Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 1
O SEGREDO DOS BLACK


Notas iniciais do capítulo

Eu levei dois anos escrevendo essa fanfic. O primeiro capítulo nasceu no dia 30/11/2003, eu tinha apenas 15 anos.



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Milorde, por favor, não... — dizia uma mulher que usava capuz e vestes negras que cobriam todo o seu corpo, enquanto estava ajoelhada em frente a um homem muito magro e alto, com a pele muito branca e os dedos das mãos muito longos. Seus olhos eram vermelhos e sua voz, roufenha.

— Não adianta, Belatriz — disse o homem, parecendo bastante entediado, mas também com bastante raiva daquela mulher. — Você acha que vai sair ilesa disso tudo? Um ano tentando arrancar aquela profecia do Ministério da Magia e, finalmente, quando eu descubro como fazer isso e faço o Potter ir até lá, você deixa aqueles garotos imbecis quebrarem a profecia e nem ao menos se deram ao trabalho de escutá-la!

— Mas, milorde... — Belatriz tentava achar argumentos. — Eu estava lutando com aquele Black!

— Eu já sei, Belatriz — o homem a fez calar. — Eu também queria ver Black morto. Ele já me atrapalhou demais, mas não naquele momento! Àquela hora, tudo o que eu queria era aquela maldita profecia! Vocês podiam muito bem deixar a estúpida Ordem da Fênix de lado e arrancar a profecia do Potter com uma das maldições que todos os meus Comensais da Morte conhecem. Crucio!

O homem tirou o que parecia ser uma varinha de dentro de suas vestes e a erguera. Um jorro de luz saiu da ponta dela e atingiu Belatriz no peito. Ela imediatamente caiu no chão e começou a urrar de dor.

— Olhe, Belatriz, estou cansado de ouvir você gemendo desse jeito — ele estava sendo bastante gentil ao dizer “gemendo”, pois Belatriz estava fazendo um verdadeiro escândalo. — Tenho que dar um jeito de fazer você parar de gritar. Ah, já sei!

Ele ergueu a varinha e Belatriz parou de gritar. A maldição havia cessado. Ele erguera a varinha novamente e dissera “Silencio” e nenhum outro som conseguiu sair dela.

O homem começou a andar pelo lugar em que eles estavam. Aparentemente era uma praça, mas estava muito escuro para se definir com precisão. As únicas luzes eram as que foram projetadas pela varinha do bruxo a cada feitiço que lançava em Lestrange. Seus reflexos batiam em paredes e postes ao redor dos dois. Eles estavam provavelmente em um largo onde havia várias casas, mas era impossível visar o número delas.

— Vejamos… Lumos! — o bruxo tentara produzir luz com sua varinha, mas não conseguira efeito algum — Me diga, Belatriz… o que você sabe sobre este lugar?… Ah, me desculpe, esqueci. Você não pode falar.

O bruxo dera um risinho e reergueu a varinha, gritando novamente Crucio e mais uma vez o forte jorro de luz que saiu da ponta de sua varinha se refletira ao longo do largo, mas era o suficiente para mostrar quatro placas, uma na porta de cada casa vizinha em sequência: dez, onze, treze e catorze. Porém, o bruxo parecera não notar. Ele, na verdade, só olhava para Belatriz sentindo as dores da Maldição Cruciatus e não parecia se importar com mais nada. Ele estava sentindo um estranhíssimo prazer em ver Lestrange debatendo-se no chão.

Passado um longo tempo em que Belatriz se debatia, contorcendo – se completamente em silêncio com a dor que tomava cada centímetro do seu corpo, o homem levantou a varinha e, imediatamente, a dor de Belatriz cessou e, com muito esforço, ela se levantou.

— Você sabe o que acontece quando Lord Voldemort não está satisfeito com seus servos, Belatriz. Mas não é só você que tem um preço caro a pagar. Como será que eu nunca percebi que o alto escalão dos meus Comensais da Morte não sabia bloquear um simples feitiço de escudo? Como pude ser tão tolo de não perceber que estou cercado de idiotas? Para mim já chega, Belatriz. Você já esgotou toda a minha paciência.

