Praedestinatum Em Busca Do Sonho. escrita por vanessa-vvf


Capítulo 16
Capítulo 15: Começa uma missão de verdade_ Thiago


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente gostaria muito a agradecer ao Lord Morpheus e ao Leonardo por não terem desistido da fic apesar do tempo que não atualizava. Nossa, de verdade, muitoooo obrigada, porque sei que tenho leitores que continuam firmes na fic, e apesar dos dois reviwes isso fez com que eu continuasse a escrever :D

AGORA SIM A HISTORIA COMEÇA DE VERDADE, A SEGUNDA FASE DA FIC É INICIADA, ASSIM SE INICIA A "HISTORIA VERDADEIRA DESTA FIC", JÁ QUE A BASE JÁ FOI ESCRITA NOS CAPITULOS ATRÁS E QUE EU CLASSIFICO COMO "PRIMEIRA FASE DA FIC".

Boa leitura e espero que gostem^^



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Glossário:

Exercitus: Exército;

Messor: Ceifeiro;

Somnium Vastator: Destruidor de Sonhos;

Tutela: Protetor;

Patriam in Terra: País da terra;

Patriam Aqua: País da Água.

Patriam: País;

Elementorum origo: Origem elementar;

Pacem: Paz;

Deuses Mortem: Deuses da morte;

Pecuniam: Dinheiro.

Capítulo 15: Agora sim começa uma missão de verdade_ Thiago.

[Pov Lucas]

Sentado na grama e encostado no tronco de uma árvore, olhei para o céu, observando as lindas estrelas que cintilavam sobre o véu negro da noite. Aproveitei o momento calmo, tudo que ouvia era as pequenas chamas da fogueira e os murmúrios de Fernando que se esforçava a ler um dos longos pergaminhos de Clarice, que como sempre, o ensinava.

Durante a nossa viagem, principalmente no horário da noite, no qual parávamos pra descansar, Clarice sempre entregava pergaminhos e cochichava muito com Fernando, no inicio imaginei que ela tentava se aproximar dele, porque apesar de Fernando nunca largar o seu jeito alegre e extrovertido, em vários momentos ele voltou a ser aquele cara bem individualista, era evidente que a terceira prova havia o alterado de alguma forma; enfim, em apenas duas noites da nossa viagem, eu e Tom descobrimos sobre o que Clarice e Fernando tanto conversavam e a utilização de tantos pergaminhos, mas jamais os dois nos admitiram algo, mas era obvio que Clarice ensinava a Fernando a ler, não vejo nada de estranho nisso, afinal pelo pouco que sei do passado dele não é mistério algum que Fernando não teve uma instrução infantil.

- A primeira a fazer vigilância vai ser a Clarice, depois Fernando, Tom e o Lucas, me acordem assim que amanhecer, provavelmente amanha mesmo chegaremos no nosso destino. – Informou rapidamente o nosso instrutor mais folgado que existia antes de se deitar na grama e rapidamente dormir. Porque diferente de nós, Thiago tinha uma maravilhosa noite de sono, enquanto seus capachos tinham que fazer vigia.

Obviamente, Tom era o que sempre dormia menos, porque ele não dormia enquanto Clarice estivesse acordada, e ela não dormia enquanto não terminasse a sua vigia e ensina-se Fernando. Coitado do Tom, que bom que ele era uma Tutela e era o mais bem preparado entre nós.

Enfim, com a mochila que foi entregue pela mansão antes de sair da área do exercitus e vagarmos de acordo com as coordenadas do Messor e iniciar a nossa longa viagem para a última prova, peguei um cobertor e me envolvi nele, pronto para dormir.

Admito que poderíamos estar em condições piores, mas aquela também não era a mais confortável, sentia a falta de uma aconchegante cama.

Torcia infimamente que aquela interminável prova terminasse logo, mais do que nunca eu estava muito curioso em descobrir o passado do antigo líder elementar do Fogo ou qualquer outra coisa que fosse relacionada com o meu pai, a Somnium Vastator e a destruição do meu país, para que finalmente começasse a minha vingança, mas tal sonho parecia ainda muito distante, apesar do meu grande esforço em descobrir a verdade.

