“Essa família deve ter fetiche por nomes, Santo Deus!” pensei enquanto acompanhava Isa até seu quarto pois os meninos queriam ver algo na TV ou algo do tipo. Assim que entramos ela pegou um CD do John Mayer e colocou para tocar, cantando junto me fazendo rir.

- Não gosta do meu John Mannu?

- Ouvi poucas músicas dele, mais gostei delas – sorri olhando as fotografias em um mural enquanto ela escolhia outro CD em uma pilha.

Tinham várias fotos com seu irmão, com as amigas, até uma com Pedro Lucas, o que me fez voltar aos pensamentos que tive na sala. Logo ao lado tinha uma estante com vários CDs de vários artistas diferentes, sem contar os DVDs de Two And A Half Men e outros seriados. Em uma prateleira acima, todos os livros do Harry Potter. As paredes eram de tons azuis perfeitos, em cima da cama tinha um iPhone e O Ladrão de Raios aberto. Nem vou comentar os milhares de pares de All Star que vi desde a sala até seu quarto, no mínimo uns seis. As janelas davam para o quintal, com as árvores com poucas folhas comparado ao gramado que estava repleto delas.

- Lindo seu quarto – comentei.

- Ah obrigada – ela sorriu – então, porque veio para Londres?

- Ah, eu estava quase sendo expulsa do meu outro colégio, então minha tia me mandou para morar com meu pai aqui – disse e ela ficou boquiaberta.

- Você é uma encrenqueira? Legal! Minhas amigas são todas santinhas que tem vergonha até de responder as perguntas do professor, mais... uau! – ela riu.

- É, mais em relação á vergonha, você não parece ser muito diferente com algumas pessoas – disse rindo.

- Cala a boca Mannoela! – ela jogou uma almofada em mim – eu já disse que estava com frio – disse séria.

- Ok então – falei rindo.

Conversamos sobre vários assuntos e demos muitas gargalhadas, confesso que fazia muito tempo que não me sentia tão bem com alguém. Os assuntos eram vários e sempre havia uma mudança drástica entre um e outro, é como falar de comida e mudar o assunto para “porque o futebol é tão chato?”. Disse á ela sobre eu precisar decorar meu quarto e ela logo se prontificou a me ajudar amanhã depois da aula, então me ocorreu que eu não estava matriculada em nenhum colégio, pelo menos achava que não. Ouvimos batidas na porta e Isa gritou um “entra” entre gargalhadas.

- Hey Mannu, vamos? – disse Pedro Lucas entrando.

- Ok – disse me levantando – ah, eu vou pra escola amanhã? Diga que não, por favor! – implorei e ele riu.

- Vai, bem feito! – ele riu e eu belisquei seu braço – outch! Que agressividade Mannoela! – ele disse saindo – te espero lá em baixo!

Olhei para Isa que estava sorrindo sozinha, ia comentar algo mais preferi deixar quieto.

- Então até amanhã Mannu! – ela disse saindo de seu transe.

- Como sabe que vou estudar contigo?

- Bom, seu pai deve ter te matriculado no mesmo colégio que Pedro estudava – ela sorriu – que é o mesmo que o meu! E como temos a mesma idade, podemos estudar juntas!

- Ok, até amanhã então – sorri e desci as escadas.

Fui até a porta cantarolando qualquer música, Pedro Lucas estava na porta com Pedro, ambos estavam rindo.

- Qual a graça? – pedi olhando para Pedro Lucas.

- Ah nada – ele riu – como vocês mulheres demoram, é só dizer tchau e pronto!

- Ah – suspirei – tenho pena da sua ingenuidade Pedro Lucas – disse e ele me olhou curioso, me fazendo gargalhar juntamente com Pedro – vamos logo? Pelo que eu soube, tenho que ir pra algum inferno amanhã – suspirei derrotada.

- Até amanhã cara! – disse Pedro – cuida dessa sua irmã ai, ela não é nem um pouco ingênua, ao contrário de você! – disse me olhando e fazendo Pedro Lucas bufar.

- Complô agora? Poxa acabaram de se conhecer e já está assim?

- Que dó né? – disse rindo e entrando no carro.

Pedro Lucas entrou no carro acenando para Pedro que retribuiu, liguei o rádio estava tocando uma música sobre como as coisas acontecem de algumas formas inesperadas, encostei minha cabeça no vidro e fomos embora.

(...)

- Não Mannu, preto é muito deprê para ser a cor dos seus móveis – disse Isa vendo as várias cores que disponibilizava no catálogo – essa aqui é linda! – disse apontando para um branco que era lindo, as paredes do meu quarto eram de um azul marinho que quando Isabella viu ficou chocada. Compramos algumas coisas e saímos da loja.

Ontem quando chegamos em casa não vi meu pai, Pedro Lucas disse que ele estava em uma reunião e voltaria bem tarde, pedi de sua mãe e ele se calou. Logo no outro dia Isa passou aqui em casa (e eu me perguntei quando tínhamos combinado isso) e fomos á escola. Ela me apresentou a suas amigas que logo me convidaram para almoçar com elas. Pedro Lucas me mandou um sms pedindo como estava sendo minha aula, e eu me segurei para não o mandar tomar naquele lugar. Logo no fim Isa veio aqui em casa para decidirmos as coisas do meu quarto como combinado. Eram umas 18h quando seu irmão veio buscá-la alegando que sua mãe precisava dela, ela disse para esperar e ele o fez. Ela foi ao banheiro e eu fui ao quarto terminar de arrumar as coisas nos novos móveis. Pedro Lucas logo entrou no quarto se jogando na cama com Pedro parado na porta.

- Ficou muito foda seu quarto maninha! – disse ele e eu o olhei – que foi?

- Maninha? – eu ri – isso não é meio, 13 anos de mentalidade?

- Grossa, to indo tchau – disse ele emburrado saindo do quarto, me deixando com Pedro.

- Tchau maninho! – disse rindo

- Se é meio 13 anos de idade porque continuou? – Pedro disse com um ar de superioridade, me deixando perplexa com sua atitude.

- Porque eu quis – disse e ele riu irônico – que foi? – pedi já sentindo o sangue subir.

- Nada, você se acha tão madura mais é mais infantil que ele – ele riu – e olha que eu conheço o Pedro Lucas.

- Hum dá licença Lanza – disse chegando perto dele – mais de quem é a vida? É, então quem deve se preocupar com ela? – disse e ele se afastou – caso seu cérebro não tenha raciocinado ainda, ela é minha, então não se intrometa – disse e ele saiu.

Eu fiquei completamente chocada com a atitude dele, tinha achado que era uma boa pessoa, mais me enganei. Me lembrei da música que ouvira no carro ontem a noite, e ri internamente pensando em como o destino pode nos surpreender, ou as vezes, um simples pedido de música no rádio.