- Anda logo Mannoela, eu quero chegar hoje lá! – disse Isa levando minhas malas para o carro.
Ok vou explicar: Estamos indo para França. Meu pai não teria tempo para ficar conosco nas minhas férias no caso, e por isso compensaria nos dando uma viajem para algum lugar próximo á Londres. Eu já tinha deixado claro que Isa iria comigo, e Pedro Lucas fez ceninha e acabou convencendo meu pai á deixar Pedro ir junto. Quando contei á Isabella que iríamos viajar ela disse que escolheria o lugar. Todos concordaram, e dois meses depois (sim, tudo isso) aqui estamos nós.
- Mannu, tem certeza que não pegou recuperação? – pediu meu pai sério.
- Sim pai, eu me comportei esse ano, relaxa – disse rindo – cadê o Pedro Lucas?
- Foi buscar meu irmão com as malas dele – disse Isa colocando sua última mala no carro – que lerdos.
- Calma, a França não vai fugir Isabella – disse gargalhando e ela me deu uma tapa de leve no ombro.
- Cale a boca, eu estou ansiosa ok? É supernormal.
- Em você, lógico – disse e meu pai riu.
Ficamos conversando sobre assuntos paralelos e de vem em quando Isabella começava á xingar os meninos pelo atraso, fazendo eu e meu pai soltarmos gargalhadas. Logo eles chegaram e foram recebidos com tapas na cabeça.
- Seus viados! Porque a demora? Estão piores que mulheres! – ela disse gritando.
- Calma maninha, eu não tinha terminado de arrumar as coisas – disse Pedro calmo, com um sorriso maroto no rosto.
- Como sempre né Lanza… – ela bufou – estou no carro!
Pedro riu e colocou suas malas no porta malas em seguida o fechou. Pedro Lucas berrou um “vou na frente!” me deixando no pior/melhor lugar que poderia ficar: Ao lado de Pedro.
Ok que eram só 15 minutos, mais mesmo assim. Meu pai entrou no carro e deu partida, logo ligando o rádio. O caminho todo foi com Isabella falando tudo que faria na França, o que compraria, o que comeria, e de vez em quando via Pedro Lucas olhar para ela com um sorriso confortante no rosto, um sorriso diferente. As vezes sentia o olhar de Pedro sobre mim e aquilo me deixava envergonhada, sério. Logo chegamos ao aeroporto, e meu pai nos deu as passagens, falou os conselhos que todo pai diz como “se cuidem” e tal, e foi embora. Logo nosso voo foi chamado, e fomos á plataforma de embarque.
- Qual número da sua poltrona Mannu? – pediu Pedro Lucas.
- Hum… 410, e a sua? 
- 403 – ele disse decepcionado.
- A minha é 404 – disse Isa com as bochechas meio avermelhadas. Pedro Lucas abriu um sorriso que eu não reconheci. 
Eu sou fascinada por sorrisos, então as pessoas mais próximas, sei cada sorriso que cada uma tem, mais esse era incomum, era, um mistura do sorriso de alegria com o sorriso de vergonha. Fomos até o avião e Isa me puxou antes que eu fosse até minha poltrona.
- Hey Mannu, meu irmão vai sentar do seu lado – ela falou com um sorriso malicioso.
- Ah era o que faltava – disse indo até minha poltrona, ouvindo as gargalhadas dela.

Rezem para Isa estar errada, por favor. Sentei-me e peguei meu iPod e um livro, apesar de minha concentração estar nos passageiros que entravam e passavam por mim, cada um que vinha eu torcia para que se sentasse ao meu lado. Logo vi aquele garoto de cabelos escuros meio bagunçados e olhos cor de mel olhando para seu bilhete, e para as marcações das poltronas, e sorri ao vê-lo tão perdido. Pedro me olhou e sorriu ao descobrir que sentaria ao meu lado, a viajem toda. Estou ferrada.

- Oi Mannuzinha – ele sorriu e se sentou.

- Oi Pedro – disse sorrindo e colocando meus fones.

Depois disso não nos falamos mais. Eu fiquei ouvindo minhas músicas e lendo meu livro e Pedro ficou mexendo no celular, ele dava risadas e eu via pelo canto do olho, e me perguntava qual seria o motivo. Ele guardou o celular e tirou meus fones.

- Estou com sono – ele falou me olhando.

- Hã, e porque tirou meus fones?

- Porque eu quero pedir se posso deitar no seu colo.

- Pedro, como voc... – suspirei desistindo de falar – pode – disse olhando pela janela e ele riu, me fazendo rir.

Pedro colocou sua cabeça no meu colo e senti que ele me olhava, virei minha cabeça para vê-lo e ele sorria.

- Que foi? – pedi rindo da cara dele.

- Nada, é que me deu saudade – ele disse brincando um dos botões do meu casaco.

- Saudade? De que? – pedi.

- Do seu beijo – ele riu me deixando boquiaberta – Mannu, faz cafuné em mim? A minha mãe fazia para mim, eu adorava – ele riu.