Já fazia quatro dias que viajávamos pelos planaltos do norte de Patriam in Terra, em um território longe da cidade central, indo em direção das fronteiras das terras do sul de Patriam Aqua. Pelo visto, o centro do grupo aliado a Somnium Vastator estava dentro dos territórios de Patriam Aqua, isso mostra mais do que nunca, como a influência do grupo rebelde era grande, começando a invadir territórios do país inimigo.

Mas o que importa, era que amanha já chegaríamos no acampamento do grupo aliado da Somnium Vastator e iniciaríamos a nossa missão, e finalmente, terminaríamos aquela maldita prova.

Fechei os olhos enquanto me enrolava no cobertor, e tentei parar de pensar sobre todos os problemas da futura missão, precisava ter uma ótima noite de sono para que desse tudo certo amanhã.

Apesar de querer dormir, não conseguia, em vez disso, relembrei de coisas do passado, mesmo não querendo.

Caí esgotado no chão, com o suor escorrendo por todo o corpo e com a respiração afoita. Não importava o quanto tentasse, não importava o quando eu lesse aqueles pergaminhos, eu jamais conseguia destruir aquela barreira.

Arrastei-me pelo chão áspero e úmido chegando até o extremo da barreira e me chocando nela, como sempre, ela permanecia ali. Não importava quanto eu treinasse a controlar o fluxo elementar do ar, eu não conseguia.

Estava cansado daquele cômodo escuro, daquele lugar úmido, da presença dos baús e caixas, estava cansando de tudo aquilo, daquele desconforto, e principalmente daquela solidão. Há quanto tempo estava ali? Há quanto tempo eu não conversava com alguém?

Querendo minimizar a solidão, acabei lembrando de uma canção, criada quando meu pai assumiu o poder.

Tudo acabou, o dia está mais quente;

Os ditadores foram vencidos;

Em uma batalha ardente;

Observando serem destruídos;

Pelo o que eles mais temiam;

Pensando que jamais os avistariam.

Os tempos de repleta alegria vivida pelo meu povo, ou de qualquer outro dos países elementares, haviam acabado. Tudo que me restava era o silêncio, Verônica jamais retornava, e eu, já perdia a ideia de tempo que estava preso naquele cômodo.

Só o que me restava, era relembrar dos momentos felizes, das festas, das pessoas, da comida farta e do luxo.

Estava cansando daquela escuridão e bolor; sonhava em ver novamente os raios de sol esquentarem o meu corpo e a minha alma.

Agora existe o novo governo vigente;

Pacem é a terra dos aliados;

Unindo todos, sendo conveniente;

Outros quatro países foram criados;

Sendo nomeados de Patriam;

Reconstruindo o que amam.

Há quanto tempo que não conversava com alguém? Meus cabelos já atingiam a altura de meus ombros, minhas unhas estavam enormes e sujas principalmente de musgo.

Se depois de todo esse tempo ninguém veio me buscas, duvido que mais alguém venha. Droga! O que aconteceu? Seria possível todos estarem mortos?!

O pior era saber que precisava aprender a controlar o elementorum origo do vento, se não, jamais cancelaria aquela barreira, jamais poderia sair de lá, ou pior, jamais saberia o que tinha realmente acontecido com o meu povo, família ou Verônica.

Ergui-me para tentar mais uma vez ativar o meu elementorum origo do vento, seguindo as instruções que estavam no pergaminho daquele cômodo.

Eu precisava ativar e controlar aquele fluxo elementar, para a minha sobrevivência.

Depois de relembrar aqueles momentos angustiantes, mesmo não querendo, era impossível dormir. Ergui-me e vi que Tom estava de vigia, deveria ser bem tarde, porque Tom era o penúltimo da vigilância, fui até sua direção sentando-me em uma pedra próxima a ele e avisei que não precisava mais ficar de plantão, porque eu ficaria, afinal tinha perdido o sono. Ele perguntou algo sobre se eu estava bem.

- É lógico que sim.

Provavelmente ele percebeu que havia algo de errado, mas o que isso importa?

Sem questionar mais nada, Tom se afastou, e me deixou sozinho, até que comecei a sentir uma brisa fria da noite, e aquilo mais do que tudo era o que me relaxava. Fazia-me parar de me preocupar, de refletir. Por algum momento retirava a raiva dentro de mim, que me consumia cada vez mais.

Assim como Verônica um dia me disse, quando se entendia o elemento, ele pertencia a você, e apenas nele você se tornava livre. Ela estava certa, pra variar. Eram em momentos silenciosos e tranquilos como este, com a presença dessa brisa fria era que a culpa da impotência ou a raiva da vingança desapareciam.

