Darkness Embraced escrita por Lumar Lefreve


Capítulo 4
Capítulo 4: Novata




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- Hugo Narrando-

Algumas semanas se passaram e Lumar já estava perfeitamente uma vampira de muitos anos. Ela ainda era um filhote, afinal tinha quase dois meses que eu havia a transformado. Mas ela estava pronta para ser considerada uma Génese*. Era noite de natal, nós três estávamos na cozinha, Daay cortava as batatas e Lumar cozinhava enquanto eu colocava o Peru no forno. Sem querer, Dayane acabou se cortando, nem precisava me virar para ver, eu senti o cheiro de sangue. Parece que Lumar também.

- Lumar Narrando-

Senti o cheio de sangue emanando de Dayane, a olhei e ela havia cortado o dedo e sangrava bastante. Péssimo dia, pois eu estava sem caçar a dois dias. Minhas presas logo se alongaram e minha garganta queimava como se tivesse acido sulfúrico nela. Eu larguei a colher no chão e me virei. Meus olhos só enxergavam ao sangue em sua Mao e mais nada.

_ Lumar? Você tá bem querida? – ouvi Dayane perguntar. Não deu pra pensar em nada, a única coisa que passava em minha cabeça era: sangue, sangue, sangue, sangue...

Eu a olhei e ela olhou para Hugo assustada. Não deu tempo para ele me segurar, eu já estava em cima dela tentando mordê-la. Ela gritava assustada...

_ para de se mexer – dei um tapa em seu rosto, segurando-o e virando para o lado para ver seu pescoço. As veias do pescoço dela estavam bem à mostra. Eu a mordi. Tudo muito rápido, tão rápido que num segundo minhas presas perfuraram o pescoço de Dayane, no segundo seguinte eu estava do outro lado da cozinha. Hugo tentava socorrê-la.

_ Lumar, você enlouqueceu? – ele gritava comigo enquanto estancava o sangue do pescoço dela.

_ Eu... Perdi o controle, eu estava há dias sem caçar Hugo...

_ você tá pronta para deixar de ser um filhote e você me faz uma coisa dessas? Agindo como uma besta.

_ Para de gritar comigo porra, eu não tenho culpa... Isso é sangue, eu sou uma vampira e vampiros se alimentam de sangue. Eu estava sem caçar, e eu estava com sede.

_ ela é sua amiga!

_ mas isso não muda o que você me tornou! Eu não pedi pra ser assim, não pedi para que você me transformasse num monstro – gritei e depois o silencio reinou. Eu havia falado demais. Fechei os olhos e respirei fundo, por mais que eu não precisasse. – Hugo eu...

_ sai daqui Lumar... Vai para outro cômodo, não importa qual... Só saia da minha frente.

Eu saí correndo da casa, estava com muita raiva. Tanta raiva que eu poderia matar Hugo.

- Hugo Narrando-

Dayane estava perdendo muito sangue, em poucos momentos estaria morta. Eu não poderia deixá-la morrer por causa de um descontrole da Lumar. Alonguei minhas presas e a drenei. Depois mordi meu pulso e a fiz tomar a quantidade certa de meu sangue.  A levei para cama fechei todas as cortinas com cobertores escuros e fui para meu quarto. Entrei no guarda-roupa e fechei os olhos. Esperando pelo sol... Na verdade, eu não conseguiria dormir sabendo que Lumar estava lá fora e o sol estaria pra nascer. Eu já a amava como amo Rebecca, minha irmãzinha humana.  Saí do guarda roupa e fui atrás de Lumar

- Lumar Narrando-

Eu estava quase no centro da cidade, em breve o sol nasceria... Mas eu não iria me importar, a culpa por ter atacado Dayane e ter dito aquilo para Hugo era maior...

Eu estava perto de um rio, olhando meu reflexo na água, quando ouvi passos atrás de mim. Quando me virei era uma senhora, ela parecia preocupada.

