurar uma outra cabine. Sei muito bem quando estou atrapalhando

 

Saí da cabine e fui a procura de uma outra. Infelizmente, a única disponível era a do Trio de Ouro. Abri a porta e lancei meu melhor sorriso.

 

— Ahn... Será que posso ficar aqui? Eu realmente não estou nem um pouco afim de aturar o idiota do meu irmão, e essa é a única cabine vazia. - Encolhi meus ombros.

 

Eles lançaram olhares uns aos outros, como se estivessem se comunicando com o olhar. Harry – que estava totalmente esparramado pelo banco – sentou-se normalmente e deu algumas batidinhas no acento ao seu lado. Fechei a porta e me sentei lá.

 

— Mione nos contou o que você disse a ela. Merece nossos pedidos de desculpas – Harry disse, sorrindo fraco

— Não. Quem merece pedidos de desculpas são vocês. Eu realmente sinto muito, pessoal. Mas não posso ser ''amigável'' com vocês. Não quero nem saber o que irá acontecer se eu for amiga de vocês.

— Nós podemos dar um jeito nisso – Hermione disse sorrindo abertamente

— Ah, é? Como?

— Na frente de seus amigos e irmão, você nos trata como um lixo. E quando estiver sozinha, podemos conversar naturalmente – Ela disse

— Eu iria me sentir muito falsa se fizesse isso

— Você é filha de você-sabe-quem certo? Tem que ser falsa! - Ronald exclamou, dando de ombros

— Tudo bem, mas já peço desculpas adiantada. Eu posso ser muito cruel quando quero.

 

Vi Draco e Thomas passarem pela nossa cabine, então adquiri uma expressão raivosa e cruzei meus braços, como se estivesse com tédio. Eles voltaram logo depois, e abriram a porta da cabine.

 

— O que está fazendo aí com eles, Kate? Você não deve se misturar com esses desprezíveis. - Draco disse com nojo.

— Eu não queria atrapalhar a conversa idiota de vocês. Esse foi o único lugar que achei.

— Você não estava atrapalhando! - Draco disse

— Ah, não? Eu sei muito bem o que significa o olhar que o idiota do Thomas lançou para mim. Sinto muito, mas prefiro ficar aqui com esses daqui – Falei com desdém – Do que com alguém egoísta, desprezível e idiota como o Thomas! - Gritei. Todos ficaram assustados com a minha reação.

 

Thomas me olhou triste e saiu. Draco foi atrás dele. É, Hogwarts não vai ser uma maravilha agora...