Infelizmente era um intervalo de tempo muito curto, que duraram poucos segundos, porque logo depois, todo o peso da solidão e amargura havia retornado e atormentado todo o restante da noite trazendo-me a melancolia.

Só o que me restou foi apreciar o amanhecer, e com a vinda dele, partimos.

Durante a viagem, aos poucos a floresta tornava-se menos densa, e a trilha que realizávamos tornava-se mais larga, e quando menos esperávamos já estávamos em uma estrada cheia de cascalhos, isto antes do sol ficar a pino.

- Estamos perto de algum vilarejo? – Fernando foi o primeiro a perguntar a Thiago, que nos guiava.

- Estamos indo para um.

- E como vamos encontrar o grupo aliado da Somnium Vastator?

- É simples Clarice, o grupo aliado estará no vilarejo, o seu esconderijo também é lá.

- Como isto é possível? Aqui é tão próximo da central da Patriam In Terra.

- Disse tudo, aqui é perto da central, existe lugar melhor para adquirir informações para a Somnium Vastator? É lógico que não. Entenda uma coisa, a corrupção e os malfeitores sempre estão mais próximos do que vocês podem imaginar.

Clarice ficou surpresa, e mais do que isso, ela ficou foi aflita com as informações passadas tão racionalmente por Thiago, talvez palavras que soarão extremamente frigidas para a jovem.

- Qual é o plano e o objetivo da missão? – Perguntou sério Tom, voltando ao foco do assunto.

Com passos tranquilos, mas olhares atentos na estrada, finalmente Thiago explicou:

- Há mais de duas estações existem rumores desse grupo aliado a Somnium Vastator estarem por aqui, mas apenas no dia da última fase realizada no exercitus pra vocês, foi anunciado na central por um dos Deuses Mortem a localização do esconderijo deles...

- Deuses Mortem? – Interrompeu perguntando Fernando.

- Nossa... E isto que você ainda quer se tornar um interfectorem e nem ao menos sabe sobre a divisão de cargos no exercitus. Pois bem, primeiro vem os interfectores, depois os Messores, Deuses Mortem e finalmente os Líderes Elementares, como vocês sabem, só existem dois Líderes Elementares que lideram o exercitus, o do Patriam in Terra e o do Patriam Aqua; originalmente era para existir quatro líderes elementares, e assim respectivamente teria que haver quatro Deuses Mortem representando cada Líder, mas atualmente existem dois Líderes Elementares, mas quatro Deuses Mortem. Enfim, a onde eu estava mesmo... Há, sobre o esconderijo! Pois bem, não possuímos muitas informações sobre o local ou os integrantes, então, temos apenas um objetivo: que é nos infiltrar e adquirir um pergaminho sem sermos descobertos. Não demorará muito para que o exercitus ataque aquele esconderijo, e antes que isso aconteça os aliados da Somnium Vastator não podem descobrir que o exercitus já tem informações sobre eles. Entendam uma coisa! Agora a coisa é séria, e se algo der errado pode terminar na morte de um de vocês, ou pior, o estopim para uma guerra entre a Somnium Vastator com o exercitus.

- Desculpe... Mas precisamos rever os critérios de prioridade, minha vida é mais importante que a guerra. – Fernando murmurou, mas havia sido alto de mais.

Tudo que aconteceu foi um longo e cansativo sermão do Thiago que Fernando teve que ouvir até próximo a entrada do vilarejo. O pior era eu ou Clarice ou Tom sermos obrigados a ouvir o sermão também. Fernando com certeza aprendeu a guardar os comentários pessoais para si mesmo.

Um pouco antes de entrarmos no vilarejo, Thiago me chamou:

- Vamos! Pegue isto e prenda na cabeça, pra esconder um pouco esse seu cabelo. – Percebi que ele erguia o braço segurando um pedaço de pano preto.

- Pra que isto? – Perguntei confuso.