— Mas, senhor… por favor… não…

— Basta, Belatriz! Avada Kedavra! — Um forte jorro de luz verde saíra da ponta da varinha de Voldemort e atingira Belatriz na altura do pescoço. Ao ser atingida pela Maldição da Morte, Belatriz já havia falecido antes de seu corpo bater no chão com um baque surdo. Mais uma vez, o jorro de luz refletira os números dez, onze, treze e catorze das casas ao lado, mas novamente Voldemort não os vira. Lord Voldemort deu um leve sorriso de desdém ao ver Belatriz Lestrange morta aos seus pés e disse com um desdém maior do que havia em seu sorriso:

— Menos uma a me atrapalhar. Agora, tenho mais o que fazer. Mas não encontrei o que queria. Dumbledore é realmente muito esperto...

Muito perto dali, Harry Potter acordou suado e assustado em sua cama. Olhou para o lado e viu que seu melhor amigo, Rony Weasley, dormia profundamente. Surpreendeu-se ao perceber que estava dormindo há tanto tempo e tivera um sonho tão rápido, mas tão vívido. Confuso, Harry resolveu ir tomar café.

O Largo Grimmauld, número doze, ainda estava sem um elfo doméstico. Harry, em um ataque de raiva, há uma semana, culpou Monstro pelos acontecimentos do último mês e realizou o sonho do elfo de ter a cabeça pendurada junto com a dos demais elfos da Família Black num corredor.

Harry, ao olhar para o grande relógio que jazia numa das paredes da grande cozinha, perguntou-se onde estaria a Sra. Weasley, pois o café ainda não estava pronto e já eram quase oito horas. Várias pessoas já haviam saído para trabalhar. Foi quando viu um bilhete escrito muito rápido com o quê aparentava ser a letra da Sra. Weasley:

Queridos,
Fui ao Beco Diagonal comprar os materiais. Voltarei ao meio-dia. As cartas de Hogwarts estão sobre a mesa.

Molly


Harry procurou entre os quatro envelopes que estavam embaixo do bilhete o que continha seu nome. Dentro, havia a habitual carta que o mandava tomar o Expresso de Hogwarts na plataforma nove e meia, às 11 horas do dia primeiro de setembro, e uma carta de autorização pedindo o consentimento para que ele pudesse participar do Clube de Duelos Oficial de Hogwarts. Harry achou ótima a idéia quando se pôs a pensar: ele não tinha mais Sirius para assinar o formulário e seus tios, os Dursley, muito menos, pois Harry, que embora fosse obrigado a voltar para a casa deles nas próximas férias de verão, já havia saído da casa. O garoto já havia ido para a Sede da Ordem da Fênix uma semana após o fim das férias. E, assim como começara, a alegria se esvaiu do peito de Harry. Com certeza ele não conseguiria autorização para participar do clube de duelos. Ele, então, procurou em seu envelope o resultado dos exames de N.O.M.s, mas o envelope estava vazio.

Harry se assustou quando ouviu alguém abrir a porta da rua e, ao som dos berros da Senhora Black (Escória! Traidores! Como ainda ousam entrar assim na casa dos meus pais?), acomodara-se em uma cadeira. A porta da cozinha se abriu e quem entrou por ela foi ninguém menos do que Alvo Dumbledore. O diretor vinha acompanhado por dois dos elfos domésticos de Hogwarts. Harry provavelmente já os vira na cozinha, mas não se lembrava deles.

— Bom dia, Harry — disse Dumbledore, com a mesma calma de sempre. — Ainda bem que você está acordado e mais ninguém, pois preciso falar com você! — e com um aceno de varinha, Dumbledore fechou e trancou a porta — Não se preocupe, os gêmeos Weasley não poderão nos ouvir com aquelas orelhas… como é que se chamam?

— Extensíveis. — respondeu Harry, impressionando-se pelo fato de Dumbledore falar com tanta naturalidade até da forma que os gêmeos arrumaram para escutar as reuniões secretas da Ordem.

— Isso, isso. Mas o que eu quero, Harry, é falar com você sobre suas lições de Oclumência. Quando o ano letivo começar, você irá à minha sala ter aulas. Sim, Harry, ainda é necessário! Você sabe como é ruim ter Lord Voldemort em sua cabeça e creio que você não irá quere que isso ocorra novamente. A nova senha é Sapos de Chocolate. Quanto a estes elfos, Toller e Klaus, eu os trouxe para substituir o velho Monstro. E quanto ao formulário que está em suas mãos, como seu responsável temporário, eu me sinto no direito de assiná-lo. Se você quiser, é claro!

Harry abriu um enorme sorriso, que foi de orelha a orelha, e entregou, sem palavras, o formulário ao diretor, que o preencheu e devolveu ao garoto.