_ você esta bem filha? – ela perguntou

_ Estou sim, obrigada por se preocupar – disse voltando a encarar meu reflexo

_ você parece cansada, quer ir a minha casa tomar um chá?

_ Não eu...

_ Lumar! Graças a Caim – Hugo apareceu do nada – Senhora, muito obrigada por achar minha irmã.

_ Oh, por nada meu jovem... Tem certeza que não quer entrar Srta Lumar?

_ tenho sim Senhora, obrigada pelo convite... Eu vou pra casa com meu... Irmão – forcei um sorriso, mas a senhora acreditou

_ então tudo bem, cuidem-se queridos – acenei com a cabeça e ela saiu. Certifiquei-me que ela estava longe o bastante

_ o que você quer?

_ que você volte pra casa, o sol vai nascer

_ e daí?

_ lembra de quando você foi transformada? Você nem pegou sol, apenas a luz do dia tocou sua pele e você sentiu muita dor

_ sim, e daí? – arqueei a sobrancelha

_ deixa de ser criança e volta pra casa Lumar

_ não Hugo, pode ir... – levantei e sai andando

_ por que você ta brava comigo? Eu não deveria nem olhar na sua cara

_ ótimo, não olhe.

_ Lefreve... Você não é nenhuma criança

_ não, mas sou um filhote, ou melhor, uma besta – contra-ataquei, se ele queria briga, teria briga.

_ Lumar para com isso, não é a primeira vez que você age como uma besta descontrolada.

_ tem razão e sabe de quem a culpa é? Sua! Você me transformou não foi? Agora porque eu agi por impulso, deixei que a sede me controlasse eu sou o monstro descontrolado... Não, Hugo, eu não volto pra casa... Agora, por minha culpa, eu matei a única pessoa que me via como amiga, não como aberração.

_ Ei, eu não te via...

_ como se você fosse muito normal – arqueei a sobrancelha – Eu não mereço a  misericórdia de Deus, eu matei a minha melhor amiga.

_ Eu a transformei

_ VOCE O QUE?

_ ela iria morrer se eu não a transformasse

O sol nascia e me pegou primeiro que Hugo que estava escondido entre as arvores. Comecei a gritar de dor e ele se arriscou me puxando pra sombra.

_ Você pode ter agido como uma besta descontrolada. Mais ainda assim é minha prole e minha quase irmã. – ele saiu correndo me arrastando pelos lugares onde o sol ainda não havia pegado.

Conseguimos chegar a casa, corri pro meu quarto e me tranquei no guarda roupa esperando as queimaduras passarem. Depois que meu braço havia se curado, eu dormi até a noite.

- Dayane Francois Narrando-

Quando acordei, era noite, algumas vagas lembranças de Lumar me atacando. E muita dor e ardencia no corpo todo. O que havia acontecido? Quando olhei para a porta, Lumar e Hugo estavam parados discutindo como sempre. As vezes, eu me sinto mae desses dois. Eles brigam por tudo, se bobear até por um grao de poeira que cai no chao.

_ ei, alguem pode explicar o que ta acontecendo?

_ Feliz Natal Daay – eles disseram juntos e sorridentes. Não falei? Duas crianças.

_ Feliz Natal... – disse meio desconfiada – alguem se habilita por me explicar o que houve ontem? Ou eu vou ter que tirar conclusoes sozinha?

_ voce morreu ontem... – Lumar começou

_ e eu te trouxe de volta, de uma forma diferente.

_ diferente como? – eles se entreolharam e falaram juntinhos

_ nós tres somos vampiros. – sinceramente, achei que eles estavam de gozação com a minha cara, entao eu comecei a rir, mas os dois estavam serios entao eu parei.

_ vampiros? Nós tres? Impossivel, vampiros não... – eu parei de falar quando Lumar mostrou suas presas. Olhei pra Hugo apavorada e ele tambem sorria com as presas a mostra.