- Apesar de muitas pessoas não saberem definir alguém de Patriam Ventosa, não podemos vacilar. Se juntar às cores dos seus olhos e esse cabelo loirinho vai chamar muita atenção, tudo que não precisamos, principalmente quando se tem dois elementorum origo, ou pior, dois filhos diretos de Líderes Elementares.  Você, Clarice, pode colocar aquele capuz que estava usando ontem, e não quero nenhum dos dois se afastando de mim ou ficarem encarando ninguém.  É muito fácil identificar um elementorum origo pela cor dos olhos, principalmente o seu Clarice, porque atualmente os dois Países Elementares são aliados, e isto faz com que muitas pessoas de ambos países transitem diariamente, então os familiares de seus respectivos líderes são bem conhecidos.

Eu e Clarice não questionamos as ordens de Thiago, sabíamos que todas as pessoas de olhos com uma cor tão clara eram elementares origo, mas como meu povo foi destruído antes da aliança dos países elementares, não é comum às pessoas saberem definir elementares origo da Patriam Ventosa, mas da Patriam Terra sim, por isso Clarice realmente corria mais perigo em ser reconhecida, sabendo disso, Tom foi o primeiro a andar sempre na frente dela, tampando-na, assim como também demonstrava estar extremamente atento.

 Entramos no vilarejo, percebia-se que era um simples, porque o muro que o protegia era feito de pedras rudimentares, os estabelecimentos e casas eram a maioria de madeira, uma alvenaria simples de pedregulhos ou barro, algumas vezes até a mistura de ambas.

Apesar do lugar simples, assim como todos os vilarejos do país, ela possuía vários habitantes, alguns aproveitavam aquele início de tarde para trocar mercadorias ou comprar usando pecuniam, outras moradores da região apenas passeavam com a sua família ou transitavam pela rua principal, muitos usavam animais para a locomoção.

Provavelmente aquele era um vilarejo conservador, porque poucas mulheres estavam nas ruas, quando tinha, estavam acompanhadas e elas supervisionavam crianças que brincavam, algo comum naquela sociedade patriarcal.

Era nostálgico ouvir o cavalgar desde mulas a cavalos, ou o movimento das rodas das carroças naquela terra seca e arenosa.

Por estarmos no território de Patriam Aqua, a maioria das pessoas de lá eram negros de olhos azulados e cabelos cacheados, implicitamente mestiços, nenhum possuía olhos da cor puramente azul claro; algo extremamente comum, afinal, existiam poucos elementorum origo de Patriam Aqua. Como Thiago havia avisado antes, por aquele vilarejo estar próximo da fronteira da Patriam in Terra, muitos habitantes tinham também cor de pele branca e cabelos negros lisos de olhos esverdeados, aspectos comuns do país vizinho e aliado.

Fernando era tipicamente um habitante de Patriam Aqua, Tom e Thiago de Patriam in Terra, e se não fosse pela cor dos olhos puramente verde claro de Clarice, ela também passaria despercebida. Já eu, com aqueles olhos prateados e os cabelos loiros, realmente seria impossível passar despercebido em plena luz do dia, pelo menos, com o lenço que coloquei na cabeça, dava para esconder a cor de meus cabelos. Mesmo assim andei com a cabeça levemente abaixada e tentando não encarar ninguém, para que não chamasse a atenção.

Isso funcionou, pelo menos por enquanto, porque Thiago que nos guiava, entrou rapidamente em uma estabelecimento, e logo na recepção pediu um quarto, foi só então que percebi que lá era uma hospedaria. O atendente nos analisou e estranhou o pedido de apenas um quarto para o cinco, mas não questionou. Eu tentei ficar de costas, para ele não reparar na cor de meus olhos. Ouvi o som de moedas batendo no balcão, pelo visto Thiago estava pagando com pecuniam, provavelmente um valor maior que o exigido, porque o atendente tornou-se mais simpático e até perguntou se tínhamos bagagens para carregar. Thiago respondeu que não, e com palavras rudes, ordenou que nossa chegada fosse sigilosa e que não era necessário nos guiar até o quarto.

Apesar de agir rapidamente, mas com muita tranquilidade, o Messor pegou a chave e nos levou até o nosso cômodo alugado do sobradinho; questiono se aquela alvenaria tão simples suportaria o peso daquele andar, não seria nada legal se ocorresse um desmoronamento.

- Sentindo falta do palacete? – Achei que ele estivesse falando comigo, depois que percebi que Clarice parecia tão apreensiva quanto eu, mas Thiago se divertia com a nossa situação.

Logo chegamos no quarto, só pela porta já sabia que o cômodo lá dentro deveria ser bem simples, e eu estava certo.