*        *        *

Quando a Sra. Weasley, por volta do meio-dia, chegou à Sede da Ordem da Fênix, quase derrubou tudo o que carregava quando viu os elfos domésticos que Dumbledore levara. Harry não podia dizer se era um grande susto ou uma grande felicidade que a invadira de súbito. Ele a ajudou a pegar o que ela havia derrubado e levou o que lhe pertencia e o que pertencia a Rony para o quarto. Ao chegar lá, se impressionara ao ver que Rony dormia até tão tarde. Como a Sra. Weasley provavelmente já deveria estar preparando o almoço, Harry achou melhor acordar o amigo.

— Rony, acorda. Rony! — Disse Harry cutucando-o.

— O que foi? — Perguntou o amigo, sonolento.

— Já passou de meio-dia e ninguém acordou ainda, só eu e a sua mãe. Por falar nela, aqui está o seu material da escola! As cartas chegaram hoje de manhã e ela já foi ao Beco Diagonal.

— Pena — respondeu Rony, chateado — Gostaria de ir até à loja deles, mas com toda essa paranóia da mamãe, ela não deixa.

— A propósito — disse Harry, subitamente. — Onde estão eles? Na loja?

— Não, não estão — disse Rony, sentando-se na cama. — Eles ainda devem estar dormindo, assim como Hermione e Gina.

— Mas o que aconteceu? — perguntou Harry que começara a desembrulhar seus pacotes de livros.

— Mamãe — respondeu Rony, começando a ver seus livros novos, que ele não deixou de perceber que eram vários. — Meia hora depois que você foi dormir ela nos fez transformar a segunda sala de desenhos em mais um quarto para hóspedes, só não sei pra quê.

— Só não sabe pra quem — comentou Harry, curioso.

— É, você tem razão — Rony deu de ombros. — Só espero que seja alguém que possa nos ajudar a manter este lugar arrumado. Ela também disse que era para limparmos o quarto do velho Monstro. Disse que eram ordens de Dumbledore e que ele não explicou o motivo do pedido.

— Ah, mas isso é fácil de responder! — disse Harry, com ar despreocupado. — Dumbledore trouxe Toller e Klaus, dois elfos domésticos de Hogwarts, que agora irão trabalhar aqui na Sede.

— Ah, Dumbledore poderia ter trazido eles ontem! — Disse Rony, lamentando-se. — Assim nós não teríamos que arrumar aquele outro quarto!

Rony se divertia jogando os embrulhos de papel na lixeira e a observando digerir tudo o que ele jogava. Vez ou outra ela soltava um alto arroto, o que arrancava comentários de “má educada” de Harry.

— Agora eu fiquei curioso — recomeçou Harry. — Quem será que virá morar aqui? Dumbledore veio aqui hoje de manhã, mas foi já embora. Ele continua em Hogwarts. Realmente não consigo pensar em mais ninguém... E para que ele possa ter mandado as cartas, alguém se candidatou para ficar no lugar daquela Umbridge asquerosa e ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas.

— Temos muitos livros novos. Estranho... — comentou Rony. — Dá uma olhada na lista aí, Harry.

Harry procurou pela sua lista de livros e se surpreendeu ao ver que algo mais estava preso a ela. Também era uma carta de Hogwarts e imaginou o que poderia ser. Talvez o resultado dos seus exames de Níveis Ordinários em Magia... Não. Nada descrevia notas. Mas, de qualquer forma, Harry nunca esperaria o que acabara de ler. “Bom, talvez lá no fundo, eu queria isso há muito tempo”, pensou.

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)

Caro Sr. Potter,

Levando em conta a conclusão do curso da aluna Angelina Johnson, gostaríamos de lembrar que a vaga para Capitão do Time de Quadribol da Casa da Grifinória está vaga.

Após analisarmos o desempenho de cada jogador durante os seus jogos, concluímos que o senhor é o melhor para ocupar tal cargo.

Aproveitando a oportunidade, estamos lhe dando a responsabilidade de escalar dois artilheiros e dois batedores.

As posições que continuam ocupadas podem ser modificadas pelo capitão.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall

Diretora Substituta

Harry não conseguia acreditar no que havia lido. Em um canto, escrito com a letra da Sra. Weasley estava “Parabéns, querido”.

— Tenho que jogar melhor, senão serei expulso do time! — Rony riu.

— Fica tranquilo! — Harry riu também. — É claro que eu nunca vou tirar você do time. Não depois do seu desempenho na final da copa em maio!

