Kathelyn voltou à realidade, soltando um suspiro ofegante. Ela parecia tonta, prestes à cair. Um dos comensais correu para segurá-la, enquanto ela caía desmaiada em seus braços. O clima na sala ficou tenso. Todos tentavam ajudá-la, na expectativa de fazer seu mestre os admirar, mas isso apenas piorou a situação. Kathelyn respirava fraco, e seus batimentos cardíacos eram lentos. Voldemort estava desesperado. Não podia perder sua lady, não no meio de tantos planos. Harry se aproximou da garota lentamente, prendendo a respiração ao vê-la tão frágil, tão indefesa. Ela não parecia filha de Voldemort naquele momento. Não parecia ter pensamentos maléficos, nem atitudes desumanas. Ela apenas... Estava frágil. Ele se ajoelhou ao seu lado, e passou sua mão levemente pela bochecha pálida e sem cor de Kathelyn. Soltou um suspiro ao não vê-la se mexer.

- Ela só desmaiou, Harry. Irá acordar em breve, e te chamar de tonto por se preocupar demais - Thomas disse, fazendo Harry sorrir levemente.

Dois longos e torturantes minutos se passaram, e Kathelyn acordou finalmente. Ela se levantou, um pouco atordoada, e colocou sua mão na cabeça que doía. Gemeu baixinho, afagando os cabelos contra a cabeça. Estava um pouco confusa, porque todos se aproximavam e estendiam comidas, poções, e coisas trouxas. Kathelyn se sentia fraca demais para gritar com todos, por mais que era isso que ela quisesse. Ela se levantou, com a ajuda de Lucius Malfoy.

- Podemos ir, Harry? - Ela perguntou, com a voz rouca. Harry a olhou indignado

- Você está louca, Kathelyn?! Terão de marcar isso para um outro dia, você ainda está bem fraca - Voldemort disse.

- Não estou não! Eu estou ótima, só desmaiei. Não é o fim do mundo, pessoal

- O que aconteceu? Você estava bem num instante, depois ficou tão estranha, tão distante e aí desmaiou! - Thomas disse, abraçando a irmã.

- Ahn... Eu só... Não foi nada - Ela sussurrou, pensativa.

Harry notou que a garota não queria contar o que aconteceu, então preferiu não dizer nada. Se ela quisesse contar para ele, contaria quando ficassem sozinhos. Ele ficou imerso em pesamentos, tentando descobrir o que havia acontecido com Kathelyn.

- Harry! - Kathelyn o chamou, irritada.

Ele piscou várias vezes, encarando um quarto rosa claro. O quarto era pouco decorado, mas bonito e feminino ao mesmo tempo. Os dois estavam sentados na cama, enquanto Kathelyn olhava para Harry irritada.

- Você está bem? Está tão pensativo... Parece um robô quando lhe pergunto alguma coisa - Ela disse, observando-o

- Desculpe, só estou pensando. Esse é o seu quarto?

- Sim, e eu sei, é rosa demais. Não fui eu que escolhi a cor, foi Bellatrix. Ela disse que rosa combinava com a minha pele, e essas coisas. E quase me matou quando eu disse que queria um quarto preto. Bom, o que você achou?

- É muito bonito, e eu não acho rosa demais. - Ele sorriu, sincero.

Os dois ficaram em silêncio, enquanto ouviam passos no corredor. De vez em quando, ouviam sussurros de Voldemort, provavelmente ouvindo toda a conversa dois dois.

- Não podemos conversar aqui, você sabe - Ela disse, apontando para a porta. - Queria contar-lhe umas coisas, mas assim que voltarmos para Hogwarts, conto. Eu... Eu estou com medo, Harry. Pela primeira vez, estou com medo do que vai acontecer - Sussurrou, abraçando o garoto com força.

Sentiu as lágrimas forçando a descer pelo seu rosto, um pouco mais rosado do que o comum, mas resistiu. Respirou fundo, e se soltou de Harry. Ficou de costas para ele, enquanto fingia mexer algo em suas prateleiras.

- Tem certeza que não quer conversar? Conheço um feitiço que ninguém ouvirá nada do que acontecer aqui - Harry insistiu, levantando e parando de frente para a morena. Os olhos de Kathelyn brilharam, e ela assentiu com a cabeça. - Abaffiato - Harry disse, e o quarto pareceu estar dentro de uma bolha.

Ouviram um Voldemort xingando do lado de fora, e Kathelyn se sentiu confiante. Puxou Harry para sentar, e começou a contar-lhe sobre o Flash-back que teve. Ele se assustou.

- Você... Você teve uma visão do futuro? - Perguntou, incrédulo.

- Não sei. Eu realmente espero que não tenha sido uma visão. Se foi, temos de tomar cuidado! Hogwarts está em perigo, e eu sinto o cheiro da morte em todo lugar! - Ela disse, derramando uma lágrima

- O cheiro da morte? Como assim?

- É, o cheiro da morte! Um cheiro fúnebre, triste... Ah, eu não sei explicar Harry! Só sei que é o cheiro de morte, eu tenho certeza disso. Alguém irá morrer em breve

Os dois ficaram se encarando, aflitos. Kathelyn estava com medo, e Harry, desesperado. Por mais que aquilo parecia estranho, Kathelyn nunca brincaria com algo sério.

Harry sentia a grande necessidade de confortá-la, abracá-la e nunca mais soltar, mas ele não podia simplesmente fazer isso. Iria assustar a garota, e a faria afastar-se dele.

Os dois desceram as escadas sem dizer uma única palavra. O clima ainda estava tenso, e pesado. Kathelyn acompanhou Harry até a porta.

- Eu realmente sinto muito, Harry. Era para sairmos hoje, e eu estraguei tudo! - Kathelyn lamentou-se de cabeça baixa. Tudo o que aconteceu estava a deixando estranha.

- Não, está tudo bem Kate. Você não tem culpa. Podemos marcar para um outro dia, o que acha?

- Um outro dia? - Ela ficou pensativa - Está ótimo! Eu mandarei uma coruja em breve - Sorriu amavelmente.

Se despediram com um quente beijo na bochecha, e ela viu Harry entrar no grande carro preto e desaparecer de vista. Ainda na porta, olhou ao redor. A vizinha era inteiramente bruxa, e ninguém se atrevia à falar com os Malfoy, muito menos agora, que tinham todo o tipo de convidados estranhos em casa. O mundo bruxo inteiro suspeitava de que os Malfoy estavam do lado das trevas, na verdade, não suspeitavam. Tinham certeza! E mesmo com toda certeza, não revistavam a mansão, por medo. Eram tipo de uma família controladora. Por serem sangue puros, ricos, e terem um escuro e sombrio passado, todos os admiravam com um certo respeito.

- Por que você contou para Harry o que aconteceu, e não contou à mim? - Thomas disse, irritado bem atrás da garota

- Desculpe, Tom. É... - Ela ficou pensativa, e olhou os olhos do irmão. Estavam começando a ficar frios - É uma coisa minha - Suspirou, o deixando sozinho.