O quarto era pequeno, principalmente para nós cinco, as camas simples e os colchões eram de palha. Mas esse nem era o problema, mas sim a escuridão e umidade, sem contar as paredes emboloradas e o cheiro forte de mofo, fora à poeira. Tom foi o primeiro a começar a espirrar.

- Se queremos não chamar a atenção, precisamos primeiramente nos estabelecer em um lugar simples, e este foi o primeiro que vi, não era seguro perambularmos com dois elementorum origo em plena luz do dia em um vilarejo tão movimentado, sem contar que não temos mercadoria para trocar, o pagamento teria que ser em pecuniam, e é incomum pagar algo de alto valor como um quarto por vários dias para cinco pessoas, principalmente nesses tempos, não é comum usar a moeda para valores altos.

- Então porque você não mostrou a tatuagem? – Tom perguntou.

- Tatuagem? – Fernando indagou.

- Todo membro do exercitus tem uma tatuagem na mão – alertou Thiago que possuía a suas escondidas por usar um par de luvas – E qualquer funcionário do exercitus tem privilégios tanto em Patriam in Terra quanto em Patriam Aqua, mas a última coisa que precisamos é alertar que alguém do exercitus esta no vilarejo, isso pode estragar nossa missão.

- Entendo... E o que planeja fazer? – Perguntou Tom.

- Primeiramente precisamos arranjar informações, mas em plena luz do dia não é seguro Lucas e Clarice andarem pelas ruas daqui. Vocês dois vão ficar neste cômodo, e você Tom, ficará com eles, por segurança.

Odiava ser tratado como um estorvo e como alguém que sempre precisava ficar em segurança e que não sabia se cuidar.

- É só o que me faltava...

- Sem resmungar Lucas, se realmente quer se tornar um interfectorem, a missão terá que sair bem sucedida, isso inclui o sigilo da identidade de vocês. Sempre estarão acompanhados por mim ou Tom, e só poderão andar pelo vilarejo à noite.

- E eu?

- Você, Fernando, vem comigo, vamos buscar informações. Voltaremos tarde.

E sem esperar resposta Thiago entregou a chave para Tom e saio do quarto, enquanto Fernando o seguiu comentando:

- Bem melhor do que ficar nesse quarto embolorado.

O pior de tudo era que ele estava certo, odiava admitir isso.

Depois Tom trancou a porta e ficou com a chave, e me lançou um olhar pragmático, logo depois ele ainda começou a ter um ataque de espirros.

Realmente, era só o que me faltava...

- O que você está fazendo, Clarice? – Perguntou Tom entre espirros.

- Estou apenas abrindo a janela, acalme-se Tom, não vou fazer nada de perigoso, de maneira alguma quero prejudicar a missão de vocês. Mas este quarto está muito mofado, precisa entrar uma corrente de ar.

Desta vez foi Tom que resmungou alguma coisa, mas ele sabia que ela estava certa.

- Não fique próxima da janela. – Ele ordenou, e assim que a abriu ela realmente se afastou e se sentou em uma cama, ela fechou os olhos e começou a sorrir.

- Está tão feliz pelo o que? – Perguntou Tom tão intrigado quanto eu, não havia nada de bom acontecendo, estávamos trancados em um quarto embolorado e aturando os repetidos espirros de Tom.

- O som... – Ela sussurrou, ainda sorridente – Destas pessoas conversando, do cavalgar dos animais ou das carroças. Este vilarejo é tão vivo! Tirando o lugar da prova dos interfectores, eu jamais tinha saído da cidade central de Patriam in Terra, e olha só onde estou! Em Patriam Aqua! Eu, uma elementorum origo estou fora do meu país natal! – E deu uma longa risada – Eu sei que parece bobo, mas... Eu nunca imaginei poder sair do meu país e ter andando em uma rua como uma pessoa normal, mesmo que pouco. – E ela fez um sorriso ainda maior.

Um sorriso tão contagiante que até eu acabei sorrindo. Clarice estava certa.

- Irônico isso, mas também é a minha primeira vez, na verdade nem me lembrava mais como era um vilarejo, porque os que eu conhecia eram todos de Patriam Ventosa; e isto já faz tantos anos.

Aos poucos o meu sorriso foi se desmanchando, porque diferente de Clarice, ela poderia voltar para seu país, rever seus vilarejos ou até mesmo continuar na cidade central de Patriam in Terra, mas eu, jamais reveria estas coisas, porque tudo estava destruído. Tudo o que me restava eram resquícios de memória.