Rony riu e Harry ainda não conseguia acreditar que havia virado Capitão do Time de Quadribol da Casa da Grifinória. Todavia, havia uma outra carta presa àquela. Harry não tinha muita certeza se gostou do que estava escrito.

Harry,

Sei que você se tornou Capitão do Time da Grifinória. Meus sinceros parabéns! Obviamente você teria que escalar mais dois artilheiros, mais gostaria de lhe avisar logo que não poderei concluir o curso em Hogwarts e não retornarei para o castelo em setembro. Sendo assim, creio que há mais uma vaga de artilheiro a ser preenchida. E, pelo bem do time, teste todas as vagas, mesmo as já ocupadas. Embora a decisão seja sua.

Mais uma vez, parabéns,

Cátia Bell

— Mas, mesmo assim… — continuou Rony, sem prestar atenção ao fato de que Harry já não estava mais com ele. — Ainda é estranho termos tantos livros. Dá uma olhada na sua lista, Harry.

Harry ainda não ouvira o que Rony dissera. Ainda olhava incrédulo para a carta que o tornara Capitão e para a carta de Cátia Bell, dando a ele a responsabilidade de escalar mais um artilheiro. Rony, porém, pareceu não gostar de ter sido ignorado.

— Harry! Harry! Harry! Eu estou falando com você!

— Ah! O quê? Quem foi embora? — Harry parecia ter despertado de um sonho bom. Mas era verdade. A carta ainda estava em sua mão.

— Ninguém foi embora! Eu só quero que você olhe a sua lista para ver se a minha mãe não comprou coisas demais.

Harry virou a carta e olhou para a sua lista de livros. Dos nove pedidos, os garotos só tinham um. Rony colocou a cabeça junto à de Harry para olhar a lista também.

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Livros da Sexta Série — Curso Básico

O Livro Padrão de Feitiços, 6ª Série

de Miranda Goshawk

Poções Muy Potentes

de Tomas Pauling

Plantação e Cultivo das Plantas Mágicas

de Atrium Maskapo

Um Estudo Profundo das Práticas Negras

de Maxwell Quimble

Um Estudo das Plantas e Ervas Mágicas

de Fildo Makkensy

Criaturas Mágicas Estudadas, Criadas e Utilizadas

de Seleny Bistato

História da Magia

de Batilda Bagshot

Idiomas Antigos e os Povos que os Falavam

de Arikalai Ducassé

Um Guia de Transformação Avançada

de Emerico Switch


   

Após a entrega dos resultados de Níveis Ordinários em Magia serão pedidos mais 2 (dois) livros sobre o tema escolhido pelo aluno — se ele for aprovado para o mesmo.

— Olá — era Lupin, entrando no quarto. — Eu ouvi vozes e reconheci como sendo a de vocês.

— Mas nós não estamos falando alto — disse Rony, surpreso.

— Não, mas são as únicas vozes aqui. Todos ainda estão dormindo e já passa de uma hora da tarde.

*        *        *

Por volta das três horas, sem nenhum sinal do almoço nem de ninguém dentro da casa, Harry e Rony foram à procura de alguém. A cozinha estava silenciosa, mas não era outra reunião da Ordem da Fênix. Ela estava vazia. Continuando a procura, Rony deu a idéia de olhar no quarto que eles ficaram toda a noite anterior, mas também estava vazio.

Quando eles estavam passando pelo quarto andar, ouviram sussurros que vinham de um quarto que eles nunca viram sequer a porta. Harry encostou o ouvido na porta e ouviu, bem baixinho, a voz de Hermione.

— Socorro! Alguém nos tire daqui!

Rony encostou também o ouvido na porta e ao ouvir a voz de Hermione, Gina, Fred, Jorge e, provavelmente, as vozes de todos na Sede, ele começou a querer arrombar a porta.

— Hermione, está me ouvindo? — gritou Rony, em tom quase de desespero. Tirou a varinha do bolso, mas Harry o impediu.

— Não se esqueça que você ainda não fez dezessete anos. Você não vai querer responder à uma audiência!

— Ah, tá bom!

Rony guardou a varinha de volta no bolso e começou a socar e chutar a porta, mas parecia que a cada agressão a porta ficava mais resistente. Ao encostar novamente o ouvido na porta, ouvira Lupin (aparentemente gritando, mas só se podia ouvir um pequeno sussurro) dizendo para eles não tentarem abrir a maçaneta da porta, mas Harry não conseguia ver maçaneta alguma.