_ primeiramente, eu sinto muito por ter te atacado. Eu estava sem caçar há uns dias e como eu quase te matei, Hugo te transformou. Assim como fez comigo, eu estava morrendo e ele me salvou.

_ é muita informação Luuh, caçar?

_ sim, humanos. Bebemos sangue de humanos Daay, é assim que sobrevivemos.

_ nós somos um clã?

_ por que todo filhote tem as mesmas perguntas? – Hugo disse a si mesmo – o que me lembra Lefreve, que voce não é mais minha filhote. Agora é uma neófta*

Eu os olhava completamente confusa, vampiro? Neófta? Filhote? O que diabos eles estavam querendo dizer com aquilo?

_ Hugo, explica tudo pra ela que eu vou pegar a bolsa de sangue pra alimentá-la. -  Lumar saiu do comodo e Hugo começou a me explicar tudinho sobre o que eu havia me tornado.

Eu a ouvia cantarolar lá no soton, sentidos aguçados como Hugo havia dito antes. Lumar voltava com algo que cheirava muito bem e que fazia minha garganta arder mais.

_ toma – ela disse me entregando uma taça com um liquido vermelho que parecia vinho – isso é sangue, vai ser isso que irá te alimentar pelo resto da vida.

_ s-s-sangue? – perguntei depois que havia tomado todo o conteudo da taça

_ é, sua garganta parou de doer certo? – Lumar perguntou

_ parou

_ entao, sua alimentação a partir de agora.

_ eu nunca pensei que sangue fosse tao... bom – suspirei

_ otimo, otimo. – Lumar pegou uma taça e tomou todo o sangue dentro dela, suas presas estavam a mostra. Lumar já era bonita quando humana, depois que virou vampira ela ficou mais linda ainda. Queria ver como eu fiquei, levantei e me olhei em um espelho mas não havia imagem. Olhei-me e vi que realmente estava tao linda quanto Luuh. Meus cabelos estavam maiores e da sua cor natural, loiro claro, todas as marcas que Delatorre havia deixado, sumiram. Eu estava perfeitamente bem.

- Lumar Narrando-

Eu estava sentada no piano olhando pro nada, quando Daay chegou por trás de mim.

_ no que pensas?

_ no que eu deixei pra trás...

_ Lumar, voce e Hugo foram os unicos que não contaram suas historias aquela noite, Hugo nós já sabemos o que é e voce?

_ talvez outro dia eu fale, acho que não estou preparada para contar

_ okay então...

- FlashBack-

_ mamae, mamae! – uma garotinha ruiva corria para os braços de uma jovem de cabelos bem negros.

_ minha estrelinha! Que saudade, como foste na escola?

_ foi bom... mamae, seu cabelo não está mais igual ao meu, por que?

_ mamae quis ficar bonita pro papai – a mulher sorri para a pequena menina em seus braços que sorri de volta – quando ele volta do tiro?

_ hoje a noite meu amor, vamos... Vamos tomar banho querida, está mais que na hora. Daqui a pouco seu pai chega – a mulher leva a criança ao banheiro, e a coloca na bacia de madeira e a banha em agua quente. Depois de vestida, a menina e a mulher seguem para a cozinha. A mulher mexia em algo dentro de uma grande panela enquanto a filha brincava na mesa de madeira colocada no centro da grande cozinha.

_ Amor? Filha?

_ Papai! – a menina sai correndo em direção a sala, a mulher sorri aliviada por seu marido estar bem. E vai ao seu encontro.

_ oh querido! – ela o abraça. Ele poe a menina no chao e abraça sua esposa forte

_ prometo NUNCA te deixar ok? – ele a beija enquanto a filha sorri encantada.

- Flashback-

Aquelas malditas memorias me assombravam novamente, eu estava quase chorando. Se eu pudesse chorar tambem. 


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Notas finais do capítulo

Génese* -> O momento em que o indivíduo deixa de ser um filhote



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