- Lucas... Onde você ficou depois de... Bem, quero dizer... Depois de tudo?

Percebi a insegurança e a delicadeza de Clarice em escolher as palavras certas para perguntar sobre meu passado, preocupada se poderia ser indelicada com a pergunta.

- Você quer dizer onde fiquei depois que meu país foi destruído?

- É...

- E se eu te disser que não faço a menor ideia – Respondi com humor e fazendo um meio sorriso. Clarice parecia confusa, e Tom, que agora prestava atenção na nossa conversa, parecia intrigado.

- Como você não sabe?

- Bem, Clarice. Depois que fui encontrado por seu pai e cuidado pelo grupo do exercitus que o acompanhava, ele e Adélio decidiram me levar para um lugar, onde eu realmente não faço a menor ideia onde ficava.

- Você conhece meu pai e o líder da Patriam Aqua?

- Vamos dizer que sim.

- E o que você fez durante esses dois anos?

- Treinei... O que mais poderia fazer? Eu quero ficar mais forte e ir atrás dos responsáveis pela destruição do meu país.

Tom que até o momento permanecia em silêncio começou a rir, e isto me irritou.

- E como você acha que irá destruir sozinho a Somnium Vastator? Você mal pode cuidar de si mesmo.

- Eu sei me cuidar muito bem, Tom. Mas admito que ainda não estou preparado para destruir a Somnium Vastator, mas por que você acha que eu quero entrar no exercitus? Existe uma maneira melhor de duelar contra o grupo rebelde do que esse?

Tom fez um sorriso sarcástico e me encarou comentando:

- Você não está nem perto de estar pronto para duelar contra a Somnium Vastator.

- Ora seu...

Ergui-me rapidamente avançando em Tom, mas Clarice, que se levantou em um pulo da cama, ficou entre nós dois.

- Lucas, pare! E Tom, não o provoque!

- Não o estou provocando, senhorita Clarice, apenas dizendo a verdade. – Dizia Tom com a maior tranquilidade, isto que me irritava.

- Você não sabe o meu poder, Tom!

- Não, Lucas, é você que não sabe do meu e nem o as Somnium Vastator. Vê se cresce moleque!

Quando percebi já havia empurrado Clarice e partido pra cima de Tom, que ao mesmo tempo se enfureceu pelo empurrão que dei a sua protegida.

Avancei em Tom com um soco, mas ele desviou e me contra-atacou dando-me um soco. Tom só havia esquecido um pequeno detalhe, eu desde de pequeno fui treinado por uma tutela. E a velocidade dele, nem chegava aos pés do dela, mas sua força sim. Sabendo disso, consegui recuar protegendo o meu rosto com o braço, que foi atingido em cheio por Tom.

Recebendo aquele golpe, eu descobri que a força dele era maior do que a de Verônica, contudo, a última vez que lutei com ela, ela tinha apenas quatorze anos.

Choquei-me com força em uma das paredes úmidas do quarto, isto provocou rachaduras na mesma, que já estava frágil pela umidade.

- Como eu disse, ainda é apenas um moleque. – Repetiu Tom indo a direção de Clarice, que ao ser empurrada por mim, caio por cima de um dos colchões de palha. – Você está bem, senhorita Clarice?

- Acalme-se Tom, ele não fez nada comigo. E por favor, pare de me chamar de senhorita!

Mas aquela conversa entre eles mal me importava.

Moleque?! Quem Tom pensava que eu era? Ele estava enganado em pensar que eu ainda era o elementorum origo mimado, muito enganado. Por que eu era o único que vivia por pura vingança, era tudo o que me restava.

Ia mostrar, quem era o moleque. Pela primeira vez naquela prova de interfectores, usei o meu elemento natural, o vento. Criei e controlei uma corrente de vento para se chocar em Tom, e foi o que aconteceu, em uma velocidade tão rápida que ele nem ao menos percebeu o que lhe acertava.

- Tom! – Gritou Clarice quando viu o companheiro que estava ao seu lado, ser lançado contra uma outra parede que desmoronou com o choque, diferente da minha que criou apenas rachaduras, e ainda foi arrastado por alguns metros pelo outro quarto.

- Quero ver quem é o moleque agora! – Gritei fazendo um sorriso sarcástico.