Harry, no futuro, nunca conseguiria lembrar como chegara à conclusão de correr para a lareira mais próxima e tentar chamar Dumbledore. Mas foi o que ele fez. Atirou um pouco de Pó de Flu na lareira, colocou a cabeça e disse:

— Escritório de Alvo Dumbledore. Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Harry viu a imagem se distorcendo a frente dele e, como sempre, passou mal com a tontura. Quando a imagem finalmente parou de rodar, ele viu o escritório do diretor, mas aparentemente estava vazio.

— Professor Dumbledore! — Harry gritava a plenos pulmões. Vários diretores pareciam chocados com um aluno gritando assim na lareira, durante as férias de verão — Professor Dumbledore!

Harry ouviu um barulho que vinha da parte superior do escritório do diretor, onde ficava o observatório. Ao olhar, Harry viu o diretor aparecendo próximo ao corrimão. Sua expressão não era nada boa.

— O que foi Harry? — perguntou Dumbledore, intrigado.

— Não sei! Uma porta apareceu no quarto andar e, pelo que parece, todos estão trancados lá dentro, menos eu e Rony. Tudo o que dá pra ouvir são sussurros, mas parece que todos estão gritando, e a porta não abre à força! Nós ouvimos Lupin mandando não abrirmos a maçaneta, mas nós não achamos nenhuma maçaneta...

Enquanto Harry explicava o que aconteceu, Dumbledore ia ligeiramente vestindo uma capa e colocando sua varinha em punho. Quando o diretor fez menção de entrar na lareira, Harry voltou para a casa da mãe de Sirius. Chegando lá, ouviu a voz da Sra. Black gritando com emoção:

— Bem feito, ralé! Agora não irão mais tramar contra o lord das trevas! Estão todos presos no quarto secreto de meu pai!

Dumbledore apareceu com as vestes um pouco sujas de fuligem. Tirou a capa e rumou para esse tal quarto secreto. Quando lá chegaram, viram Rony tentando escutar pela porta.

— Está ficando cada vez mais baixo! — Disse Rony, desesperado. — O que será que está acontecendo? A mãe de Sirius já está gritando sobre um tal de “Quarto Secreto” desde que você saiu! E como foi que você trouxe Dumbledore?

— Pó de Flu — disse Harry rapidamente. — Mas isso não importa agora. Temos é que tirá-los daí!

Dumbledore, com a varinha em punho, ficou de frente para a porta e gritou:

Finite Incantatem! — a última vez que Harry vira o diretor com um olhar tão raivoso foi quando ele estuporou o falso Moody no fim do quarto ano. A porta não abriu. Dumbledore tentou feitiços mais simples, como Alorromora, Locus Portus, um feitiço mais avançado do que o Alorromora, mas com o mesmo efeito, entre outros, mas não produziu efeito nenhum.

Bombarda! — Dumbledore tentou explodir a porta, mas também não conseguiu nenhum efeito. Por dez minutos inteiros Dumbledore ficou observando atentamente a porta e tentando achar um meio de abri-la. Depois de tanto silêncio (tirando os sussurros que vinham da porta do Quarto Secreto), Rony falou alguma coisa.

— Mas eles nem podem Desaparatar lá de dentro? O senhor... O senhor não pode, Professor?

— Não, Sr. Weasley. Infelizmente, eu já tentei, mas não consegui. Só nos resta uma esperança. É… eu acho que é isso.

— O quê, senhor? — perguntou Harry, ansioso.

— Eu preciso de uma hora. Vou ao Ministério da Magia procurar informações sobre isso.

— Nós não podemos ajudá-lo, senhor?

— Não, Harry. Provavelmente a informação que eu estou procurando está no Departamento de Mistérios e eu não creio que você vá querer voltar lá.

Harry, com um enorme aperto no peito, concordou com Dumbledore, enquanto Rony perguntou:

— Senhor, o que nós fazemos então?

— Voltem para o seu quarto e fiquem por lá. Não saiam por nada até que eu chame vocês!

— Sim, senhor — respondeu Harry. Quando Dumbledore Desaparatou, ele e Rony foram para o quarto e lá ficaram até a hora que Dumbledore falou que voltaria. Finalmente, os dois ouviram um estalido um pouco distante e a voz de Dumbledore chamando os nomes dos dois. Quando eles chegaram ao quarto andar, viram uma incrível pilha de papel a um canto e seis bruxos que Harry nunca vira na vida e, pelo que parecia, Rony também não. Os sete bruxos estavam falando uma língua muito estranha e de instante em instante apontavam suas varinhas para a porta. Passados pouco mais de dez minutos, a porta fez um ruído muito estanho, um misto de trituração com explosão e se abriu. Mas, para a surpresa de Harry, o aposento estava vazio e se parecia incrivelmente com a cozinha, o que era impossível visto que eles estavam quatro andares acima dela.

