Em Segredo...

Capítulo único: Amar–te eternamente.

É lá estava ela, outra vez escondida atrás da lata de lixo admirando e idolatrando o pequeno porta-retrato, em suas mãos, em forma de coração da pessoa que mais amava em toda sua mísera existência.

Suspirou.

Até quando, ela, Helga G. Pataki iria sustentar aquele amor platônico por aquele garoto que tinha a cabeça em forma de bigorna? Até quando ela iria iludir-se e fantasiar sonhos impossíveis de ser realizados se desprezava, masoquistamente, seu amor, sua paixão? Era como se contra-dizer inúmeras vezes em frações de segundos... Só podia ser loucura. Isso! Ela estava louca! Totalmente...

– Ah! Arnold se soubesse que te amo tanto, tanto... – declarou timidamente. – Mas, infelizmente, a vida é dura e terei que te amar em segredo, somente em meus sonhos... Enquanto isso – na dura realidade – te torturo e te desprezo com todo fervor. – soltou um suspiro cansado.

E logo em seguida deu outro suspiro apaixonado e ficou mais um pouquinho idolatrando aquela pequena fotografia.

Seu amor era tão grande, tão bonito e inocente que dava náusea nela mesma.

Talvez, fosse isso, talvez, ela se odiasse por gostar tanto de alguém que odeia. Talvez, somente talvez, essa seja a única ponte que a leva para a parte do seu coração mais... Sensível. Talvez, aquilo fosse uma doença, ou... Sabe lá Deus o que diacho ela queria afinal! Se sentia confusa e não tinha ninguém para lhe explicar essas coisas do coração. Certamente, não estava afim de falar, pois a veriam como uma garota apaixonada idiota e isso ela realmente não queria. Ela era durona e sempre seria a bruta Helga G. Pataki! Sempre! Outrora... Quem sabe no futuro... Ela poderia arranjar coragem e forças e se declarar... Todavia a probabilidade de ser rejeitada era quase de 100% e certamente não queria passar por essa humilhação. Por esse desespero. No futuro quem sabe, essa paixão louca poderia se transformar em amizade e ela poderia livrar-se dessas correntes que a aprisionam nesse mundo colorido chamado... Amor.

Mas... Enquanto isso não acontecia, ela ficava ali, em segredo, torturando-se e saciando-se com aquele sentimento bobo como se fosse uma droga, um motivo para continuar vivendo, um motivo para deixar que seu pequeno coração oprimido fosse como ele deveria ser: humano e cheio de sentimentos banais.

A garotinha sonhadora guardou a foto dentro de seu vestido e abraçou o seu próprio corpo.

– Hey Helga! Você está com dor de barriga? Está toda comprimida aí... – perguntou Arnold vendo a menina toda encolhida atrás da lata de lixo.

Helga fechou a cara olhou para cima e levantou-se emburrada.

– Se manda seu cabeça de bigorna! – saiu resmungando a passos duros e pesados enquanto virava a esquina.

Encostou-se na parede e suspirou cansada.

Não era nada fácil fingir ser duas pessoas... E enganar a si mesma...

~*~*~* Fim *~*~*~