Eu ri baixinho e assenti, levando minha mão até os cabelos dele, e ele fechou os olhos sorrindo e eu observei cada traço de seu rosto perfeito. “Do seu beijo” sorri ao me lembrar disso, e um tempo depois percebi que Pedro já dormia. Me abaixei e toquei seus lábios de leve, sentindo um choque percorrer meu corpo, ele se remexeu e eu sorri, encostando minha cabeça no banco, vendo as nuvens se dissolverem conforme passávamos por elas.

(...)

- Hey casal, acordem! – disse Isabella chacoalhando Pedro – nós chegamos!! – ela disse dando pulinhos e saindo correndo do avião.

Haviam poucas pessoas dentro do avião, e elas saiam com rapidez para ver a linda França, Pedro se remexeu um pouco e abriu os olhos.

- Bom dia bela adormecida – disse rindo.

- Eu dormi tanto tempo assim? – ele pediu se levantando e se espreguiçando.

- Não sei, eu também dormi – disse me levantando e indo até a saída.

- Mannu espera! – ele disse se levantando e me puxando pelo braço, em seguida colocando uma de suas mãos em minha cintura – eu disse que estava com saudades do seu beijo – ele riu – não de um selinho.

- Vo-você estava... acordado? – pedi boquiaberta, e ele riu, beijando o canto da minha boca.

- Com certeza, e apesar de ter sido um selinho – ele me disse dando um selinho – eu adorei – ele riu se aproximando.

Eu já havia ficado com alguns garotos, mais nenhum fazia o efeito que Pedro fazia em meu corpo. Era como se tudo que viesse dele fosse, diferente, fosse... vindo do coração. De todos os beijos que eu já havia provado, o dele sem dúvidas era melhor. Ele parou com um selinho demorado, e um beijinho em meu nariz, me fazendo rir. Ouvimos passos apressados se aproximando e ele me soltou.

- Hey vocês dois! Vamos que... – Isa parou de falar ao nos ver ofegantes – o que aconteceu? – ela disse com uma cara safada.

- Nada – disse pegando meu livro em cima da cadeira.

- Aham, engana outra Mannoela! – ela riu – o que aconteceu aqui hein? – ela sorriu maliciosa.

- Eu beijei a Mannu – Pedro falou na maior calma do mundo.

- HÃ?! COMO ASSIM BEIJOU A MANNU? – disse Isabella completamente pasma.

- Ué, beijei sabe? Tipo você e Pedro Lucas de vez em quando – disse Pedro me olhando sorrindo.

Eu estava como Isabella: vermelha. Não sabia o que dizer, como agir, o que fazer, nada, só encarava Pedro com uma cara que transparecia confusão e raiva.

- É sério? Tipo, vocês estão... juntos? – Isa pediu.

- Não, não estamos – disse conseguindo falar. Pedro me olhou sério desta vez.

- Ainda – Pedro disse olhando para Isabella que ficou pasma de novo.

- E vocês me dizem isso na maior naturalidade? – disse ela aos berros – desde quando?

- Faz uns quatro meses, mais não é sempre como você e meu irmão – disse e ela ficou vermelha novamente.

- Pedro Lucas sabe? – ela pediu.

- Não, e nem pode saber – disse Pedro e eu o olhei – ainda. Ele vai dar um piti de irmão mais velho ciumento, conheço meu amigo – Pedro disse completando a frase, me olhando.

- Isa, eu não sei de absolutamente nada que se passa na cabeça de seu irmão – disse indo até ela – então, a culpa é dele! – disse e nós gargalhamos.

- Mais você concorda com tudo ué! – ela falou e fomos indo, mais Pedro me puxou e disse pra Isa que nós “tínhamos que conversar” e ela assentiu com um sorriso malicioso e foi.

- Como assim não temos nada? – ele me olhou confuso, porém sério.

- Mais nós não temos – eu disse o olhando, realmente não tínhamos.

- Mannu, tudo que aconteceu, não é nada pra você? – ele disse me olhando.

Eu olhei para o chão, Pedro balançou a cabeça negativamente e ficou andando de um lado para o outro, eu levantei a cabeça e fui até ele, e o segurei.

- Claro que não, eu quis dizer que não temos nada sério – eu disse o olhando – se não significasse nada eu não estaria aqui agora – disse sorrindo e ele sorriu também, mordendo meu lábio inferior.

- Ótimo, agora vamos amor – ele disse eu estremeci com o apelidinho.

Cada músculo do meu corpo parecia ganhar vida própria quando Pedro se aproximava, ou encostava em mim. Eu talvez nunca saiba explicar o que é, não saiba dizer se gosto ou não. Mais, no momento me faz bem. Descemos do avião e Pedro Lucas e Isabella nos esperavam.

- Porque demoraram? – Pedro Lucas pediu.

- Eu tinha perdido meu colar – disse e Isa sorriu para mim, entrando no táxi, seguida por nós.