Dumbledore começou a falar num tom que superava a verdade. Era como se ele desejasse mais do que acreditasse que o que estivesse falando fosse verdade. Harry conhecia este tom muito bem, pois fora assim que ele falou para Tom Riddle, dentro da Câmara Secreta, que Dumbledore, ao contrário de Riddle, era o maior bruxo no mundo.

— Remo, saia deste quarto e traga todos os que estão aí dentro com você!

De repente, a imagem que eles tinham da cozinha começou a se distorcer ao ponto de deixar tonto qualquer um que estivesse vendo. Por fim, a imagem voltou ao normal, mas não era mais a cozinha: a imagem se transformara em um quarto muito escuro e úmido e, de lá de dentro, estavam saindo Lupin, que segurava uma Hermione quase desmaiada e a Sra. Weasley. Ela segurava Fred pela mão, que vinha formando uma fila, seguido por Jorge, Gina e Klaus, um dos elfos domésticos, que estava aparentemente morto num dos braços de Jorge. Eles rumaram para a cozinha onde, ao se sentar, pareciam incrivelmente cansados. Rony estava o tempo todo com uma cara de quem não estava entendendo nada, mas ao ver a expressão em seu rosto, Dumbledore começara a explicar:

— Este quarto é conhecido como o quarto secreto dos Black. Era uma forma do Sr. Black eliminar qualquer visita indesejável que durasse muito tempo. Os Black achavam graça nisso. Existe uma sala parecida em Azkaban, mas é essa que nos interessa.

— E como é que ele funciona? —Perguntou Harry, curioso.

— Simples — respondeu um dos bruxos que ele não conhecia. — Este quarto, que só pode ser ativado por um Black, emite um grito para a tal visita indesejável. Um grito de socorro, para falar a verdade, com a voz de qualquer um que esteja na casa. A pessoa que ouvir vai ter como primeira reação girar a maçaneta da porta...

— É aí que mora o perigo! — O outro bruxo que ajudara Dumbledore a abrir a porta do quarto secreto continuou. — O esquema da porta funciona igualmente às portas dos cofres de segurança máxima de Gringotes: se qualquer um que não seja um duende tentar abrir a porta, será engolido por ela e não conseguirá sair até que um duende abra a porta. Aqui é a mesma coisa! Só um Black pode abrir essa porta sem ser engolido por ela.

— Lembrando, é claro, que a quantidade de oxigênio lá dentro é bem inferior do que aqui fora! Isto pode provocar cansaços e até desmaios como o deste pobre elfo. Coitado, foi tentar ajudar aos mestres e acabou sendo engolido pela porta! — Disse um terceiro bruxo, que Harry reconheceu como um dos tantos que ele vira no elevador do Ministério da Magia no ano anterior, no dia da sua audiência disciplinar.

— Eu só não entendo uma coisa — Harry disse em um tom de confusão. — Já que só um Black pode ativar o Quarto Secreto, como ele foi ativado se não há nenhum Black aqui?

— Há sim, Harry. — respondeu Dumbledore, calmamente. — A mãe de Sirius.

— Desculpe professor, mas ela é um quadro! — disse Rony, confuso.

— Isso responde a uma dúvida muito antiga minha, afinal eu nunca conseguira remover aquele quadro horroroso da parede. O encantamento vai além de um Feitiço Permanente absurdamente poderoso. Aparentemente a mãe de Sirius sabia muito bem o que estava fazendo ao colocar aquela pintura na parede.

— E por que as vozes deles lá de dentro não passavam de sussurros, professor? — Perguntou Harry, encarando o diretor.

— Ah, Harry... Eu não sei, mas há uma maneira. Se você realmente quiser saber, basta ler aquela pilha de papéis que eu deixei no quarto andar. No dia 31 de agosto eu passarei aqui para recolhê-la e, se você ainda precisar dela, eu a deixarei no meu escritório. Você pode ir lá quando quiser.

Harry concordou com Dumbledore, mas por alto não conseguiu entender porque iria precisar de uma pilha de papel velho sobre um quarto secreto, sobre o qual tudo que ele sabia já era o suficiente para não abrir mais nenhuma porta por mais que alguém sussurrasse pedidos desesperados de socorro pelo lado de dentro.


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