Tom se ergueu encarando-me seriamente, e pela primeira vez, o vi irritado, sem que Clarice estivesse envolvida.

- Só porque sabe controla o elemento do vento, isso não o deixa mais poderoso do que eu.

Ele se ergueu lentamente, sem desviar o olhar do meu, e naquele momento, percebi que havia me metido com quem não poderia.

- Tom, pare! Vocês dois parem com isso!

- Fique longe Clarice. – Ele avisou sem desviar o olhar de mim.

- Não! Chega vocês dois! Eu quero que vocês parem! – Mas Tom, pela primeira vez, não obedeceu a Clarice, continuava a me encarar estralando os dedos e pronto para lutar seriamente aproximando-se de mim com passos tranquilos.

- Agora se prepare, Lucas. Vou ignorar o fato de você ser um elementorum origo, e vou ter mostrar o que é uma luta.

- Parem!

- Vem então, Tom. Está mais do que na hora de te dar um soco e fazer você parar de se achar tanto! Eu conheço a força de uma tutela, e você, é um dos mais fracos.

- Parem!

- Vamos ver então – Me respondeu Tom, e nós dois ignorávamos os pedidos de Clarice.

- EU DISSE PRA VOCÊS PARAREM!!!

Naquele momento senti uma presença elementar tão forte que me fez recuar e meu corpo temer a explosão rápida do controle elementar, logo depois o chão entre nós vibrou intensamente. Achei que era Tom que fazia aquilo, afinal, era evidente que ele era descendente de alguém de Patriam in Terra com aqueles olhos esverdeados. Mas ao encará-lo ele parecia tão surpreso quanto eu, e imediatamente ele olhou para Clarice, com os olhos esbugalhados. Então eu entendi da onde vinha aquele gigantesco poder.

Mas eu, Tom ou Clarice não tivemos tempo de comentar sobre mais nada. Porque aquela vibração proporcionou um desmoronamento na hospedagem que estávamos.

Tudo que me lembro, foi parar de sentir o chão, e cair para o andar inferior, o pior, era visualizar o teto desmoronando sobre mim.

Naquele momento senti algo me envolvendo pela cintura e me puxando; em um movimento tão rápido que não pude acompanhar, Tom segurou a mim e Clarice e nos tirou do desmoronamento saltando pela janela que Clarice havia aberto.

Aquele sim havia sido o movimento mais rápido que já vi em toda a minha vida.

Tom que carregava na lateral de seu corpo tanto a mim quanto Clarice, segurando cada um de nós com um braço. Mal aterrissamos no chão e ele já corria para o mais longe do desmoronamento. Primeiramente para que não fossemos atingidos com os pedregulhos, depois percebi, que aquela tinha sido a maior maneira de chamar a atenção de todos os habitantes do pacifico e tranquilo vilarejo, e por isso, tanto eu quanto Clarice precisávamos estar o mais longe possível daquele lugar e dos olhares dos curiosos.

Mas o que me impressionou foi à velocidade que Tom mantinha, uma que ele jamais havia demonstrado até agora.

Tom não era apenas extremamente forte, era também extremamente ágil; mas o pior de tudo era descobrir os poderes de Clarice, ela sim, era a que mais surpreendeu tanto a mim quanto ao Tom. Quem diria que aquele gigantesco poder viria da pequena Clarice?

- Thiago vai nos matar quando descobrir o que fizemos... – Murmurou Clarice desanimada.

[Pov off Lucas]

[...]

[Pov Thiago]

- Ei, Messor! Para onde estamos indo? – Perguntava a mim Fernando, tive vontande de dar-lhe um soco por isso. Onde ele estava com a cabeça de gritar me chamando de Messor no meio da rua? Dirigindo-se a mim com um título do exercitus enquanto a última coisa que precisamos era que alguém descobrisse isso no meio de uma missão! Ele tinha o que na cabeça? A nossa sorte foi que não havia ninguém na rua, algo que estranhei, pois a momentos atrás estava extremamente movimentada.

- Apenas me chame pelo nome, idiota. – Restringi em responder, e espero que Fernando tenha percebido o que eu pensava.

- Tem alguma coisa estranha em Glacies.

Imediatamente encarei Fernando que andava tranquilamente com as mãos nos bolsos e observando as casas pelas quais passávamos.

