- Ande Mannu, acorde!

- Inferno – murmurei esfregando os olhos.

- Disse algo?

- Não – bufei – e a propósito, eu não vou a aula hoje – disse me levantando e indo ao banheiro.

- Ah é? E posso saber porque?

- Fui suspensa novamente.

- De novo Mannoela? Porque dessa vez? – disse ela passando as mãos nos cabelos aparentemente nervosa.

- Simples, umas meninas estavam me irritando, e na hora da educação física, bem.. – ri – elas se “machucaram” – disse fazendo aspas em machucaram.

- O que você fez? – disse ela decepcionada fitando o chão.

- Bom, era queimado, então – ela me olhou – ok, duas com o nariz sangrando, e uma com a boca cortada.

- Olhe, eu não vou lhe dar sermões hoje, - “obrigada” pensei – mais eu só tenho uma pergunta á fazer: falta algo na sua vida? Porque vejamos, você tem uma casa, comida, roupas, o que quiser você tem, e é assim? Eu sei que é difícil para você sem seus pais, mais não imaginava que seria tanto assim, me desculpe minha querida, mais é uma decepção para mim – disse ela saindo.

Minha tia, Joanne sempre foi meio desleixada comigo, ok não sempre, mais todos sabiam que eu não era sua sobrinha favorita.

Ah, perdoe-me. Eu me chamo Mannoela Jackson, e moro em New York, tenho 16 anos e moro com minha tia. Isso na verdade não me deixa totalmente contente, mais minha mãe morreu em um acidente de carro, e meu pai mora com sua outra esposa e seu filho de 18 anos, Pedro Lucas. Sim ele traiu minha mãe, é. Quanto a amizades, eu não tenho amigos que posso contar todos os momentos, na verdade são colegas mesmo,e amor, hum, ele saiu da minha vida a partir do momento que meu ex me traiu com a líder de torcida chefe da minha escola, Janette. Ela é esse tipo de menina que tem umas meninas atrás dela sempre fazendo tudo que ela pede, e a tratando como uma diva, e convenhamos, ela não é isso, ela está mais pra uma vadia que dá pra todo mundo.

Coloquei um short e uma blusa, e desci para ver TV, mais fui logo interrompida pela minha tia, inferno.

- Podemos conversar Mannu? – ela pediu sentando-se no sofá ao lado.

- Ok – disse suspirando alto, e ela me olhou severamente.

- Eu falei com seu pai hoje – ela disse e eu senti um calafrio percorrer minha espinha, eu havia visto meu pai pela última vez havia uns 7 anos no mínimo, e sinceramente, não queria vê-lo novamente – e nós decidimos uma coisa.

- Hum, e o que é?

- Nós decidimos que você vai morar com ele – ela disse e eu gelei. “Ótimo, tudo que eu precisava” pensei.

- Porque? - respondi com desdém.

- Ah convenhamos Mannu, você está quase sendo expulsa daquele colégio e estamos em março, e daqui uns tempos um policial vai te trazer em casa se continuar assim – ela fitou o chão – me desculpe querida, mais eu não sei mais o que fazer.

- Ah tudo bem – disse levantando – eu já me acostumei com as pessoas me largando quando se cansam.

Subi as escadas, fechei a porta e deitei na cama, vi uma fotografia que tinha no criado mudo da minha mãe me abraçando, deveria ter uns 3 anos, eu sentia uma sensação de proteção quando via aquela foto, senti uma lágrima quente rolar pelo meu rosto e logo a limpei.

- Seria tudo tão mais fácil se você estivesse aqui mãe – sussurrei, eu não tinha nenhuma lembrança dela, apenas dos outros, que me contavam, e isso doía.

Fiquei perdida em pensamentos quando ouvi minha tia batendo na porta, não respondi e ela logo desistiu, fui até a varanda, o tempo estava nublando, o inverno estava chegando, e Londres, eu estou chegando, infelizmente.