Mas uma coisa eu tenho certeza, eu jamais havia dito pra nenhum deles o nome original deste vilarejo, nem ao menos para o Tom. Então como Fernando sabia o nome daqui?

Duas crianças passaram correndo por nós, no sentido contrário. Havia algo estranho naquilo!

- Você conhece o País Aqua? – Perguntei a ele.

- Não. – Ele rapidamente respondeu, mas com a mesma tranquilidade de antes.

Ele mentia?

- Ei, afinal vamos para onde? – Ele rapidamente mudou de assunto. – Estamos andando pelas ruas há muito tempo, você jamais vai achar informações assim.

- Estou apenas conhecendo o território. Vamos voltar para a hospedaria.

Fernando concordou sem questionar e permaneceu em silêncio o restante da viagem.

Mas havia algo muito estranho naquilo, primeiramente, porque o vilarejo esvaziou tão rapidamente? E depois, como Fernando sabia o nome daquele vilarejo?

Arg! Tem alguma coisa muito estranha acontecendo...

Mas parei de refletir sobre isso quando senti a presença de quatro pessoas bem próximas da gente. Imediatamente entrei em uma ruazinha à esquerda. Fernando que percebeu que aquele não era o caminho certo para chegar à hospedaria, olhou para mim querendo me alertar, mas assim que nossos olhares se encontraram, ele percebeu que havia algo errado, então permaneceu em silêncio.

E assim como eu havia imaginado, duas pessoas aparecem na nossa frente, bloqueado o nosso caminho.

- Olha só quem retornou a Glacies! – Exclamou um dos homens, mas dessa vez a voz vinha de trás de nós.

Eu e Fernando estávamos bloqueados, dois homens pela frente, e dois por trás.

Mas pelo visto eles conheciam um de nós, e este não era eu.

- Olha só o pequeno Fernando, a quanto tempo, da última vez que ficamos sabendo sobre alguma coisa sua, parecia que você estava trabalhando para a família elementorum origo de Patrium in Terra.

Olhei para trás e encarei a pessoa que falava aquilo. Era um homem alto, com a cor de pele negra e olhos azulados, com os cabelos cheios de dreads. Questionei suas palavras, Afinal aquele Fernando trabalhando para Marco? Em que aquele moleque poderia servir tendo o exercitus inteiro disponível para qualquer serviço ao Líder Elementar da Terra?

Encarei Fernando que estava extremamente sério, estranhei esse comportamento dele, pois entre todos, ele era o mais extrovertido e idiota.

- Quem são eles Fernando?

- Provavelmente integrantes do grupo que estamos procurando.

Como assim?! Como você sabe disso? Aff... Pelo visto tem muita coisa que esse moleque está escondendo de mim, e que será uma explicação pendente após acabar com esses homens.

Porque a única coisa que eu tinha certeza era que nenhum ali estava para conversar tranquilamente... Oh não! Aquilo estava certamente cheirando a encrenca.

E isto que queria passar despercebido pela vila! Mas é lógico que isso é impossível. A única coisa que eles ainda não podem descobrir é que trabalho para o exercitus, porque se não, seria mais um problema.

Tesc! Agora sim começa uma missão de verdade.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Pela primeira vez na fic tanto Lucas quanto Clarice já mostram presença de seus respectivos elementos naturais [vento e terra]. O Lucas até poderiamos suspeitar, mas não a nossa pequena Clarice neh?
Como será que Lucas escapou da destruição de seu país?
Onde ele treinou nesses dois anos e por quem?
Clarice surpreendendo a todos! o/
Tom perdendo a paciencia! ahahaha
E o que será que Fernando ainda está escondendo?
E em que problemas ele envolverá Thiago?

Não percam o próximo capítulo: Uma tutela_ Clarice.



Gostaria de ter postado mais cedo, mas isso foi o mais rapido que consegui. Mas pelo menos demorou bem menos que da última vez.
Novamente agradeço aos leitores persistentes e espero que agrade a vocês esse capitulo, ele ainda foi simples, mas o proximo promete, muitas coisas gostaria de ter posto nesse capitulo, mas percebi que ele ficaria muitooo enorme, então era melhor deixar assim mesmo.
Dou um spoiler para os fans de Verônica, no próximo ela provavelmente já apareça, ou então em um futuro muitoooooo proximo.

ESPERANDO POR NOVOS REVIWES! e espero que a volta de alguns leitores.

bjs nessa



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